sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Sendai Editora lança livro em parceria com a Chili com Carne!



De tempos a tempos, vamos assistindo por cá a co-edições de banda desenhada e, desta feita, é a vez da Sendai Editora unir esforços com a Chili com Carne para o lançamento conjunto de um mangá.

A obra em questão é Tóquio Zombie, do autor Yusaku Hanakuma.

Ainda não é conhecida uma data de lançamento em loja mas o livro já pode ser adquirido nos sites, quer da Sendai Editora, quer da Chili com Carne.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Tóquio Zombie, de Yusaku Hanakuma
A Sendai Editora e a Associação Chili com Carne têm o prazer de divulgar o seu novo lançamento: “Tóquio Zombie”, de Yusaku Hanakuma, a ser lançado brevemente.

Publicar um livro de zombies depois da primeira década deste milénio pode parecer um ato anacrónico, mas eis que "Tóquio Zombie", de Yusaku Hanakuma, é muito mais do que uma cómica história de terror, pois vive da grande tradição das narrativas de zombies em que se critica o status quo.

Tudo começa nos aterros do Fuji Negro, onde lixo e cadáveres são enterrados sem qualquer pudor, e que acaba por dar origem a uma praga zombie que mudará o mundo.

E é lá que encontramos os nossos heróis Fujio e Mitsuo, operários fabris praticantes de jiu-jitsu. Mas será que esta arte marcial que dá-lhes vantagem de sobrevivência na maldição zombie, também os ajudará a resistir a uma nova sociedade distópica entre muralhas?

Entre burgueses, porcos e escravos, eles devem lutar para sobreviver numa Tóquio Zombie!

Esta obra foi produzida entre 1998 e 1999 para a revista AX, insere-se no estilo "heta-uma" (mau, mas bom) e apesar do seu grafismo destabilizador, teve uma adaptação para cinema em 2005, pelo realizador Sakichi Sato, com participações dos atores Tadanobu Asano (Ichi, o Assassino) e Show Aikawa (Dead or Alive).

Exclusivo da edição nacional, um posfácio a contextualizar o heta-uma pela artista e pesquisadora portuguesa Hetamoé.

Da presente edição foram feitos 200 exemplares com uma capa e sobrecapa diferentes, inseridos na coleção RUBI da Associação Chili Com Carne.

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Ficha técnica
Tóquio Zombie
Autor: Yusaku Hanakuma
Editoras: Sendai Editora e Associação Chili com Carne
Páginas: 160, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
PVP: 15,00€


Iguana lança novo livro de Marjane Satrapi, autora de Persépolis!



E é um livro que, para além de Satrapi, conta com o contributo de Paco Roca, Lewis Trondheim, Joann Sfar, e mais 14 talentos da banda desenhada mundial!

A Iguana está finalmente a entrar em força no lançamento de banda desenhada com selo de qualidade!

Não tenho dúvidas de que este será um dos livros de banda desenhada mais comentados do ano. E, se ontem elogiei a Levoir por lançar em Setembro dois livros sobre a situação que se vive no Irão, acho que a Iguana também está de parabéns por esta aposta, que se reveste de uma grande relevância para mostrar ao mundo ocidental - e, em particular, aos leitores portugueses - a atualidade político-social do Irão

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa da editora e com algumas imagens promocionais.

Mulher Vida Liberdade, de Marjane Satrapi e vários autores

Os desenhos da revolta iraniana: Marjane Satrapi juntou grandes nomes da BD no livro "Mulher Vida Liberdade"

Autora de Persepolis dá corpo aos heróis desconhecidos que fazem a história da revolta iraniana. Com base nos textos de três especialistas (um historiador, um politólogo e um jornalista), e através dos desenhos de 17 dos maiores talentos da banda desenhada, como Paco Roca ou Lewis Trondheim, este é um livro que dá a conhecer o movimento que reacendeu o debate sobre os direitos humanos.

