terça-feira, 18 de junho de 2024

Arte de Autor vai lançar BD sobre a maratona de 1904!



A Arte de Autor vai lançar a nova obra de José Luis Munuera, de quem a editora já publicou os belos livros Um Conto de Natal ou Bartleby, o Escriturário.

Só que, desta vez, não estamos perante a adaptação de um clássico da literatura, mas sim diante de uma obra com argumento original, pelo argumentista Kid Toussaint, que é baseada em factos verídicos sobre a maratona de 1904, nesse ano em que os Estados Unidos organizaram, pela primeira vez, Os Jogos Olímpicos.

O desenho maravilhoso semi-caricatural de Munuera, do qual sou fã, mantém-se, numa história que me parece bem a propósito do tempo em que vivemos, em vésperas de mais uns Jogos Olímpicos.

Posso dizer-vos que, há uns meses, pude verificar o destaque e admiração que o livro estava a recolher em livrarias belgas.

Este livro, que em princípio terá o título de A Corrida do Século, deverá chegar-nos durante o segundo semestre, em data a confirmar.

Por agora, e porque estou bastante entusiasmado, deixo-vos com algumas imagens da versão francesa da obra.






Série Adèle Blanc-Sec será (mesmo) integralmente editada!



Eis uma notícia por que muitos esperavam! A série de BD As Extraordinárias Aventuras de Adèle Blanc-Sec, de Jacques Tardi, vai ser integralmente publicada em Portugal pela editora Levoir!

A editora já tinha anunciado os seus intentos de editar esta série clássica quando falámos, em primeira mão, a propósito dos lançamentos que a editora esperava fazer em 2024, mas agora a editora avança mesmo com a publicação da série.

A série clássica, cuja edição original do primeiro tomo data de 1976, conta com 10 álbuns que a Levoir se compromete a editar entre 2024 e 2025.
Relembro que, em Portugal, apenas foram lançados, pela Bertrand, os quatro primeiros volumes da série, e, pela ASA, o volume 5 da série. 

São, decerto, boas notícias para muitos admiradores da série o facto de a mesma ser finalmente publicada n íntegra por cá!

Os volumes 1 e 5 já se encontram, portanto, disponíveis em livraria desde hoje.

Por agora, deixo-vos com a nota de imprensa e com algumas imagens promocionais.


As Extraordinárias Aventuras de Adèle Blanc-Sec, de Jacques Tardi
A Levoir vai editar a colecção integral do clássico de Tardi, As Extraordinárias Aventuras de Adèle Blanc-Sec em 2024 e 2025. A Levoir já editou do mesmo autor, Foi assim a guerra das trincheiras que será editado em segunda edição ainda em 2024 e Aqui Mesmo. Esta colecção tem a particularidade de ser uma das poucas colecções de banda desenhada que apresentam como herói principal uma personagem feminina: Adèle Blanc-Sec.

A colecção não é sequencial, hoje editam-se os volumes 1 e o 5.

Esta série decorre nos inícios do séc. XX. Uma época de grandes feitos tecnológicos e avanços científicos, onde tudo é possível. Uma época na qual ciência e misticismo andam de mãos dadas, em busca de um futuro melhor para a humanidade… É neste contexto que têm lugar As Extraordinárias Aventuras de Adèle Blanc-Sec.

Adèle Blanc-Sec #1 - Adèle e o Monstro

Adèle é uma jovem independente de espirito cético e investigador, sempre curiosa e preparada para os encontros mais bizarros. 

No primeiro volume, Adèle e o Monstro, assistimos à eclosão de um ovo de pterodáctilo que levará à revelação de seitas diabólicas que ameaçam Paris… 

Com a sua personalidade extraordinária, Adèle conduz-nos a um mundo misterioso (no qual Paris desempenha um papel fundamental), povoado por monstros e criaturas estranhas, que farão da série um sucesso.

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Ficha técnica
Adèle Blanc-Sec #1 - Adèle e o Monstro
Autor: Jacques Tardi
Editora: Levoir
Páginas: 48, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 220 x 288 mm
PVP: 16,95€


Adèle Blanc-Sec #2 - O Segredo da Salamandra

No quinto volume O Segredo da Salamandra, Adèle desperta da sua hibernação. Inconsciente do conflito mundial que se desenrola há quatro anos, Adèle Blanc-Sec está a dormir. 
Mais exactamente, está em hibernação na antiga casa de Félicien Mouginot, à espera de ser ressuscitada através da última fase do método que ele desenvolveu. 

Enquanto um industrial, um mafioso nova-iorquino, um punhado de polícias e um grupo de ex-cientistas se envolvem no séquito da jovem, o antigo soldado de segunda classe Lucien Brindavoine, um militar voluntário e reformado de guerra, arrasta a sua amargura de bar em bar. O que ele não sabe é que o seu caminho se cruzará com o da grande salamandra japonesa exposta no Jardin des Plantes, e depois com o de Adèle.

