terça-feira, 19 de agosto de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela Gradiva nos últimos 5 anos!



Hoje é dia de vos trazer as melhores bandas desenhadas editadas pela Gradiva nos últimos cinco anos!

Permitam-me, desde já, agradecer por todas as mensagens positivas que muitos leitores me têm enviado a propósito desta iniciativa do TOP 10 com a melhor BD publicada por cada editora nos últimos 5 anos.

Hoje falo-vos, como dizia, das melhores bandas desenhadas que a Gradiva editou entre o período de 2020 a 2025, período de atividade aqui do Vinheta 2020. E são, naturalmente, muitas as boas obras lançadas por esta editora que, não obstante, tem demonstrado alguma volatilidade na sua assiduidade editorial. Se em 2021/2022 a Gradiva lançou muitas BDs, nos últimos dois anos, esse número caiu drasticamente.

Faço, por isso, votos para que a editora regresse com um fulgor renovado ao lançamento de (boa) banda desenhada.

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Faço aqui uma pequena nota sobre o procedimento: considerei séries como um todo e obras one-shot. Tudo junto. Pode ser um bocado injusto para as obras autocontidas, reconheço, e até ponderei fazer um TOP exclusivamente para séries e outro para livros one-shot, mas depois achei que isso seria escolher demasiadas obras. Deixaria de ser um TOP 10 para ser um TOP 20. Até me facilitaria o processo, honestamente, mas acabaria por retirar destaque a este meu trabalho que procura ser de curadoria. Acabou por ser um exercício mais difícil, pois tive que deixar de fora obras que também adoro, mas acho que quem beneficia são os meus leitores que, deste modo, ficam com a BD que considero ser a "crème de la crème" de cada editora.

Por agora, deixo-vos com o TOP 10 da melhor BD publicada pela Gradiva:




TOP 10 - A Melhor BD lançada pela GRADIVA entre 2020 e 2025


10. Alix Senator
Autores: Valérie Mangin e Thierry Démarez
Lançamento do último álbum: Abril de 2025



Alix Senator
é uma reinvenção do protagonista da série clássica, levada a cabo pelos autores Valérie Mangin e Thierry Démarez, e que nos coloca perante um Alix adulto em idade e com uma vida política ativa enquanto senador. É, a meu ver, muito mais bem conseguida do que a série original. Levando-nos para uma leitura mais adulta, que me fez relembrar algumas séries como As Águias de Roma, de Enrico Marini, ou Murena, de Jean Dufaux e Delaby, diria que este Alix Senator é bem mais aliciante do que o Alix imberbe de Jacques Martin.

Trata-se de uma série em que a sua qualidade vai subindo e descendo de tomo para tomo, com histórias mais ou menos inspiradas, é verdade, mas que acaba por ir prendendo o leitor através duma trama que se vai tornando gradualmente mais complexa, com muitas personagens – cada uma com a sua própria agenda pessoal. 

A arte de Thierry Démarez é servida por um traço realista que funciona bastante bem ao longo da história. Os cenários são muito bem representados e com um cuidado aprumado em relação ao nível de detalhe dos desenhos. Também em termos de personagens, gostei bastante das ilustrações do autor, com caras realistas e com expressões verossímeis na maior parte das vezes. Genericamente falando, o que de melhor este Alix Senator tem para oferecer é o desenho.

Não sendo uma obra magnífica, é um trabalho muito competente e muito recomendável a todos os amantes de banda desenhada histórica e, em especial, se admirarem o período do império romano em concreto. Penso que os antigos fãs da série não ficarão desapontados com este Alix Senator e creio até que a série tem capacidade para conquistar leitores que até não eram grandes fãs da série original. 

Análise completa aos vários álbuns da série, aqui.

Álbuns de Alix Senator, já publicados pela Gradiva.




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9. Tango
Autores: Matz e Philippe Xavier
Lançamento do último álbum: Agosto de 2024



Tango conta-nos a história de uma personagem carregada de mistério. Ele é John Tango e parece um James Bond, já que tem o charme, o sucesso com as mulheres e os skills de combate do Agente 007. Não sendo, portanto, totalmente original, é uma personagem com os requisitos certos para deixar muitos fãs de banda desenhada franco-belga satisfeitos.

Esta é uma série de ação e aventura, em que não há espaço para grandes reflexões ou mensagens subliminares, mas convenhamos que também não é isso que Tango procura ser, mas antes uma série de puro entretenimento... que "se lê bem". E é isso mesmo que acaba por ser, com os vários livros da franquia a oferecerem-nos uma leitura fácil, escorreita e agradável.

