segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Ala dos Livros lança o (muito) esperado "Shi", de Zidrou e Homs!



Está a ser absolutamente estonteante esta rentrée editorial por parte da editora Ala dos Livros!

Depois de anunciar O Abismo do Esquecimento, de Paco Roca - um autor que, durante anos, viu quase todas as suas obras serem editada em Portugal pela editora Levoir -; depois do regresso ao lançamento às obras de Hugo Pratt; depois da reedição de 7 Senhoras, de Margarida Madeira; depois de Harlem, de Mikael; depois de O Combate de Henry Fleming, de Steve Cuzor; e depois de Al Capone, de Meralli e Radice; a editora apresenta-nos a muito aguardada e magnífica série Shi, de Zidrou e Homs! Que pujança editorial!

E preparem-se porque, segundo as pistas que estão a ser dadas pela editora, poderemos ser surpreendidos com (ainda) mais obras de qualidade superior nas próximas semanas.

Sobre este Shi, posso dizer-vos que é uma obra absolutamente maravilhosa, com um guião impactante de Zidrou e com umas ilustrações de Homs que chegam a ser ridículas, de tão boas que são.

A Ala dos Livros lançará a série em álbuns duplos e com capas diferentes face àquelas que conhecemos dos volumes lançados de forma isolada. O livro já se encontra em pré-venda no site da editora.

Ponham na vossa lista de compras... eis uma série de banda desenhada que não poderão perder!

Por agora, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais da mesma.

Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2), de Zidrou e Homs

Londres, 1851. 

A primeira Exposição Universal acaba de abrir as portas. Entre os convidados, encontra-se uma família nobre inglesa de apelido Winterfield. 

A filha do Coronel Winterfield, Jennifer, fã de fotografia, decide fotografar uma japonesa com o seu bebé, acabando por descobrir que este está morto. Os acontecimentos precipitam-se a partir daí, e as duas mulheres de origens opostas, unidas pelo ódio, acabarão por criar laços indestrutíveis.

Tendo por pano de fundo a Inglaterra Victoriana do século XIX, Shi – cujo nome tem origem num ideograma que significa “a morte” – mistura aventura e fantasia a uma história que contém laivos de intriga policial, de magia e de consciência social.

Quem é Jennifer Winterfield? E que destino lhe reserva este magnífico argumento assinado por Zidrou e com desenho extraordinário de Josep Homs?

“Shi” é uma das mais aclamadas séries da BD franco-belga da actualidade, numa obra fascinante em 4 livros de dois volumes cada. “Shi – Livro 1”, que a Ala dos Livros publica agora numa edição especial única, inclui os dois primeiros dos quatro tomos que formam o Ciclo I desta série que convidamos os leitores a descobrir.

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Ficha técnica
Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2) - No princípio era a fúria e O rei demónio
Autores: Zidrou e Homs
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 128, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 235 x 320 mm
PVP: 32,00€



sexta-feira, 27 de setembro de 2024

As novidades da Levoir para 2024 e 2025!


Hoje trago-vos as novidades de banda desenhada que a editora Levoir ainda espera lançar durante este segundo semestre de 2024, enquanto também vos anuncio, em primeiríssima mão, as novas obras que a editora já prepara para 2025!

Naturalmente, há alguns títulos da lista que vos trago que já tinham sido previamente anunciados aqui no Vinheta 2020, mas que a editora ainda não teve oportunidade de lançar até à data.

Alguns passarão, portanto, para 2025, mas outros ainda chegarão até nós nos próximos meses de 2024.

E claro, também há aqui obras que são apresentadas pela primeira vez pela editora.

O plano é ambicioso e há vários livros nesta lista que me parecem bastante interessantes!

Ora vejam:

Festival Bang! arranca hoje em Vila Nova de Gaia!



Durante este fim de semana, realiza-se em Vila Nova de Gaia o Festival Bang!, um evento de cultura pop, no qual a banda desenhada também está incluída, e que é organizado em parceria pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, a Moléculas ao Rubro e a editora Saída de Emergência.

Ainda não tive a oportunidade de visitar este evento, mas espero poder fazê-lo um dia, já que são vários os autores de banda desenhada que costumam marcar presença. Este ano, o Bang! caminha para a sua 4ª edição.

