quinta-feira, 10 de março de 2022

Análise: Alix Senator #2 - O Último Faraó

Alix Senator #2 - O Último Faraó, de Valérie Mangin e Thierry Démarez - Gradiva

Alix Senator #2 - O Último Faraó, de Valérie Mangin e Thierry Démarez - Gradiva
Alix Senator #2 - O Último Faraó, de Valérie Mangin e Thierry Démarez

Depois da Gradiva ter inaugurado a série de Alix Senator, que reinventa a série clássica de Alix, da autoria de Jacques Martin, e após a editora portuguesa já ter lançado o tomo 3 da série, é tempo de olharmos para o segundo número, O Último Faraó.

Antes disso, e pegando nas mesmas palavras que escrevi na minha análise ao primeiro volume, Águias de Sangue, mantenho que “esta série Alix Senator é uma reinvenção do protagonista de série clássica, levada a cabo pelos autores Valérie Mangin e Thierry Démarez, e que nos coloca perante um Alix adulto em idade e com uma vida política ativa enquanto senador. É, a meu ver, muito mais bem conseguida do que a série original. Levando-nos para uma leitura mais adulta, que me fez relembrar algumas séries como As Águias de Roma, de Enrico Marini, ou Murena, de Jean Dufaux e Delaby, diria que este Alix Senator é bem mais aliciante do que o Alix imberbe de Jacques Martin.

Alix Senator #2 - O Último Faraó, de Valérie Mangin e Thierry Démarez - Gradiva
Em termos de história, neste O Último Faraó, temos o imperador Augusto enquanto todo-poderoso e que tem em Alix, que nesta altura tem mais de cinquenta anos, um senador da sua confiança. Alix, o seu filho e o amigo deste - que Alix trata como seu próprio filho - viajam para Alexandria com o intuito de verificar se César ainda está vivo, pois apesar do ditador ter sido, supostamente, assassinado há 30 anos, tudo leva a crer que César ainda estará vivo. Mas será um mero engodo?

Caberá a Alix desvendar o mistério enquanto enceta uma viagem até ao Egito. Pelo caminho, aparecerão várias personagens, surpresas e traições que tornam este argumento ainda mais interessante do que o do tomo anterior. Acaba por ser um livro de investigação criminal, em que Alix assume o papel de investigador, pois há sempre um crime, que assenta em questões políticas, por resolver.

Note-se que a história aqui presente continua os eventos do primeiro volume mas este segundo livro pode muito bem ser lido de forma isolada, sem que se perca a noção e a compreensão da história. Atente-se que os primeiros 3 volumes da série fecham em si mesmos um ciclo de Alix Senator que, originalmente, já conta com 12 volumes.

Alix Senator #2 - O Último Faraó, de Valérie Mangin e Thierry Démarez - Gradiva
O argumento, a cargo de Valérie Mangin, apresenta-se algo simples mas bastante coerente e que sabe captar a nossa atenção, bem como assumir um ritmo rápido - mas não demasiadamente rápido - que, neste volume, ultrapassa o que havia sido feito no tomo anterior. Há, pois, do primeiro para o segundo tomo uma evolução positiva em quase todos os quadrantes da obra. É verdade que as personagens poderiam ser mais bem desenvolvidas, de modo a estreitarmos o laço com as mesmas, mas também se compreende que talvez fosse pedir muito para uma história de investigação que ocorre em apenas 56 páginas.

A arte de Thierry Démarez mantém-se tão interessante como no tomo anterior, portanto, aproveito para recuperar o que escrevi, na altura, a esse propósito: “a arte de Thierry Démarez é servida por um traço realista que, diferindo um pouco do traço em linha clara da série original criada por Jacques Martin, acaba por funcionar bastante bem ao longo da história. Com um estilo que aparenta ser clássico na conceção – embora também se sirva de algumas ferramentas modernas digitais - também aqui fui remetido para Murena, de Delaby. Os cenários são muito bem representados e com um cuidado aprumado em relação ao nível de detalhe dos desenhos. Também em termos de personagens, gostei bastante das ilustrações do autor, com caras realistas e com expressões verossímeis na maior parte das vezes. Também é verdade que, em alguns casos. se sentem as personagens e seus demais gestos algo estáticos. Mas não é algo que, a meu ver, seja muito limitador da qualidade do desenho que, genericamente falando, é o que de melhor este Alix Senator tem para oferecer.”

Alix Senator #2 - O Último Faraó, de Valérie Mangin e Thierry Démarez - Gradiva
Como nota menos positiva em relação às ilustrações, chamo apenas a atenção para o facto de, em vários momentos, as personagens aparecerem com os olhos todos pretos, sem que haja divisão entre íris e esclera (parte branca do olho). Não é nada que estrague a leitura mas faz-me espécie como é que o autor, tão cuidadoso em tudo o resto, deixou escapar esta questão em ambos os álbuns.

A edição é em capa dura brilhante, bom papel, boa encadernação e boa impressão. Nota para o facto da ilustração da capa, por parte de Démarez ser muito bem conseguida e apresentar um cariz épico, à semelhança de tudo o que está habitualmente relacionado com o Egito.

Em conclusão, devo dizer que senti uma melhoria do primeiro para o segundo tomo em Alix Senator e que, na falta das Águias de Roma, de Enrico Marini, ou de um novo (ou antigo!) livro de Murena, de Dufaux e Delaby, esta série até tem tudo para agradar não só a todos os interessados no império romano como, também, a todos os que gostam de uma história carregada de traições e reviravoltas.


NOTA FINAL (1/10):
8.4


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Alix Senator #2 - O Último Faraó, de Valérie Mangin e Thierry Démarez - Gradiva

Ficha técnica
Alix Senator #2 - O Último Faraó
Autores: Valérie Mangin e Thierry Démarez
Editora: Gradiva
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Julho de 2021

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