«Um livro-ovni, um livro-evento, escrito com urgência e paixão, raiva e fraternidade» LE MONDE

Para marcar o aniversário da morte da iranaiana Mahsa Amini e o começo do movimento MULHER VIDA LIBERDADE, um livro com a visão de dezassete ilustradores reconhecidos mundialmente e três especialistas sobre o Irão, sob a coordenação de Marjane Satrapi.

Em 16 de Setembro de 2022, Mahsa Amini, uma jovem estudante iraniana, foi detida e espancada até à morte pela polícia religiosa em Teerão. O seu único crime foi não usar o lenço imposto às mulheres pela República Islâmica. O destino desta mulher de 22 anos desencadeou uma onda de protestos sem precedentes que rapidamente se espalhou por todo o país.

Por ocasião do primeiro aniversário do movimento, Marjane Satrapi reuniu alguns peritos e cartoonistas. Juntos, querem mostrar o que não pôde ser fotografado ou filmado devido à censura.

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Ficha técnica
Mulher Vida Liberdade
Autores: Marjane Satrapi e vários autores
Editora: Iguana (Penguin Random House)
Páginas: 288, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 27,75€






Arranca hoje o Fórum Fantástico 2023!


Decorre entre hoje e o próximo domingo, a edição de 2023 do Fórum Fantástico!

O evento acontece na Biblioteca Orlando Ribeiro, em Telheiras, Lisboa, e constitui uma excelente oportunidade para todos os amantes do género "fantástico" se encontrarem. Como é óbvio, a banda desenhada costuma estar bem representada.

Este ano, no cômputo da BD, destaca-se a comemoração dos 10 anos da Escorpião Azul, o lançamento de O Corvo VI - O Silêncio dos Indecentes, de Luís Louro, e Há Quem Queira que a Luz se Apague, de Mário Freitas e Derradé. 

Neste evento que é constituído por palestras, debates, lançamentos, sessões de autógrafos e outros eventos paralelos, a entrada é livre.

Não deixem de visitar!

Mais abaixo, deixo-vos com o Programa do evento!

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

A BD como instrumento de consciencialização social?




Hoje trago-vos um breve artigo em que, ao invés de vos dar mais uma análise a uma das várias bandas desenhadas editadas em Portugal, procuro fazer um elogio à pertinência sócio-política que uma obra de BD e, consequentemente, uma editora que a publica, pode ter junto da sociedade.

Portanto, em vez de vos dizer se considero as obras de que falarei boas ou más, focar-me-ei na relevância que as mesmas têm para elucidar, para consciencializar e para educar o público-alvo a que se destinam.

Isto tudo porque hoje chega às bancas Uma Metamorfose Iraniana, de Mana Neyestani, tal como já aqui dei nota. E, não esqueçamos, foi lançado o livro Assombrada, de Shaghayegh Moazzami. Ambas as obras fazem parte da mais recente coleção de Novelas Gráficas que a Levoir tem vindo a publicar com o jornal Público.

Porque falo nisto? Bem, porque estes dois livros têm em comum o facto de os seus autores procurarem demonstrar - e, com isso, denunciar - ao mundo ocidental o que é a realidade iraniana em pleno século XXI. Onde os direitos básicos como o acesso à informação, à criação de opinião própria ou ao livre arbítrio da população, são meras miragens. Além disso, as mulheres iranianas são especialmente afetadas por este conjunto de regras político-religiosas que lhes vedam os mais básicos direitos humanos. Qualquer ato que não obedeça às ridículas e infundamentadas regras do Regime, é fortemente reprimido, anulado e castigado. Esses castigos podem ser chicotadas ou outros modos de tortura que levam, muitas vezes, à morte de quem lhes é visado. Mais grave do que isso - e o livro de Shaghayegh Moazzami bem o mostra - a lavagem cerebral feita pelo Governo do Irão é tanta que grande parte da população - a mais pobre, a menos instruída - parece resignar-se, aceitar e defender(!) os disparates que o Governo Iraniano decreta. É triste verificar que esta ainda é a realidade de milhões de mulheres e homens.

