Chegaram hoje às bancas, juntamente com o jornal Público, duas novas novelas gráficas de uma só vez.
Na verdade, tal aconteceu porque, na semana passada, a gráfica que produz os livros foi vítima de um ataque informático que impossibilitou a impressão do livro, tal como fez saber, atempadamente, a editora Levoir.
Hoje chegam-nos, portanto, as obras Estampas 1936, de Felipe Hernández Cava e Miguel Navia, e Léa Não Sabe Como Funciona o Aspirador, de Eric Corbeyran e Gwanjo.
Mais abaixo, deixo-vos com as sinopses das obras e com algumas imagens promocionais.
A 12 de Outubro a Levoir e o Público editam Léa não sabe como funciona o aspirador. Eric Corbeyran autor desta obra, aborda dois temas de forma original, um escritor em crise de inspiração, que há mais de 2 anos não consegue publicar e um problema social grave, a violência doméstica.
Louis Levasseur perdeu as ilusões, há mais de dois anos que não produz uma única linha e as vendas dos seus livros anteriores têm sido medíocres. Enquanto carrega a sua depressão pela rua, apanha o lixo de um caixote que um cão vadio rasgou. Diverte-se ao encontrar um grande número de instruções para electrodomésticos, bem como o diário de uma jovem mulher, cheio de lugares-comuns tão insípidos quanto narcisistas.À noite, como noutras noites, em frente ao seu computador, nada sai. Para se inspirar, teve a ideia de ir ao caixote do lixo para encontrar o diário desta mulher chamada Léa. Descobre que ela é a vizinha asiática do andar de baixo, que acaba de se mudar após o divórcio.
Dona de casa submissa, Léa escreveu no seu diário sobre uma curiosa patologia: um dia, sem razão aparente, começou a "congelar" em frente de todos os electrodomésticos. Não se lembrava de como funcionava um aspirador, uma máquina de café ou uma máquina de lavar roupa.
Louis achou que era uma ideia brilhante e decidiu fazer disso o tema do seu novo romance. Avisou o seu editor que tem o próximo bestseller e começa a escrever freneticamente, contando as consequências quotidianas desta curiosa doença, extrapolando e fantasiando sobre as suas origens...Conquistado por esta amnésia singular, Louis aproveita as palavras desta "dona de casa desconhecida" e faz dela a heroína do seu novo romance.
Animado pelo sucesso mundial do seu livro, Louis está agora feliz e realizado. Até ao dia em que descobre a "verdadeira" história de Léa.
O grafismo altamente realista do artista coreano Gwanjo - que por vezes se inspira nos manhwa (manga coreana) - é inteiramente feito a lápis, o que contribui para a atmosfera íntima da história.
O prefácio tem a autoria da jornalista Helena Ferro de Gouveia reconhecida activista pelos direitos humanos.
Autores: Eric Corbeyran e Gwanjo
Editora: Levoir
Páginas: 136, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
Formato: 10 x 240 mm
PVP: 13,90€
Autores: Felipe Hernández Cava e Miguel Navia
Estampas 1936, é uma das grandes obras de 2020 publicada em Espanha, que chega agora a Portugal pela mão da Levoir e do Público na colecção Novelas Gráficas, a 12 de Outubro. Felipe Hernández Cava, o argumentista, é já sobejamente conhecido do público leitor de banda desenhada, em 2009 recebeu o Prémio Nacional del Comic com As Serpentes Cegas, que a Levoir e o Público editaram na colecção de 2019.
Estampas 1936 é uma obra de ficção como Felipe Hernández Cava faz questão de afirmar: "Uma das coisas que me surpreendeu foi o facto de muitos leitores acreditarem que todas as estampas nascem de testemunhos ou documentos reais, quando todas elas, mesmo aquelas cujos protagonistas são pessoas reais, são abordadas apenas a partir da ficção.
E vou dar vários exemplos daquelas que parecem mais "reais": O sonho de Lorca foi-nos contado por Alberti nas suas memórias, e imaginei-o a regressar a Madrid no camião de La Barraca obcecado por ele; pensei também na separação de Antonio Machado do seu irmão Manuel, e quis vê-lo a pensar nisso e nos seus tempos de estudante na Institución Libre de Enseñanzaprestes a sair de Madrid para Levante; ou porque não acreditar que Juan Ramón Jiménez, depois de viver aquele episódio humilhante de que mal queria falar, não vomitou à porta de casa.
E vou dar vários exemplos daquelas que parecem mais "reais": O sonho de Lorca foi-nos contado por Alberti nas suas memórias, e imaginei-o a regressar a Madrid no camião de La Barraca obcecado por ele; pensei também na separação de Antonio Machado do seu irmão Manuel, e quis vê-lo a pensar nisso e nos seus tempos de estudante na Institución Libre de Enseñanzaprestes a sair de Madrid para Levante; ou porque não acreditar que Juan Ramón Jiménez, depois de viver aquele episódio humilhante de que mal queria falar, não vomitou à porta de casa.
Nada neste livro é exatamente "real", mas tudo poderia ter sido como o contamos, porque por detrás de cada imagem há uma bagagem de muitas leituras".Miguel Navia, é o ilustrador, cujas poderosas imagens transportam o leitor até aos primeiros meses da Guerra Civil Espanhola, conseguindo extrair beleza do horror que foi esta guerra. Navia deixa-nos sem palavras em cada uma das 36 ilustrações apresentadas no livro e para a qual fez grande pesquisa, segundo o próprio conta: “Há muitos anos que sou fascinado por este tema, coleccionando livros de fotografia, história, literatura... Também recorri muito ao arquivo comunista para as cenas que se passam em Madrid, na web há blogues e páginas de verdadeiros fãs com muita informação gráfica, mas tento sempre contrastar isso com livros ou estudos que considero mais fiáveis, pois é muito comum encontrar dados alterados ou locais e factos mal nomeados”.
Um livro verdadeiramente espetacular que convida a refletir sobre como evitar cometer erros como os que conduziram a um dos episódios mais dolorosos da História de Espanha.
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Ficha técnica
Estampas 1936Autores: Felipe Hernández Cava e Miguel Navia
Editora: Levoir
Páginas: 88, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 230 x 310 mm
PVP: 13,90€
Coitada da Léa, não sabe e não se lembra....eheheheh
ResponderEliminarEheheheh!
EliminarBoas! Se as medidas do vol. do ESTAMPAS forem verdadeiras (só me acredito, vendo), então porque é que não fizeram o mesmo com outras obras que são deste tamanho também,... como por ex. o livro do MOBY DICK e o OS MARES DO SUL??? Vá-se lá explicar estas decisões sem sentido!!!
ResponderEliminarBoas Miguel. O seu comentário faz todo o sentido - o que não faz sentido é a aparente falta de critérios da Levoir na escolha, produção e edição de títulos nesta série. Poderia citar dezenas de títulos bem mais interessantes versando o tema da guerra civil espanhola (e são muitos) mas, também aqui, a Levoir optou por produzir baratinho (quase todos o s titulos são a preto e branco) e reduzir, quando lhe convém, o formato (já para não falar na qualidade de impressão, papel e acabamentos). Teremos que viver com isto e investir avisadamente.
EliminarPois, confesso não saber quais são os critérios da editora em relação aos formatos. E acho que é sempre preferível que os mesmos sejam respeitados, claro.
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