Se há uns dias vos trouxe o meu Guia de Compras de Natal, em que dei ênfase às três obras de cada editora que mais considero "obrigatórias" para a vossa coleção de banda desenhada, hoje trago-vos as 20 obras nacionais de banda desenhada lançadas em 2024 que considero imprescindíveis.
Aqui não me centrei nas editoras, pois nem todas editam banda desenhada nacional, mas sim num conjunto alargado de obras com autores nacionais que marcaram este ano que está quase a chegar ao fim. Todas elas me parecem boas compras de natal, portanto.
Este foi um ano absolutamente fantástico em termos de lançamentos nacionais de banda desenhada. Tivemos quantidade e qualidade. Com pena minha, até tive que deixar algumas boas obras nacionais de fora deste artigo.
Destaque também para a reedição de algumas obras nacionais "obrigatórias", como a Trilogia Filipe Seems, o Cogito Ego Sum, o 7 Senhoras ou o A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril. Obras que optei por não considerar para este artigo, devido a serem obras já conceituadas e, também, porque procuro dar destaque às novidades do ano que agora chega ao fim.
Ofereçam BD e, claro, presenteiem-se a vós mesmos com livros da 9ª Arte!
Sem mais demoras, deixo-vos mais abaixo com as minhas recomendações.
Manuel Morgado
"Não é bem pela história em si que este A Dama Pé de Cabra mais brilha, mas antes pelas magníficas ilustrações de Manuel Morgado que enchem verdadeiramente o olho do leitor e justificam, per se, a compra deles lindíssimo livro. (...) Se existe um clássico da literatura portuguesa em que o casting para a ilustração dessa mesma obra em banda desenhada é perfeito, essa obra é este A Dama Pé de Cabra."
Análise completa a esta obra, aqui.
Fernando Cabrita e João Mascarenhas
"A Norte de Sul Nenhum parece ser diferente de tudo aquilo que se publica em termos de banda desenhada nacional e traz-nos um João Mascarenhas inspirado, maduro e reflexivo e, com tudo isso somado, dá-nos um dos melhores trabalhos do veterano autor português."
Análise completa a esta obra, aqui.
Filipa Beleza
"Amor é um conjunto muito bem conseguido de seis histórias que demonstram o quão diferentes podem ser os sentimentos e manifestações de amor, em relatos divertidos, cheios de ironia e, claro, com belas ilustrações de Filipa Beleza que, assim sendo, se afirma como uma das revelações nacionais em banda desenhada."
Análise completa a esta obra, aqui.
Ricardo Santo
"Boarding Pass confirma o enorme potencial que existe em Ricardo Santo para ser um autor incontornável na banda desenhada portuguesa. Mesmo - e por pequenas coisas - sem ser perfeito, é das melhores bandas desenhadas portuguesas que li em 2024. Ricardo Santo já não é uma revelação, mas antes a confirmação de um autor nacional que todos têm de conhecer!"
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Marco Calhorda e Zoran Jovicic
"A primeira parte deste CoBrA - Operação Conacri volta a trazer-nos um bom livro de ficção, ambientado nos eventos históricos da Guerra Colonial portuguesa, revelando um Marco Calhorda mais à vontade na sua escrita e narrativa, por um lado, e apresentando Jovicic ao público português, que consegue fazer um belo trabalho em termos de ilustração, por outro. Ficam lançadas as bases para um segundo tomo que, espero eu, não demore muito tempo a chegar-nos."
Análise completa a esta obra, aqui.
André Mateus e Filipe Duarte
"E Depois do Abril é um passo em frente para os autores André Mateus e Filipe Duarte e, ao mesmo tempo, traz consigo um exercício e uma reflexão pertinentes para um Portugal onde as divisões binárias e extremistas ocupam um lugar cada vez mais presente, não só em questões políticas, como um pouco por todo o tipo de temas com que nos deparamos num país que assinala por estes dias o 50º aniversário da sua nova democracia."
Análise completa a esta obra, aqui.
Audrey Caillat e Xico Santos
"Em Redes é uma bela, subtil e madura obra. Confesso-vos: o livro tinha despertado o meu interesse, mas honestamente não esperava que fosse tão bom. Dentro das bandas desenhadas nacionais lançadas até agora, em 2024, Em Redes está claramente entre as minhas preferências!"
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Bernardo Majer
"Bernardo Majer sedimenta com este Espiga, a sua "voz de autor", ficando bem patente que o seu trabalho é fruto de um tempo e de um espaço próprio e que - não só por isso, mas também por isso - se destina especialmente para essas mesmas pessoas suas contemporâneas. É "O escritor" millennial e para os millennials - mas não só, claro está - trazendo nas suas histórias as preocupações, as vivências e as dores de crescimento que todos os millennials têm - e que nos quais eu também me incluo. Talvez por isso, acredito que nem toda a gente consiga, ou saiba, apreciar convenientemente as suas histórias. Mas quem o faz, tem em Espiga um bom reflexo de toda uma geração em várias páginas de banda desenhada."
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Osvaldo Medina
"Fojo é, a par de Kong The King, e por ventura superando até esse projeto, a obra mais relevante de Osvaldo Medina, cuja influência tem tido uma pegada indelével para a banda desenhada nacional. É um clássico instantâneo da banda desenhada nacional que deve ser comprado e celebrado por todos os que apreciam banda desenhada!"
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Joana Estrela
"Gato Comum trata-se de um belo livro que, a meu ver, até supera o celebrado e promissor Pardalita. Não será, estou certo, pela natureza virtuosa dos desenhos que um leitor de banda desenhada comprará este livro, mas sim pelo belo e emocionante relato, transposto pela voz narrativo-visual única de Joana Estrela que, sem surpresas, se assume como uma das mais promissoras autoras da banda desenhada nacional. Cabe a cada um de nós sabermos reconhecê-lo."