Ora, no mês em que se comemora um ano da morte de Mahsa Amini, parece-me louvável o espírito de missão da editora Levoir que, aproveitando o mês simbólico em que vivemos, publica não uma, mas duas obras que procuram denunciar os delitos perpetrados pelos iranianos contra os próprios iranianos.

A jovem Mahsa Amini, relembro, foi (mais) uma vítima do Regime. Com 22 anos de idade, foi detida apenas e só por causa de estar a usar o famigerado véu mas de "forma errada" - whatever that means. Ou seja, mesmo estando a usar o véu, tinha parte do seu cabelo à vista. Acabou por morrer três dias após ser presa pela polícia de Teerão. Isto fez com que o povo iraniano saísse à rua, manifestando-se contra esta violenta morte. Obviamente, essa revolta foi fortemente reprimida, tendo resultado em centenas de mortes e milhares de detenções.

Urge, portanto, que se fale do tema, que se coloque o mundo ocidental a discutir o assunto. Que se ponha o dedo na ferida. A mudança só surge dessa forma. Posto isto, parece-me realmente de um grande sentido de oportunidade, por um lado, mas, também, de um sentido de missão ativista que a Levoir lance, no mês do aniversário de Mahsa Amini, estas duas obras. É que, independentemente de serem melhores ou piores obras de banda desenhada, são testemunhos na primeira pessoa para uma triste realidade que ainda impacta tantos homens e mulheres. E que merece - tem de! - ser conhecida pelo povo ocidental.

Não se findando aqui a tentativa próativa da Levoir, terá hoje lugar, na livraria Tinta nos Nervos, em Lisboa, às 18h30, um colóquio organizado pela editora com o nome Os Desafios no Irão. Nele, para além de serem lançados os livros Assombrada e Uma Metamorfose Iraniana, será dada a palavra a Fernando Camacho, Professor da Universidade Autónoma de Madrid e Universidade Nova de Lisboa e investigador da Universidade de Teerão; a Sepideh Radfar, Diretora do Centro de Iranologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e professora universitária de História e Cultura Persas; e a Ana Gonçalves, ex-Embaixadora no Afeganistão e no Iraque.

Não perderei a oportunidade de estar presente neste evento e acho que todos os que tiverem disponibilidade, deveriam comparecer.

Tudo começa com o gesto básico de querermos conhecer melhor outras realidades e as injustiças que aí são cometidas.

Fica o convite. Até logo.

Chega hoje às bancas a nova Novela Gráfica da Levoir e do Público!



Hoje é dia de Novela Gráfica da Levoir e do Público!

Naquele que é o quinto lançamento desta coleção, temos a obra Uma Metamorfose Iraniana, de Mana Neyestani.

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa da editora e com algumas imagens promocionais.


Uma Metamorfose Iraniana, de Mana Neyestani

Quando o ilustrador iraniano Mana Neyestani fez um cartoon em que uma barata dialogava com uma criança azeri, estava longe de imaginar as repercussões que esse desenho iria ter, servindo de pretexto para uma revolta do povo azeri, que terminou com uma série de mortos. 

Usados como bode expiatórios, Mana e o diretor da revista passaram semanas na prisão, num processo kafkiano, bem revelador da falta de liberdade de expressão no Irão. 

Publicado originalmente em 2012 em França, país aonde o autor chegou depois de viver 3 anos exilado na Malásia, Uma Metamorfose Iraniana é um relato impressionante e profundamente humano do drama vivido pelo autor e a sua família.

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Ficha técnica
Uma Metamorfose Iraniana
Autor: MAna Neyestani 
Editora: Levoir
Páginas: 196, a preto e branco
Encadernação: capa dura
PVP: 13,90€




quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Adaptação de "Dune" para BD é lançada hoje!



A Relógio D'Água lança hoje a adaptação para banda desenhada de Dune, de Frank Herbert!

A obra original é adaptada para banda desenhada por Brian Herbert (filho de Frank Herbert), Kevin J. Anderson, Patricia Martín e Raúl Allén. No mercado americano, a série já tem dois volumes e mantém-se em curso.

