quinta-feira, 14 de agosto de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela G. Floy Studio nos últimos 5 anos!


Hoje trago-vos as 10 melhores bandas desenhadas editadas pela G. Floy Studio nos últimos 5 anos! 

Esta editora que nos últimos anos até tem andado algo tímida no que ao lançamento de banda desenhada diz respeito, editou inúmeras bandas desenhadas de qualidade superior entre os anos 2020 e 2025, contribuindo com a sua parte para que a 9ª arte tenha vivido um momento tão bom na última meia década.

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Faço aqui uma pequena nota sobre o procedimento: considerei séries como um todo e obras one-shot. Tudo junto. Pode ser um bocado injusto para as obras autocontidas, reconheço, e até ponderei fazer um TOP exclusivamente para séries e outro para livros one-shot, mas depois achei que isso seria escolher demasiadas obras. Deixaria de ser um TOP 10 para ser um TOP 20. Até me facilitaria o processo, honestamente, mas acabaria por retirar destaque a este meu trabalho que procura ser de curadoria. Acabou por ser um exercício mais difícil, pois tive que deixar de fora obras que também adoro, mas acho que quem beneficia são os meus leitores que, deste modo, ficam com a BD que considero ser a "crème de la crème" de cada editora.

Portanto, sem mais demoras, aqui estão elas, as 10 Melhores BDs da G. Floy Studio:


TOP 10 - A Melhor BD lançada pela G. FLOY STUDIO entre 2020 e 2025


10. Descender
Autores: Jeff Lemire e Dustin Nguyen
Lançamento do último álbum: Julho de 2020



Esta história de ficção científica passa-se num universo futurista povoado por numerosos planetas. E depois de, passados dez anos, ter acontecido uma invasão de robots do tamanho de planetas, os "Colectores", que devastaram toda a galáxia e dizimaram milhões de humanos, um jovem androide chamado TIM-21 acorda isolado de qualquer forma de vida. Por essa altura, já os robots passaram a ser proibidos, destruídos ou procurados enquanto foras-da-lei. Mas quando inúmeras fações descobrem que TIM-21 possui no seu ADN mecânico o segredo dos Colectores, este pequeno robot transforma-se na máquina mais procurada por todos. À medida que a narrativa se desenrola, tudo caminha para que haja uma guerra total entre todas as fações e que irá opor as máquinas aos humanos.

A arte de Dustin Nguyen é extremamente marcante e bela, conferindo a esta série um estilo muito próprio e personalizado que faz com que seja facilmente reconhecível só por folhearmos as páginas. O autor apresenta um traço fino, baseado no esquisso, mas que deixa as linhas guias sobrepostas e visíveis. Como depois aplica as cores através de suaves aguarelas, ficamos com um resultado muito bonito que, quase sempre, funciona muito bem. Parecem, pois, ilustrações futuristas por um lado mas, ao mesmo tempo, igualmente clássicas devido à forma, a lembrar pintura antiga, com que são coloridas. O resultado acaba por ser raro e original.

Esta é uma saga grandiosa e megalómana que nos leva a um mundo futurista onde máquinas passaram a ter consciência de si mesmas e operam uma enorme guerra contra a humanidade. Cheia de momentos marcantes e de uma ótima ilustração por parte de Nguyen, acho que a história poderia ser mais bem conjuntada em si mesma, não divagando para tantas subplots de outras personagens. Não obstante, também é verdade que Lemire sabe prender o leitor a esta inteligente e oportuna trama e, por esse motivo - e mais uns tantos - é uma leitura que se recomenda.

Análise completa aos vários álbuns da série, aqui.

Álbuns de Descender, série integralmente publicada pela G. Floy Studio.



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9. Meadowlark
Autores: Greg Ruth e Ethan Hawke
Lançamento: Maio de 2023



A ação decorre na cidade de Huntsville, no Texas, e oferece-nos uma história de pai e filho que não têm a melhor das relações entre si. Um pouco de forma involuntária, e por força dos acontecimentos, embarcam ambos numa viagem de proporções dramáticas e inolvidáveis para ambos. Jack é um guarda prisional que outrora foi uma promessa do boxe. Infelizmente, de desgraça em desgraça, foi fazendo demasiados erros e más escolhas ao longo da sua vida. Não que isso invalide que o seu filho, Cooper, não continue a idolatrá-lo. 

