quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Já ganhei o dia!!! Sambre vai ser continuado em português!!!


É a notícia do dia e uma das notícias do ano para mim! Sambre, a magnífica série de Yslaire, vai ser editada em Portugal, pela Arte de Autor!!!!!

Esta é uma notícia que me acaba de ser dada pela editora, Vanda Rodrigues, e que me deixou felicíssimo da vida! E provavelmente não serei apenas eu a ficar assim feliz, se tivermos em conta que no recente BD Censos 2022, efetuado aqui no Vinheta 2020, a série Sambre ficou em 4º lugar na categoria de séries parcialmente editadas em Portugal que os leitores portugueses mais gostariam de ver reeditadas por cá

Posso, portanto, avançar que em 2023, a Arte de Autor irá lançar um álbum duplo que reunirá os volumes 5 e 6, Maudit soit le fruit de ses entrailles... e La mer vue du Purgatoire..., respetivamente.

A editora apresenta, portanto, a mesma tática editorial que apresentou aquando o (re)lançamento de Armazém Central. Na altura, a editora também começou por abordar a série lançando o primeiro álbum que se encontrava inédito em Portugal, tendo, depois, acabado por lançar os álbuns anteriores e os restantes e, desse modo, editar a totalidade dos 9 volumes.

Se Sambre obtiver sucesso comercial (e como não, dada a sua qualidade?!) estou certo que a editora lançará os primeiros quatro volumes para que os novos leitores da série a possam adquirir na totalidade. 

Para quem não conhece a série, deixem-me dizer-vos que se trata de um drama histórico que foi originalmente criado por Yslaire e Balac (também conhecido por Yann) em 1986. Devido a divergências entre os autores, Balac abandonou o projeto e Yslaire passou a assumir o argumento e os desenhos de Sambre. Esta é capaz de ser a banda desenhada mais romântica, melancólica e charmosa que li na minha vida. Conta-nos a história de uma família francesa da burguesia do século XIX e da enorme paixão - arrebatadora! - que une Bernard Sambre a Julie, uma vagabunda de olhos vermelhos. Se a história é bela e impactante, as ilustrações são maravilhosas.

Relembro que os primeiros quatro tomos foram lançados em Portugal. O primeiro, pela Baleia Azul e os três álbuns seguintes pela Witloof. Entretanto, todas estas editoras acabaram e a série foi deixada a meio, para mal dos pecados de muitos leitores! Por vezes, ainda encontro alguns volumes da Witloof à venda mas vão escasseando cada vez mais. E acho que já é virtualmente impossível encontrar o primeiro volume da Baleia Azul.

Entretanto, em França, já foram lançados oito volumes da série principal e, se não estou em erro, essa mesma série está planeada para ter nove volumes.

Isto, na série principal. Porque também há uma série paralela, denominada, La Guerre des Sambre que reúne 3 ciclos diferentes, cada um com 3 tomos: Hugo & Iris (3 volumes); Maxime & Constance (3 volumes) e Werner & Charlotte (3 volumes). Esta série paralela não conheço tão bem e só li dois volumes. Mas, mesmo não sendo desenhada por Yslaire, parece-me de elevada qualidade, também.

Fazendo uma nota pessoal, relembro com um enorme sentido de satisfação um dos primeiros artigos que escrevi no Vinheta 2020, logo nos primórdios do blog, em que falava das 3 séries que mais gostaria de ver integralmente publicadas em Portugal mas que, lamentavelmente, tinham sido descontinuadas. 

Eram elas Armazém Central que, entretanto, já foi totalmente publicada; Peter Pan (Loisel) que também já foi integralmente publicada e era Sambre. Portanto, em pouco mais de dois anos, estas três séries de tão grande relevância nos meus gostos e na minha paixão pela banda desenhada ficaram (ou, mais propriamente, ficarão) integralmente editadas em Portugal.

Não sei se terei ou não alguma responsabilidade para que isto tenha acontecido mas o que é certo é que hoje, quando soube desta notícia relativa a Sambre, não pude deixar de sorrir e de ficar quase emocionado. Gozem à vontade, se quiserem, mas é a verdade.

Estou felicíssimo! Só me resta agora esperar que Sambre receba o carinho que merece por parte dos leitores portugueses de boa banda desenhada!

Análise: O Castelo dos Animais #3 - A Noite dos Justos

O Castelo dos Animais #3 - A Noite dos Justos, de Delep e Dorison - Arte de Autor

O Castelo dos Animais #3 - A Noite dos Justos, de Delep e Dorison - Arte de Autor
O Castelo dos Animais #3 - A Noite dos Justos, de Delep e Dorison

Foi preciso esperar cerca de um ano e meio por um novo volume da linda e maravilhosa série O Castelo dos Animais, mas posso dizer-vos que valeu a pena cada momento de espera. É que, se não havia dúvidas acerca da qualidade da série até ao momento, parece-me que este terceiro tomo ainda consegue elevar mais a qualidade da obra. Quer no texto, quer na mensagem, quer nas ilustrações. Esta é, afinal, uma das melhores séries de banda desenhada da atualidade!