Do ponto de vista da banda desenhada, destacam-se as presenças dos autores internacionais Guy Delisle (autor de Crónicas da Birmânia, Shenzhen ou Pyongyang), Montse Mazorriaga (autora de Uma Mulher, Um Voto) e Oriol Hernández (autor de Naturezas Mortas, recentemente editado pel' A Seita e pela Arte de Autor).

Em termos de autores nacionais, estarão presentes Daniel Silva Lopes (autor de In The Dust of Our Planet e Sweet Wind), Diogo Carvalho (autor de Sol), Filipa Beleza (autora de Amor), Manuel Morgado (autor de DragomanteA Dama Pé-de-Cabra) e Pedro Vieira de Moura (autor de Como Flutuam as Pedras ou Mensagem).

Mais abaixo, partilho o programa alusivo às atividades relacionadas com a banda desenhada. Fica bem claro que o dia adequado para os amantes de BD visitarem o evento é amanhã, sábado.

Ora vejam:

As Edições FA regressam ao lançamento de BD!



Depois de um interregno no lançamento de banda desenhada, é bom ver que as Edições FA, regressam ao lançamento de nova banda desenhada!

E, desta vez, fazem-no com a edição de uma banda desenhada para os mais novos.

A obra em questão chama-se Wuffle - O Grande Amigo Lobo e é da autoria de Piti Yindee, um autor tailandês.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais da mesma.


Wuffle – O Grande Amigo Lobo, de Piti Yindee

As hilariantes aventuras do dia-a-dia de Wuffle, o Grande Amigo Lobo, e dos seus amigos!

O Wuffle é um lobo com um grande coração. Atualmente, vive como agricultor num celeiro numa colina perto da Aldeia dos Biscoitos de Gengibre. 

Ele nunca se afasta das pessoas que precisam de ajuda, principalmente dos seus grandes amigos. Também está disposto a ajudá-las, sem esperar nada em troca. 

No entanto, Wuffle tende a ser ingénuo e demasiado confiante, o que o coloca muitas vezes em problemas inesperados.

Disponível em várias lojas e plataformas online: https://linktr.ee/fapt


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Ficha técnica
Wuffle – O Grande Amigo Lobo
Autor: Piti Yindee
Edição: FA
Páginas: 60, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 190 x 190 mm
PVP: 19,10€


quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Amanhã sai um das novelas gráficas mais esperadas da Levoir e do Público!


É já amanhã que estará disponível nas bancas do país, em conjunto com o jornal Público, mais um dos livros da Coleção de Novelas Gráficas que a Levoir tem vindo a editar.

E, neste caso, estamos perante Chumbo, da autoria de Matthias Lehmann, que se assume como uma das obras mais esperadas por mim desta coleção, dado que só tenho lido coisas maravilhosas sobre a mesma.

Relembro que, no caso específico de Chumbo, a Levoir optou por dividir a obra em dois volumes, pelo que o segundo volume nos chegará passadas duas semanas.

Aproveito também para indicar que o autor brasileiro marcará presença no próximo Amadora BD.

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa da editora e com algumas imagens promocionais da obra.

Chumbo - Parte 1, de Matthias Lehmann

A 27 de Setembro a Levoir e o Público editam Chumbo parte 1, a segunda parte será editada a 11 de Outubro.

Chumbo ficou entre os cinco finalistas do Grand Prix de la Critique da Associação de Críticos e Jornalistas de Histórias em Banda Desenhada, foi nomeado melhor obra Prix Landerneau 2023 e finalista do Prémio do Público do Festival de Angoulême 2024.

Matthias Lehmann vai estar presente em Outubro no Festival Amadora BD no primeiro fim-de-semana, para sessão de autógrafos.

O autor, é filho de um francês com uma brasileira de Minas Gerais, cresceu em Paris, mas passou boa parte das férias em visitas à família em Belo Horizonte. Conhece bem a cultura da capital mineira e, sobretudo, a história do Brasil. 

Desde pequeno, conviveu com as memórias da mãe, "A minha mãe chegou a França há mais de 40 anos e sempre teve muita saudade do país, da família, então transmitiu-nos a cultura brasileira a mim e às minhas irmãs assim como a língua". 