A editora portuguesa Relógio D' Água, que até lançou poucos livros de banda desenhada ao longo do ano, parece ter guardado alguns trunfos para esta rentrée literária.

Para além deste Duna — O Romance Gráfico: Livro 1, a editora também acaba de lançar O Segredo da Força Sobre-Humana, de Alison Bechdel, do qual já aqui falei, e deverá lançar, durante o próximo mês de Novembro, a muito aguardada - pela minha pessoa, pelo menos! - obra Patos, de Kate Beaton.
Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse e algumas imagens promocionais deste Duna.


Duna — O Romance Gráfico: Livro 1, de Frank Herbert, Kevin J. Anderson, Patricia Martín e Raúl Allén

NÃO DEVO TER MEDO.

O MEDO É O DESTRUIDOR DA MENTE.

O MEDO É A PEQUENA MORTE QUE TRAZ A OBLITERAÇÃO COMPLETA.
ENFRENTAREI O MEU MEDO…
Duna, obra-prima de ficção científica de FRANK HERBERT, situa-se num futuro distante, no seio de uma sociedade feudal interestelar. Conta a história de Paul Atreides no momento em que ele e a família aceitam assumir o controlo do planeta deserto Arrakis, fonte única da mais valiosa substância do cosmos.

Originalmente publicado em 1965 e agora adaptado a romance gráfico por Brian Herbert — filho de Frank Herbert — e por Kevin J. Anderson, Duna explora as interações complexas entre política, religião, ecologia, tecnologia e emoção humana à medida que as forças do império se confrontam pelo domínio de Arrakis.

Uma mistura de aventura, misticismo, ambientalismo e política, Duna é agora adaptado visualmente por Raúl Allén e Patricia Martín. 

O resultado é fascinante e pretende abranger uma nova geração de leitores.

ELOGIOS A ESTE LIVRO:

«Raul Allén e Patricia Martín partem de uma história densa, adaptando matizes e significados a urna nova linguagem gráfica. Os desenhos estabelecem o âmbito e a geografia das cenas, destacam a personagem que tem o poder e guiam o leitor através da ação de um mundo de ficção científica onde famílias estão em guerra e vermes gigantes irrompem da areia. Um feito raro e visualmente muito atraente.»

[Eric Heisserer, argumentista de O Primeiro Encontro, nomeado para um Oscar]


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Ficha Técnica
Duna — O Romance Gráfico: Livro 1
Autores: Frank Herbert, Kevin J. Anderson, Patricia Martín e Raúl Allén
Editora: Relógio D' Água
Páginas: 180, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 16,51 x 24,7 cm
PVP: 21,00€

Reckless está de volta!


Ainda há uns dias publiquei a minha análise ao segundo volume da magnífica série Reckless, de Ed Brubaker e Sean Phillips, e já a editora G. Floy Studio acaba de publicar o terceiro volume da série!

Intitulado Destruir Todos os Monstros, este novo livro chega hoje às bancas e deverá estar disponível em todas as livrarias a partir do próximo dia 4 de Outubro.

É uma série fantástica, ao nível da grandiosa Criminal, dos mesmos autores, que recomendo totalmente!

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Reckless #3 - Destruir Todos os Monstros, de Ed Brubaker e Sean Phillips
Os mestres do crime noir, Ed Brubaker e Sean Phillips, vencedores do Prémio Eisner 2021 para Melhor Novela Gráfica, estão de volta com o terceiro livro da sua incrível série RECKLESS.

Apresentamos Ethan Reckless: Os vossos problemas são preocupação dele, por um preço.

Estamos em 1988, e Ethan e a sua assistente Anna aceitam um caso estranho: descobrir os segredos sujos de um magnata do imobiliário de Los Angeles. Mas o que começa como um mergulho de cabeça na vida de um desconhecido acaba por ter uma reviravolta mortal, e Ethan arriscará tudo o que ainda lhe interessa.

Mais uma história noir da L.A. descolorida pelo sol, com os lendários criadores de PULP, OS MEUS HERÓIS FORAM SEMPRE DROGADOS, CRIMINAL e THE FADE OUT a continuarem a sua ousada abordagem ao herói popular de livros de bolso.