Mas vamos por partes.

Antes de avançarmos nesta análise ao terceiro volume, intitulado A Noite dos Justos, convido-vos a (re)lerem as minhas análises aos volumes 1 e 2, Miss Bengalore e As Margaridas do Inverno, respetivamente, para melhor se ambientarem ao tema desta belíssima série.

O Castelo dos Animais #3 - A Noite dos Justos, de Delep e Dorison - Arte de Autor
Livremente inspirado no clássico da literatura O Triunfo dos Porcos (Animal Farm, no título original), de George Orwell, O Castelo dos Animais apresenta-nos um universo onde os vários animais de uma quinta são liderados (e subjugados) por um infame touro e pelos seus cães que funcionam enquanto seu exército pessoal. Perante todas as injustiças praticadas, começa a haver, tímida mas gradualmente, uma força de oposição a este regime totalitário, que é encabeçada por uma gata viúva e mãe de duas crias, um coelho gigolo e um velho rato sábio e viajado.

Neste terceiro volume, essa luta, que se pretende feita sem violência, levam a gata Miss B, o coelho César e o rato Azelar a focarem-se, pois, nesse ponto: o de convencer os outros animais da quinta a não cederem à violência, de forma a terminarem com o reinado do touro Sílvio. O primeiro instinto para resolver um confronto é, quer em animais, quer em humanos, o de recorrer à violência. Mas esse instinto também acaba por ser muito primário e, por esse motivo, é relevante - embora mais difícil, sem dúvida - que a luta justa pelos direitos seja pacata e sem violência. A rude e rigorosa ditadura do ditador Sílvio mantém-se bastante ativa e, face ao movimento pacifista das margaridas, o touro começa a claudicar nas suas ações que, antes do início da rebelião, pareciam tão bem sedimentadas. Afinal, como controlar um povo, deixando-o feliz mas, ao mesmo tempo, à sua mercê, lucrando com o fruto do seu trabalho? Não é tarefa fácil.

O Castelo dos Animais #3 - A Noite dos Justos, de Delep e Dorison - Arte de Autor
E se no início, a luta dos animais começou por procurar ter direito ao acesso a coisas mais básicas, como a comida ou o calor, em A Noite dos Justos, os animais começam a reclamar o direito à democracia e à eleição daquele que os governa. Não falo mais da história para não vos tirar o prazer da leitura, mas posso assegurar-vos que tudo está meticulosamente bem pensado e bem feito.

E tudo aparece carregado de um forme humanismo que faz o leitor criar um elo emocional com as personagens e com todos os obstáculos que as mesmas têm que ultrapassar.

Sinceramente, olhando agora para o terceiro tomo, aquilo que me parece mais brilhante em O Castelo dos Animais é a tentativa, bem sucedida e graciosamente bem arquitetada, dos autores em nos proporcionarem uma breve síntese da introdução à génese de vários sistemas políticos. À primeira vista até pode parecer que estamos a ler uma simples “historiazita com animais simpáticos”… mas a verdade é que estamos a ler uma muito bem pensada e extremamente madura, história política. Quase como se fosse “totalitarismo, socialismo e luta de classes para dummies”. 

O Castelo dos Animais #3 - A Noite dos Justos, de Delep e Dorison - Arte de Autor
Mas tudo isto é feito de forma natural, sem que a história pareça cinicamente política ou paternalista ou que se procure, sequer, fazer do livro um instrumento para veicular correntes de pensamento de forma maniqueísta. E que grande feito isto é! Já li muitas belas histórias de Dorison, mas esta parece-me ser aquela que vai mais fundo, que consegue ser mais do que um mero argumento com boas ideias. É, sem dúvida, a história mais humana que o autor já fez. E quão curiosa esta afirmação é, se tivermos em conta que nem sequer aparecem humanos nesta história.

E já para não falar das ilustrações de Delep que, por incrível que possa parecer, me parecem estar a melhorar, em termos qualitativos, de volume para volume. Desde o início, que os belos desenhos de O Castelo dos Animais me conquistaram, sim. Mas sinto que o autor não parou de evoluir desde então. E a maneira como ilustra a expressividade das feições dos animais, tornando-os tão humanos, por um lado, mas, ainda assim, preservando, por outro lado, as suas características naturais de animais; ou a forma como ilustra momentos tensos, momentos tristes ou momentos de redenção; ou mesmo o modo como desenha as diferentes estações do ano – sejam elas o branco manto de neve, as tristes chuvas outonais ou os verdejantes cenários primaveris, tudo é feito com uma singular mestria. Um verdadeiro gáudio para os olhos, garanto-vos!

A própria maneira como o autor utiliza a planificação das páginas, com uma diversidade impressionante, que junta ilustrações de grande dimensão, a outras mais pequenas, e alterando entre planos de todo o tipo, fazem com que fiquemos rendidos ao modo como Delep se mostra um magnífico narrador visual. A título de exemplo, a página 19, que mostra a passagem das estações por uma árvore; ou as flores que, nas páginas, 36 e 37, circundam as pranchas, são, aos meus olhos, verdadeiras obras de arte. Algo não tão comum assim em banda desenhada. E é também por isso que digo que este terceiro volume é o melhor de todos. Os primeiros foram muito bons. Este é ainda melhor!