 É a partir das suas próprias experiências, que Matthias criou um universo de lembranças fundamentais para o livro.

Chumbo é a crónica do Brasil nos “anos de chumbo”. A história trata da ditadura militar instalada no Brasil em 1964 a partir do olhar de uma família.

Proprietário de uma mineradora, o patriarca inspirado numa versão fantasiada do avô do autor protagoniza a primeira parte do livro, que se passa nos tempos de Getúlio Vargas. Industrial poderoso, Oswaldo Wallace transita com certa arrogância pela aristocracia mineira. É um período de conspirações tenentistas, paranoias comunistas e um autoritarismo contraditório.

Dos cinco filhos da família Wallace, Lehmann escolhe seguir a vida dos 2 Irmãos, Ramires e Severino, de 1937 até 2003. "Severino, jornalista e depois escritor, era comunista durante a ditadura. Já Ramires, ao contrário, é reacionário, próximo dos militares", explica o autor. "Como a história acontece em Belo Horizonte, você acompanha a evolução da cidade e da sociedade, passando pela ditadura".

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Ficha técnica
Chumbo - Parte 1
Autor: Matthias Lehmann
Editora: Levoir
Páginas: 224, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 195 x 270 mm
PVP: 14,90€

Análise: O Homem que Corrompeu Hadleyburg

O Homem que Corrompeu Hadleyburg, de Wander Antunes - Levoir e Jornal Público

O Homem que Corrompeu Hadleyburg, de Wander Antunes - Levoir e Jornal Público
O Homem que Corrompeu Hadleyburg, de Wander Antunes

De Mark Twain, um autor incontornável da literatura mundial, com muitas obras que marcaram a minha vida, não conhecia, confesso, este O Homem que Corrompeu Hadleyburg, que o autor brasileiro Wander Antunes adaptou para banda desenhada e que a editora Levoir lançou, em parceria com o jornal Público, na sua mais recente Coleção de Novelas Gráficas.

Como tal, não farei aqui uma a análise tão direcionada à adaptação em si, mas antes à leitura, de um modo global, desta BD. E posso desde já dizer-vos que este é um livro que me agradou bastante.

Para o caso de haver mais gente que, como eu, não conhecia a obra original, permitam-me uma breve contextualização.

O Homem que Corrompeu Hadleyburg, de Wander Antunes - Levoir e Jornal Público
O Homem que Corrompeu Hadleyburg
foi originalmente publicado em 1900 e narra-nos a história de Hadleyburg, uma cidade que se orgulha da integridade e virtude dos seus cidadãos, mas que acaba por ver essa reputação perfeita abalada por um astuto estranho que chega à cidade com sede de vingança perante algo que outrora lhe foi feito por um habitante daquela cidade. É uma sátira maravilhosa e incisiva sobre a moralidade e a hipocrisia da sociedade. Era relevante aquando da sua publicação original em 1900, é revelante hoje, em 2024, e será relevante até que a humanidade exista.

E a questão filosófica, bigger than life, que esta obra traz consigo é simples: até que ponto é que somos boas pessoas? Até que ponto pautamos o nosso caminho com ética e retidão? Se colocados à prova, será que somos tão bons seres humanos como achamos que somos? E se não o somos, porque é que alguns de nós têm a pretensão de se considerarem seres tão superiores assim? O autor explora a fragilidade da virtude humana, mostrando como, diante de tentações e desafios, mesmo os indivíduos mais respeitáveis podem falhar. Essa ideia remete-nos para a reflexão de que a corrupção é uma parte inerente da condição humana.

É este o exercício fabuloso que Mark Twain nos convida a fazer com esta história e que Wander Antunes capitaliza muito bem para o seu argumento de banda desenhada. Que foi, aliás, e como o próprio autor, de forma honesta, nos confidencia no texto introdutório ao livro, ajustado à sua realidade e de forma livre.

O Homem que Corrompeu Hadleyburg, de Wander Antunes - Levoir e Jornal Público
Hadleyburg, com a sua fachada de perfeição, representa as sociedades que se recusam a reconhecer as suas falhas e a estrutura do conto readaptado pelo autor brasileiro, é engenhosa. A narrativa combina humor e tragédia, levando o leitor a refletir sobre a ironia da situação. O uso de diálogos mordazes e descrições vívidas cria uma atmosfera tanto cómica como sombria. 