É claro que a fórmula do enredo, chamemos-lhe assim, continua simples e linear, sem que o leitor seja confrontado com muitas surpresas. E também é verdade que há uma certa sensação de déjà vu, pois parece que já vimos, algures na nossa vida, um ou mais filmes parecidos com aquilo com que a série nos confronta. Mas, lá está, é algo que funciona bem. É a reciclagem de uma fórmula já amplamente utilizada, mas que continua a saber entreter.

Não é uma série que eu considere fantástica, nem nada que se pareça, mas reconheço que traz consigo uma boa dose de entretenimento. Como um filme de ação que se vê num sábado à tarde de preguiça.

Análise completa aos vários álbuns da série, aqui.


Álbuns de Tango, série integralmente publicada pela Gradiva.



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8. Lonesome
Autor: Yves Swolfs
Lançamento do último álbum: Março de 2024




Lonesome é um bom western, bastante clássico na forma, que enverga um argumento globalmente bem encetado por Yves Swolfs. Autor este que também assegura o desenho, que é muito competente, e nos dá vários momentos de rara beleza.

Vou começar por dizer algo taxativo: esta série não inventa – ou reinventa – nada. Para quem já leu muitos westerns em BD, até pode ficar com uma certa sensação de déjà vu. No entanto, quando aquilo que nos é dado detém uma boa dose de qualidade qualidade, quem se pode mesmo queixar?

Quer no desenho, quer no argumento – que inicialmente pareceu-me demasiado clichet, mas que, ao longo da leitura, e mesmo não sendo perfeito, me foi surpreendendo pela positiva – Lonesome é daquelas obras que faz tudo com uma boa dose de qualidade. Nada está “estragado”, por assim dizer. Talvez não seja a série mais marcante de ler, mas é uma boa leitura, especialmente recomendada para os amantes de histórias do faroeste.

Considero-a uma boa aposta por parte da Gradiva, pois trata-se de uma série bastante bem feita nos mais variados níveis: argumento, desenho e cores. Não será a obra mais fantástica ou obrigatória de sempre, repito, mas, bem vistas as coisas, é bastante boa. E recomenda-se vivamente.

Análise completa aos vários álbuns da série, aqui.

Álbuns de Lonesome, série integralmente publicada pela Gradiva.



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7. Gus
Autor: Christophe Blain
Lançamento do último álbum: Abril de 2021



Mais do que um western, Gus é uma banda desenhada de humor. Limita-se apenas a utilizar o estilo do faroeste como âncora cénica. Porque as histórias que nos são contadas poderiam perfeitamente utilizar qualquer outro cenário e qualquer outro espaço temporal. Ou não fossem estas histórias sobre romances entre os intervenientes, sobre a busca por uma alma-gémea. Algo que nós, humanidade, já fazemos desde os primórdios da nossa existência. Claro que as histórias teriam que ocorrer em algum lugar e em algum tempo e o autor desta banda desenhada, Christophe Blain, optou por ambientar as histórias de Gus no tempo dos cowboys.

E embora Gus dê título a esta série, esta banda desenhada não versa apenas sobre as aventuras amorosas do protagonista mas, também, sobre os companheiros deste: Clem e Grattan. O tema sempre presente é o amor, o engate, o desejo, a tentativa de sucesso destes três cowboys junto do sexo feminino, sempre em busca da mulher perfeita para o momento perfeito. É claro que sendo estas histórias ambientadas no faroeste americano, há cenas de pancadaria, tiroteios, assaltos a bancos e perseguições de cavalo. Mas isso é apenas o mise-en-scène para que, depois, a história amorosa se possa desenrolar.

Lamentavelmente, a Gradiva deixou de publicar esta bela série, logo após lançar o primeiro volume da mesma, devido a números de vendas que ficaram, alegadamente, aquém do expetável pela editora. Tratando-se, ainda por cima, de uma série que totaliza apenas 4 álbuns, é especialmente triste verificar que a série tenha, aparentemente, sido cancelada. E digo "aparentemente" porque o antigo responsável pela editora, Guilherme Valente, chegou-me a assegurar, em conversa, conforme aparece no meu livro Muitos Anos a Virar Páginas, que tinha os direitos comprados para, pelo menos, o lançamento do segundo tomo de Gus. Resta-nos, por isso, esperar (desejar?) que a editora volte a apostar na edição da escassa totalidade da série. Vale bem a pena!