O Castelo dos Animais #3 - A Noite dos Justos, de Delep e Dorison - Arte de Autor
Com efeito, se há autores que estão bem alinhados, em termos de inspiração, esses autores são Delep e Dorison. Cada um, na sua vertente, parece estar demasiado mergulhado e focado em nos dar uma banda desenhada que, se não for perfeita, não anda nada longe disso.

A edição da Arte de Autor, que acompanhou o lançamento mundial da obra, mantém-se em linha com o que já havia sido feito nos tomos anteriores. O livro é provido de uma bela capa dura, com textura aveludada, tão agradável ao toque, e vários detalhes a verniz, como o título da obra e as folhas verdes que adornam a capa, cuja ilustração é qualquer coisa de maravilhoso. O papel é brilhante, de boa qualidade e o trabalho de encadernação e de impressão também não apresenta defeitos.

Nota ainda, positiva, para a breve síntese dos primeiros dois tomos que foi colocada no início do livro. Tendo em conta o espaçamento temporal que existiu entre o lançamento do volume 2 e este livro, parece-me uma excelente ideia para captar, novamente, a atenção dos leitores.

Em suma, estou rendido a esta série! O terceiro volume de O Castelo dos Animais melhorou o que era possível melhorar e aproximou a série da perfeição. A mesma está pensada para 4 volumes, o que deixa apenas a dúvida se Xavier Dorison saberá fechar, com chave de ouro, esta brilhante e obrigatória série de banda desenhada. Estou muito curioso para como a série irá acabar e apenas tenho pena que tenhamos que esperar um ou dois anos – digo eu! - por esse desfecho.


NOTA FINAL (1/10):
9.9



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


-/-

O Castelo dos Animais #3 - A Noite dos Justos, de Delep e Dorison - Arte de Autor

Ficha técnica
O Castelo dos Animais #3 - A Noite dos Justos
Autores: Delep e Dorison
Editora: Arte de Autor
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Novembro de 2022

Já está à venda a BD sobre o SL Benfica!


Este é mais outro dos livros d'A Seita e da Comic Heart que foi lançado ainda durante o Amadora BD. Por agora, já podia ser encontrado em todas as livrarias do país e chega hoje às bancas.

Falo de Uma Chama Imensa, de Ricardo Venâncio (autor de Hanuram: A Fúria), que nos conta a história de um jovem que sonha vir a ser jogador na equipa principal do Benfica.

Sendo, à partida, um livro direcionado aos adeptos do clube da Luz, já li a obra e posso dizer-vos que é direcionada para todos os adeptos de futebol. Não apenas os do Benfica. Talvez por isso, o livro até tenha sido originalmente lançado em França, pela Dupuis, numa coleção dedicada a grandes clubes de futebol, como o Barcelona ou o Arsenal, por exemplo.

Em relação à edição original francesa, a edição portuguesa inclui mais 8 páginas de esboços e estudos, bem como uma entrevista com o autor.

Abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Uma Chama Imensa, de Ricardo Venâncio

Aos 17 anos, Yuri é considerado um médio defensivo muito promissor, e não está longe de assinar o seu primeiro contrato profissional com o Benfica.

Infelizmente, uma grave lesão afasta-o dos relvados durante vários meses. Enquanto isso, a sua mãe fica desempregada, a namorada deixa-o, e o clube contrata um novo jogador para o seu lugar... tudo parece perdido.
No entanto, uma pequena fagulha vai reacender a chama. Uma chama imensa.

“Uma Chama Imensa” é uma história sobre futebol, mas não só. É uma história sobre sonhos, mas não só. É uma história sobre pais e filhos, sobre legados, mas não só. É sobre a vida. Mas não só.

O cruzamento entre futebol e banda desenhada tem aqui um dos seus maiores lançamentos, um livro para fãs do Benfica e para fãs de futebol no geral, mas sobretudo para fãs de boa banda desenhada de autores portugueses.

Ricardo Venâncio é um dos nomes importantes da BD nacional, e conta já com um título no catálogo d’A Seita, Hanuram: A Fúria, num registo totalmente diferente, o da fantasia heróica. 
Uma Chama Imensa revela-nos um Ricardo Venâncio completamente à vontade na construção de uma história passada no ambiente do Portugal contemporâneo e do meio futebolístico, mas girando à volta de um conjunto de personagens imediatamente reconhecíveis para os leitores, e com uma linha narrativa focada na vida do dia-a-dia e nos acontecimentos da vida de um jovem jogador de futebol.