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Ficha técnica
Adèle Blanc-Sec #5 - O Segredo da Salamandra
Autor: Jacques Tardi
Editora: Levoir
Páginas: 48, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 220 x 288 mm
PVP: 16,95€

Munícipio da Figueira da Foz lança BD sobre Manuel Fernandes Tomás!



A Câmara Municipal da Figueira da Foz lançou uma biografia em banda desenhada sobre a figura de Manuel Fernandes Tomás, aquele que é comummente considerado como a figura mais importante do primeiro período liberal em Portugal.

A autoria desta banda desenhada é de José A. Matos e Paulo Diogo.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Um homem do Outro Mundo - Manuel Fernandes Tomás, de José A. Matos e Paulo Diogo

Manuel Fernandes Tomás nasceu na Figueira da Foz em 1771, estudou na faculdade de direito de Coimbra, tornando-se bacharel em Cânones com apenas 20 anos.

Desiludido com a frágil situação da pátria, com o Rei D. João VI refugiado no Brasil, a a Inglaterra a controlar as forças militares, a crise do comércio, Fernandes Tomás é atraído pelas ideias liberais e sonha com uma constituição que liberte o povo português do regime absolutista e regenere o país.

Juiz no Porto, forma o Sinédrio, um grupo secreto de simpatizantes do liberalismo que irá preparar a Revolução Liberal, a que ocorre em 24 de agosto de 1820.

Manuel Fernandes Tomás torna-se deputado às cortes, onde se revela um extraordinário orador.

Nos últimos meses de vida escreve as Bases da Constituição, que o Rei viria a aprovar em 1822. Morre em Lisboa nesse mesmo ano. Doente, esgotado e mal alimentado, sem nunca ter aceite qualquer remuneração pelas funções públicas.

José A. Matos nasceu em 1959 na Figueira da Foz. Licenciado em línguas de literatura moderna pela Universidade de Coimbra, foi professor do ensino secundário e trabalha actualmente na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz. Participou nos Anuários de Poesia (Assírio e Alvim 1985 e 1986) e publicou Antecâmara (Editorial, Escritor, 1998) e Que venham as aves: poemas de 2005/2015 (Real Gana, 2016). Com Heroína Malmequer (Astrolábio Edições, 2023), Estreia-se na ficção narrativa.
Um homem do outro mundo é o seu primeiro trabalho como argumentista de Banda Desenhado.

Paulo Diogo nasceu na Figueira da Foz em 1963, Iniciou a atividade artística ainda muito jovem participando em exposições coletivas e individuais ao longo de mais de 40 anos, nas áreas da pintura, desenho e escultura. Atualmente é professor do ensino secundário e edita um fanzine intitulado Fanzine Poesia BD onde ilustra poesias e contos de poetas e escritores e de histórias originais da sua autoria.


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Ficha técnica
Um homem do Outro Mundo - Manuel Fernandes Tomás
Autores: José A. Matos e Paulo Diogo
Edição: Munícipio da Figueira da Foz


sexta-feira, 14 de junho de 2024

Iguana lança novo livro de Keum Suk Gendry-Kim!



A editora Iguana acaba de publicar Erva, de Keum Suk Gendry-Kim!

Em poucos meses, foram publicados quatro livros da autora que, há um ano, permanecia inédita em Portugal!

A primeira obra foi Alexandra Kim, Filha da Sibéria, publicada pela Levoir na sua coleção de Novelas Gráficas do ano passado. Seguiu-se A Espera, publicada pela Iguana, e, depois disso, a Levoir publicou A Árvore Despida.

Desta feita, a Iguana traz-nos Erva que volta a colocar-nos na realidade da Coreia.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.

Erva, de Keum Suk Gendry-Kim

Depois do sucesso de A Espera, chega Erva, a novela gráfica multipremiada de Keum Suk Gendry-Kim que põe a nú uma das realidades mais negras da história da Coreia.

Uma história real que ilustra como a atrocidade da guerra devastou a vida de inúmeras mulheres.

Erva é uma poderosa novela gráfica que conta a história verídica de Ok-Sun Lee, uma criança sul-coreana que, durante a Segunda Guerra Mundial, foi vendida pela família e explorada como «mulher de conforto», o eufemismo utilizado pelos militares japoneses para se referirem às suas escravas sexuais. Até hoje, este continua a ser um dos capítulos mais negros e chocantes da História.

Ok-Sun Lee sobreviveu a décadas de desespero e, no fim da sua longa vida, tornou-se ativista pelos direitos das mulheres, dando a conhecer as suas dolorosas memórias. Com base nos seus relatos, Keum Suk Gendry-Kim ilustra o período que antecedeu a guerra a partir da perspetiva vulnerável de uma criança forçada a enfrentar as mais cruéis adversidades, valendo-se apenas da sua força e determinação para sobreviver. Com recurso a pinceladas a negro tão delicadas quanto duras, a autora descreve em pormenor a forma desumana como muitas raparigas de famílias humildes viveram a ocupação japonesa e a vida de sofrimento generalizado que herdaram.

O livro traz-nos as dolorosas memórias de Ok-Sun Lee, vendida em criança para ser escrava sexual durante a ocupação japonesa. Uma realidade vivida por muitas raparigas de famílias mais humildes e que costitui um trauma geracional.

