Entre os dias 17 e 27 de Outubro decorreu o Amadora BD, o maior festival de banda desenhada de Portugal.
De um modo geral, acho que é comummente aceite que o Amadora BD tem vindo a solidificar a sua importância. Não tem arriscado muito nas últimas edições, é certo, mas tem sabido manter o que de bom tem vindo a ser feito desde que a atual Diretora do certame, Catarina Valente, passou a ser a pessoa responsável pelo mesmo.
Têm sido feitas algumas afinações, como a questão dos autógrafos, que melhorou substancialmente nesta edição, mas é justo dizer que aquilo que já era bom nas últimas duas, três edições se mantém como "bom", e o que era menos bom se reafirma ainda como um desafio para melhorar. E esse desafio é a questão do espaço. Não a do "local", mas a do "espaço".
Mas vamos lá por partes, para ver se não me esqueço de nada.
Embora tenha mantido o mesmo local das últimas três edições, aquele que era conhecido como "Ski Skate Parque" recebeu o novo nome de "Parque da Liberdade". Não é o nome que todos nós, adeptos de banda desenhada, certamente desejaríamos, como "Parque da Banda Desenhada" ou algo parecido, mas é bem melhor que "Ski Skate Parque". Até porque já nenhuma destas modalidades desportivas é ali praticada.
De resto, é uma localização que me parece agradável. Dificilmente consigo pensar num sítio na Amadora onde fosse tão fácil o acesso por automóvel, pois o Parque da Liberdade está mesmo à saída da IC19. É claro que por transportes públicos o sítio não é tão acessível, embora a Organização continue a disponibilizar um transfer gratuito para a estação de comboios. O estacionamento também é relativamente fácil. Estive cinco vezes no evento e em quatro dessas vezes estacionei sem qualquer problema. Só numa vez me vi forçado a estacionar um carro num sítio mais longe. Mas não demasiadamente longe.
Sobre o Parque da Liberdade
O evento mantém os mesmos três espaços do ano anterior: o espaço dedicado à exposição, o espaço dedicado às apresentações, lojas e autógrafos e o espaço dedicado aos videojogos.
Uma das grandes valências do festival, que é a qualidade das exposições, mantém-se a bom nível. De um modo geral, todas as exposições estavam interessantes a nível cénico e houve um claro esforço em expor o maior número possível de originais.
Destaco as exposições da Mafalda; do Elviro; do Edgar; da Universidade das Cabras; da Mensagem e de Os Lusíadas, da Levoir; do Daredevil e da trilogia de Mikael.
A exposição dedicada aos cartoons do jornal A Bola, embora interessante, pareceu-me deslocada. Bem sei que as tiras humorísticas têm ligação direta à banda desenhada. Ou são banda desenhada. Mas para quem viu a exposição com olhos de ver, ficou claro que não foi dado muito destaque à tira humorística Barba e Cabelo, mas sim às caricaturas. Gosto de futebol e achei a exposição interessante - e com uma boa cenografia - mas lamento que esta exposição, ainda por cima grande em termos de metros quadrados ocupados, tenha tirado lugar a obras de banda desenhada. E havia tantas, tendo em conta o ano excelente de edição que temos vindo a ter.
Em termos cénicos, houve uma exposição que achei francamente má: aquela que era dedicada a Naruto. Como é que alguém achou boa ideia pendurar uns posters gigantes de uma forma que fazia lembrar um estendal da roupa e que tirava visibilidade ao que realmente interessava expor?
Nota ainda, muito positiva, para o facto destas exposições estarem albergadas por um pavilhão "a sério" que, não sendo muito grande, consegue ter espaço suficiente para uma dezena de exposições. Mesmo assim, senti que a arquitetura do espaço era exatamente igual à dos dois anos anteriores. É uma boa arquitetura, mas pode dar a ideia que, em termos cénicos, as exposições ficam muito similares entre si. Por exemplo, no espaço onde este ano estava a exposição da Mafalda, esteve, no ano passado, a exposição dedicada a Mônica e, em 2022, a exposição dedicada a Armazém Central. E nas três exposições, todas elas excelentes, se tentava recriar espaços da banda desenhada numa área própria para tal que, nestes três casos, eram os quartos de Mafalda e Mônica e a própria mercearia de Armazém Central. Tudo giro, mas tudo parecido.
É na tenda principal que decorrem as atividades.