Originalmente desenvolvido para a editora franco-belga Dupuis, para a sua prestigiosa colecção Sport, dedicada aos grandes clubes europeus, como o Barcelona, o Arsenal e, naturalmente, o Benfica, este livro permitiu ao autor explorar um estilo de arte mais realista, mais distante de muita da sua produção anterior, assinando aqui um álbum notavelmente bem desenhado e planificado. E, para aqueles que não conseguem impedir-se de fazer já a pergunta (que todos esperavam), eis o que o Ricardo responde quando lhe perguntam se é fã do Benfica, o clube à roda do qual gira a história do livro:

“Eu sou adepto de dois clubes, Sporting e Belenenses, os dois por razões familiares. Dito isto, a minha “cor” foi completamente irrelevante no processo de criação do livro. Eu sou, antes de mais, um adepto de futebol, que consegue ser imparcial quando é preciso, e como profissional, o meu trabalho era criar uma história que reflectisse o espírito do clube. (...) O futebol sempre fez parte da minha vida. O meu avô jogou futebol amador no Alentejo, o meu pai e o meu irmão mais novo jogaram nas camadas jovens dos Belenenses. Eu podia também ter jogado na adolescência, mas, na altura, ligava a outras coisas e decidi ser artista, e talvez se tenha perdido aí um bom extremo-direito... Grande parte da inspiração para a história veio da experiência do meu irmão, ele sim benfiquista ferrenho, enquanto jogador jovem.”

Este livro é um produto oficial do SL Benfica, e inclui uma extensa entrevista com o autor ilustrada com inúmeros esboços e estudos preliminares, inéditos na versão original.

-/-

Ficha técnica
Uma Chama Imensa
Autor: Ricardo Venâncio
Editoras: A Seita e Comic Heart
Páginas: 72, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 20 x 26 cm
PVP: 17,00€

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Análise: Crónicas do Tempo e do Espaço – Uluru

Crónicas do Tempo e do Espaço – Uluru, de Marco Fraga da Silva, Matthieu Pereira e Sofia Pereira

Crónicas do Tempo e do Espaço – Uluru, de Marco Fraga da Silva, Matthieu Pereira e Sofia Pereira
Crónicas do Tempo e do Espaço – Uluru, de Marco Fraga da Silva, Matthieu Pereira e Sofia Pereira

Crónicas do Tempo e do Espaço – Uluru é uma banda desenhada, de origem nacional, que chegou a álbum físico – numa audaz edição, diga-se – através de uma campanha de crowdfunding bem sucedida. O autor responsável deste grande livro, com 176 páginas, é Marco Fraga da Silva. Faz-se acompanhar pelos autores Matthieu Pereira, nos desenhos, e por Sofia Pereira, nas cores.

Este livro resultou da tese de doutoramento de Marco Fraga da Silva, que acabou por proporcionar que a obra Uluru chegasse primeiramente aos canais digitais, surgindo como webcomic em quatro línguas: (inglês, francês, mandarim e português). Mas, claro, é com a edição em papel que esta obra chegará, estou certo, a um mais alargado conjunto de leitores. Incluindo a minha pessoa.

Crónicas do Tempo e do Espaço – Uluru, de Marco Fraga da Silva, Matthieu Pereira e Sofia Pereira
A história deste primeiro livro de uma trilogia, coloca-nos num universo futurista de ficção científica, que nos convida a conhecer a jornada do jovem Uluru, que deve o seu nome ao monólito da Austrália com o mesmo nome.A jornada do protagonista vai desenrolando-se, pois, pela floresta do território australiano, enquanto, ao mesmo tempo, nos apresenta o passado da personagem. Nomeadamente, a sua convivência com as suas duas irmãs. O que há de especial nesta história de aventura, carregada de elementos de ficção científica, é que as três crianças têm dois pais artificiais: o robot Talus e uma entidade cibernética.

É um tema que acho muito interessante – esta em que a convivência do homem com a máquina molda a vida do primeiro de forma tão marcante – e que, de certo modo, também marcou presença numa das minhas recentes leituras, que foi Senciente, de Jeff Lemire e Gabriel H. Walta. Embora, claro está, cada autor aborde o tema da sua própria forma.

Eventualmente, Uluru acaba a receber um braço e uma perna cibernéticas que lhe conferem habilidades adicionais que o ajudarão na sua caminhada que surge, pois, como uma viagem iniciática para o protagonista que, viajando pelos confins florestais da Austrália, num mundo que parece carecer de vida humana, à exceção do próprio Uluru, tentará alcançar autoconhecimento. 

Pelo caminho, vai encontrando alguns animais, que assumem dimensões muito grandes, o que aumenta o perigo de confrontos físicos que, ainda por cima, se tornam inevitáveis. Nesta versão futurista do planeta Terra, são os animais e as máquinas(?) que parecem estar a tomar o controlo do planeta e Uluru terá que defrontar inúmeros animais maiores do que ele para poder manter-se vivo.

Crónicas do Tempo e do Espaço – Uluru, de Marco Fraga da Silva, Matthieu Pereira e Sofia Pereira
Em paralelo à viagem, o autor permite-nos vários vislumbres, através de flashbacks, à infância de Uluru, juntamente com as suas duas irmãs. Algo que, quanto a mim, funciona muito bem e permite duas coisas: por um lado, permite-nos aprofundar a personagem principal, bem como o seu background e motivações que agora sustenta; por outro lado, estes flashbacks também funcionam enquanto forma de tornar a leitura mais aprazível e mais diversificada, contribuindo para uma narrativa bem esgrimida pelo autor.