A ação decorre durante o espaço temporal de um dia, tendo momentos de alguma reflexão e de muita ação. Nunca é uma história muito profunda, mas é uma experiência marcante. Creio que é mesmo essa a maior valência deste livro: a experiência completamente cinematográfica que deixa no leitor. Ler este livro não anda muito longe de ir ao cinema. 

O desenho de Greg Ruth é absolutamente fantástico. O traço de Ruth é hiper-realista e é-nos dado a preto e branco, com tons acastanhados sépia. 

Se estivermos à espera de uma obra profunda, que nos faça pensar, que tenha um argumento deveras original, ou que nos marque para a vida… Meadowlark não será certamente esse livro. Porém, se olharmos para este livro como uma banda desenhada que, mais do que tudo, procura ser um "filme" em banda desenhada, bastante focado na tensão e sentido de urgência que gera no leitor, então é provável que adoremos o livro.

Análise completa a esta obra, aqui.

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8. Gideon Falls
Autores: Jeff Lemire e Andrea Sorrentino
Lançamento do último álbum: Setembro de 2021



A história passa-se na localidade Gideon Falls, em várias linhas temporais diferentes, centrando-se num misterioso Celeiro Negro, que aparece sempre carregado de perguntas sem resposta e por vários crimes e desaparecimentos que se vão sucedendo. Como protagonista, temos Norton Sinclair, que é um jovem que sofre, aparentemente, de distúrbios mentais e que passa a vida a vasculhar o lixo da cidade, na esperança de encontrar as partes que formem um portal que ajude a encontrar as respostas para a sua existência. 

Sim, parece - e é – bastante vago ao início. Mas, o autor vai desembrulhando, aos poucos, o novelo denso e complexo que compõe esta conspiração. E, como se as coisas não fossem já complexas o suficiente, a história ainda nos remete para uma outra versão de Gideon Falls, mais rural, onde acompanhamos o trajeto do padre Fred, recém-chegado à localidade que tenta desvendar qual a causa para um estranho número de assassinatos que ali se sucede. E tudo isso associado ao edifício, um celeiro negro, que parece sempre ser a âncora dos eventos perturbadores e sinistros que se desenvolvem em Gideon Falls. 

Gideon Falls começa por ser uma história mais de terror e de mistério mas, a partir do terceiro livro, esse terror e esse mistério, que criam no leitor uma sensação de emoção e tensão, começam a dar lugar a uma história mais de ficção científica. 

É uma obra impactante e cheia de personalidade que resulta de um esforço conjunto e inspirado de Jeff Lemire e Andrea Sorrentino, para nos dar uma história de terror, que foge aos chavões clássicos do “meter medo”, assentando as suas bases num universo complexo de ficção científica. Por vezes, complexo demais, deixando várias pontas soltas, quiçá. Ainda assim, uma obra de grande qualidade para os fãs de terror, de mistério e de ficção científica. Recomenda-se!

Análise completa aos vários álbuns da série, aqui.

Álbuns de Gideon Falls, série integralmente publicada pela G. Floy Studio.



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7. Senciente
Autores: Jeff Lemire e Gabriel H. Walta
Lançamento: Junho de 2022



Senciente
deixou-me satisfeito e acabou por me encher as medidas em termos de, praticamente, tudo. Uma boa premissa, uma boa história, uma boa narrativa e uma boa arte visual.

A história é simples de contar: toda ela se passa a bordo de uma nave espacial. Um grupo de colonos do planeta Terra é transportado numa nave espacial em direção a uma nova colónia. Após um ataque separatista, todos os adultos a bordo da nave são assassinados. Que vidas restam então naquela nave? As das crianças, as únicas sobreviventes, e a vida artificial. Ou seja, Valerie, uma espécie de computador de bordo ultra-evoluído, com inteligência artificial, que controla a nave e que assume o papel de protetora das crianças. Isto, por si só, já seria pano para mangas em termos de uma bela premissa narrativa para explorar. A relação máquina/pessoa e a tal ideia de a máquina ter noção de si mesma, isto é, ser senciente. 

Em termos de narrativa, gostei bastante da forma tensa, em modo thriller, com que a história nos vai sendo dada. Não vos vou negar: há muito que uma história não me deixava tanto em “pulgas” para a acabar de ler, assim que chegava ao final de cada um dos capítulos, terminados em forma de cliffhanger e deixando, portanto, todo o suspense no ar. 