Porque a adaptação da obra original é bastante livre, Wander Antunes não se coibiu de utilizar duas personagens emblemáticas de outras duas obras, por ventura mais famosas, de Mark Twain: Tom Sawyer e Huckleberry Finn. Sem participar ativamente na trama, estas duas personagens acabam por servir a necessidade de ligar alguns dos pontos desta história, o que funciona bem. Não tão necessário é, na minha opinião, o aparecimento do próprio Mark Twain, enquanto personagem, no início da obra.

Readaptando o final do livro, encurtando-o, Wander Antunes também conseguiu cingir a história aos elementos fulcrais do conto original, colocando de parte alguma redundância, o que acaba por também funcionar bem. Acima de tudo, parece-me que o maior feito de Wander Antunes é que consegue preservar o tom irónico sobejamente conhecido e apreciado de Mark Twain.

Quanto aos desenhos, o trabalho do autor brasileiro cumpre bem os seus intentos. O traço rápido e confiante do autor cativou-me bastante por atribuir às personagens uma expressividade muito bem-vinda. Também fiquei bastante agradado com as cores, que dão um certo sentido de modernidade às ilustrações, e com as variadas opções narrativas visuais que o autor vai utilizando de forma a tornar dinâmica e fluída a leitura da obra. 

O Homem que Corrompeu Hadleyburg, de Wander Antunes - Levoir e Jornal Público
Porém, e como ponto menos positivo, por vezes perceciona-se uma ligeira falta de consistência entre desenhos. E isso é especialmente mais sentido devido a uma opção - certamente pensada pelo autor - de usar traços diferentes para os desenhos de grande plano de personagens e todos os outros. Nos desenhos de grande plano, o traço é mais grosso e rude, ao passo que no desenho de planos médios ou de ambientes, o desenho apresenta um traço mais fino. Particularmente, fiquei agradado com os desenhos de traço mais fino, mais elegantes, e não tanto com os desenhos de traço mais grosso. Mas, concedo, é tudo uma questão subjetiva de gosto.

Quanto à edição da obra, temos as mesmas características que normalmente podemos esperar num livro inserido na Coleção de Novelas Gráficas, com uma exceção. Desta vez, a editora publicou o livro em duas edições diferentes: uma com a contracapa na cor preta e outra com a contracapa na cor azul. Não percebi o porquê desta opção - talvez fosse a editora a fazer algum tipo de experimento comercial - e também não considero que torne os livros suficientemente diferentes entre si de forma a justificar esta opção. Contudo, também não é nada que incomode minimamente. Fora isso, o livro apresenta capa dura baça, bom papel baço no interior e boa encadernação e impressão. Uma boa edição, portanto.

Em suma, O Homem que Corrompeu Hadleyburg é (mais) uma bela entrada na mais recente Coleção de Novelas Gráficas e serve como um alerta sobre a fragilidade da moralidade e a inevitabilidade da corrupção. Como demonstrou primeiramente Twain - e como Wander Antunes consegue captar na sua bem conseguida adaptação para banda desenhada - em última análise somos todos suscetíveis à falha moral. Eis um livro que permanece relevante, desafiando as convenções sociais e estimulando uma reflexão crítica sobre a verdadeira natureza da virtude.


NOTA FINAL (1/10):
8.4




Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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O Homem que Corrompeu Hadleyburg, de Wander Antunes - Levoir e Jornal Público

Ficha técnica
O Homem que Corrompeu Hadleyburg
Autor: Wander Antunes
Adaptado a partir da obra original de: Mark Twain
Editora: Levoir
Páginas: 96, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 195 x 270 mm
Lançamento: Agosto de 2024

Amanhã é um dia histórico para a BD Nacional!


Estou nas nuvens com esta notícia que vos trago em primeira mão, ainda antes da mesma chegar aos grandes meios de comunicação que, espero, possam destacar devidamente este acontecimento histórico!!!