Este ano houve uma programação que me pareceu maior, que começava logo às 10h da manhã. É lógico que a essa hora o evento tem menos visitantes, mas tendo em conta que o evento está de portas abertas logo de manhã, parece-me que faz sentido e, deste modo, permite que haja mais obras a serem apresentadas. Acho benéfico, portanto.
O palco onde decorrem as apresentações, bem como a área de autógrafos e a das lojas, apresentou-se praticamente igual à do ano passado. Como o espaço está bem "arrumado", pareceu-me uma boa ideia.
Posso dizer, enquanto crítica construtiva, que acho que seria relevante colocar um écran LCD perto do palco, para que os visitantes pudessem saber, de uma forma simples e rápida, quais as apresentações que estão a decorrer e, já agora, ter acesso aos números das senhas que estão a ser chamadas nas Sessões de Autógrafos. Acho que isto pressupõe poucos custos por parte da Organização, mas que traz claras vantagens.
Dentro da área comercial, se lamento a ausência da editora Chili com Carne - que nos últimos anos tinha tido espaço próprio - aplaudo a presença da editora Levoir. De resto, as outras editoras com espaço próprio eram A Seita, a Ala dos Livros, a Arte de Autor, a Devir, a Escorpião Azul, a Gradiva, a LeYa, a Penguin Random House, a Polvo. As lojas da Cult., da Dr. Kartoon e da Kingpin Books asseguravam que a oferta nacional das editoras portuguesas não presentes estivesse disponível, bem como disponibilizavam banda desenhada estrangeira.
Os autores nacionais não são menos importantes do que os internacionais mas, claro, por uma questão de ser mais difícil chegar ao contacto de autores estrangeiros, acabam por ser essas presenças as mais impactantes para os leitores.
No ano passado, achei a presença de autores internacionais um pouco parca, mas nesta última edição, tenho que reconhecer que o cartaz do evento foi mais apelativo, conseguindo ter nomes internacionais sonantes: Mikaël, Aimée De Jongh, Christian Lax, Keum Suk Gendry-Kim, Alex Maleev, Joe Rubinstein, Henrique Magalhães, Marcelo d'Salete, Tainan Rocha, Matthias Lehmann, Ana Miralles Lopez, Emilio Ruiz, Bastien Loukia, Lucas Pereira, Mathieu Sapin, Stéphane Fert, Wilfred Lupano.
Provavelmente não foi o melhor ano de sempre neste cômputo, mas certamente foi um bom ano.
Tal como aconteceu nas últimas duas edições, a cerimónia de entrega de prémios voltou a ser feita no auditório do evento, logo no primeiro fim de semana, o que me parece ajustado, pois deste modo as editoras podem sempre beneficiar da atribuição destes prémios para potenciar mais vendas, caso as suas obras sejam vencedoras e/ou nomeadas.
Este ano, o anfitrião dos prémios foi um rapaz que, quanto a mim, não estava muito preparado para o efeito, embora tenha feito o seu melhor. No ano passado, a belíssima Luísa Barbosa fez um trabalho bem melhor. A Organização parece continuar a não conseguir acertar na pessoa certa.
Parece-me óbvio que há uma pessoa no universo da banda desenhada em Portugal que é perfeita para apresentar eventos de banda desenhada: Rui Alves de Sousa. O Rui já demonstrou o seu "à vontade", a sua capacidade de comunicação, a sua simpatia e o seu talento para ser anfitrião deste tipo de iniciativas. Não terá, para os meus gostos, a beleza de uma Luísa Barbosa, mas terá certamente mais conhecimento do que está a ser apresentado e tem uma clara habilidade de comunicação. Se eu mandasse no evento, convidaria o Rui Alves de Sousa para tal.
Este ano, voltei a ser o Presidente do Júri dos Prémios de Banda Desenhada da Amadora. O que é algo que me deixa muito honrado, claro está.
Por esse motivo, não vou opinar sobre os resultados os vencedores. Posso apenas dizer que, como em qualquer prémio onde há voto democrático para eleição de vencedores, nem sempre os resultados advindos destas votações correspondem aos gostos pessoais dos próprios jurados. Correspondem, isso sim, a uma soma democrática dos seus votos. Talvez também por isso, volto a dizer que considero que estes prémios podem ser melhorados de diversas formas.