Considerada BD do ano pelo The New York Times, The Guardian, Los Angeles Times, Library Journal.

Vencedor dos prémios YALSA Book Award, Cartoonist Studio Prize Harvey Award, Krause Essay Award, Prix Bulles d’Humanité.

«Uma obra compulsiva e devastadora, de partir o coração»
THE GUARDIAN

«Uma obra-prima da banda desenhada biográfica e histórica, da mesma magnitude de Maus ou Persépolis.»
LA REPUBBLICA

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Ficha técnica
Erva
Autora: Keum Suk Gendry-Kim
Editora: Iguana (Penguin Random House)
Páginas: 488, a preto e branco
Capa: Mole
Formato: 170 x 240 mm
PVP: 23,95€

 

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Vem aí uma nova Coleção de Novelas Gráficas da Levoir e do Público!



A editora Levoir anunciou ontem que irá lançar, já a partir do próximo dia 5 de Julho, a sua nova Coleção de Novelas Gráficas, que será lançada, como habitualmente, em parceria com o jornal Público! A frase já vai sendo batida, mas eu não me canso de a repetir: para mim, a coleção das Novelas Gráficas é sempre o acontecimento editorial do ano, no que à banda desenhada diz respeito.

Esta, que é a oitava coleção de Novelas Gráficas, terá algumas novidades face à forma a que nos fomos habituando, mas que serão publicadas a seu tempo.

Por agora, posso avançar-vos já algumas informações. Em primeiro lugar, esta coleção será composta por 10 obras e 11 livros. O que quer dizer que há uma obra cuja edição será dividida em dois livros. Mas já lá iremos! 

O lançamento dos livros desta coleção passará a ser quinzenal, em vez dos lançamentos semanais a que nos habituámos nas passadas coleções.

Além disso, posso avançar-vos, em exclusivo, algumas das obras que irão compor esta coleção!

Para além dos já divulgados Táxi Amarelo, de Chabouté, e de O Desaparecimento de Josef Mengele, de Matz, Olivier Guez e Jorg Mailliet, o Vinheta 2020 avança, em primeira mão, como já vem sendo hábito, mais três obras!

E preparem-se, pois começamos já com um peso pesado como o chumbo!

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Análise: As Guerras de Lucas

As Guerras de Lucas, de Renaud Roche e Laurent Hopman - Ala dos Livros

As Guerras de Lucas, de Renaud Roche e Laurent Hopman - Ala dos Livros
As Guerras de Lucas, de Renaud Roche e Laurent Hopman

Começo por dizer algo que pode chocar um pouco alguns dos meus leitores: nunca tive muita paciência para a saga Star Wars. Em miúdo, em adolescente e em adulto, tentei várias vezes mergulhar neste universo, mas, invariavelmente, sinto tédio nos primeiros minutos de cada filme. Não é para ser “do contra” ou para parecer intelectual… é o que é. Já várias pessoas me ouviram, aliás, afirmar “quem me dera conseguir gostar mais de Star Wars do que aquilo de que gosto”. Talvez isso me ajudasse a conseguir apreciar algo que tantos apreciam. Mas a coisa não me entra. Diria, pois, que não é “my cup of tea”.

Não obstante, e porque além de ser fã de filmes também sou fã de cinema (e há muita gente que não consegue perceber a diferença entre uma coisa e outra) compreendo, logicamente, a relevância que a franquia de Star Wars teve, tem e terá para a ficção científica, para o cinema, para o storytelling, para o merchandising e para o world building. E essa importância chega a ser impressionante! Star Wars é um daqueles títulos que tem milhões de fãs acérrimos espalhados por todo o mundo e que, consequentemente, continua a gerar milhões de dólares todos os anos. Por ventura, continuará a ser dessa forma, mesmo depois do seu criador, o célebre realizador George Lucas, deixar este mundo. Star Wars é algo que, sendo ficcional, está tão presente na cultura popular dos últimos (quase) 50 anos que podemos considerar que este universo ficcional existe realmente. Pelo menos, existe no imaginário comum. E isso é sintoma do enorme contributo e relevância para a cultura popular desta franquia.

As Guerras de Lucas, de Renaud Roche e Laurent Hopman - Ala dos Livros
E, claro, esta introdução vai ao propósito de vos falar no recente livro editado em Portugal, pela Ala dos Livros, que dá pelo nome de As Guerras de Lucas e é da autoria dos franceses Renaud Roche e Laurent Hopman. Ora, assim de caras, este é um livro que, pelo menos, todos aqueles que gostam de cinema, devem ler. Até mesmo aqueles que, como eu, não são especialmente fãs de Star Wars. Porque, lá está, mais do que versar sobre o filme, este livro dá-nos um retrato do genial realizador George Lucas e de toda a epopeia que foi necessária à realização da sua visão denominada Star Wars. E que epopeia foi essa!