O meu sonho - que é partilhado por tantos outros autores e amantes de banda desenhada - está a escassas horas de ver a luz do dia!

Refiro-me à implementação do Dia Nacional da Banda Desenhada Portuguesa que, se tudo correr bem - e tudo indica que assim acontecerá - será votada favoravelmente amanhã na Assembleia da República Portuguesa!!!

Será, sem dúvida, um dia histórico, carregado de simbolismo político-cultural, para a 9ª Arte em Portugal!

Vivemos bons dias - talvez os melhores de sempre? - no que à banda desenhada portuguesa diz respeito. Se não, vejamos: há menos de um ano, a Academia Nacional de Belas Artes, uma instituição de utilidade pública, tutelada pela Secretaria de Estado da Cultura, reconheceu, pela primeira vez, a Banda Desenhada enquanto forma superior de expressão da cultura. A par disso, foi no passado dia 11 de Julho que o autor José Ruy recebeu de Marcelo Rebelo de Sousa, e a título póstumo, a condecoração de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, um título honorífico que nunca havido sido dado a uma individualidade da banda desenhada nacional. Algumas das obras nacionais têm sido reverenciadas no estrangeiro com a atribuição de nomeações para os maiores prémios mundiais do género. Começam a surgir mais obras sobre banda desenhada. E agora, recebemos a melhor de todas estas notícias: O Dia Nacional da Banda Desenhada Portuguesa será oficializado pela República Portuguesa!!!

Mas antes, e para mitigar incompreensões ou dúvidas que possam surgir face a esta notícia absolutamente fantástica que vos trago, permitam-me recuar um pouco e contá-la desde a sua génese.

Até porque, de ontem para hoje, já várias pessoas me ligaram a dar os parabéns por este feito, mas deixem-me deixar bem claro, a bold e a sublinhado, que o feito não é meu. O feito é de um conjunto de várias pessoas. Dei o meu contributo, sim, mas tudo isto é resultante de um esforço de várias individualidades. Logo, é um esforço conjunto.

As primeiras pessoas que ouvi a falar da necessidade de se criar um Dia Nacional da Banda Desenhada Portuguesa foram o Paulo Monteiro (autor e organizador do Festival de Beja), o Derradé (autor de BD) e o Penim Loureiro (autor de BD). Todos eles foram relevantes para me fazer pensar na importância desta iniciativa.

É claro que, depois, lembro-me de ter sentido alguma inércia generalizada e que era necessário partir das palavras para a ação. Aliás, se bem se recordam, escrevi sobre isso quando, achando que era necessário dar um primeiro passo, lancei, no passado dia 18 de Outubro de 2023, o repto aqui no Vinheta 2020, ao mesmo tempo que tomei a iniciativa de criar uma petição pública a este propósito. Pouco mais fiz do que isso. Parti para a ação, vá. Coloquei a engrenagem a mexer. 

E foi depois desse primeiro passo que fui contactado por Safaa Dib - uma das editoras d' A Seita - que, por ter ligações ao partido político LIVRE e um conhecimento muito mais aprofundado sobre estes temas do que eu, me elucidou dizendo que a melhor forma de fazer avançar uma iniciativa deste tipo não seria pela via da petição pública, por ser um processo muito moroso, mas sim através da introdução do tema no círculo político, por via de um texto de recomendação para a Assembleia da República.

Safaa Dib conversou com Rui Tavares, deputado do LIVRE, que logo se mostrou aberto para propor o Dia Nacional da Banda Desenhada Portuguesa à Assembleia da República.

Entretanto, e como sabemos, muita água correu no último ano, com a dissolução do Parlamento e com a convocação de Eleições Legislativas que, naturalmente, atrasaram todo este processo.

Mas, finalmente, e pelas mãos de Jorge Pinto - autor de banda desenhada e deputado eleito para a Assembleia da República pelo LIVRE nas últimas Eleições Legislativas - a proposta foi apresentada à Comissão de Cultura do Parlamento, tendo sido discutida com todos os partidos políticos, que se mostraram favoráveis. Agora, a proposta será votada em plenário, amanhã, na Assembleia da República. E espera-se que seja aprovada na maioria pela Assembleia da República - até porque, convenhamos, não é um assunto minimamente polémico.

