quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Em dois anos foi publicado mais de um terço da BD que os portugueses mais desejavam!


Os mais atentos a este blog lembrar-se-ão que, há pouco mais de 2 anos, no final do ano 2022, avancei com a iniciativa inédita de criar o BD Censos, o Primeiro Recenseamento Geral do Público Português de Banda Desenhada, cujos resultados, aliás, convido-vos a (re)ler.

Uma das coisas que esse grande questionário, que foi respondido por mais de 600 pessoas, tinha, era a possibilidade de os participantes elencarem a banda desenhada que gostariam de ver publicada em Portugal. Os seus desejos. Havia três categorias de obras que os participantes poderiam escolher: as obras one-shot (autocontidas); as séries de BD inéditas; e as séries que, embora previamente publicadas em Portugal, tinham sido canceladas, tendo ficado incompletas. No total, chegámos a uma lista com 45 obras ou, se quiserem, chegámos a três listas com 15 obras.

Há uns dias, fui olhar para essa lista para fazer um ponto de situação entre o que há dois anos eram os maiores desejos do público português e aquilo que, entretanto, acabou por ser publicado por cá. É até diria, um interessante exercício de curiosidade em tentar perceber se os editores portugueses estão atentos aos pedidos do público, por um lado, ou se aquilo que é publicado nos meios de comunicação portugueses sobre banda desenhada - entre os quais o Vinheta 2020 se insere - tem eco, ou não, nas escolhas que a posteriori os editores fazem.

Naturalmente, não estou a dizer, nem nada que se pareça, que os editores portugueses não fazem as suas escolhas por si mesmos. Claro que, para o bem ou para o mal, o fazem e, cada vez mais, até dão mais provas da sua qualidade, quer nas obras que optam por lançar, quer no bom trabalho editorial que complementa - e melhora - essas mesmas obras. Disso não haja a mais ténue dúvida.

Mas o exercício de curiosidade mantém-se, claro, e, portanto, posso dizer-vos que fiquei bastante bem impressionado ao verificar que das tais 45 obras que os leitores portugueses mais queriam ver lançadas pelas editoras portuguesas, 16 obras já foram publicadas! - com a ressalva que duas dessas obras ainda não estão disponíveis no mercado nacional, mas já foram anunciadas para os próximos meses pelas respetivas editoras.

Ou seja, mais de um terço das BDs que os leitores portugueses mais queriam, acabou mesmo por ser publicado no curto espaço de pouco mais de dois anos! Nada mau, huh?

As obras em questão escolhidas pelos leitores portugueses e que já têm edição portuguesa foram as seguintes: 



Look Back
Tatsuki Fujimoto
Devir

-/-

Dias de Areia
Aimée de Jongh
ASA

-/-

Frankenstein
Georges Bess
A Seita

-/-

Le Petit Frère
Jean-Louis Tripp
Ala dos Livros (brevemente)

-/-

Regresso ao Éden
Paco Roca
Levoir

-/-

Lydie
Zidrou e Jordi Lafebre
A Seita e Arte de Autor

-/-

As Muitas Mortes de Laila Starr
Ram V e Filipe Andrade
G. Floy Studio

-/-

Não Eras Tu Que Eu Esperava
Fabien Toulmé
ASA (brevemente)

-/-

Chainsaw Man
Tatsuki Fujimoto
Devir

-/-

Boa Noite, Punpun
Inio Asano
Devir

-/-

Shi
Zidrou e Homs
Ala dos Livros

-/-

Ataque dos Titãs
Hajime Isayama
Distrito Manga

-/-

Sambre
Yslaire
Arte de Autor

-/-

Thorgal
Van Hamme e Rosinski
A Seita

-/-

The Walking Dead
Robert Kirkman
Devir

-/-

Adèle Blanc-Sec
Jacques Tardi
Levoir

-/-

Compreensivelmente, verifica-se que das três listas apresentadas, foi daquela refente às obras one shot que houve um maior número de edições. 8 em 15 obras, mais de metade, foram publicadas.

Da lista das séries de BD que eram inéditas em Portugal no final de 2022, foram publicadas três séries: Chainsaw Man, Boa Noite, Punpun e Shi.

Finalmente, e de um modo algo surpreendente, quiçá, da lista de séries de BD que já haviam sido publicadas em Portugal de forma incompleta, assistiu-se ao (re)lançamento, desde 2023, de cinco(!) séries: Ataque dos Titãs, Sambre, Thorgal, The Walking Dead e Adèle Blanc-Sec.

Tudo isto me deixa feliz por duas razões: por um lado, porque não tenho dúvidas de que, se eram obras desejadas pelo público nacional, esse mesmo público viu os seus desejos realizados. Espero agora, por seu turno, que o público saiba responder aos compromissos assumidos pelas editoras comprando as obras em questão. Por outro lado, e embora conceda que também pode ter sido coincidência e algumas destas obras até já estarem negociadas pelas editoras portuguesas antes da publicação do artigo do Vinheta 2020, é bom ver que os pedidos dos leitores portugueses são escutados pelas editoras portuguesas, pois isso só aumenta a relação de confiança/cumplicidade entre editoras e leitores.

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