Hoje trago-vos as novidades referentes à Kingpin Books e àquilo que podemos esperar da editora portuguesa relativamente a novos livros para 2024!
Estive à conversa com o sempre disponível Mário Freitas que desvendou um pouco a cortina para as novas obras que tem em pipeline para lançar no próximo ano.
Posso dizer-vos que a minha curiosidade está bem aguçada com as novas obras de autores portugueses que a editora prepara!
Não deixem de ler a entrevista mais abaixo.
Entrevista
1. O ano de 2023 tem sido marcado por vários lançamentos por parte da Kingpin Books. É verdade que houve anos em que o número de edições foi (muito) superior ao de 2023, mas também é verdade que há alguns anos que a Kingpin não lançava tantas obras num só ano. A que se deve esta mudança de paradigma?
Não há mudança de paradigma. A vertente editorial da Kingpin Books é o meu escape, não é o meu core business, pelo que não preciso de estar a definir quantidade anuais de livros a editar.
Há anos em que simplesmente calha haver maior output dos autores com quem costumo trabalhar ou de mim próprio. Ou projectos iniciados em anos distintos, mas que acabam por ficar concluídos na mesma altura.
2. Boa parte dessas novas obras lançadas, como Há Quem Queira Que a Luz Se Apague, com ilustrações de Derradé, ou Vinil Rubro, com ilustrações de Alice Prestes, são da tua autoria enquanto argumentista. Tem sido este surto criativo um dos principais justificativos para que lances mais banda desenhada?
Sim. Lá está, é como disse antes: às vezes calha.
A título de exemplo, o argumento do Há quem queira foi escrito o ano passado, ao passo que o do Vinil já foi escrito este ano. Calhou que saíssem quase em simultâneo.
De resto, sim, a minha aposta em projectos pessoais mais pequenos permite-me lançar livros com mais regularidade, e assim vai continuar em 2024.
3. Além dos autores que são novos no mercado, como Alice Prestes, não tens editado novos autores portugueses. Dirias que não estás com predisposição para o fazer neste momento? Ou isso também se deverá ao facto de não teres recebido boas propostas para editar?
Nada mais enganoso. Este ano foi a Alice, para o ano poderá ser qualquer outro que eu ainda não conheça.
E estou a fazer outro livro de maior fôlego com outra autora nova que só deverá estar pronto em 2025.
Tem muito a ver com uma questão de acaso e oportunidade, e com o facto de eu me manter muito atento aos ilustradores que apareçam nas redes sociais, em particular no Instagram.
De resto, basta analisar o meu catálogo para perceber que eu nunca me inclinei muito para a simples aceitação de propostas de jovens autores. Colaborações sim, e em regra com autores mais experientes.
4. Nestas histórias que lançaste com argumento teu, tens optado por um formato de comic com 16 páginas. Algo que é cada vez mais raro de ver em Portugal. Consideras que a existência deste tipo de histórias curtas, lançadas deste modo, é algo que faz falta ao mercado nacional?
Se forem boas, fazem falta. Permitem experiências, descobertas, um pagamento digno aos ilustradores, e uma forma muito mais rápida de ter os livros prontos.
5. O ano de 2023 também foi ano de reedições. Reeditaste Miracle Worker, de André Oliveira, e A Fórmula da Felicidade, de Nuno Duarte e Osvaldo Medina. Achas que certo tipo de obras merece estar sempre disponível no mercado ou foi por outra razão que apostaste nestas reedições?
Sem dúvida que há obras indispensáveis. E estas são duas delas.
6. Já agora, porquê a opção de lançar apenas a obra Miracle Worker (O Milagreiro) em inglês? Não teria sido pertinente relançar o livro em português, também?
Quando esta edição foi contratualizada, a versão portuguesa da Polvo não tinha muitos anos ainda, por isso essa hipótese nem se punha. Por razões diversas, a edição em inglês só saiu este ano. Se calhar, agora teria valido a pena a outra, mas era coisa que não era possível.
7. Em sentido inverso, não tens apostado no lançamento de obras de autores estrangeiros há algum tempo. É algo que deverá manter-se igual em 2024 ou poderemos esperar o lançamento de livros de autores estrangeiros?
Acho pouco provável.
Já há demasiadas editoras a fazê-lo e a fazê-lo bem, e fico muito satisfeito por continuar a colaborar com essas editoras, fazendo traduções, legendagens e designs.
8. Os livros estão mais caros. É um facto. Pelo aumento do preço da matéria-prima – em especial, do papel – mas também por outros fatores. Sentes que isso, bem como a conjectura económica que vivemos, está a afetar as vendas da editora ou as pessoas continuam a fazer um esforço para comprar os livros?
Sim, estão mais caros, mas o papel já não é o culpado, essa conversa já lá vai.
Felizmente, continua a haver esforço de compra, sem dúvida, mas o aumento das taxas de juro expôs as vulnerabilidades dos portugueses face às prestações de casas, e o consumo retraiu-se um bocado.
Continuam, ainda assim, a editar-se muitos livros. Livros a mais, diria até.
9. Poderá haver um retrocesso no preço dos livros, e voltarmos aos preços de 2020/2021 ou não acreditas que isso venha a acontecer?
Parece-me utópico.
10. O ano de 2023 ainda não terminou e estou ciente que os resultados das vendas dos livros acabam por só ser percebidos vários meses depois. De qualquer maneira, e tendo em conta a tua própria sensibilidade do mercado, que livro consideras ter sido o vosso campeão de vendas de 2023?
Todos. Fazer e vender boa BD, por pouca que seja, num "mercado" como o nosso, faz de nós verdadeiros campeões.
11. E em que livro é que as vendas ficaram aquém do esperado?
Em nenhum.
12. Até ao final do ano 2023, ainda será lançada alguma nova obra por parte da Kingpin? Qual?
Mais nada este ano.
13. E que novas obras poderemos esperar para 2024?
Coisas boas, sempre. O David Soares e a Sónia Oliveira começaram nova colaboração (e fico a pensar como O Poema Morre já tem 8 anos); o Nuno Duarte está a escrever O Punhal, uma história que atravessa quatro eras e que terá quatro ilustradores distintos; o Osvaldo anda de roda do Fojo, um livro só dele; lá para Maio, deve sair o meu O Homem que Sonhou o Impossível, a minha homenagem ao Jack Kirby, ilustrada pelo brasileiro Lucas Pereira; e a Alice e eu já começámos o próximo livro, desta feita com o dobro das páginas do Vinil. De resto, sobra o meu livro de fôlego, com cento e muitas páginas, que só prevejo lá para 2025, pelo que não vale estar a adiantar muito.
Prancha de O Homem que Sonhou o Impossível, de Mário Freitas e Lucas Pereira
Dupla página de O Homem que Sonhou o Impossível, de Mário Freitas e Lucas Pereira
Prancha de Fojo, de Osvaldo Medina
Prancha de Fojo, de Osvaldo Medina
Prancha de Fojo, de Osvaldo Medina
Ainda tinha esperanças em ter mais Tony Sandoval via KingPin
ResponderEliminarIdem, idem, aspas, aspas, A Kingpin tinha um excelente conjunto de autores internacionais no seu catálogo, autores que nenhum outro editor nacional recuperou. A oferta empobreceu por esse lado. Critérios..
ResponderEliminarConcordo que gostaria de ter mais livros de Tony Sandoval publicados pela Kingpin.
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