Nota ainda para a presença de um canguru, Pernas, que acompanha Uluru na sua jornada e que serve mais como ferramenta narrativa, para que Uluru possa falar para ele. Mesmo sem receber resposta por parte do canguru, isso permite ao leitor saber o que vai na cabeça do protagonista. Temos, portanto, mais um bom recurso narrativo por parte de Marco Fraga da Silva.

Crónicas do Tempo e do Espaço – Uluru, de Marco Fraga da Silva, Matthieu Pereira e Sofia Pereira
Relativamente à história, posso dizer que a achei bem arquitetada pelo autor e que apenas não fiquei muito convencido quando a mesma, lá mais para o meio, assume um cariz mais de fantasia isotérica. Mas, como a história não acaba aqui, devo dizer que teremos que esperar para ver, para saber como o autor irá solucionar a história. Por agora, estou bastante bem impressionado.

Relativamente aos desenhos, o trabalho do ilustrador de origem francesa, Matthieu Pereira, dá-nos muitos e belos desenhos. Sendo dono de um traço moderno e bastante eficiente, o autor mostra-se bastante inspirado, especialmente no início da história, e vai-nos criando um belo ambiente gráfico para que a história imaginada por Marco Fraga da Silva possa florescer convenientemente.

Por vezes, os desenhos apresentam algumas insuficiências ao nível da ação, dando-nos sensações de movimento algo estáticas, mas tenho que destacar algumas ilustrações de maior dimensão, onde o trabalho do autor se nos apresenta como bastante impressionante.

Infelizmente, Matthieu Pereira não é constante na sua qualidade e, à medida que o livro se aproxima do fim, começam a aparecer alguns desenhos que carecem de detalhe e de aprimoramento, quando comparados com as primeiras páginas do livro. Talvez a justificação para isto seja uma certa falta de tempo que, possivelmente, o autor teve e que o levou a apressar as suas ilustrações. Não é nada que estrague a leitura ou que revele incapacidades do autor. Pelo contrário, revela que o mesmo seria capaz de fazer melhor.

Crónicas do Tempo e do Espaço – Uluru, de Marco Fraga da Silva, Matthieu Pereira e Sofia Pereira
Quanto à edição, e tendo em conta que estamos perante uma edição de autor, acho que o livro está muito bem conseguido. Com capa mole, com badanas, o livro apresenta um belo papel brilhante com uma generosa espessura. Tão generosa que talvez nem fosse preciso, digo eu, um papel tão bom. É que um papel pesado numa lombada em capa mole, até a deixa mais facilmente vulnerável, o que acaba por acontecer nesta edição. Mesmo assim, é positivo verificar que, mesmo em edições de autor, é possível fazer um trabalho de edição bastante bem conseguido. O livro inclui ainda, no seu final, uma galeria com 12 ilustrações elaboradas por vários autores. Um acrescento que dignifica, ainda mais, esta edição.

Em suma, Crónicas do Tempo e do Espaço – Uluru traz-nos uma bela e relevante trama, onde Marco Fraga da Silva convence enquanto argumentista e onde Matthieu Pereira revela ter potencial para a ilustração em banda desenhada. Não é um livro isento de alguns erros ou imperfeições, mas é uma obra que, em termos da banda desenhada nacional, se assume como uma das revelações do ano.


NOTA FINAL (1/10):
7.0


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


-/-

Crónicas do Tempo e do Espaço – Uluru, de Marco Fraga da Silva, Matthieu Pereira e Sofia Pereira

Ficha técnica
Crónicas do Tempo e do Espaço – Uluru
Autores: Marco Fraga da Silva, Matthieu Pereira e Sofia Pereira
Editora: Independente
Páginas: 176, a cores
Encadernação: Capa mole
Lançamento: Agosto de 2022
Contacto para compra: marcoffs@sapo.pt

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Macho-Alfa #2 é lançado amanhã na Kingpin Books!


O segundo volume da série de quatro volumes Macho-Alfa, de Filipe Duarte Pina e Osvaldo Medina, prepara-se para ser lançado amanhã, a partir das 16h, na livraria Kingpin Books, em Lisboa.

Este livro até estava pensado para ser lançado durante o Amadora BD mas, por motivos relacionados com problemas na gráfica que imprimiu o livro, esse mesmo lançamento teve que ser adiado.

Mas não o foi por muito tempo visto que, amanhã, já todos poderão comprar o livro e, como extra, receber um print exclusivo assinado pelos autores.

Abaixo, deixo-vos com a sinopse desta obra das editoras A Seita e Comic Heart.


