terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Análise: Tango #8 – O Tesouro do Mar de Sulu

Tango #8 – O Tesouro do Mar de Sulu, de Xavier Dorison e Matz - Gradiva

Tango #8 – O Tesouro do Mar de Sulu, de Xavier Dorison e Matz - Gradiva
Tango #8 – O Tesouro do Mar de Sulu, de Philippe Xavier e Matz

Depois de o sétimo álbum da série Tango ser aquele que, até agora, mais me agradou em toda a franquia - devido a permitir um melhor desenvolvimento da história, possibilitado pela opção de se lançar um díptico em vez de um álbum autocontido - estava especialmente empolgado para ler este oitavo volume, intitulado O Tesouro do Mar de Sulu, que termina a história começada no anterior A Flecha de Magalhães.

Este oitavo volume que continua a trazer-nos a escrita de Matz (autor da série O Assassino e de O Desaparecimento de Josef Mengele, por exemplo) e as ilustrações de Philippe Xavier, coloca-nos no ponto onde o anterior volume nos deixou, e procura ser uma conclusão coesa para a história que colocou John Tango e Mario na senda do capacete de Fernão de Magalhães, o navegador português que liderou a primeira expedição a circunavegar o globo, provando que a Terra é redonda e conectando o Oceano Atlântico ao Pacífico através do estreito que hoje detém o seu nome. Sobre o próprio Fernão de Magalhães, relembro que a Gradiva também já havia lançado a banda desenhada Magalhães.

Tango #8 – O Tesouro do Mar de Sulu, de Xavier Dorison e Matz - Gradiva
O enfoque deste O Tesouro do Mar de Sulu mantém-se, portanto, sólido, através da combinação de ação e aventura, num ambiente exótico, propício à exploração de um universo com histórias de tesouros escondidos e perseguições mortais. Bem ao jeito de Uncharted (onde as próprias personagens principais da banda desenhada lembram as do videojogo), de Tomb Raider ou do mais velhinho Indiana Jones.

Neste volume, a narrativa desenrola-se no Mar de Sulu, uma região repleta de piratas, lendas e riquezas submersas, onde John e Mario tentam ajudar o seu amigo filipino Crisanto a encontrar o capacete de Magalhães, um autêntico tesouro histórico-arqueológico. Talvez justamente pelo valor intrínseco deste artefacto, o que começa como uma expedição promissora rapidamente se transforma numa luta pela sobrevivência, já que Tango e os seus companheiros chamam a atenção dos criminosos locais. A partir desse ponto, a história desenvolve-se em ritmo acelerado, com algumas reviravoltas no enredo que procuram ser inesperadas.

Tango #8 – O Tesouro do Mar de Sulu, de Xavier Dorison e Matz - Gradiva
Não há aqui espaço para grandes reflexões ou mensagens subliminares. Convenhamos que também não é isso que Tango procura ser, mas antes uma série de puro entretenimento que se lê bem. E é isso mesmo que acaba por ser, com este livro a ser uma leitura fácil, escorreita e agradável. É verdade que o volume anterior trouxe uma certa densidade dramática à série, desenvolvendo o enredo com mais cuidado, que neste O Tesouro do Mar de Sulu parece, infelizmente, menos presente. Mesmo assim, o fim satisfatório deste díptico faz com que não me restem dúvidas de que a aventura que envolve Fernão de Magalhães é mesmo a mais interessante que John Tango já viveu.

As ilustrações de Philippe Xavier continuam a apresentar um bom nível qualitativo. Neste livro em particular, a própria ambientação do Mar de Sulu permite que Xavier nos ofereça cenários vibrantes, onde a natureza exuberante contrasta com as energéticas cenas de ação e tiroteios. Gostei especialmente dos momentos mais calmos do livro, em que o nosso protagonista faz mergulho nas águas cristalinas locais com vista a encontrar o famigerado tesouro.

Tango #8 – O Tesouro do Mar de Sulu, de Xavier Dorison e Matz - Gradiva
As personagens também estão muito bem desenhadas, com expressões inequívocas e com um carisma muito próprio - especialmente quando olhamos para o protagonista da série. A bela Lani, a personagem feminina com quem John Tango vai vivendo um relacionamento amoroso pouco assumido, é especialmente cativante. Nota ainda, muito positiva, para a belíssima capa - uma das melhores, se não mesmo a melhor, de toda a série.

A edição da editora Gradiva mantém-se em linha com os restantes livros da coleção, apresentando capa dura baça, bom papel brilhante no interior, boa encadernação e boa impressão.

Em suma, fica claro que Tango funciona melhor se as aventuras deste carismático protagonista forem lançadas em díptico, dado que isso permite uma construção mais aprimorada da história. Portanto, o meu desejo é que volte a acontecer o mesmo nos próximos livros.  E mesmo que este O Tesouro do Mar de Sulu fique alguns furos abaixo de A Flecha de Magalhães, vale, ainda assim, a pena por terminar a aventura que coloca John Tango em busca de um artefacto do célebre navegador português.


NOTA FINAL (1/10):
8.5



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



-/-


Tango #8 – O Tesouro do Mar de Sulu, de Xavier Dorison e Matz - Gradiva

Ficha técnica
Tango #8 - O Tesouro do Mar de Sulu
Autores: Matz e Philippe Xavier
Editora: Gradiva
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 23,30 x 31,30
Lançamento: Agosto de 2024

Sem comentários:

Enviar um comentário