"...As referências culturais incisivas, o conhecimento profundo de Southland e a linha pulsante de heroísmo vão deixar os leitores ansiosos pela próxima aventura relutante de Ethan." 
- Publishers Weekly

"Uau, este livro cumpre TODOS os requisitos da ficção criminal... Êxtase."
- Patton Oswalt

"Ed Brubaker e Sean Phillips estão a fazer o melhor trabalho das suas vidas, e RECKLESS é uma autentica descarga de adrenalina: ao mesmo nível dos romances da era dourada de Travis McGee e das mais marcantes histórias de Richard Stark."
- Joe Hill

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Ficha técnica
Reckless #3 - Destruir Todos os Monstros
Autores: Ed Brubaker e Sean Phillips
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 144, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 18 x 27,5 cm
PVP: 20,00€

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Relógio D'Água lança nova BD da criadora de "Fun Home"!



Depois de, em 2012, a Contraponto ter editado a multipremiada obra Fun Home - Uma Tragicomédia Familiar, da autora Alison Bechdel, é a vez da editora Relógio D'Água lançar por cá a obra mais recente da autora americana!

Chama-se O Segredo da Força Sobre-Humana e foi originalmente lançada em 2021. 

Agora, chega-nos pelas mãos da Relógio DÁgua e deverá estar disponível nas livrarias a partir do próximo dia 11 de Outubro.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


O Segredo da Força Sobre-Humana, de Alison Bechdel

Melhor romance gráfico de 2021 para a Publishers Weekly e o The New York Times | Melhor livro queer de 2021 para a Autostraddle | Um dos melhores livros de 2021 para o Boston Globe e o St. Louis Post Dispatch

“Cor? É o primeiro sinal de que algo de novo está a acontecer num livro cheio de floreios familiares, (incluindo) a gura da própria Bechdel, desenhada como uma espécie de cruzamento entre Tintin e Waldo, vibrando de ansiedade, fazendo o possível por fugir de bicicleta, de esquis ou a pé… É um livro que se distingue por uma graça flexível e descontraída, uma ausência de medo que se traduz em simplicidade, disciplina e modéstia.” [The New York Times]

“Surpreendente […], absolutamente absorvente.” [The Atlantic]
Em O Segredo da Força Sobre-Humana, Alison Bechdel oferece-nos uma história fascinante, que vai da infância à idade adulta, atravessando todas as modas do fitness, de Jack LaLanne nos anos 1960 até à estranheza existencial das corridas atuais.

Os leitores veem o seu passado atlético ou semiativo passar-lhes diante dos olhos numa panóplia em constante evolução de ténis de corrida, bicicletas, esquis e diversos outros equipamentos.

Mas quando Bechdel tenta melhorar-se, esbarra no seu próprio eu. Volta-se para a sabedoria dos filósofos orientais e de figuras literárias, como o escritor beat Jack Kerouac, cuja procura da transcendência ao ar livre surge numa comovente conversa.
A conclusão é que o segredo da força sobre-humana não está nos músculos modelados pelo exercício, mas em algo muito menos claramente definido: enfrentar a sua própria interdependência, não transcendental, mas muito importante, de qualquer coisa que nos rodeia.

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Ficha técnica
O Segredo da Força Sobre-Humana
Autora: Alison Bechdel
Editora: Relógio D'Água
Páginas: 248, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 19 x 25,4
PVP: 19,50€

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Análise: Moby Dick

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté

Foi com uma “entrada a pés juntos”, no melhor sentido da expressão, que a Levoir inaugurou a sua sétima coleção de Novelas Gráficas, editada em parceria com o jornal Público.

Depois de mais de dois anos de interregno, é com enorme prazer que testemunho este regresso a uma coleção tão relevante na formação de novos leitores portugueses de banda desenhada. E sim, inaugurar esta sétima coleção com uma obra de Chabouté, foi, a priori, uma vitória já consumada.