Jeff Lemire apresenta-se verdadeiramente inspirado e monta-nos uma bela trama, que ansiamos por resolver, através de uma leitura compulsiva. Gabriel H. Walta, por sua vez, dá-nos um conjunto de ilustrações carregadas de originalidade e de um estilo muito próprio. 

Análise completa a esta obra, aqui.


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6. Roughneck: Um Tipo Duro
Autor: Jeff Lemire
Lançamento: Abril de 2020




A história leva-nos a Pimitamon, localizada numa província no norte isolado do Canadá, onde o protagonista, Derek Ouelette, um antigo jogador de hóquei no gelo, ocupa agora os seus dias a beber e a envolver-se em lutas com toda a gente à sua volta, à mínima oportunidade para tal. A primeira parte desta história serve para nos mostrar esta personagem violenta e amargurada com tudo. No entanto, passadas algumas dezenas de páginas, e vários episódios violentos, Derek vê-se confrontado com o regresso da sua irmã, Beth, que veio procurar refúgio em Pimitamon, para conseguir fugir do seu violento namorado, que anda a persegui-la. Os dois irmãos decidem então esconder-se numa cabana isolada na floresta, para evitar mais confrontos. E é neste isolamento que vamos desbravando a personalidade dos irmãos e o seu passado comum, tão trágico, que os afetou para o resto das suas vidas. 

A arte visual de Jeff Lemire nesta obra é bonita de se observar, e oferece à narrativa toda a harmonia que ela necessita. Chega a ser curiosa a forma como o autor desenha: a base do seu desenho assenta em cima do esquisso, mas, depois, recebe umas camadas de cores a aguarela, maioritariamente em tons de azul e de cinza, que atenuam a crueza do desenho e permitem ao mesmo respirar melhor e ser mais harmonioso e bonito.

Jeff Lemire utiliza todas as ferramentas ao seu alcance para dar e baralhar as cartas com mestria. A nós só nos cabe fazer uma coisa: deixarmo-nos levar pela narrativa mais que soberba que o autor consegue produzir. No final, temos uma história adulta de redenção e maravilhosamente ilustrada. 

Análise completa a esta obra, aqui.


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5. As Muitas Mortes de Laila Starr
Autores: Ram V e Filipe Andrade
Lançamento: Maio de 2023




As Muitas Mortes de Laila Starr apresenta-nos uma história onde se misturam, de forma airosa, os temas do drama, da fantasia e das reflexões sobre a vida, sobre a morte e sobre o próprio renascimento depois da morte. 

A trama passa-se em Bombaim, na Índia, e gira em torno de Laila Starr, que não é mais do que um corpo, uma carcaça, que a personagem Morte adota já depois de ter sido despedida da sua função de ceifar vidas. Depois de se perceber que acaba de nascer um bebé (Darius) que será o descobridor/inventor da imortalidade, a tarefa da Morte deixa se ser relevante e a personagem vê-se relegada a uma vida mortal. Claro que não está satisfeita por ter perdido a sua função, a sua ocupação, que cumpria com tanto zelo, e procurará assegurar que esse bebé, que acaba de nascer, não dure muitos anos. Há, pois, uma tentativa de alterar o futuro previamente estabelecido, que acabará por levantar pertinentes questões e obrigar Laila a ver-se confrontada com questões sobre a natureza da vida e da morte, e a possibilidade de encontrar um significado mais profundo na sua própria existência divina.

A história é profunda e carregada de beleza, e as ilustrações de Filipe Andrade são verdadeiramente encantadoras. Os seus desenhos, muito estilizados, rabiscados, confiantes, modernos e fluídos, adequam-se que nem uma luva ao ambiente pictórico da história e, ao mesmo tempo, conseguem imprimir a valência metafísica e poética que a história pedia.

As Muitas Mortes de Laila Starr é, por vários motivos, um livro incontornável na banda desenhada portuguesa. Ou de origem portuguesa, como preferirem. Porque nos dá uma história ambientada num tema e cenário pouco habitual, porque nos dá uma bela e sensível reflexão sobre a vida e sobre este passeio efémero que ela é, e, por último, porque se assume como uma obra icónica e relevante para o autor português Filipe Andrade, que tem um enorme talento e merece a exposição e louvores que tem recebido em todo o mundo.

Análise completa a esta obra, aqui.

