quarta-feira, 22 de junho de 2022

Elogio ao programa Pranchas e Balões


Faz parte da minha natureza: acho que devemos elogiar e louvar tudo aquilo que é bom. Ou que, pelo menos, consideramos bom. Tudo aquilo que é bem feito e tudo aquilo que tem relevância.

Portanto, partindo deste pressuposto, inauguro aqui uma rubrica: a dos elogios. Não sei se será algo que farei muitas ou poucas vezes. Também não me considero uma pessoa de elogios fáceis, só porque sim ou para conquistar a simpatia dos outros. Não obstante, e como já disse, quando um elogio é merecido, eu sou o primeiro na fila para o fazer.

E hoje quero falar-vos do Pranchas e Balões, o programa de rádio sobre banda desenhada, da autoria de Rui Alves de Sousa, que passa na Antena 1, às terças-feiras, a partir das 20h. Vou ser sincero: nunca oiço o programa a essa hora. Simplesmente porque na altura em que o programa é transmitido estou sempre ocupado com o meu "combate quotidiano" habitual. Mas, passados um ou dois dias, oiço sempre, e sem falta, o programa por podcast. Ou no site da Antena 1 ou, mais usualmente, no Spotify

E, depois de 15 episódios, posso dizer-vos uma coisa: este programa é a melhor coisa que aconteceu à banda desenhada em Portugal durante este 2022. Naturalmente, não o afirmo do ponto de vista do lançamento de obras ou de eventos mas do ponto vista da divulgação e criação de conteúdos sobre banda desenhada, não tenho a mais mínima dúvida que é. Uma lufada de ar fresco que veio preencher uma lacuna.

Rui Alves de Sousa traz-nos, semanalmente (a menos que seja uma terça-feira com jogo de futebol da Liga dos Campeões), um programa onde convida um autor de banda desenhada para falar da sua obra, a que junta alguns temas. Em cada um dos programas o simpático Rui Alves de Sousa fala-nos de um livro recentemente editado por cá e de uma obra ou herói clássico da banda desenhada. E traz-nos também um tema variado sobre a banda desenhada. É tudo feito de forma extremamente profissional e onde é notório o carinho e respeito que o autor do programa tem pela bd. 

O programa tem um jingle próprio e orelhudo e tem Rui Alves de Sousa, que sabe conduzir bem uma entrevista e que tem uma bela dicção e um conhecimento bastante relevante sobre banda desenhada. As entrevistas normalmente aparecem divididas em três blocos, prendendo assim o nosso interesse do princípio ao fim do programa. São cerca de 25 a 30 minutos que passam a correr.

E melhor que tudo, acho que Rui Alves de Sousa consegue neste seu programa um ótimo equilíbrio entre conseguir alcançar os "nerds de banda desenhada" - aqueles que sabem já imenso sobre a 9ª arte - mas também consegue chegar àqueles que mal ouviram falar do Batman ou do Corto Maltese. Ou seja, o programa é bem sucedido ao não ser demasiado técnico-académico (como certos meios que todos conhecemos e é escusado nomear) mas, ao mesmo tempo, também não é um programa demasiado para "dummies", que explica o "bê-a-ba" da banda desenhada e que poderia tornar-se chato para quem já sabe um pouco sobre bd. Assim, tem o potencial de chamar mais gente para a bd e reter e entreter aqueles que já são mais batidos em banda desenhada. Gosto de achar que esta dualidade também é feita aqui pelo Vinheta 2020, portanto, posso dizer que me identifico muito com este trabalho do Rui Alves de Sousa.

Verdadeiro serviço público e fantástico trabalho que merece todos os meus elogios. (Já) sou um acérrimo fã deste programa e repito que considero que, do ponto de vista da divulgação e da criação de conteúdos sobre banda desenhada, é a melhor coisa que aconteceu em Portugal, durante este ano.

Já tive oportunidade de o dizer, no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, ao Rui Alves de Sousa mas digo-o também aqui: não há muito que eu possa sugerir para melhorar este programa visto que já está, quanto a mim, tão bem equilibrado e bem concebido. Ainda assim, as minhas duas sugestões são estas: 1) gostaria que as opiniões sobre as obras fossem mais assertivas. Quer as análises sejam mais ou menos positivas. Mas a verdade é que também sinto que o Rui tem feito progressos neste cômputo nos últimos programas. 2) Por fim, sei que acarretará (ainda) mais trabalho mas uma coisa que eu gostava é que algumas partes do programa, por exemplo as entrevistas, fossem também filmadas, de forma a podermos ver os autores, caso optássemos por visualizar o programa nas redes sociais/site da Antena 1. 

Para já, convido todos os leitores do Vinheta 2020 a conhecerem este belo programa e só posso desejar que o mesmo não seja uma coisa passageira e que continue a ir para o ar tantos anos quanto possível. Um aplauso, também, à Antena 1 por ter permitido que esta bela iniciativa pudesse acontecer numa rádio pública.

As minhas vénias, caro Rui. 

2 comentários:

  1. É um programa bem giro e informativo. Como tu ouço-o quase sempre nos dias seguintes via Spotify. Longa vida ao programa!

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    1. Nem mais, caro Pedro! Espero que o programa dure muito tempo. :)

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