quinta-feira, 2 de junho de 2022

Análise: A Minha Árvore Secreta

A Minha Árvore Secreta, de David Pintor - Caminho (Grupo Leya)

A Minha Árvore Secreta, de David Pintor - Caminho (Grupo Leya)
A Minha Árvore Secreta, de David Pintor

E se, anteriormente vos trouxe um belo livro ilustrado do autor espanhol Miguelanxo Prado, trago-vos por agora outro belo livro ilustrado de um autor português. Este A Minha Árvore Secreta é um bonito e despretensioso livro ilustrado de David Pintor que me deixou com uma bela sensação de leitura e com um travo agri-doce, algures entre a felicidade e a tristeza, no final da leitura.

A história de A Minha Árvore Secreta dá-nos conta de uma árvore especial na vida de uma menina. Essa árvore foi plantada pelo seu avô e passou a ser o local predileto da criança. Aí, ela brincou com o seu pai e fez novos amigos – uns reais, outros imaginados. Foi também junto a essa árvore que parou para pensar na sua vida e degustar um belo momento a sós. Por debaixo dessa árvore encontrou ainda refúgio nos dias chuvosos e sombra nas tardes de calor abrasador. Era um local para se ser criança, brincar e viver aventuras e fantasias. Todos nós, quando em criança, já tivemos um sítio especial, um lugar secreto, que era só nosso e aonde gostávamos de estar, certo?

A Minha Árvore Secreta, de David Pintor - Caminho (Grupo Leya)
Mas como nem tudo o que é bom dura para sempre, há um dia em que a menina se vê confrontada com algo que a deixa muito triste: alguém cortou a sua árvore especial. E, com ela, todo o mundo da protagonista desaba. Se isso é triste - e coloca até a questão da necessidade da bio conservação do nosso planeta em destaque -, também nos revela que, face a barreiras e dificuldades, às vezes basta-nos pensar nos bons exemplos que nos foram dados, para voltar a fazer bem aquilo que está errado. A história é curta e com pouco texto.

A Minha Árvore Secreta, de David Pintor - Caminho (Grupo Leya)
A moral é simples e facilmente percetível por qualquer criança. O final pode parecer triste, mas David Pintor sabe dar a volta por cima, deixando-nos com um sorriso no final da leitura. Mesmo que para os adultos que lêem o livro e que são necessariamente mais vividos do que as crianças, possa haver um significado mais profundo e maduro – e possivelmente nostálgico – a retirar deste A Minha Árvore Secreta.

A premissa da obra, em termos visuais, é muito simples, mas funciona muito bem. Ao longo de todo o livro temos sempre uma ilustração em página dupla onde a árvore é a protagonista, ocupando boa parte de ambas as páginas. Não se torna repetitivo porque vão acontecendo mudanças na árvore, de ilustração para ilustração. Se em termos de trabalho pode parecer que o autor David Pintor não teve que despender tanto tempo assim na execução deste livro, uma vez que em alguns casos a árvore, embora diferente, parece quase a mesma, a verdade é que, conceptualmente falando, esta maneira de contar a história funciona muito bem, remetendo-nos quase para uma peça de teatro. O cenário até pode parecer igual, mas as mudanças vão ocorrendo de ilustração para ilustração.

A Minha Árvore Secreta, de David Pintor - Caminho (Grupo Leya)
Ilustrações essas que são bem belas, com cores que pintam com mestria as diferentes estações do ano e as diferente fases de vida da árvore. O traço é rabiscado, apresentando-nos figuras simpáticas que facilmente criam empatia no leitor. A capa também é muito bonita e foi daquelas coisas que rapidamente me chamou à atenção. Como sempre digo, a capa é a embalagem de um livro, portanto, quanto mais bela for, mais vontade terei de pegar no livro.

A edição da Editorial Caminho, uma chancela do Grupo Leya, é em capa dura, com papel baço de boa qualidade e uma boa impressão e encadernação.

Eis um livro ilustrado que me surpreendeu pela positiva – quer em termos de história, quer em termos de ilustração – que recomendo a todos os leitores que, como eu, embora tenham crianças em casa, também gostam de, por vezes, mergulhar em belos livros ilustrados.


NOTA FINAL (1/10):
6.9


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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A Minha Árvore Secreta, de David Pintor - Caminho (Grupo Leya)

Ficha técnica
A Minha Árvore Secreta
Autor: David Pintor
Editora: Editorial Caminho (Grupo Leya)
Páginas: 40, a cores
Encadernação: Capa dura
Dimensões: 243 x 246 x 8 mm
Lançamento: Abril de 2022

3 comentários:

  1. Hugo, longe de mim criticar a análise de livros ilustrados, sendo eu também um admirador do género e ilustrador, mas não nos deveríamos focar na BD?. Gostaria de lhe fazer uma sugestão - apesar de cobrir extensivamente os lançamentos nacionais, estaria aberto a criticar obras estrangeiras? Seria, talvez, uma forma de alertar os leitores menos avisados e, de alguma forma, "influenciar" público e editores nacionais. Eu, pela minha parte, acolheria de bom grado esta variante. PS - uma pequena nota, os preços das obras desapareceram das fichas técnicas?... Abraço.

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  2. Creio que ele já faz isso. Se não veja-se,... das obras do top 10 os melhores do ano, só o Cobra é nacional, o restante é estrangeiro, se não estou em erro.

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  3. Caros António e Miguel, obrigado pelas mensagens.

    António, de facto, este blog concentra-se em analisar livros de banda desenhada. E tal não deve ser alterado. Ontem fiz estes dois artigos porque achei que faria sentido devido ao dia da criança se ter passado na véspera dos artigos e de eu ter passado esse dia a ler esses livros com as minhas filhas. Acredito que o livro de ilustração pode ser a porta de entrada na banda desenhada, pelos mais novos. Mas é como digo: foi algo excecional. Não acredito que vá fazer isso com muita assiduidade.

    Miguel, julgo que quando o António se refere a obras estrangeiras, está a querer dizer "lançamentos estrangeiros", com as obras lidas noutra língua. Também é algo que eu faço mas poucas vezes. Lembro-me que analisei "Mickey Horrifikland", "Regreso Al Éden" ou "Senso" nas suas línguas originais. Tenho em casa mais obras estrangeiras na minha pilha para ler e analisar mas a verdade é que os lançamentos nacionais se vão sobrepondo aos lançamentos estrangeiros. Porquê? Porque acho que os leitores estão mais sensíveis aos livros em língua portuguesa. Todavia, mais cedo ou mais tarde, a análise a essas obras estrangeiras há-de acontecer.

    António, por fim, só coloco os preços dos livros nas fichas técnicas nos posts de lançamento. Em análises nunca o fiz.

    Um abraço a ambos.

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