Macho-Alfa #2, Filipe Duarte Pina e Osvaldo Medina

David é o super-herói Macho-Alfa, a única pessoa com superpoderes em todo o mundo, mas... é desempregado, não tem amigos, e foi renegado por uma sociedade que sempre se aproveitou dos seus poderes para travar as suas guerras e tratar dos seus problemas mais complicados. David caiu numa espiral de depressão... será que alguma vez será aceite pela sociedade? Haverá lugar no mundo para um super-herói reformado? E a terapia, será uma solução para os seus super-problemas? E... pior que tudo... os super-heróis têm MESMO de pagar segurança social??

O segundo volume de Macho-Alfa apresenta-nos novos protagonistas, mais eventos estranhos, novas situações bizarras... e o mesmo super-herói na m***a de sempre!

Nova editora portuguesa aposta em Camões Ilustrado!



Não, não se trata, para já, de uma editora apostada em lançar livros de banda desenhada.

No entanto, a nova editora, Vírgula d’Interrogação, traz-nos um conceito interessante que é o da "poesia gráfica", onde se tenta criar um paralelismo entre a novela gráfica e o texto poético, através de imagens.

Dessa tentativa, surge este primeiro livro com poemas de Luís de Camões, que são ilustrados por vários autores nacionais, nomeadamente, Alexandre Esgaio, Ana Ramos, Bruno Vieira, Cátia Oliveira, Filipe Goulão, Isa Silva, Isabel Alegria, Olga Neves, Rosário Félix e Vicente Sardinha.

Partilho convosco algumas imagens desta bela edição e a sinopse da obra, mais abaixo.

Camões, ilustrado por vários autores

Nenhuma arte escrita nos invade a alma como a poesia. Palavras de tal forma imbuídas do sentir que nos é impossível escudar contra a forma como esse sentimento, escrito por outro, reverbera em cada um de nós. Uma reverberação rica e variada que é difícil de demonstrar. E para este fim não há como a imagem, fluída, viva e colorida.

É desta associação de ideias que nasce a coleção de Poesia Gráfica em que aliamos ao poema a representação gráfica com a qual o ilustrador o interpreta, e a riqueza dos trabalhos obtidos resulta numa experiência multissensorial com que esperamos estimular o leitor.

Arrancamos com o poeta clássico português por excelência, Luís Vaz de Camões. Um autor lido e interpretado por vozes incontáveis que dir-se-ia que tudo foi já extraído da sua obra.

O volume que vos apresentamos prova o contrário. Camões é hoje tão intenso como sempre foi. Lido e visualmente interpretado, para vosso deleite.


-/-

Ficha técnica
Camões
Autor: Luís de Camões
Editora: Vírgula d'Interrogação
Páginas: 96, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 292 x 208 mm
PVP: 29,68€






As Edições FA lançam novo livro!



No final deste mês de Novembro, as Edições FA preparam-se para um novo lançamento.

Trata-se de A Nova Hélade, dos autores brasileiros Cadu Simões e Juliano Oliveira. Relembro que a chancela editorial de Flávio Almeida já havia publicado O Homem-Grilo que é do mesmo autor.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


A Nova Hélade, de Cadu Simões e Juliano Oliveira
Bem-vindo a um mundo de deuses e titãs, de heróis e monstros, onde os mitos são verdadeiros e as lendas estão vivas. Um mundo no qual a magia e a tecnologia convivem lado a lado. Tão diferente do nosso mas ao mesmo tempo tão igual, este é o mundo de “A Nova Hélade”.

A proposta de “A Nova Hélade” é revisitar os mitos gregos, ambientando-os em um cenário futurista com influências ciberpunk. Deste modo, veremos personagens da literatura grega clássica, como Hércules, Teseu, Orfeu, Dédalo, entre tantos outros, com novas roupagens e visuais, mas respeitando o máximo possível os «ethos» originais.

Disponível em várias lojas e plataformas online em e-book e livro.


-/-
Ficha Técnica
A Nova Hélade
Autores: Cadu Simões e Juliano Oliveira
Editora: Edições FA
Páginas: 78, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
Formato: 15,2 x 22,8 cm
PVP Edição Física: 19,90€
PVP Edição Digital: 9,99€

Thorgal está de volta!



Já se encontra em livraria o novo livro da série Thorgal, da autoria de Yann e Vignaux, intitulado A Selkie!

É para mim uma bela notícia, visto que esta nova incursão na série por esta dupla de autores, me deixou bastante convencido, depois de ter lido o álbum anterior - e que A Seita também editou por cá - O Eremita de Skellingar.

Destaque para o facto da edição portuguesa incluir um caderno de extras que não aparece na edição normal francesa. Parece-me, também, que o preço de 16,00€ está bastante simpático para um livro deste género. O que é louvável.

Mais abaixo, deixo-vos com algumas imagens promocionais e com a sinopse da obra.
Thorgal: A Selkie, de Yann e Fred Vignaux

Atingida por uma tempestade em mar alto, uma expedição viking encontra um bebé numa embarcação misteriosa, a quem vão chamar Thorgal. Colocado constantemente à prova pelos Deuses, Thorgal torna-se num guerreiro temível que nunca abdicará de clarificar o mistério da sua existência, de lutar pela liberdade e pela justiça, e de tentar viver uma existência pacífica junto dos seus. No segundo volume da nova fase das aventuras de um dos mais emblemáticos heróis da banda desenhada franco-belga, Thorgal é confrontado ao mesmo tempo com o rapto da sua filha, Loba, levada para uma ilha selvagem do arquipélago de Faroé, e com a maldição ancestral de Kopakanan, a Selkie, a criatura mítica que controla sob o seu maléfico domínio toda a população dessa ilha perdida, onde, entre o vento lancinante e agreste, e as ondas de um mar revolto, perpassa uma constante mensagem de morte....