Depois da aprovação em plenário, teremos apenas que aguardar a publicação no Diário da República. Mas isso já será uma questão meramente processual. Interessa mesmo é que, amanhã, a consagração do Dia Nacional da Banda Desenhada Portuguesa seja aprovada.

O mais importante está feito! Pela iniciativa de alguns amantes da banda desenhada e com o apoio do partido LIVRE, que abraçou esta ação desde o princípio, a BD portuguesa prepara-se para fazer história. Estou muito satisfeito por ter dado o meu contributo para alterar, para sempre, algo no nosso país, de forma a dar visibilidade e respeito institucional à banda desenhada e aos seus autores. Agradeço a todos os que se juntaram a esta iniciativa. Sei que isto é um clichet, mas bem que podemos concordar que a "união faz a força".

Já agora, o Dia Nacional da Banda Desenhada Portuguesa passará a ser o dia 18 de Outubro. Havia várias hipóteses, mas creio que a data, em si, não é o que mais importa. O mais relevante é mesmo que este dia passe a existir no calendário institucional do país.

Preparem os fogos de artifício... amanhã é dia de festa!

Partilho convosco as pranchas informativas sobre este tema que Eduardo Viana - um grande amigo meu e também autor de BD - fez a propósito desta inciativa.




Por fim, e para melhor conhecimento daquilo que será votado amanhã, deixo-vos também o texto redigido pelo partido LIVRE:


Com a presente iniciativa, o LIVRE propõe que se consagre o dia 18 de Outubro como o Dia Nacional da Banda Desenhada Portuguesa.

A data escolhida corresponde ao dia em que a banda desenhada foi oficialmente consagrada pela Sociedade Nacional das Belas-Artes como forma superior de expressão cultural e artística, um passo decisivo que contribui para o reconhecimento e credibilização da banda desenhada portuguesa e de todos os seus intervenientes, desde editores a autores e profissionais de edição.

Longe vão os tempos em que a banda desenhada era vista como uma arte limitada a um público infanto-juvenil. A BD portuguesa tem demonstrado grande vitalidade e capacidade de renovação, desde os seus primórdios, no séc. XIX, com Raphael Bordalo Pinheiro, figura determinante para a criação e desenvolvimento da banda desenhada em Portugal.

Na última década, os números de publicação de banda desenhada em Portugal mostram um sector novamente em crescimento e com maior visibilidade na sequência do crescente número de chancelas dedicadas exclusivamente à edição de BD, coleções que saem regularmente nas bancas, o fenómeno da banda desenhada de origem nipónica (mangá) ou as mais recentes adaptações de clássicos literários, de enorme relevância em termos pedagógicos e de cultura geral. Este panorama tem possibilitado o surgimento e a afirmação de novos e velhos autores nacionais, contribuindo para a consolidação da nona arte em Portugal.

Além disso, vários festivais portugueses dedicados a este tipo de literatura têm mostrado, desde há décadas, enorme capacidade em captar públicos de todas as faixas etárias, e têm dado passos no sentido de se afirmarem como uma referência a nível municipal, regional ou nacional, face ao aumento da participação de profissionais da área e à enorme adesão do público à programação cultural que tem vindo a ser promovida pelas mais diversas organizações.

É inegável que a banda desenhada portuguesa tem dado provas recentes de grande crescimento, maturidade e profissionalização. Com o seu reconhecimento pela Sociedade Nacional de Belas-Artes, possibilita-se também a valorização das potencialidades pedagógicas da BD para o ensino do Português, retirando-a das margens e dando-a a conhecer a todas as pessoas.

Nestes termos, o abaixo assinado Deputado do LIVRE, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, propõe que a Assembleia da República adote a seguinte resolução:

A Assembleia da República resolve, nos termos do número 5, do artigo 166.º da Constituição da República Portuguesa, consagrar o dia 18 de outubro como o Dia Nacional da Banda Desenhada Portuguesa.

Assembleia da República, 06 de setembro de 2024


O DEPUTADO,
Jorge Pinto

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Já é conhecida a nova aposta da ASA em BD!



A editora ASA prepara-se para lançar o livro Senhor Apothéoz, dos autores Julien Frey e David!

