segunda-feira, 20 de março de 2023

Um Olhar sobre o LouriBD 2023



Terminou ontem o LouriBD, aquele que foi o 1º Festival de Banda Desenhada da Lourinhã.

Depois de o ter visitado neste sábado, não posso deixar de dizer que há ali uma faísca de amor à banda desenhada que espero que faça com que esta iniciativa se possa repetir anualmente, não perdendo a sua assiduidade. Espero, também, que haja crescimento, a todos os níveis. Não obstante, digo-vos com sinceridade: já ali temos um evento que deve passar a estar presente na agenda de qualquer pessoa que ouse dizer que gosta de banda desenhada!


Foi a primeira vez que a Câmara Municipal da Lourinhã organizou um evento dedicado à banda desenhada. Para o fazer, contou com a colaboração da editora Escorpião Azul que, aliás, fez um ótimo trabalho. Organizar eventos não será a mesma coisa que editar livros portanto, devo confessar que fiquei bem impressionado com o trabalho levado a cabo pelos editores Jorge Deodato e Sharon Mendes.


Sendo um evento pequeno em dimensão, conforme já referi, apresentou-se bastante completo. Vale mais pouco e bom, do que muito e mau. O evento foi composto por uma exposição de banda desenhada, em que o foco era a comemoração dos 10 anos da editora Escorpião Azul, com a mostra de vários originais de alguns dos autores que, ao longo da existência da editora, foram contribuindo para o catálogo da mesma - Luís Louro, Derradé, João Amaral, Fábio Veras, Paulo J. Mendes, Rita Alfaiate, Inês Garcia, Filipe Duarte, Pepedelrey (que também lançou o seu novo livro, Shedy, no evento), entre outros. 



Mas a Organização não se ficou pela mera exposição de banda desenhada. Houve também um Mercado do Livro e uma generosa oferta de atividades paralelas ao nível da programação, com lançamento de livros, conversas com autores, workshops, concertos ilustrados e sessões de autógrafos.




O espaço da exposição, no Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira, não é muito grande e consiste numa sala simpática para exposição e um corredor que a Organização aproveitou - e bem - para aumentar o espaço de exposição. No mesmo Centro Cultural, há um belo e bem equipado auditório, onde decorreram as apresentações, um pequeno bar, uma loja de banda desenhada e um simpático pátio, onde se podia estar a conviver e onde estavam as mesas de autógrafos. 



O Mercado do Livro estava mais centrado nos livros da editora Escorpião Azul, embora os livros da Ala dos Livros, mais concretamente do autor Luís Louro, também estivessem disponíveis para compra.

Não sendo, conforme já referi, um evento muito grande na dimensão, foi marcado por uma aura muito positiva, onde imperou uma sensação de bem-estar por todos os que estavam presentes.




Estão a ver aquela sensação de camaradagem, de "amor à causa", de convívio verdadeiro e sem tretas e de uma hospitalidade gritante de que o Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja se pode orgulhar? Bem, é isso que o LouriBd procura ser. E acho que é justo dizer que o conseguiu, mesmo que tenha sido numa escala mais pequena. 




Adorei o LouriBd e as pessoas da Organização do evento - já conheço bem o Jorge Deodato e a Sharon Mendes, mas devo dizer que também gostei das pessoas que fazem parte da organização, ao nível da Câmara e do Centro Cultural, e que demonstraram ser muito simpáticas e hospitaleiras, sempre dispostas a fazer o melhor possível a partir dos parcos recursos disponíveis. 




O festival foi apresentado, quase na totalidade, por Rui Alves de Sousa, do programa de rádio Pranchas e Balões, da Antena 1. Já aqui disse várias vezes que sou um confesso "fã" do Rui, pois acho o seu trabalho, ao serviço da bd, original, refrescante e muito competente. Observá-lo como anfitrião do festival foi a confirmação do seu talento. Foi uma escolha muito acertada da organização.




No sábado assisti a apresentações do João Amaral - e do seu álbum novo -,  de Mário João Marques e de Sérgio Santos, da Revista H-Alt. Boas conversas, bem moderadas por Rui Alves de Sousa. 

Depois das apresentações ainda houve tempo para conviver com alguns entusiastas da bd - dos quais destaco os muito simpáticos e super-conhecedores de BD, João Marques e Miguel Mimoso, com quem estive numa amena cavaqueira. A foto mais acima, que agradeço, é do João Marques.