O argumento de Yann é de novo uma bela homenagem à época que trouxe o sucesso à série, continuando a explorar a mitologia nórdica, enquanto o desenho de Fred Vignaux se impõe definitivamente, provando ser o herdeiro natural de Grzegorz Rosinski, co-criador da série, ao apresentar pranchas dinâmicas que captam a atenção do leitor, continuando a demonstrar que com esta nova dupla de autores a série está em muito boas mãos!

A edição portuguesa d’A Seita inclui um caderno de extras de final inédito na versão normal francesa.



-/-

Ficha técnica
Thorgal: A Selkie
Autores: Yann e Fred Vignaux
Editora: A Seita
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 215 x 285 mm
PVP: 16,00€

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Análise: Aurora Boreal em Reflexos Partilhados

Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, de vários autores - Kafre e Arga Warga

Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, de vários autores - Kafre e Arga Warga
Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, de vários autores

NOTA INTRODUTÓRIA: Nem de propósito. Quando ontem comecei as escrever as palavras que vos apresento abaixo pensei: “que fantástico que o Mestre José Ruy ainda esteja no ativo com 92 anos e que tenha participado neste Aurora Boreal em Reflexos Partilhados”. Mal sabia eu que, passadas umas horas, quando me preparasse para publicar esta análise, tivesse conhecimento do falecimento de José Ruy. A contribuição de José Ruy para esta antologia data de 2012, mas quer-me parecer que, em termos de publicação em livro, talvez seja este Aurora Boreal em Reflexos Partilhados o último livro a sair durante a vida de José Ruy. O que é assinalável.

-/-

Por alturas do último Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, em Maio, foi lançada a antologia Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, que conta com a participação de vários autores portugueses como José de Matos-Cruz, José Ruy, Daniel Maia, Fernando Vilhena de Mendonça, João Raz, José Bandeira, Nuno Dias, Renato Abreu e Susana Resende.

Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, de vários autores - Kafre e Arga Warga
Devo admitir que o alcance das histórias deste livro me surpreendeu. E quando digo que me surpreendeu não tem de ser, forçosamente, uma coisa positiva nem negativa. Surpreendeu-me pois não conhecia todo o envolvimento em torno da personagem de Aurora Boreal. E talvez por esse motivo, fiquei quase atordoado com toda a viagem onírica que esta personagem transporta consigo e que está bem patente nas várias histórias que constituem esta antologia.

Dito por outras palavras, se esperam encontrar uma leitura simples e leve, como é, muitas vezes, apanágio das antologias de banda desenhada, Aurora Boreal em Reflexos Partilhados não será para vós. Por outro lado, se apreciam poesia, questões do metafísico e banda desenhada… é bem provável que devam conhecer esta antologia.

A personagem que dá mote a estas histórias foi criada em 2012 por José de Matos-Cruz e apareceu na sua trilogia de livros dedicados a O Infante Portugal. É uma figura feminina e sensual, carregada de elementos cósmicos, que a fazem parecer uma deusa do imaginário. 

Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, de vários autores - Kafre e Arga Warga
Não diria que exista nestas histórias uma linha narrativa que nos conte uma história concreta à volta da personagem. Ao invés, vão-nos sendo dado abordagens diferentes que colocam Aurora Boreal em variadas situações. Mas há sempre um toque de fantástico, de exótico e de transcendente nestas histórias.

Em muitos casos – não há como não – o leitor acaba por se perder na própria premissa, já que a mesma é demasiado lata e abstrata. No entanto, por vezes também sabe bem deixarmo-nos levar por narrativas mais psicadélicas. É o caso.

O estilo de ilustração que aqui podemos encontrar é expetavelmente muito variado, dada a quantidade de autores que participam na antologia. 

Destacam-se o belo estilo de sketch a carvão de Susana Resende, o estilo realista de Daniel Maia, o estilo mais clássico de José Ruy, ou a abordagem mais estilizada e abstrata de Renato Abreu.

Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, de vários autores - Kafre e Arga Warga

Como história, propriamente dita, fiquei agradavelmente surpreendido com Aurora Boreal e o Reverso do Universo, com desenho de José Macedo Bandeira, que nos dá um belo conto ambientado na temática de Fernando Pessoa.

Já quanto aos desenhos, enquanto confesso fã das ilustrações de Daniel Maia, posso dizer que as mesmas não desiludem e que revelam como o autor é virtuoso na execução de belos desenhos. Além disso, também tem a capacidade para ilustrar vários tipos de ambientes e histórias diferentes, o que revela que é um autor com um potencial enorme, ainda por explorar.