No caso, a Levoir lançou, em dois volumes, a obra Moby Dick, a adaptação para banda desenhada do clássico da literatura de Herman Melville. Acredito que todos os que me leem já conhecem a emblemática obra original de Melville, já muitas vezes adaptada para o cinema e mesmo para a banda desenhada, mas, ainda assim, permitam-me uma muito breve sinopse.

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
Moby Dick
é uma obra-prima da literatura americana originalmente publicada em 1851. A história é narrada por Ishmael, um marinheiro que se junta à tripulação do navio baleeiro Pequod, comandado pelo obcecado Capitão Ahab. A missão de Ahab é caçar e vingar-se de Moby Dick, uma enorme baleia branca que lhe arrancou a perna num encontro que ambos tiveram anteriormente.

Um dos temas centrais do livro é a obsessão, representada principalmente pela busca por vingança de Ahab face a Moby Dick. O capitão Ahab torna-se, com efeito, numa figura trágica, consumida por sua busca implacável, o que levanta questões sobre os limites da obsessão humana. O livro explora também a relação complexa entre o homem e a natureza, descrevendo a majestade e a crueldade do oceano, bem como a fragilidade da humanidade em relação à imponência da natureza.

Aquilo que movia os tripulantes do navio Pequod, bem como toda uma indústria baleeira que florescia na primeira metade do século XIX, era o óleo de baleia. Este óleo era extraído da gordura das baleias e servia, especialmente, para fornecer combustível para a iluminação pública e privada, embora também fosse utilizado numa grande variedade de produtos, tais como no fabrico de sabão e outros cosméticos, ou mesmo no fabrico de margarina. Claro que pescar uma baleia não era, à altura, uma atividade nada fácil ou que não acarretasse enormes riscos para toda a tripulação que, nestas viagens, chegava a estar mais de três anos em alto mar. Mas o Homem sempre foi pródigo em arriscar tudo e mais alguma coisa em prol do seu enriquecimento. Que o digamos nós mesmos, portugueses, quando recordamos o dourado (?) tempo das longas viagens marítimas que fizemos no passado.

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
Não obstante o já referido, sendo uma história que nos mostra o quão difíceis eram estas viagens e a caça à baleia, Moby Dick é bem mais do que isso. É um exercício que procura mostrar até onde a vingança e o sentimento de ódio pode levar uma pessoa à obsessão, à loucura e a um final desesperado, arrastando consigo um cem número de indivíduos que são alheios a essa vingança. A cegueira perante o bom senso é, pois, algo que é impossível de tratar e o capitão Ahab é o claro exemplo de alguém que, mergulhado de forma tão profunda numa vingança sem pés (perna?) nem cabeça, há muito se esqueceu daquilo que a sua vida poderia e deveria ter sido. E agora, em plena solidão, tem um único foco: vingar-se de Moby Dick. No matter what.

A adaptação de Chabouté data do ano de 2014, e consegue o belo feito de ser muito fiel ao original, possibilitando ao leitor uma bela imersão na obra e reunindo os momentos mais importantes e essenciais do texto original. Independentemente do belo desenho a preto e branco de Chabouté, do qual falarei mais à frente, julgo ser justo dizer que uma das razões pela qual esta obra funciona muito bem é pelo facto de o autor ter dado tempo narrativo – leia-se páginas – para deixar a história fluir e os momentos ganharem profundeza. Nisso, este Moby Dick de Chabouté é um verdadeiro exemplo. Porque, se analisarmos bem, a obra original até é daquelas que podem ser sintetizadas num ou dois parágrafos. Apesar disso, o autor foi inteligente ao verificar que a história precisaria de tempo e espaço para melhor impactar o leitor. Só dessa forma o livro teria a valência de também ser contemplativo e de conseguir trazer várias e pertinentes conclusões acerca daquilo que move a humanidade. Se poderia ser uma história contada em metade das páginas deste duplo volume? Sim! Até em menos! Agora, se poderia ser igualmente marcante se tal tivesse sido feito? Ah, seguramente que não!