O melhor da programação estaria reservado para depois do animado jantar, com a apresentação, muito divertida e cativante, do trabalho da autora Rita Alfaiate, à qual se seguiu um concerto desenhado muito agradável que reuniu, numa ótima simbiose, a música de Brani e o enorme talento de ilustração de Paulo J. Mendes. Foi um momento espetacular, garanto-vos.

No final do dia, eu estava de coração cheio. 




Futuramente, o grande desafio do LouriBD passa, a meu ver, por tentar crescer nos mais diversos cômputos: tendo a presença de mais autores nacionais - e abrindo o espectro a autores de banda desenhada de outras editoras -, ter uma exposição maior (se bem que, continuando o evento a ser no mesmo local, não creio que haja possibilidade em termos de espaço para ter uma exposição maior). A presença de autores estrangeiros também pode dignificar ainda mais o evento.

Poderá e deverá crescer também ao nível de promoção e divulgação. Para isso, estou certo que o Município poderá fazer um maior investimento.




E depois, claro, caberá aos amantes de banda desenhada darem uma hipótese a este evento. Sendo verdade que o espaço não estava vazio, devo confessar que gostaria de ter visto mais gente no LouriBD

Sei que fui no fim de semana menos concorrido e sei que no mesmo dia decorria, no Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa, um evento sobre banda desenhada. Mesmo assim, acho que o LouriBD merece a visita de mais entusiastas de banda desenhada nas próximas edições. Só será um sucesso e só terá continuidade no futuro se aqueles que gostam de BD lhe derem uma oportunidade!




A Lourinhã fica a 45 minutos de Lisboa, meus caros. Demora-se muito mais tempo a percorrer a cidade de Lisboa, de uma ponta à outra, em horas de trânsito. Portanto, a distância não pode ser desculpa para que, durante o LouriBD, os adeptos de BD de Lisboa não façam da Lourinhã a sua nova casa. Se queremos que existam eventos de banda desenhada, também temos que fazer a nossa pequena parte que consiste apenas numa coisa: aparecer.

Parabéns aos envolvidos. Que chegue rapidamente o próximo LouriBD porque eu já tenho saudades!



- Autoria das fotos presentes neste artigo: Câmara Municipal da Lourinhã, João Marques e Hugo Pinto

8 comentários:

  1. Também concordo. Sem ter a grandiosidade de um festival de BD como o de Beja ou o Amadora BD deve ter sido um certame bem simpático e atractivo. Mais vale pouco e bom do que muito e 😡 mau. Para o ano talvez lá vá. Obrigado pela excelente análise do LouriBD.

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    1. Obrigado pelo simpático comentário! Sim, é uma ótima iniciativa que todos devemos apoiar. Um abraço

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  2. Estão de parabéns os organizadores do evento. Precisamos de mais festivais do género espalhados pelo país fora para dar visibilidade á 9ª arte e conquistar novos públicos. Como nota de rodapé, Lisboa é das poucas (única?) capitais europeias sem um evento dedicado á BD/Ilustração. Significativo...

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    1. Nem mais, António. Concordo que este tipo de eventos é muito relevante e faz falta! Um abraço

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  3. Foi um prazer ter tido tempo para estar na conversa contigo!
    Aliás, a simpatia do teu blog espelha a tua pessoa, bem como o teu conhecimento de BD.
    Trocámos ideias, aprendemos coisas, rimos das nossas peculiaridades como amantes da BD e ainda bebemos umas cervejas, a torcer pelo nosso Benfica 🙂
    O meu obrigado por uma tarde cheia de "afición" e companheirismo.
    Quanto ao Festival em si, subscrevo completamente o que escreveste e saúdo a organização (quer na pessoa do Jorge e da Sharon, como a parte "camarária").
    Saúdo o Rui (do Pranchas e Balões), que foi um excelente "anfitrião" e os autores presentes, que deixaram a marca da sua qualidade nas suas intervenções e trato com o público.
    O local é muito simpático e familiar.
    Deixo um apelo a quem possa, para que compareça, no próximo ano.
    Se iniciativas como estas não alcançam alguma dimensão, tendem a desaparecer.
    E este Festival merece ter a oportunidade de crescer.

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    1. Nem mais, caro amigo! Disseste tudo! É dar uma "oportunidade ao evento de crescer"! Gosto da frase e subscrevo. Foi um prazer estar contigo e com o Miguel! Obrigado pelas palavras, amigo! Um abraço

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  4. Muitos parabéns a todos, com especial menção à editora Escorpião Azul pelo trabalho e legado que continuam a construir! Espero que este evento possa ocorrer anualmente e com igual ou superior sucesso!
    Abraços, Catherine Santos

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    1. Obrigado pelo comentário, Catherine. Também são esses os meus votos.

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