De uma forma verdadeiramente bem documentada, mas sem que isso torne o relato pesado ou enfadonho, Laurent Hopman conta-nos a história de vida de George Lucas, desde o tempo em que este era criança, passando pelos seus tempos de adolescência algo marginal, até um evento que quase lhe tiraria a vida. O que é incrível e verdadeiramente apaixonante no percurso de George Lucas, e na conceção de Star Wars, é que o realizador não tinha grandes referências para o que queria fazer, tirando as próprias imagens mentais que lhe brotavam na imaginação e, claro, o gosto por um sentimento de aventura típica do tempo de criança que, até essa data, os filmes de ficção científica (ainda) não captavam. Logicamente, toda esta enorme empreitada apresentava orçamentos ridiculamente gigantes para os anos 70 e foram muitos aqueles que duvidavam que este projeto seria sequer realizável. Mas a perseverança do realizador foi mais forte do que tudo e todos. E essa, meus caros, é a real moral deste livro e do percurso do próprio George Lucas. Se estamos certos perante um sonho, o melhor que temos mesmo a fazer é persegui-lo! Mesmo que as vozes contra – e serão sempre mais consoante o nível de audácia do nosso sonho – nos refreiem de o fazer.

As Guerras de Lucas, de Renaud Roche e Laurent Hopman - Ala dos Livros
Não obstante, o sonho de Lucas não foi um sonho estanque. Teve que se ir moldando. E a maior prova disso é de que o próprio argumento da sua Guerra das Estrelas foi reescrito por diversas vezes pois, no início, a história era insuficientemente boa. Mas – e, mais uma vez – sempre de forma perseverante, George Lucas não desistiu e foi superando, uma após uma, todas as barreiras com que se deparou. Estivessem elas relacionadas com a escrita do argumento, com a dificuldade em obter financiamento, com a escolha pelos sítios certos para filmar, com as questões técnicas, com a procura pelos atores certos para cada um dos papéis… enfim, este livro As Guerras de Lucas dá-nos isto e muito, muito mais.

Nesta banda desenhada, Hopman vai desvendando muito bem a história de Lucas, apresentando-a de uma forma dinâmica e pouco exaustiva, fazendo com que, mesmo não sendo um livro pequeno em número de páginas, o leitor mergulhe de forma abrupta na história, sendo difícil parar de ler desde que se inicia a leitura. Admito que a parte burocrática da negociação dos contratos com os estúdios de Hollywood, pela qual George Lucas teve que passar, torna-se, às tantas, um pouco repetitiva, algures a meio da leitura, mas, claro, isso deve-se à tentativa dos autores de nos darem um relato verosímil que, ainda assim, e até nessa parte, consegue sempre ter dinâmica narrativa.

As Guerras de Lucas, de Renaud Roche e Laurent Hopman - Ala dos Livros
Também os desenhos de Renaud Roche nos oferecem um belíssimo trabalho que sabe acompanhar com mestria a dinâmica do argumento. O traço de Roche é rápido e seguro, fazendo lembrar, com as devidas diferenças, claro está, um casamento feliz entre a arte de um Darwyn Cooke e a de um Bastien Vivès. E mesmo sendo um desenho que, aparentemente, pode parecer simples, a verdade é que chega a ser impressionante como o autor consegue, com poucos traços, tornar cada uma das muitas personalidades que deambulam por este livro (como realizadores, atores e outras celebridades) totalmente reconhecíveis.

Se As Guerras de Lucas é um livro que funciona bem e que consegue não ser maçudo, para isso muito conta o trabalho de Roche, que é agradável, moderno, leve, dinâmico, com uma boa noção estética e que apresenta uma boa diversidade de ferramentas de narração visual. O livro é maioritariamente a preto e branco, com os tons de cinzento a serem um bom complemento e, de vez em quando, há cores vivas que sublinham ambientes e, mais uma vez, contribuem para a já mencionada fluidez e dinâmica da obra. Tudo bem feito!

As Guerras de Lucas, de Renaud Roche e Laurent Hopman - Ala dos Livros
A edição da Ala dos Livros é bastante boa, apresentando capa dura baça, bom papel braço, boa encadernação e boa impressão. No final do livro, há ainda um dossier com 10 páginas que é composto por um bom conjunto de belíssimos esboços e estudos de personagem, que são acompanhados por comentários de Renaud Roche, bem como o processo de criação de uma prancha.

As Guerras de Lucas é, pois, um ótimo título para esta obra porque, por um lado, faz referência direta a essa obra-prima do cinema que é A Guerra das Estrelas, mas, por outro lado, deixa no ar que as verdadeiras guerras de A Guerra das Estrelas foram, isso sim, as guerras que o realizador teve que travar até conseguir tornar realidade o seu sonho. Os problemas eram mais do que muitos e a feitura de Star Wars foi um parto muito difícil. Lendo este livro ficamos até com a ideia de que, em variadíssimas vezes, a escolha mais racional teria sido o abandono do projeto. Mas, obviamente, se isso tivesse acontecido, ter-se-ia perdido um grande feito ao nível do cinema e do negócio que este pode envolver. Porque até nessa vertente mais comercial, Star Wars abriu a porta para a criação de uma séria máquina de marketing com a capacidade de gerar milhões de dólares. Obrigatório para os fãs de Star Wars, claro, mas também para todos os que, como eu, amam o cinema, por um lado, e as pessoas positivamente teimosas que não desistem dos seus sonhos nem das suas visões. Mais um belo livro da Ala dos Livros com selo de recomendado!