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
O ritmo, demarcadamente lento, permite que o mistério que rodeia as personagens, e em particular a baleia Moby Dick e o capitão Ahab aumente e mantenha o leitor mergulhado na história, mesmo que, tal como foi o meu caso, o referido leitor já esteja farto de conhecer a obra original.

Assim, a narrativa visual acaba por ser uma parte fundamental desta adaptação. Chabouté utiliza o poder das imagens para transmitir a vastidão do oceano, a grandiosidade da baleia e a angústia do capitão Ahab, que é maravilhosamente retratado. O universo talhado a preto e branco pelo autor amplia a sensação de isolamento e desespero que habita a história original. Chabouté é conhecido pela sua habilidade única para contar histórias visuais, e esta adaptação não é, portanto, exceção, com o seu estilo artístico a criar uma atmosfera sombria e intensa, que combina perfeitamente com a narrativa original carregada de emoção e complexidade. As imagens detalhadas e as expressões inequívocas das personagens ajudam a transmitir as emoções e os conflitos subjacentes à história.

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
O preto e branco puro do autor, onde não existe espaço para meios tons cinzentos, é verdadeiramente admirável. Os jogos de negro e claro que o autor faz e a maneira como utiliza o espaço negativo que a opção por camadas a preto na ilustração possibilita, é verdadeiramente apaixonante. Incrível também é como o autor consegue, apenas através das suas ilustrações, sem o recurso a texto, transmitir-nos cheiros, sons, ambientes, sentimentos. São muitas as páginas onde não há um único balão de texto, mas que, por oposição a isso, nos passam inúmeras informações para a compreensão da história. Que maestria de Chabouté!

Se me posso queixar de algo é que, mais ou menos a meio da história, a personagem de Ishmael começa a ficar um pouco “esquecida”, com o autor a centrar-se mais em Ahab, e esquecendo os sentimentos e vivências que Ishmael experiencia. Não é nada de muito grave, mas creio que, tendo em conta que a primeira parte da história até se centra mais em Ishmael, o facto da mesma personagem quase desaparecer de cena durante a segunda parte da obra, traz uma certa incoerência que o texto original de Melville não tem.

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
Relativamente à edição da editora Levoir - que, relembro, já havia editado numa outra coleção de novelas gráficas a obra Acender Uma Fogueira, de Chabouté -, esta está em linha com aquilo a que já nos habituámos na coleção: capa dura, papel com pouca espessura (embora decente), boa impressão e boa encadernação. Como extra, é apresentado um prefácio que, neste caso, é feito por Pedro Bouça.

Muito se tem dito sobre a qualidade da edição, especialmente no caso deste Moby Dick que, sendo percecionado, e bem, como uma obra de qualidade superior, merecia, para muitos, uma edição mais cuidada. Não nego isso. E até vou mais longe: num paraíso de edições para os adeptos de banda desenhada, é lógico que cada livro - não só este - deveria ter os mais nobres materiais, um bom punhado de extras, com esboços, entrevistas sobre a obra, formato maior, papel com maior gramagem, etc. É óbvio que sim. Uma verdade La Palisse. Tal como é óbvio que toda a gente deveria conduzir um Mercedes ou um BMW topo de gama, em vez de um Fiat Punto ou de um Citroen AX. No entanto, tendo em conta que esta é a forma que a editora Levoir tem para editar a obra por cá, aceita-se. Não denigre, não destrói e não invalida esta edição. E, às tantas, é preferível que tenhamos a edição publicada em Portugal nestes moldes, do que não termos, sequer, edição portuguesa. Tal como é melhor andar de Fiat Punto ou de Citroen AX do que andar a pé. Mesmo que a nossa preferência possa recair num Mercedes ou num BMW.