Gus assume-se como indispensável para os amantes do género do humor na banda desenhada. Esperem bons momentos, boas personagens e uma clara validação de como os homens são semelhantes na busca desenfreada - e muitas vezes cheia de esquemas e trapaças - para conseguirem alcançar a mulher dos seus sonhos.

Análise completa a esta obra, aqui.

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6. O Guardião
Autores: Yves Sente e François Boucq
Lançamento do último álbum: Abril de 2022




Por vezes acontecem destas coisas. Séries de banda desenhada que têm arranques lentos ou que não cativam muito à primeira, mas depois, limando algumas arestas, nos conseguem conquistar. O Guardião, da autoria de Boucq e Sente, é um bom exemplo dessa situação.

A série é constituída por cinco volumes e, depois de um arranque algo "sem sal" nos primeiros dois tomos, é nos três volumes finais que se revela particularmente boa. 

O Guardião conta-nos a história de Vince, um suposto padre que trabalha como agente secreto ao serviço do Vaticano. Uma espécie de 007 ao serviço de sua Santidade. Se os casos em que este agente opera são pertinentes, entretendo o leitor, diria que é no momento em que a história se passa a focar  mais no protagonista Vince e no seu passado, bem como no seu suposto irmão gémeo, que fica muito mais aliciante. 

Quanto às ilustrações do fantástico ilustrador François Boucq, posso dizer que o seu trabalho é sempre maravilhoso de se observar. O seu traço, cheio de personalidade, está aqui bem presente e a sua capacidade técnica para a boa ilustração de cenas de ação mantém-se impecável. Por vezes, senti que o autor tinha feito alguns desenhos mais à pressa e onde os detalhes eram menos presentes. Mesmo assim, este é um daqueles autores que, mesmo quando não está inspirado a 100%, o seu trabalho continua a ser acima da média e maravilhoso de se absorver.

Uma bela série com um final over the top carregado de ação!

Análise completa aos vários álbuns da série, aqui.


Álbuns de O Guardião, série integralmente publicada pela Gradiva.



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5. Go West - Young Man
Autores: Tiburce Oger, Bertail, Blanc-Dumont, Blasco-Martinez, Boucq, Cuzor, Gastine, Hérenguel, Labiano, Meyer, Meynet, Prugne, Rossi, Rouge, Taduc e Toulhoat
Lançamento: Março de 2023


Go West – Young Man
é uma antologia de banda desenhada que nos apresenta um conjunto de 14 histórias desenvolvidas pelo mesmo argumentista, mas ilustradas e coloridas por um grande conjunto de ilustres autores. Mas, por outro lado, por haver um fio condutor que vai ligando as histórias entre si e, também, pelo facto de haver um grafismo muito típico do estilo de traço franco-belga para western – não obstante ser verdade que, naturalmente, cada história ter um estilo de ilustração próprio – pode-se dizer que Go West – Young Man chega a parecer uma só história e não uma antologia de banda desenhada.

O tal fio condutor deste conjunto de histórias criadas por Tiburce Oger reside num relógio de bolso. É ele a personagem principal do livro e não as diferentes personagens que vão aparecendo nas 14 histórias. Essas apenas protagonizam o momento em que o relógio lhes vai parar às mãos. Será esse relógio de bolso que passando de mão para mão, através de uma diversidade de formas para tal, que fará com que cada uma das histórias tenha ligação entre si. Afinal de contas, se fôssemos contar a história de alguns objetos, que circularam de mãos para mãos até chegarem até nós, que histórias mirabolantes não teria esse objeto para contar?

A premissa é muito criativa e fez-me logo gostar do livro. Pode até ser uma ligação algo artificial, mas, lá está, consegue dar à história uma grandeza maior. Mais não seja porque, como acompanhamos a história do relógio a partir do ano 1763, e que se estende até ao ano 1938, também acompanhamos a história do faroeste americano nesse período de tempo. Estão cá muitos momentos relevantes como a presença dos mexicanos, dos índios, dos caçadores de prémios, dos pioneiros, dos foras-da-lei, dos túnicas azuis, das prostitutas que davam beleza aos saloons e até da personagem emblemática de Wild Bill. Nesse cômputo de tentar bem resumir as temáticas que naturalmente associamos ao western, pode-se dizer que Oger fez um grande trabalho.