NOTA FINAL (1/10):
9.4



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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As Guerras de Lucas, de Renaud Roche e Laurent Hopman - Ala dos Livros

Ficha técnica
As Guerras de Lucas
Autores: Laurent Hopman e Renaud Roche
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 208, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 210 x 270 mm
Lançamento: Maio de 2024

Penguin cria chancela em exclusivo para o mangá!


Eis uma notícia que apanhará muitos de surpresa! Ou talvez não, pois, de há uns tempos para cá, via-se que a Penguin Random House estava a entrar mais "a sério" no lançamento de banda desenhada. Como tal, talvez não seja tão inesperado assim que a editora também entre no mercado do mangá, no qual já outras editoras grandes, como a Gradiva, a Presença ou a ASA, já entraram.

A editora acaba, pois, de anunciar a criação de uma chancela dedicada ao mangá que dá pelo nome de Distrito Manga. Depois de Iguana, esta é a segunda chancela do grupo editorial exclusivamente dedicada ao lançamento de banda desenhada - embora seja verdade que, lá pelo meio, a Iguana também lança livros ilustrados.

Para já, a Penguin anuncia as duas primeiras apostas da Distrito Manga: Ataque dos Titãs, de Hajime Isayama, e Edens Zero, de Hiro Mashima!

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa da editora.


DISTRITO MANGA: A nova chancela de manga em Portugal chega este mês!

A Penguin Random House lança a 24 de junho as primeiras novidades da sua nova chancela dedicada a manga, um género em crescimento em Portugal, com cada vez mais adeptos e curiosos.

As primeiras duas séries a chegar às livrarias são Ataque dos Titãs, de Hajime Isayama, um clássico distópico no mundo dos mangas, vencedor de vários prémios e bestseller do The New York Times, e Edens Zero, de Hiro Mashima, uma história espacial que foi adaptada pela Netflix em anime.

A Distrito Manga nasceu com o propósito de se posicionar como o selo de manga da Penguin Random House Grupo Editorial Portugal. Num mercado que cresce exponencialmente e globalmente, o catálogo pretende apostar em todas as demografias, desde o shōnen ao shōjo, ao seinen ao josei e até ao infantil, o kodomo, mas também em diferentes géneros, desde a aventura, à ação, ao desporto e à vida escolar. A Distrito Manga procura assim alcançar todos os tipos de leitores, desde os mais novos aos jovens e aos adultos.

A intenção desta nova chancela é proporcionar ao leitor conteúdo de grande impacto comercial sem perder de vista a qualidade e as boas histórias. Algo que se concretizará através de um compromisso com o trabalho editorial — traduções de qualidade e edições cuidadas — como numa seleção de conteúdos que tratarão tópicos relevantes, instrutivos ou puramente divertidos. Para isso, a Distrito Manga trará os últimos sucessos que estão a dominar mundialmente, mas também se focará em títulos que alcançaram o estatuto de clássicos da manga.

«Estamos entusiasmados por finalmente podermos lançar esta chancela em Portugal. Era um projeto que estava a ser trabalhado há algum tempo e é muito gratificante ver os primeiros livros a chegarem. Queremos que seja uma chancela diversa, com vários registos de ficção mas também alguma não-ficção, e com muita atenção à qualidade e ao rigor que estes títulos, muitos deles históricos, exigem. As primeiras reações que estamos a receber são muito motivadoras para mostrar o que de melhor da manga japonesa se faz.» Catarina Araújo, editora da Distrito Manga

Primeiras séries reveladas:

Ataque dos Titãs
Hajime Isayama

Ataque dos Titãs é uma das séries de manga mais famosas em todo o mundo, com 100 milhões de exemplares em circulação. Um verdadeiro clássico distópico, a sua adaptação a anime em 2013 foi um êxito imediato. O último episódio do anime estreou em novembro de 2023 e a plataforma de streaming crashou devido à adesão em massa dos fãs.

Bestseller do The New York Times, vencedor de vários prémios e adaptado a anime com muito sucesso.




Edens Zero
Hiro Mashima

Quando a coincidência se torna inevitável, o destino acontece… Uma aventura espacial imperdível!
Do mesmo criador da manga e anime de sucesso: Fairy Tail, agora surge Edens Zero, que também tem tido uma grande adesão por parte dos fãs. Em 2021 foi lançada uma adaptação a anime que se encontra disponível na Netflix.

Comparativo: O Vento nos Salgueiros pela Arte de Autor e pela Witloof

 

A editora Arte de Autor lançou há poucas semanas a obra integral de Michel Plessix que adapta para banda desenhada O Vento nos Salgueiros, esse clássico da literatura de Kenneth Grahame.

