Hoje trago-vos um comparativo entre as edições da Iguana e da Bicho Carpinteiro referentes ao livro A Vida Oculta de Fernando Pessoa, da autoria de André F. Morgado e Alexandre Leoni.
Este é um livro muito interessante e altamente recomendado, que consegue o duplo feito de entreter enquanto educa, numa história mirabolante que coloca Fernando Pessoa em contacto com zombies - e com os seus famosos heterónimos - e onde o português Andre F. Morgado se revelou especialmente inspirado. Além de que o autor brasileiro Alexandre Leoni também nos brinda com um belo e cativante trabalho nas ilustrações e cores. É um livro que, aliás, até espero vir a analisar num futuro próximo.
Mas, por ora, concentro-me nas principais diferenças entre as duas edições.
Recordo que a obra começou por ser editada pela Bicho Carpinteiro, uma editora independente da qual André Morgado é um dos responsáveis. Isso aconteceu há 10 anos. Chegou a haver, depois, uma segunda edição da obra pela mesma editora, mas agora que o livro se encontrava esgotado e virtualmente impossível de encontrar, é com bons olhos que vejo que este importante trabalho, com forte apelo comercial, volta a estar disponível. Neste caso, pelas mãos da Iguana, uma chancela do gigante editorial Penguin Random House.
Embora não haja diferenças gritantes entres as duas edições, há várias coisas que foram alteradas nesta nova edição da Iguana.
Desde logo, a ilustração da capa. Volta a ser um belo desenho, bem chamativo e impactante aquele que a nova edição da Iguana enverga, mas creio que, mesmo assim, o desenho contido na edição da Bicho Carpinteiro - na sua segunda edição, que é aquela que utilizo para este comparativo - era ainda melhor. Não o refiro apenas por uma questão de gosto pessoal, mas porque retratava melhor a iconografia de Fernando Pessoa. Não é que o desenho da mais recente edição não nos faça pensar em Fernando Pessoa assim que o vislumbramos. Faz. Mas não creio que a ligação seja tão óbvia. Poderia ser uma personagem - um assassino contratado? - de, por exemplo, um filme de ação.
Avançando, também o grafismo dos tipos de letra utilizados na capa e contracapa foram alterados. Tratando-se aqui de uma questão de gosto pessoal, devo confessar que também preferia os da edição da Bicho Carpinteiro. Eram mais bem arrumadinhos e tinham um estilo vintage que era mais do meu agrado, embora também reconheça que o lettering do título da nova edição seja chamativo.
De resto, e ainda olhando para as capas, ambos os livros apresentam capa dura baça, sendo que a edição da Iguana apresenta verniz localizado no título da obra, o que é um pormenor bem-vindo.
O formato do livro é praticamente o mesmo nas duas edições, embora a edição da Iguana seja ligeiramente - meio centímetro, talvez - menor do que a edição da Bicho Carpinteiro.
A questão da dimensão dá para ver bem quando colocamos as duas lombadas lado a lado.
Lombadas essas que, sendo naturalmente diferentes, me fazem preferir, desta vez, a edição da Iguana que é mais chamativa e mais legível.
No miolo, devo dizer que o tratamento de cores das duas edições é bastante semelhante entre si, sendo as duas edições bastante boas. Não notei diferenças, nem para melhor, nem para pior, entre as duas edições.
Nota positiva para uma nova legendagem que, embora seja fiel à legendagem da edição da Bicho Carpinteiro, é ainda mais legível.
Além disso, dei conta que o texto da obra foi melhorado nesta edição da Iguana, o que é sempre louvável.
Tendo em conta que o grafismo na capa foi alterado, também é natural que o grafismo da folha de rosto tenha sido alterado.
A nova edição da Iguana apresenta guardas mais giras e em linha com o tom da história.
A edição da Bicho Carpinteiro apresentava 3 páginas com esboços de Alexandre Leoni - bem bonitos, diga-se - e, felizmente, isso foi mantido na edição da Iguana.
Contudo, foi com alguma pena que verifiquei que a galeria de convidados presente na edição da Bicho Carpinteiro, que contava com 14 ilustrações belíssimas (fantásticas, mesmo!) de Fernando Pessoa, não tenha sido recuperada para esta edição. Diria que é, pois, a grande falta que sinto de uma edição para a outra porque, de resto, a nova edição da Iguana faz jus à edição da Bicho Carpinteiro, verificando-se um equilíbrio saudável entre ambas.
E, acima de tudo, sendo sempre isso, a meu ver, a coisa mais importante a reter, esta nova edição da Iguana volta a tornar disponível no nosso mercado, uma banda desenhada de origem luso-brasileira que não só foi um sucesso aquando do seu lançamento, como continua atual e apelativa para uma nova geração de leitores que começa a aprofundar os seus conhecimentos sobre aquele que foi, é e será, o maior poeta português de sempre.
Eis um belo livro que recomendo e que será analisado por aqui brevemente.











Sem comentários:
Enviar um comentário