1) Em primeiro lugar, acho que seria conveniente que o número de jurados fosse alargado de 3 para 5 ou 7 jurados.
2) Em segundo lugar, considero que as categorias de Melhor Argumento de Autor Nacional e Melhor Ilustração de Autor Nacional deveriam voltar a existir. E talvez a categoria Melhor Obra de Autor Nacional pudesse ser substituída pela categoria Melhor Obra Nacional. Certamente esta última opção anularia muita divergência e incoerência.
3) Além disso, parece-me que o prémio de 5.000€ atribuído à Melhor Obra de Autor Nacional deveria ser dividido. 2.500€ para Melhor Obra Nacional, 1000€ para Melhor Ilustração, 1.000€ para Melhor Argumento e 500€ para Obra Revelação. Seria uma forma mais equilibrada de dividir o valor pecuniário disponibilizado, sem despesas adicionais para a Organização.
Não debito estas sugestões para o ar. Já as fiz chegar à Organização por diversas vezes.
Falando dos vencedores destes PBDA, os vencedores foram:
- a “Melhor Obra de Autor Português” foi para Jorge Coelho, com O Grande Gatsby (editoras A Seita e Comic Heart);
- a “Melhor Obra Estrangeira de BD editada em Portugal” foi para Tananarive, de Sylvain Vallée e Marc Eacersall (editora ASA);
- o prémio "Obra Revelação" foi para Amor, de Filipa Beleza (editora Penguin Random House);
- o “Melhor Fanzine ou Publicação Independente” foi para A Armação, de Daniel Silvestre, editado pela Bedeteca de Beja (Município de Beja) / Centro de Língua Portuguesa Camões IP em Bruxelas
- e a “Melhor Edição Portuguesa de BD” foi para A Passagem Impossível, de José Ruy (editora Ala dos Livros).
Faço ainda uma nota muito especial à atribuição do Troféu de Honra a Luís Louro, um prémio que procurou premiar e assinalar toda a obra do autor, com quase 40 anos de carreira, ao serviço da banda desenhada em Portugal. Destaque-se que nem sempre o Júri atribui o Troféu de Honra, pelo que, cada vez que o faz, esse marco se reveste ainda de mais importância.
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Tenho lido/ouvido algumas críticas negativas sobre a atribuição do prémio de Melhor Obra de Autor Português a O Grande Gatsby. Não por ser uma má obra, mas por ser um trabalho que não foi produzido por uma editora portuguesa, mas por uma editora americana e que conta com um argumentista estrangeiro. Percebo, pelas razões que aponto mais abaixo, essas críticas.
Não obstante, os jurados não fazem o regulamento... simplesmente o respeitam. Não têm, pois, poder "legislativo", mas "executivo", por assim dizer. O regulamento deveria estar mais bem feito? Sim. Mas temos que trabalhar com o que temos. E se há quem considere injusto que Jorge Coelho seja nomeado, também seria igualmente injusto que o autor não fosse nomeado, com a obra a entrar dentro dos requisitos pedidos pelo Regulamento.
Isto é português simples: se o regulamento procura premiar o Autor Português, temos que premiar todos os autores portugueses com obra lançada durante o período dos prémios. Mesmo que a obra seja lançada por uma editora vietnamita. Se o regulamento procura premiar a Obra Portuguesa, então aí o caso muda de figura e apenas podem ser tidas em conta as obras verdadeiramente portuguesas.
Como é que isto muda? Mudando o Regulamento. Todas as coisas da vida fossem simples como isto.
Li, também, algumas suspeições em relação ao Prémio Revelação, pois Filipa Beleza não merecia ser considerada nesta categoria. Filipa Beleza é uma autora que já lançou livros, sim, mas nunca nenhum de banda desenhada. Os seus livros eram de cartoons. Nem sequer eram de tiras humorísticas. Ou seja, a obra Amor foi a sua primeira obra de banda desenhada. Aquela em que a autora revelou o seu talento para a banda desenhada. "Ah, mas já tinha livros de cartoons e os cartoons são parecidos com banda desenhada porque têm texto e bonecos". Pois, mas não é banda desenhada. Se o Cristiano Ronaldo agora passasse a jogar futsal, se fosse um bom jogador, era legítimo que fosse elegível para o Prémio Revelação de Futsal.
Posto isto, acho que as coisas estão "preto no branco".