Em primeiro lugar, deixem-me começar por dizer que fiquei extremamente feliz com este lançamento. É uma história muito bonita, que deve ser lida por crianças e por adultos e que é ilustrada de forma sublime por Michel Plessix. Este é um daqueles álbuns que, quanto a mim, deve constar numa boa biblioteca de banda desenhada. Absolutamente imprescindível!

Convido-vos até a lerem a análise que fiz a esta obra aqui no Vinheta 2020, em 2021.

E deixo no ar o meu desejo de que a Arte de Autor venha a publicar a obra O Vento nas Areias em que Plessix continuou a desenvolver as personagens de O Vento nos Salgueiros mas, desta feita, com argumento seu, já que a obra original de Kenneth Grahame fica fechada neste volume integral que a Arte de Autor caba de publicar.

Mas bem, este artigo procura ser um comparativo, portanto, avancemos para ele.

O Vento nos Salgueiros já havia sido integralmente publicado em Portugal, em quatro volumes, pela agora extinta editora Witloof.

No entanto, essa edição tem mais de 20 anos e, lamentavelmente, com a passagem do tempo, foi sendo cada vez mais difícil de encontrar à venda. Dou-vos até o meu exemplo pessoal: tendo em conta que o primeiro volume publicado pela Witloof teve, na altura, uma tiragem mais pequena do que as dos outros volumes, esse primeiro tomo foi um daqueles livros que se tornou virtualmente impossível de encontrar. Como o meu amigo Nuno Neves, do blog Notas Bedéfilas, diz, foi um livro que se tornou "um unicórnio". Toda a gente sabia que existia, mas eram poucos aqueles que realmente o tinham. Como tal, vi-me forçado a ter que comprar o primeiro tomo na sua edição americana da editora NBM.

Ora, tudo isto serve para dizer taxativamente que era necessário que alguma editora voltasse a tornar disponível uma obra como esta. Já defendi várias vezes que certas obras merecem estar sempre disponíveis em loja. Este O Vento nos Salgueiros é uma dessas obras.

Portanto, como primeiro ponto, acho que só a aposta da Arte de Autor edição nesta obra já merece os meus louvores.

Mas esta não é meramente uma republicação, pois há coisas que a diferenciam da edição da Witloof.

Para já, é uma edição integral que reúne num único só volume os quatro tomos que compõem a edição original. E quer isto dizer que se torna num volume mais compacto, de mais fácil arrumação e que é mais fácil ler. 

Avançando no comparativo, e começando pela capa, a edição da Arte de Autor apresenta capa dura baça, com textura aveludada e detalhes a verniz. Acaba por ter um acabamento mais nobre do que a edição da Witloof que, mesmo sendo boa, com capa dura a verniz, era menos diferenciada.

O aspeto visual da capa, no que ao grafismo diz respeito, também é diferente da edição original. E tenho sentido, por essas redes sociais, que isto tem suscitado algumas críticas à edição da Arte de Autor. 

Bem, começo por dizer que mesmo achando que a capa da edição da Arte de Autor poderia ser melhor, a verdade é que certas críticas que lhe têm sido apontadas, também me parecem demasiado duras. Nomeadamente, a ideia de que a capa deveria ser igual à do primeiro tomo da série. Ora, se assim fosse, isso não faria tanto sentido, pois era necessário diferenciar e dizer, a priori, ao mercado que esta é uma edição integral. Claro que se poderia colocar a inscrição de "Edição Integral" na ilustração do primeiro tomo - como também acabou por ser feito numa das edições integrais francesas, mas quanto a mim, isso não diferenciaria convenientemente esta edição. 

Não obstante, também é verdade que até já existia uma edição francesa integral cuja capa a Arte de Autor acabou por não reproduzir. A este propósito, a editora Vanda Rodrigues informou, no Maia BD, que considerou que a capa, tendo tons acastanhados, era algo sorumbática e pouco em linha com a leveza que se pretende de um livro infantil. Concordo com a Vanda, mas em parte.

Concedo que o tom azul para o fundo funciona melhor do que o castanho. E até aceito que o efeito a verniz das folhas dos salgueiros é um complemento bonito. Apenas acho que a ilustração completa do primeiro tomo inserido no canto inferior direito desta capa não fica tão apelativa como uma faixa de uma ilustração que, ainda por cima, e bem, é diferente da ilustração da capa do primeiro tomo, como acontece com a edição francesa integral em capa castanha, que vos mostro aqui ao lado. Portanto, a meu ver, perfeito seria uma capa igual a esta capa da edição francesa integral, com a única exceção da cor do fundo (poder) ser em tons de azul, em vez de tons acastanhados.

Mas, enfim, também me parece que se está a dar demasiada importância a um tema menor. Parece-me que a capa desta edição da Arte de Autor não é tão má como tenho lido por aí. Remete para aqueles livros de contos infantis e, nesse ponto, e tendo em conta o cariz narrativo de O Vento nos Salgueiros, até acaba por fazer sentido. E, não esqueçamos, se a editora detentora dos direitos da obra, validou esta capa, não pode estar assim tão má.



