A Seita relançou há poucos dias a obra A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril, de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes, que havia sido originalmente lançada pelas Edições Afrontamento.
Sobre o livro, já aqui falei há uns dias e, portanto, convido-vos a (re)lerem esse artigo para melhor conhecerem este trabalho.
Por hoje, faço um comparativo entre as edições das editoras A Seita e Edições Afrontamento, para melhor percebermos que diferenças há e, também, se a compra desta nova edição faz sentido até mesmo para aqueles que já tenham, na sua bedeteca pessoal, a edição original publicada no longínquo ano de 2000.
Bem, a primeira coisa que salta à vista é que o formato da nova edição foi alargado face à edição original. tendo agora cerca de mais 2,5 cms de altura e de largura. Um aumento de formato que é bem-vindo.
Embora as duas capas mantenham a mesma ilustração, o grafismo e lettering das mesmas foi alterado, com a nova edição a assumir um tratamento melhorado e mais atual.
Nota para o facto de na bandeira que aparece na capa, o símbolo da bandeira da União Soviética ter sido retirado desta nova edição, ficando apenas constante a estrela amarela. Confesso não ter percebido bem esta opção. É verdade que a União Soviética não existe no tempo atual, mas também não existia no tempo em que o livro foi originalmente publicado, já que a União Soviética havia sido dissolvida em 1991. Talvez os autores tenham considerado que, passados 24 anos, a utilização de um símbolo/bandeira obsoleto ainda ficaria mais datado do que na data da primeira publicação, em 2000. Mas isso é apenas uma suposição minha.
Outra das diferenças entre as duas edições da obra é que o novo livro tem capa dura em contraste com a capa mole da primeira edição. Isto permite que o novo livro seja mais requintado e apresente mais qualidade enquanto objeto-livro. Devido à capa dura, bem como ao papel, que é de melhor qualidade, o novo livro também acaba por ser mais espesso.
As contracapas dos livros também são diferentes, com a nova edição a ser mais impactante e a ter uma sinopse, que, em loja, aumenta o interesse pelo livro dos potenciais leitores e tem um cariz profissional, em detrimento do aspeto mais amador da primeira versão.
Quando abrimos o livro, esta sensação de profissionalismo de edição mantém-se. A nova versão apresenta guardas e duas páginas de frontispício.
Em termos de cores utilizadas, nota-se que a nova versão apresenta cores mais suaves e menos saturadas o que, quanto a mim, também é melhor para a harmonia visual da obra. Além disso, a exposição dos originais no Coimbra BD permitiu atestar que as cores desta nova versão estão muito mais fiéis às cores originais. Também foram feitas algumas pequenas correções no texto da obra, embora sejam ligeiras alterações.
Mesmo assim, as grande diferenças encontram-se na introdução de conteúdo extra. Há um texto de introdução à obra escrito por Rui Bebiano, historiador e investigador do Centro de Estudos Sociais e, no final do livro, há um texto de retrospetiva escrito por João Ramalho-Santos e João Miguel Lameiras que conta a história da publicação da obra, contextualizando-a no seu período de lançamento original e no tempo atual, passados 24 anos.
Além disto, há ainda espaço para divertidos textos biográficos dos três autores.
Em conclusão, esta é uma reedição muito bem-vinda, que volta a disponibilizar uma obra com um belo valor educativo (ler análise feita à mesma aqui no Vinheta 2020) e ainda consegue melhorar a edição em todos os cômputos possíveis. Bom trabalho da editora A Seita.
Até posso estar enganado mas a opção de tirar a foice e o martelo da bandeira parece-me simplesmente uma opção do foro político e ideológico...o que a ser verdade, em 2024, parece-me censurável...
ResponderEliminarCaro Tó Coelho. Obrigado pelo comentário. Entretanto, o autor João Miguel Lameiras já respondeu ao porquê da retirada da foice e do martelo da bandeira e passo a transcrever as suas palavras: "foram razões estéticas e comerciais aprovadas pelos 3 autores. A foice e o martelo é um símbolo muito datado, que já nem o próprio PCP usa nas campanhas eleitorais e assim a estrela na capa faz raccord com a estrela da T-Shirt do Ricardo. Além disso, não queríamos que o nosso livro fosse de alguma forma identificado com o PCP, sobretudo tendo em conta as posições deste partido em relação à invasão da Ucrânia."
EliminarOra aí estão 0 razões estéticas e 0 razões comerciais. Tudo razões políticas
EliminarSímbolo datado???? Lendo a explicação acho que isto não tem cabimento nenhum. Censura a correr livremente para não ofender leitores snowflake neoliberais!
EliminarBoa noite. Adicionalmente, as editoras teriam de começar a ter muito cuidado com as suásticas em capas, contracapas e tudo o que é edições, não vão ser associadas a seguidoras de extrema direita ou a ideologias neo nazis. Acho que a vossa justificação é estapafúrdia, conduz ao branqueamento histórico e não revela honestidade editorial. Alexandra Sousa
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