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4. Reckless
Autores: Ed Brubaker e Sean Phillips
Lançamento do último álbum: Setembro de 2024




Das poucas coisas que podemos considerar como “certas na vida”, uma delas é que um novo livro de Ed Brubaker vai, com certeza, agradar a um admirador de histórias policiais em banda desenhada! É praticamente uma verdade consumada ainda antes de se ler um livro do autor! De facto, ainda está para vir o primeiro álbum da dupla formada pelos americanos Ed Brubaker e Sean Phillips, que não é um prazer para ler. É claro que alguns livros serão melhores do que outros, mas o selo de qualidade está lá sempre presente.

Com Reckless, a dupla de autores volta a dar-nos um dos seus melhores trabalhos. Se não for mesmo o melhor, ombreia com facilidade com Criminal.

O que acho incrível é que, no plano narrativo, Ed Brubaker tenha vindo a evoluir de livro para livro nesta série, controlando cada vez melhor, com mestria, o tempo da ação e as voltas e reviravoltas de um enredo muito bem pensado. Já para não falar da escrita que continua acutilante e cheia daquele carisma noir que o autor parece dominar com tanta facilidade.

Por tudo isto, Ed Brubaker é bem capaz de ser o melhor escritor policial da banda desenhada. Não apenas de agora, mas de sempre. As suas histórias continuam a ser impactantes, profundas, sujas, deprimentes e um espelho para um mundo perdido em si mesmo, onde a esperança é um luxo que já não vale a pena almejar. Se as histórias são boas, a escrita continua a ser bem pensada, bem gerida, bem pesada (no tom) e bem construída.

Esta série com cinco volumes é verdadeiramente fantástica e uma das minhas séries preferidas de banda desenhada que, em boa hora, a G. Floy Studio decidiu editar em Portugal. Obrigatória de conhecer!

Análise completa aos vários álbuns da série, aqui.

Álbuns de Reckless, série integralmente publicada pela G. Floy Studio.



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3. Criminal
Autores: Ed Brubaker e Sean Phillips
Lançamento do último álbum: Agosto de 2021




Não há nada que enganar: para aqueles que apreciam uma história bem escrita, com personagens profundas e bem desenvolvidas, assente numa trama de cariz noir, muito bem construída, Criminal é uma série de BD obrigatória!

Ed Brubaker revela-se nesta série como um escritor fantástico! Na verdade, até vou mais longe e digo o seguinte: o texto e as histórias são tão boas e tão bem construídas que, mesmo que fosse eu o ilustrador da série – e não o Sean Phillips - Criminal continuaria a ser maravilhoso. Mais! Mesmo que só lêssemos o guião destas histórias, continuaria a ser uma leitura muito boa.

A escrita desta obra, que nos coloca junto de personagens negras e violentas, onde o crime, nas suas mais diversas formas, é uma constante, é fabulosa. Tal como são as personagens e a linha entrelaçada de histórias e vivências que o autor vai depois tecendo, fazendo com que estejamos sempre a saber mais sobre as personagens deste universo. São histórias que não parecem ser “mais do mesmo” porque têm a sua própria diversidade e há sempre algo de novo em cada um dos contos de Criminal.

É, pois, uma obra densa, muito bem escrita e marcante para todos os que apreciam uma boa história rija, agressiva e violenta. Mesmo que a violência mental seja, muitas vezes, superior à violência física. Assim é a violência mais impactante, claro está.

Análise completa aos vários álbuns da série, aqui.

Álbuns de Criminal, série integralmente publicada pela G. Floy Studio.



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2. Saga
Autores: Brian K. Vaughan e Fiona Staples
Lançamento do último álbum: Março de 2024



Saga tem um nome muito apropriado, mas também poderia chamar-se “Stew” ou “guisado”. Isto porque congrega muitas e muitas e muitas e muitas - e, mais uma vez, muitas - coisas em si mesma. É uma obra de ficção científica, é futurista, é uma distopia, é WOKE, tem fantasia, tem ação, tem comédia, tem crítica social, tem sexo, tem guerra, tem crítica social… tem tudo.

Trata-se de uma série absolutamente bem construída, bem pensada e bem executada! E sim, é composta por um enorme “guisado” de tantas e tantas coisas, mas, mais importante que isso, é uma história genialmente imaginada e escrita pelo seu argumentista, o famoso Brian K. Vaughan.