Se a capa poderá não agradar a alguns, penso que na contracapa não deverá haver qualquer tipo de críticas, uma vez que a edição da Arte de Autor é muito semelhante à da Witloof. A font para o texto da sinopse é a mesma e o aspeto, com uma pequena ilustração emoldurada de uma personagem, é igual.




Em termos de lombada, a edição da Arte de Autor também consegue melhorar a experiência, com um aspeto mais bonito.

Além de que, e isto é uma razão suficientemente relevante para aqueles que, como eu, são colecionadores e já têm muita banda desenhada, é incrível como a nova edição da Arte de Autor permite poupar espaço na estante, não abdicando, claro está, da integridade da obra. Basta olhar para a diferença de um livro face a quatro, quando colocados lado a lado. Esta nova edição acaba por ocupar cerca de metade do que ocupam os quatro livros.




Uma coisa que também importa referir é que o formato da obra foi alterado. A edição da Arte de Autor é ligeiramente mais larga, mas menos comprida. 

Se isso pode ser (mais) uma questão de gosto, uma coisa é mais concreta: é que a edição da Arte de Autor aproveita melhor a área de impressão, tendo margens um pouco mais curtas, o que possibilita que, na prática, cada uma das suas vinhetas/pranchas seja maior em dimensão do que na edição da Witloof. O que faz com que seja um ponto da edição da Arte de Autor.




Em termos de papel e de impressão, não considero que existam grandes diferenças entre as duas edições. A edição da Arte de Autor apresenta, como é hábito, um papel ligeiramente brilhante de excelente qualidade, bem como uma boa impressão, mas não é menos verdade de que a edição da Witloof também já era boa ao nível destes dois cômputos.




font utilizada nos balões é diferente entre ambas as edições, sendo que, mesmo assim, são bastante semelhantes, pelo que não posso dizer que prefira uma em detrimento da outra. Ambas funcionam muito bem.




Quando se abre o livro, as guardas também são um pouco diferentes. Na edição da Arte de Autor há duas guardas com o desenho dos salgueiros, enquanto que os livros publicados pela Witloof aproveitavam a guarda para aí inserir o título do livro. 

O livro da Arte de Autor é acaba, portanto, por ser mais elegante assim que o abrimos.


Resumindo e concluindo, acima de tudo este lançamento de O Vento nos Salgueiros pela Arte de Autor tem dois atributos principais que, quanto a mim, fazem muito sentido:

1) Em primeiro lugar volta a estar disponíve para o mercado nacional uma obra de banda desenhada de qualidade superior que deve ser lida por crianças e adultos e que, infelizmente, encontrava-se extina das livrarias portuguesas;

2) Em segundo lugar, ao ser de uma edição integral, este livro congrega "mais por menos", diminuindo o espaço que a obra ocupa na prateleira e dando-nos um livro com ótimos acabamentos.

E isto, claro, já para não falar que acaba por ser uma edição bastante económica. O seu PVP é de 29.95€ mas, lá está, se o dividirmos pelos quatro tomos que aqui estão contidos, teremos cada um deles a custar cerca de 7,5€. Ora, sabemos como seria impossível que cada um dos tomos, se lançado de forma independente, fosse publicado a esse preço. É, portanto, de aproveitar.

Bernardo Majer e Polvo estão de volta!


Autor e editora regressam ao lançamento de banda desenhada original! O novo livro de Bernardo Majer, intitulado Espiga, será lançado no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja!

Bernardo Majer, que recentemente publicou, em parceria com Pedro Vieira de Moura, na coleção Clássicos da Literatura em BD da Levoir, a obra Sermão de Santo António aos Peixes, tem um novo livro que será lançado através da editora Polvo, já depois desta ter publicado os seus celebrados livros Estes Dias (que arrecadou mesmo o Prémio Melhor Obra Portuguesa nos Prémios da Amadora BD) e Toutinegra, em parceria com André Oliveira.

Por tudo isto, e por admirar o trabalho do autor, estou muito curioso com este lançamento!

Nota ainda para o facto de a editora Polvo estar de volta à edição de banda desenhada, depois de vários meses sem lançar nenhum livro.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Espiga, de Bernardo Majer

Abel viaja para um festival literário onde conhece Laura, uma jovem escritora que o distrai da sua penosa realidade doméstica. 

Laura tenta equilibrar a relação conturbada com a mãe e o romance tóxico com Benjamin, um encenador charmoso. 

Abel e Laura têm insónias.

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Ficha técnica
Espiga
Autor: Bernardo Majer
Editora: Polvo
Páginas: 80, a duas cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 17,3 x 24,6 cm
PVP: 13,60€

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Análise: Tango #7 - A Flecha de Magalhães

Tango #7 - A Flecha de Magalhães, de Xavier e Matz - Gradiva


Tango #7 - A Flecha de Magalhães, de Xavier e Matz - Gradiva
Tango #7 - A Flecha de Magalhães, de Xavier e Matz

À sétima foi de vez! Finalmente a série Tango, da autoria de Xavier e Matz, deu o salto qualitativo pelo qual a minha pessoa esperava! O mais recente tomo A Flecha de Magalhães está melhor, a todos os níveis, do que os restantes tomos de Tango!