Go West - Young Man é uma bela aposta da Gradiva. Tão bela que me faz indagar a razão pela qual a editora não editou, depois, os restantes três números desta série intitulados GunMen of the West, Indians!LawMen of the West. Fica o meu desejo e lembrança!

Análise completa a esta obra, aqui.

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4. O Nome da Rosa
Autor: Milo Manara
Lançamento: Maio de 2023



O Nome da Rosa, originalmente escrito por Umberto Eco, foi lançado em 1980 e, desde logo, se tornou num clássico da literatura. Trata-se de um romance histórico complexo e intrincado, que mistura elementos de investigação policial, teologia, filosofia e crítica social.

Esta adaptação para BD é feita por Milo Manara, um dos grandes mestres da banda desenhada europeia, que é apreciado e celebrado em todo o mundo. 

Trata-se da primeira de duas partes e é uma adaptação para BD que se mostra condigna à obra original. É verdade que a adaptação de Manara é difícil de ler em alguns casos. Com tantas expressões em latim e com diálogos intrincados em termos de linguagem, é frequente que tenhamos que voltar atrás no balão que acabámos de ler. Mesmo assim, a fidelidade ao texto original oferece solidez narrativa a este intento.

Quanto ao desenho, Manara prova mais uma vez – como se isso fosse necessário! – que é único e um dos grandes Mestres da banda desenhada mundial. Acaba por ser curioso que esta seja uma história onde praticamente só apareçam homens. Só mesmo já quase no final do livro é que aparece uma sensual mulher, bem na linha daquilo que poderíamos esperar do autor.

Este é um livro com selo de qualidade. Manara prova que, apesar da sua idade, continua dono de um estilo único de desenho, que influenciou, influencia e continuará a influenciar gerações de leitores de banda desenhada. Resta-nos esperar pelo próximo livro para a conclusão devida de uma obra que, na primeira de duas partes, já faz muito e muito bem.

Análise completa a esta obra, aqui.


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3. O Último Homem...
Autores: Jérôme Félix e Paul Gastine
Lançamento: Abril de 2021


O Último Homem... é um western algo diferente, que traz consigo uma componente um pouco mais refrescante do que aquela que podemos, à partida, imaginar se nos lembrarmos dos cânones clássicos do género. Dito por outras palavras, acaba até por me parecer um livro mais focado na componente histórica - latente no desenvolvimento do oeste americano, devido à introdução da linha férrea, que permitiu um verdadeiro êxodo populacional e económico - do que, propriamente, um western clássico, em que temos os bons a lutarem contra os maus e há muitos tiros e “coboiadas”. 

A grande premissa de O Último Homem... é a da luta pela injustiça. A vingança cega por algo que nos é tirado indevida e injustamente. É isso que aqui temos. E, portanto, nesse sentido, a mesma história, com os mesmos personagens, até poderia passar-se num outro tempo e num outro local.

Quanto à arte, não podíamos, sinceramente, pedir mais do que aquilo que nos é dado. O traço de Gastine apresenta um detalhe incrível, com ilustrações belas e variadas, que tornam cada vinheta numa obra de arte. Se há bandas desenhadas que não parecem ter sido feitas "à pressa", como às vezes me “queixo” noutras análises, esta O Úlimo Homem... é uma delas. Cada vinheta, por mais ínfima ou pequena que seja, é sempre pontuada por múltiplos detalhes ilustrativos que nos mergulham profundamente na história, nas personagens, no ambiente, na obra. E, como se não bastasse, as cores – também a cargo de Gastine – também são maravilhosas, elevando ainda mais a qualidade da ilustração da obra. Jogos de sombras, cenas noturnas, cenas de chuva cerrada, de tardes soalheiras... tudo isto recebe a cor certa e contribui para a sensação de “barriga cheia visual” para o leitor.

Este é um western fantástico e obrigatório para todos. Até mesmo para os que não são especialmente admiradores do género. Grandioso e inesquecível!

Análise completa a esta obra, aqui.

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2. A Vida Secreta dos Escritores
Autor: Miles Hyman
Lançamento: Abril de 2024



Começo por dizer o óbvio: A Vida Secreta dos Escritores, uma adaptação para banda desenhada de Miles Hyman, baseada no romance homónimo do francês Guillaume Musso, é uma das melhores bandas desenhadas publicadas pela Gradiva! De sempre.