A narrativa é ambientada por essas galáxias fora, em planetas de perder de vista, e centra a sua ação no romance que sucede entre dois jovens soldados que se encontram nos lados opostos de uma guerra intergaláctica infindável. Assim um bocado como a história de Romeu e Julieta, ou de Pocahontas ou de Avatar. Bem, talvez mais próxima de Avatar por ser igualmente ambientada no espaço, com figuras meio humanas, meio alienígenas, meio animalescas. 

Seja como for, isto é apenas o ponto de partida. Porque assim que as personagens protagonistas Marko e Alana - oriundos de raças, espécies e de planetas diferentes - concebem, contra todas as regras do universo, uma vida… o caos está instalado. O casal tudo fará para proteger a sua filha, Hazel, mas, em oposição, o universo tudo fará para perseguir, estudar(?) e aniquilar esta família. 

Saga tem sido uma autêntica "saga", uma space opera, onde um conjunto muito alargado de personagens sui generis enfrentam as grandes questões mundanas que a humanidade tem enfrentado desde que existe. Uma obra que permanece na memória do leitor muitos anos após o término da leitura. Indispensável!

Análise completa aos vários álbuns da série, aqui.


Álbuns de Saga, já publicados pela G. Floy Studio.



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1. Monstros
Autor: Barry Windsor-Smith
Lançamento: Março de 2022



Meus amigos leitores, este é um daqueles livros que podem comprar “às cegas” pois, garanto-vos eu, facilmente vos deixará maravilhados!

Barry Windsor-Smith demorou 37 anos a fazer esta obra! Custa a acreditar que a conceção de um livro de banda desenhada demore tanto tempo, mas posso dizer-vos que o resultado mais do que valeu a pena e é notória a forma como cada vinheta, cada nuance da história, cada pormenor, teve tempo de ser maturado. O intuito? É claro! Fazer a melhor obra possível que Windsor-Smith conseguisse fazer. E, claramente, e mesmo tendo em conta o enorme contributo do autor para a banda desenhada, é este Monstros que o define e eterniza enquanto autor. A sua obra-prima.

Quando, em 1964, Bobby se alista nas forças armadas americanas, está longe de imaginar que vai ser introduzido, enquanto cobaia, no projeto Prometheus. Este projeto é baseado nos estudos e desenvolvimentos levados a cabo pelos nazis 20 anos antes, e consiste na alteração genética dos humanos, com o objetivo de os tornar “super-humanos”. Super-soldados, portanto. Isto parece-vos familiar? E é. O que já não será tão familiar é toda a envolvente, carregada de mistério, que deixa o leitor sem respostas, à medida que vai avançando na leitura e conhecendo as personagens que habitam esta história.

Monstros tem um enredo bastante intrincado que nos dá muita coisa. Um pouco de história e política, até ao tempo da Segunda Guerra Mundial e respetivas atividades macabras dos Nazis; um pouco de drama familiar; um pouco de ficção científica e, até mesmo, um pouco de uma realidade algo metafísica. Dito assim, pode parecer “too much”, mas devo dizer que o autor conseguiu embrulhar muito bem todas estes subgéneros numa só obra que acaba por ser coesa e muito bem construída. O autor revela-se, nesta obra, enquanto argumentista de exceção. Constrói a história em várias camadas que, mesmo parecendo independentes ao início, se unem todas ao longo da narrativa, deixando-nos de “papo cheio” em relação a uma boa história.

Barry Windsor-Smith explora todos os tipos de dor: a dor sentimental nas relações humanas, sejam elas relações entre pai e filho, entre marido e mulher, entre amantes que não o podem ser, entre irmãos e entre família. Mas, igualmente, a dor implementada pelo Estado – pelo todo – no indivíduo – no uno. E como é desigual essa mesma relação. Ou, também, e também, a dor de, aos olhos de todos os outros, uma pessoa não passar de um monstro e, por essa diferença do foro físico apenas, ser excluído e ostracizado. Quantas minorias da nossa sociedade não verão em Bobby Bailey um espelho para as suas amarguras da vida real? 

Embora eu goste muito de várias obras que a G. Floy Studio já editou por cá, torna-se fácil para mim considerar Monstros como a melhor, mais ambiciosa, mais marcante e mais espetacular banda desenhada de todo o catálogo da editora! Um livro que roça a perfeição! Façam um favor a vós mesmos e corram para comprá-lo!

Análise completa a esta obra, aqui.

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