Não me entendam mal, já aqui analisei todos os outros volumes desta série e as minhas análises foram sempre positivas. Mesmo assim, tirando o carisma visual que o protagonista da série tem, sempre me pareceu que faltava algo a Tango para que a série fosse “muito boa” em vez de “boa”. Ou razoavelmente boa. Não digo que esse feito já tenha sido alcançado com este A Flecha de Magalhães – até porque ainda só estamos perante metade da história de um díptico - mas é sem dúvida o melhor álbum da série - a todas as valências - e, portanto, o livro que mais próximo está de poder ser considerado, na minha opinião, como "muito bom”.

Tango #7 - A Flecha de Magalhães, de Xavier e Matz - Gradiva
E a primeira razão para tal é uma alteração ao que vinha a ser feito nos álbuns anteriores. Antes deste sétimo volume, os livros eram todos auto-conclusivos. Mesmo havendo alguma ligação entre histórias de um tomo para o outro, cada um dos livros poderia ser lido de forma isolada e independente, pois cada uma das aventuras de John Tango acabava fechada. Contudo, no caso deste A Flecha de Magalhães, temos um livro que nos deixa pendurados na última página. E porque é que isso é bom? Bem, porque permitiu a Matz dar-nos uma história e um ritmo narrativo mais lento do que nos álbuns anteriores, o que lhe proporcionou desenvolver melhor a trama e as personagens. Os momentos de ação continuam a marcar presença, claro está, mas estes são entrecortados por momentos mais calmos que são bem-vindos para a boa fruição da obra. Dito por outras palavras, a série ficou mais madura e menos unidimensional como tinha sido até agora.

A história, neste caso, leva John Tango e o seu companheiro Mario até Manila, nas Filipinas. O que os leva a este destino paradisíaco é apenas o gosto pela viagem e pelo descanso, mas, invariavelmente Tango vê-se no meio de uma aventura quando ouve falar do capacete do português Fernão de Magalhães e da flecha que o terá matado nas Filipinas. A própria morte de Fernão de Magalhães nas condições propostas por Matz é toda ela uma forma de reescrever a História que conhecemos, o que torna o enredo mais interessante no seu âmago. A utilização de flashbacks pare (re)contar a história do célebre navegador português também dá variedade à narrativa.

Tango #7 - A Flecha de Magalhães, de Xavier e Matz - Gradiva
Senti uma aproximação – bem-vinda – a séries clássicas de aventuras como Indiana Jones, Tomb Raider ou Uncharted, em que o protagonista procura por artefactos antigos, vendo-se depois envolvido em grandes aventuras. É claro que depois surgem neste A Flecha de Magalhães alguns dos clichets do género, porém, nunca me senti tão mergulhado num livro de Tango como neste caso.

Para mim ainda não é certo que esta história seja excelente – provavelmente acabará por não o ser - mas é óbvio que estamos no bom caminho para a série. Resta agora saber o que faz o argumentista com esta história no próximo volume, já que há algumas pontas soltas por amarrar.

Se a história pareceu ficar melhor, também as ilustrações de Phillipe Xavier estão melhores neste livro. Nunca foram más, como é claro, mas vê-se que o autor se sente cada vez mais à vontade na série e que, cada vez mais, experimenta algumas coisas novas em termos de desenho. 

Tango #7 - A Flecha de Magalhães, de Xavier e Matz - Gradiva
Não é que seja nada disruptivo ou que contraste com aquilo já feito na série até à data, mas é, digamos, mais audaz. E isso fica patente na utilização de mais tramas, no jogo de sombra e luz cada vez melhor e numa certa sujidade no desenho que o torna mais dinâmico e belo, quanto a mim. Também ajuda que o trabalho de cores de Jérome Maffre esteja especialmente inspirado neste tomo. As cenas noturnas são verdadeiramente belas!

A edição da Gradiva está em linha com o trabalho desenvolvido até aqui nesta série: capa dura baça, bom papel brilhante e bom trabalho a nível da encadernação e impressão. Nada de errado a referir. Nota positiva ainda para o facto de, com a edição deste sétimo tomo da série, a Gradiva ter alcançado o ritmo de lançamento da série no mercado original. Quer isto dizer que, à data, não falta à editora portuguesa publicar nenhum volume desta série e que bom é verificar que nós, enquanto leitores portugueses de BD, não estamos atrasados nas publicações das obras!

Em suma, Tango aproxima-se com este sétimo tomo da qualidade potencial que, até agora, os autores ainda não tinham conseguido extrair da série. Espero, pois, que este primeiro tomo de uma história em dois volumes seja o prenúncio para uma série mais impactante!


NOTA FINAL (1/10):
8.7



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Tango #7 - A Flecha de Magalhães, de Xavier e Matz - Gradiva

Ficha técnica
Tango #7 - A Flecha de Magalhães
Autores: Philippe Xavier e Matz
Editora: Gradiva
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 23,30 x 31,30 cm
Lançamento: Novembro de 2023