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Gonçalo Fernandes
"Fiquei muito feliz e animado por ler e conhecer o trabalho de Gonçalo Fernandes neste Last Call! Se há coisas que nós, adeptos de banda desenhada, gostamos de encontrar, é um novo talento nacional para o meio. Gonçalo Fernandes é esse talento em bruto - embora já com bastante refinamento - que me ajuda a insistir nessa afirmação que tantas vezes digo de forma vaidosa: Portugal tem muitos autores talentosos! Gonçalo Fernandes, mesmo sendo “novato”, é uma promessa confirmada. Precisamos de (mais) livros deste autor!"
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Carina Correia e Joana Afonso
"A dupla formada por Carina Correia e Joana Afonso parece bem alinhada na adaptação para banda desenhada de Maria Moisés, originalmente escrito por Camilo Castelo Branco, e fá-lo de um modo que permite tornar presente a valência emocional e até de preocupação social e existencial da obra de Camilo - tão reconhecida do Romantismo português. Recomenda-se, portanto, para todas as idades."
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Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro
"Mensagem abre bem a coleção de Clássicos da Literatura Portuguesa em BD. Sendo uma obra de inquestionável dificuldade de adaptação para banda desenhada – ou para qualquer outro meio – devo dizer que o trabalho conjunto de Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro me convenceu. Tal como, aliás, me convence esta coleção e toda a pertinência que a mesma tem para Portugal, dando uma achega na interpretação dos clássicos e permitindo, quiçá, a introdução à banda desenhada por parte de uma larga franja de leitores que, de outra forma, poderia não cruzar caminhos com a 9ª arte."
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Paulo J. Mendes
Depois de vencer, no ano passado, os Prémios de Banda Desenhada da Amadora, para Melhor Obra de Autor Nacional, com a obra Elviro, devo dizer que a expetativa para este novo livro era muita. Felizmente, Paulo J. Mendes não desilude e volta a oferecer-nos um belo livro, desta vez a preto e branco puro, que nos arranca gargalhadas enquanto nos prende a uma história inusitada e com uma certa crítica social. Sou fã do autor e não o escondo!
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Luís Louro
"O Corvo parece ter alcançado a sua maioridade aos 30 anos, com este O Despertar dos Esquecidos a ser o melhor álbum da série até agora. E isso verifica-se por Luís Louro ter conseguido dosear bem os vários momentos da trama e, ao mesmo tempo, transpor a personagem principal de O Corvo para uma luta, quiçá mais relevante e verossímil, por aqueles que, possivelmente, chamariam de herói ao primeiro que, atravessando-se no seu caminho, tivesse a galhardia e humanidade de passar algum do seu tempo com eles. É tudo isso que, afinal de contas, faz despertar todos aqueles que se mantêm esquecidos por esse país fora. Belíssimo livro!"
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André Oliveira e Ricardo Santo
"Esta adaptação de O Crime do Padre Amaro, uma das mais emblemáticas obras da literatura portuguesa, conquistou-me nos seus diversos níveis: a adaptação do argumento para banda desenhada por André Oliveira está bem conseguida, as ilustrações de Ricardo Santo fazem jus a este universo Queirosiano e, bem, a história, já amplamente conhecida pelos portugueses, continua apetitosa e totalmente atual, como se a obra original tivesse sido escrita há duas semanas e não há mais de 100 anos. Quer estejam a acompanhar ou não esta coleção da Levoir, este é mesmo um livro obrigatório!"
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Mário Freitas e Lucas Pereira
"O Homem que Sonhou o Impossível é uma das bandas desenhadas portuguesas do ano, conseguindo um belo equilíbrio entre ser um livro de clara homenagem a um dos principais criadores de banda desenhada de sempre - em que não faltam inúmeras referências ao universo da 9ª arte - e, ao mesmo tempo, oferecer-nos uma história que consegue funcionar per se e relembrar-nos da relevância que determinadas criações artísticas têm na sociedade, não deixando de ecoar na consciência coletiva, mesmo depois da morte dos autores dessas mesmas criações. Como se isso fosse um sonho impossível que alguém ousa sonhar."
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Jorge Mateus e Paulo Caetano
"É com bons olhos que vejo a Iguana a apostar em mais autores portugueses de banda desenhada, numa obra que mesmo podendo não ter aproveitado, na íntegra, o enorme potencial que tinha, se reveste de relevância e merece ser (re)conhecida por todos os amantes portugueses de BD."
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Diogo Carvalho
"Sol é mais uma excelente notícia para a banda desenhada nacional! Podendo não ser perfeita, esta é uma obra de puro entretenimento - sem medo de o ser - e está especialmente bem construída e amadurecida pelo autor. Noutra ocasião, diria que estávamos perante a obra de afirmação de um autor. Mas como, neste caso, falamos de Diogo Carvalho, um autor veterano e bastante experiente na feitura de banda desenhada, digo até algo quiçá mais eloquente: Sol é "a obra de uma vida" de Diogo Carvalho."
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Jorge Pinto, Evandro Renan e Talita Nozomi
"Tempo - Em Busca da Felicidade Perdida é, acima de tudo, a confirmação de Jorge Pinto como um dos argumentistas da banda desenhada nacional que vale a pena acompanhar. A premissa do livro é bela e a escrita é muito boa. Este livro tem potencial para ser um dos melhores argumentos da banda desenhada nacional do ano, na verdade. (...) Vale bem a pena ser conhecido!"
Análise completa a esta obra, aqui.
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