Este é um livro que traz consigo um argumento de estilo thriller de investigação, que é depois ilustrado com uma arte diferente de tudo aquilo que, normalmente, nos é dado em banda desenhada.

Esta é uma história que, mesmo sendo de cariz policial, com uma boa pitada, nas entrelinhas, de uma componente política, é um romance em que as questões amorosas estão bem presentes e uma obra muito bem pensada e escrita, onde a arte da literatura parece sempre muito constante e onde, inclusive, até há espaço para relembrar e homenagear vários autores universais da literatura como Milan Kundera, Agatha Christie, Margaret Atwood, Umberto Eco, Franz Kafka, entre vários outros. 

O que acabo mesmo por achar (mais) incrível neste livro, é que faz muita coisa bem feita. Não sendo uma história nada simples, cruza muitas coisas. Sempre com personalidade, astúcia e beleza. No fundo, é um daqueles livros que poderia ter corrido mal por variados fatores. Mas, correndo bem, torna-se num livro imperdível!

Nos desenhos, o autor americano Miles Hyman assume um estilo de ilustração, num traço a lápis, que é verdadeiramente singular e impactante. Ao folhearmos este livro, não parece que estejamos perante ilustrações de banda desenhada, mas antes perante uma galeria de pequenos quadros que poderiam estar num museu e que aqui assumem a forma de vinhetas alinhadas. E o nível de detalhe que Hyman deposita em cada um dos seus desenhos consegue ser arrebatador. As cores, em tons pastel, assumem um calor muito próprio que nos remete facilmente para os dias solarengos em pleno Mediterrâneo, onde a luz solar banha o ambiente captado pela obra. 

A Vida Secreta dos Escritores é um livro notável, quer a nível de argumento, quer a nível de ilustração, e que entra com altivez para o conjunto de melhores bandas desenhadas lançadas pela Gradiva. 

Análise completa a esta obra, aqui.

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1. A Bomba - A História da Bomba Atómica
Autores: Alcante, Laurent-Frédéric Bollée e Denis Rodier
Lançamento: Junho de 2022



Originalmente lançada em 2020, esta é uma obra que rapidamente ficou conceituada, que vendeu mais de 140 000 exemplares só em França e que recebeu muito carinho da crítica e do público. Trata-se de um livro enorme que, em mais de 450 páginas, nos conta a história do desenvolvimento da bomba atómica.  Como a mesma foi feita e pensada, com que fim, em que circunstâncias histórico-políticas, quem foram os players envolvidos no seu desenvolvimento, que acontecimentos estavam a decorrer em simultâneo… enfim, tudo aquilo que é necessário para fazer desta obra um autêntico tratado de História. O trabalho é feito com enorme detalhe e rigor histórico. Acho que, depois de feita a leitura de A Bomba, não só ficamos a saber imenso sobre o desenvolvimento da bomba atómica, como ficamos aptos a dominar uma conversa de café sobre o tema.

Acho que se pensarmos numa qualquer pergunta aleatória sobre algo que envolva a bomba atómica, é bastante provável que encontremos resposta a essa questão após a leitura deste A Bomba. E isso é louvável. O desenvolvimento científico da bomba, a corrida ao armamento nuclear por parte de todos os países envolvidos na guerra, as facções anti e pró bomba atómica, a escolha do local para detonar a bomba, o lado americano, o lado alemão, o lado inglês, o lado russo, o lado japonês, enfim, todos os eventos que decorreram, entretanto, são aqui cuidadosa e profundamente demonstrados. 

Quanto às ilustrações, estamos perante um trabalho irrepreensível por parte de Denis Rodier que, com o seu traço realista, desenha com uma grande beleza e detalhe tudo de forma miraculosa. Seria de prever que um livro com tantas páginas recebesse, pelo menos em alguns casos, pouco detalhe nas ilustrações que apresenta em algumas vinhetas. Mas não é isso que aqui acontece. As personagens, os cenários, os veículos e tudo o que aqui nos é dado, apresenta um rigor meticuloso com os detalhes que é, no mínimo, impressionante.

Por cá, a Gradiva optou por lançar a obra em dois volumes e em capa mole. Mesmo não tendo feito, portanto, a melhor opção em termos de edição, esta é uma obra de qualidade superior que merecia publicação por cá e nisso, a editora portuguesa está de parabéns. Isso, a aposta em boa banda desenhada, será sempre o mais importante!

Análise completa a esta obra, aqui.

NOTA: A obra A Bomba foi lançada pela Gradiva em dois volumes.


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