Em termos de edição, tendo em conta que é independente, parece-me que o trabalho é bastante decente. Este livro a preto e branco tem capa mole e um papel brilhante que me parece adequado. Acho apenas que deveria ter sido feita uma maior divisão entre histórias, uma vez que, por vezes, ainda estamos mergulhados numa história e já o conto seguinte começou. Julgo que mesmo que não fosse dada uma página branca entre histórias, ao menos poderia ter sido feita uma divisão gráfica mais inequívoca.

Em suma, Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, pelo universo alegórico-fantástico que traz consigo, é uma antologia bastante original na sua génese. Nem sempre de fácil de leitura, relembro, mas audaz nos intuitos de significados profundos que procura atingir.


NOTA FINAL (1/10):
5.5


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


-/-

Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, de vários autores - Kafre e Arga Warga

Ficha técnica
Aurora Boreal em Reflexos Partilhados
Autores: José de Matos-Cruz, José Ruy, Daniel Maia, Fernando Vilhena de Mendonça, João Raz, José Bandeira, Nuno Dias, Renato Abreu e Susana Resende
Edição: Kafre e Arga Warga
Páginas: 52, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
Lançamento: Maio de 2022

Dia Triste para a BD Nacional: Faleceu José Ruy


Acabo de tomar nota que o Mestre José Ruy nos deixou no dia de ontem.

Este é um dia muito triste para a banda desenhada nacional. Não só pela relevância da obra do autor, com tantos anos dedicados à 9ª arte, mas também porque se perde um homem que emanava simpatia, educação, classe e amabilidade.

O autor tinha 92 anos e encontrava-se completamente ativo, a trabalhar em novos álbuns de banda desenhada. Que louvável e bonito isso é!

Quando, há menos de um ano, me recebeu em sua casa, a propósito do seu PRÉMIO CARREIA dos VINHETAS D'OURO, que dizia não merecer, estivemos horas e horas à conversa. Mas não era uma daquelas conversas de circunstância, para "encher chouriços"... era uma conversa fluída, honesta e "sem tretas". Ensinou-me mais naquelas três horas do que ele podia imaginar.

Vê-lo a trabalhar, em formato digital, com mais de 90 anos, foi também uma verdadeira bênção.

Em jeito de homenagem, convido-vos a visualizarem, a partir do minuto 46:00, a atribuição do prémio carreira dos VINHETAS D'OURO 2021 ao Mestre José Ruy. Que, se não estou em erro, foi o último prémio que o autor recebeu.

A cerimónia de cremação realiza-se amanhã e o corpo será velado hoje, a partir das 16H00, na igreja da Amadora.

Sentidas condolências à esposa e restante família.





quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Vinheta 2020 lança loja outlet de banda desenhada!



Bem, se vieste aqui a achar que o Vinheta 2020 iria lançar uma loja de banda desenhada, física ou online, com as últimas novidades editoriais do mercado, deixa-me revelar-te, desde já, aquilo que tenho em mente, para que não fiques desiludido(a).

Não será meu objetivo montar um negócio à volta do Vinheta 2020. Nem seria, tão pouco, ético fazê-lo. Por isso mesmo, os leitores deste espaço não verão aqui livros à venda que me são oferecidos pelas editoras. Esses mantêm-se na minha coleção.

Mesmo assim, também eu sou um comprador e um colecionador. E sou daquelas pessoas que, ao contrário de muitos, bem sei, não gosta de ter livros repetidos na sua coleção. Pura e simplesmente porque cada pequeno espaço nas minhas prateleiras tem que merecer ser ocupado. Assim, se a minha estante recebe a versão portuguesa de uma obra que eu já possuía noutra língua; ou uma nova edição de uma obra que me agrada mais do que a anterior, um dos livros terá que sair. Não tenho espaço para ter duplicados.

É por isso que chamo a esta iniciativa LOJA OUTLET, pois o seu objetivo é servir de escape para os livros que estão a mais, ou duplicados, na minha coleção.

Como tal, a partir de hoje, venderei alguns livros que tenho repetidos, que tenho noutras línguas ou que, simplesmente, comprei e acho que, depois de lidos, devem rumar a outra estante.

Não tenho uma visão mercantilista da coisa, nem estou à espera de lucrar com esta LOJA OUTLET. Até porque, venderei os livros sempre a um preço inferior ao do mercado. Se, por acaso, detetarem que algum destes livros está sobrevalorizado por mim - face ao preço comprovadamente praticado no mercado - por favor, informem-me disso e tentarei corrigir o preço.

À medida que os livros forem sendo vendidos, retirarei esses títulos e imagens da página dedicada à LOJA OUTLET. De vez em quando, quando tiver uma nova remessa de livros para venda, publicarei um novo artigo para que toda a gente fique a saber que há livros novos para venda.

Estão curiosos com os livros que tenho para venda nesta primeira remessa? Acedam aqui e fiquem a conhecer que títulos são esses. Também podem aceder à LOJA OUTLET através do novo botão lá em cima, na barra de menu, junto ao cabeçalho do blog

Aproveitem e façam bons negócios.