Este ano, os autógrafos voltaram a seguir o sistema de senhas do ano passado.
Depois de algumas tentativas titubeantes, parece-me que finalmente a Organização acertou na forma como deve ser tratada esta questão. E a verdade é que ouvi poucas ou nenhumas queixas dos visitantes sobre este tema. As senhas eram distribuídas logo de manhã e ficava, portanto, a cargo de cada visitante a deslocação matinal para o evento, de forma a assegurar a sua senha.
Outra coisa que importa referir é que este ano cada um dos visitantes tinha direito a um autógrafo por autor e, se comprasse um livro no evento, tinha direito a um segundo autógrafo. As explicações dadas pela Organização sobre esta questão não foram muito claras, levando muita gente - incluindo a minha pessoa - a indagar se se teria que comprar um livro no evento para se ter direito a um autógrafo. Mas não, um autógrafo estava garantido. Apenas era granjeado um segundo autógrafo para quem comprasse um outro livro no evento. Sendo assim, parece-me uma medida aceitável.
Pena é que as pessoas nem sempre cumpram as regras. Foi fácil ver alguns visitantes que se faziam acompanhar por 4 ou 5 livros para assinar, não cumprindo as regras. E, neste ponto, acho que não é sensato que seja a Organização a fazer um policiamento do número de autógrafos por pessoa. Cabe, isso sim, a cada um dos visitantes o bom senso e respeito pelos demais e pelas regras.
Como em anos anteriores, continua a haver uma tenda mais pequena no evento em que é possível jogar vários videojogos. Ora, os videojogos não têm grande ligação à banda desenhada. E, portanto, estão ali um bocado desenquadrados. Penso que a Organização aposta neste espaço para tentar trazer um público mais novo ao evento. Se assim é, é uma medida que se aceita. Mesmo assim, também é verdade que não vi a Organização a fazer um grande esforço de comunicação deste espaço, o que poderá matar, logo à partida, a ideia de que este espaço serve para que venham mais jovens ao evento. Se os jovens não souberem que existe o espaço, não virão. Isto é uma verdade "La Palisse".
Voltámos a ter acesso, de forma atempada, ao programa do evento através de um website atualizado. Isto já tinha sido bem feito nos anos anteriores e voltou a ser neste ano. "Em equipa que ganha não se mexe". Well done, portanto.
Também me parece que, em termos de comunicação nas redes sociais, houve uma melhoria nesta última edição do evento. A Organização publicou vários conteúdos nas redes sociais, como fotografias e vídeos, que ajudam a que se fale sobre o evento, deixando as pessoas mais ligadas ao mesmo.
Já em termos de sinalética, houve um retrocesso. No ano passado, havia setas que orientavam o visitante de forma a que o mesmo encontrasse os vários espaços do evento. Este ano essas setas, não sei bem porquê, desapareceram.
O que também desapareceu foram as casas de banho que, no ano passado, estavam mesmo ao lado da tenda principal. Sim, é verdade que essas casas de banho foram substituídas por outras, um pouco mais longe. Mas, sem setas, o visitante não adivinha...
O espaço de alimentação cresceu um pouco em oferta. Acho que ainda se pode melhorar este espaço, com mais roulottes e mesas, mas melhorou um pouco, ainda assim. No ano passado havia uma roulotte.... este ano havia três.
Mais uma vez, o preço dos bilhetes aumentou. Desta vez, de 5,00 para 6,00€. Não é uma fortuna, mas se tivermos a falar de uma família com dois filhos adolescentes, esse preço já ascende aos 24€, o que já daria para comprar um ou dois livros de banda desenhada.
Acho que aqui a solução seria simples: até se pode cobrar este valor, mas, cobrando-o, o valor deveria dar um desconto ao leitor que comprasse um livro de banda desenhada. Se comprasse um livro, imaginemos, de 10€, apenas teria que pagar 4€. Isto levaria a que muitos visitantes comprassem mais livros de banda desenhada, o que deixaria autores e editores satisfeitos. Além de que, mais importante ainda, incutiria a semente de compra de livros nos leitores. O que é, quanto a mim, o objetivo primordial de qualquer evento de banda desenhada.