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
Vi também vários comentários na internet exaltando que a Levoir deveria ter lançado a obra num só volume. Mais uma vez, digo: “pois, eu também preferia que a obra fosse lançada num só volume”. Até porque gosto imenso de edições integrais que, em geral, são mais belas, ocupam menos espaço na prateleira e permitem, num só objeto, ter a obra completa. Também é verdade que, no passado, já vimos a Levoir cometer alguns erros de edição ridículos, devido a "invenções" estranhas na altura na forma de dividir uma obra. No entanto, desta vez, acho injustas estas críticas à divisão da obra em dois. Por uma razão muito simples: a obra foi originalmente lançada em dois volumes. Portanto, ela não foi dividida, sequer. É verdade que, depois da edição integral, a obra tem sido publicada desse modo. No entanto, ela não foi dividida pela Levoir, repito. Esta é uma obra originalmente concebida em dois volumes. Ponto, parágrafo. Logo, não se pode acusar a Levoir de estar a “inventar” ou de estar a desrespeitar a obra. Foi desta forma, em dois volumes, que Chabouté lançou originalmente a obra, não esqueçamos. Preferia que este Moby Dick fosse lançado num luxuoso único volume? Sim. Mas o que é certo é que, durante praticamente 10 anos, nenhuma editora portuguesa se tinha chegado à frente para lançar a obra por cá. Foi a Levoir que o fez. E fê-lo à sua maneira, da forma possível. Não é uma edição de sonho, mas não considero que seja uma edição que não dignifique a obra.

Em suma, e olhando para o todo, a adaptação em banda desenhada de Moby Dick por Chabouté oferece uma perspetiva visual única e emocionante da obra clássica de Herman Melville. A habilidade artística e narrativa de Chabouté torna a história acessível a um novo público, ao mesmo tempo em que homenageia o trabalho original. Esta adaptação é um dos livros do ano e representa uma perfeita maneira para (re)descobrir a épica busca de Ahab por Moby Dick e todos os temas profundos que a história aborda. Imprescindível!


NOTA FINAL (1/10):
9.8


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Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público

Fichas técnicas
Moby Dick - Volume 1
Autor: Chabouté
Editora: Levoir
Páginas: 128, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 190 x 280 mm
Lançamento : Agosto de 2023

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público

Moby Dick - Volume 2
Autor: Chabouté
Editora: Levoir
Páginas: 144, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 190 x 280 mm
Lançamento: Setembro de 2023

Temas e Debates aposta na sua primeira BD!



Considero sempre uma boa notícia quando uma editora aposta na sua primeira obra de banda desenhada, pois é sempre bom que mais e mais editoras se aventuram na 9ª arte, levando-a a um maior número de leitores.

Desta feita, a Temas e Debates, pertencente ao grupo Bertrand, prepara-se para lançar, já a partir do próximo dia 12 de Outubro, a sua primeira obra de banda desenhada!

Trata-se da adaptação de Capital e Ideologia, do economista Thomas Piketty, para banda desenhada. Aos comandos dessa adaptação estão os autores Claire Alet e Benjamin Adam.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.
Capital e Ideologia - Segundo o Livro de Thomas Piketty, de Claire Alet e Benjamin Adam

De onde vêm as desigualdades e porque perduram? Da escravatura ao hipercapitalismo, como justificam as sociedades humanas os seus regimes económicos e políticos?

Para responder a estas perguntas, Claire Alet e Benjamin Adam apresentam uma versão em banda desenhada, acessível a todas e todos, do best-seller de Thomas Piketty Capital e Ideologia, sob a forma de saga familiar.

Um estudo límpido e com toques de humor para melhor compreender a obra de Thomas Piketty, cujas análises e propostas marcam o pensamento económico de há vinte anos a esta parte.

Pierre, o proprietário rural. Jules, o capitalista. Marguerite, a jornalista. Christine, a professora...

Da Revolução francesa até aos nossos dias, oito gerações atravessam as épocas para nos fazer viver a evolução das riquezas e dos modelos sociais.

Até Léa, uma jovem contemporânea que vai descobrir o segredo pesado que se encontra na origem do património familiar.

E, então, a pequena história vai unir-se à grande…



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Ficha técnica
Capital e Ideologia - Segundo o Livro de Thomas Piketty
Autores: Claire Alet e Benjamin Adam
Editora: Temas e Debates
Páginas: 176, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 190 x 255 mm
PVP: 20,90€