Para que o Amadora BD possa dar o passo seguinte, possa chegar a mais gente, possa ter mais credibilidade, possa ser mais chamativo para quem ainda não lhe deu uma oportunidade, possa ter mais eco no estrangeiro... uma coisa é ainda necessária: um espaço condigno. Isto é, que seja construído, ali no próprio Parque da Liberdade, um pavilhão multiusos que possa até "ligar" fisicamente com a infraestrutura já existente onde decorrem as exposições. Essa é "a necessidade".
Neste ano, as condições atmosféricas até foram amiga e só choveu um pouco no segundo sábado. Mas, como sabemos, não é o que costuma acontecer. Sendo um evento de outono, em plena época de chuvas, o Amadora BD não pode ser pensado a médio prazo como um evento que decorre numa tenda. Precisa de um espaço "a sério". Bem sei que é fácil dar bitaites para o ar e que a construção de um estrutura acarreta custos. Mas não é a Amadora "a cidade da BD em Portugal"? Não é essa a sua bandeira político-cultural? Então há que agarrá-la antes que outros aproveitem a oportunidade para reclamar esse título.
Portanto, finalizando, se me perguntarem se o Amadora BD 2024 correu bem, a minha resposta é: "Sim, foi um bom festival e bem conseguido na sua globalidade". Se me perguntarem: "O que é que o Amadora BD necessita para ser melhor?" A minha resposta será taxativa: "O Amadora BD precisa de uma infraestrutura a sério, um pavilhão multiusos, e não uma tenda, para melhor acolher este evento".
Deixo, portanto, e publicamente, o desafio ao Sr. Presidente da Câmara, para colocar o seu nome e a sua presidência na história do evento. A importância deste ato será histórica.
Dividir o prémio de dinheiro entre texto e desenho até seria justo. Mas com os valores atuais isso resultaria num valor individual miserável para aquilo que pretende ser o mais importante prémio deste género de arte num país.
ResponderEliminarCompreendo. Mesmo assim, para um autor português 1.000€ até não é um mau valor. E, claro, nesta tipologia, nada invalidava que o autor não ganhasse os três prémios de argumento, ilustração e melhor obra.
EliminarBoas. Em relação às exposições, a cenografia sempre foi imagem de marca do festival e continua a respeitar essa tradição mas, em relação ao material exposto... Sinceramente para ver prints digitais, sem um mínimo de exemplo do processo criativo... Nem um original da Mafalda para amostra.... Pessoalmente, dispenso prints. Para isso consulto os livros. Gostei imenso da exposição d'A Bola, com originais a do Stuart (com bds, com estilo narrativo de época, mas bds na mesma) entre outros históricos. De lembrar que o Amadorabd, que já foi fibda, começou como amadoracartoon.
ResponderEliminarPois, a questão dos prints é que, nos dias atuais, em que cada vez mais autores utilizam processos digitais, temos que pender para isso. Mas, claro, quando há originais disponíveis, é sempre preferível que os mesmos sejam expostos. Quanto à exposição d' A Bola... continuo a achar que tirou espaço e oportunidade a um autor português. Ou a uma obra estrangeira... de banda desenhada.
EliminarMas havia lá BD, é esse o meu ponto, e do Stuart!!! Em relação aos Prints, o meu ponto é: se o autor trabalha em digital, juntar a essas impressões algo do processo criativo, rascunhos, qq coisa que nos ajude a perceber o percurso. E como é obvio no caso da Mafalda e do Naruto, essa questão não se coloca... os Originais não são em digital...
EliminarCertíssimo, Derradé.
EliminarHá muito que o digo mas este evento que mudar de local, tem que mudar de modelo, tem que mudar de paradigma. Trinta e muitos anos a arrastar-se de sítios inadequados para sítio impróprios é desolador e profundamente desmotivador. A falta de ambição é notória. Muito se pode fazer caso haja vontade e profissionalização do evento e, claro, os apoios necessários. É preciso estabelecer parcerias, definir patrocínios e apoios, estender acordos com parceiros estrangeiros (editoras, presenças temáticas apoiadas através de embaixadas e serviços de cultura), dar visibilidade ao evento, programar com anos de antecedência, abrir espaço para mais intervenientes - micro-editores, edições de autor, mercado de colecionismo, mercado de originais, comércio de para-BD e merchandising, alvancar plataformas de auto-edição e de auto-financiamento, levar a BD junto de novos públicos (escolas, liceus, ensino profissional, ensino superior, séniores…), angariar novos leitores etc etc…
ResponderEliminarBoas ideias e sugestões, António.
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