Esta é uma proposta que já há algum tempo me tinha chamado a atenção. Folheei várias vezes a edição francesa deste livro e as suas ilustrações pareceram-me muito belas. Sobre a história não sei grande coisa, confesso.

Porém, e tendo em conta que em 2024 (e não só) temos assistido a uma renovada e qualitativa aposta em banda desenhada por parte da ASA, devo dizer que estou bastante entusiasmado com este novo livro que deverá chegar às livrarias na primeira semana de Outubro e que já se encontra em pré-venda no site da editora.

Por agora, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais da edição original francesa.

Senhor Apothéoz, de Julien Frey e David

Na família Apothéoz, a ambição conduz sempre a uma morte excecional. Convencido de que o seu nome traz má sorte, Théo decide nunca tentar coisa nenhuma.
Aos 30 anos, vive de pequenos trabalhos e mora em casa do pai. Ama Camille desde a infância, mas ela não sabe.

Quando Théo conhece Antoine Pépin, um escritor em crise criativa, é o princípio de uma espantosa amizade. Este último não acredita na maldição dos Apothéoz e insiste em ajudá-lo a conquistar Camille...
Julien Frey e Dawid oferecem-nos uma comédia peculiar e divertida, que nos leva a refletir sobre o sucesso, sobre os nossos maiores fracassos e sobre os nossos sonhos de juventude.

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Ficha técnica
Senhor Apothéoz
Autor: Julien Frey e David
Editora: ASA
Páginas: 128, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 275 x 206 mm
PVP: 24,90€

A Seita e Arte de Autor lançam novo livro de Zidrou!

Naturezas_small.png



Eis um livro que custou a sair, mas que finalmente saiu!

Anunciado ainda em 2022 chega-nos, por fim, o muito aguardado Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol!

Zidrou é um daqueles autores que, livro após livro, me tem deixado sempre agradado. Sou um verdadeiro fã do seu trabalho e considero o autor como um dos melhores argumentistas de banda desenhada.

Por esse motivo, estou muito entusiasmado com este novo lançamento d' A Seita e da Arte de Autor que editam este Naturezas Mortas em parceria!

Aproveito para informar que o ilustrador da obra, o espanhol Oriol, estará presente por cá, em Vila Nova de Gaia, no próximo fim de semana, a propósito do Festival Bang!

Falando desta edição de Naturezas Mortas, merece destaque o facto deste livro incluir quase 30 páginas de material completamente inédito!

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa das editoras e com algumas imagens promocionais!


Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol

Vidal Balaguer i Carbonell (Barcelona 1873 - ?) foi considerado como um dos prodígios do modernismo catalão, tendo frequentado o cabaret boémio Els Quatre Gats, juntamente com o seu amigo Joaquim Mir. Membro de La Colla del Safrà, um célebre grupo de artistas catalães, Balaguer foi um homem controverso, que nunca conseguiu obter o reconhecimento que merece.

Zidrou e Oriol assinam uma magistral novela gráfica, de uma riqueza visual e narrativa sem igual: um drama, uma busca existencial, uma reconstituição histórica, de uma sensibilidade excepcional, na verdade, um triunfo da Nona Arte.

Mar é uma jovem e bela musa para uma série de pintores que encantou e enfeitiçou, amantes de uma ou poucas noites... Mas o pintor Vidal Balaguer persegue-a com paixão, até ao dia em que ela desaparece misteriosamente, passando a assombrar os pensamentos e as noites daquele que foi o último a pintar o seu retrato, a célebre tela La mujer del mantón. No entanto, o mistério da desaparição de Mar não acaba aqui, e a polícia começa a suspeitar, não só de que ele é responsável pela sua desaparição, mas que terá feito desaparecer outras pessoas na Barcelona do final do século 19 que este álbum evoca.

Entre romance policial, exploração do mundo da pintura modernista espanhola, história de amor, fábula e biografia ficcional, Zidrou e Oriol tecem uma narrativa extraordinária em que a Terceira e a Nona Artes se cruzam de maneira brilhante. Desenhada num estilo que evoca o dos pintores modernistas catalães do grupo histórico La Colla del Safrà, que são os protagonistas desta história, esta obra brilha também pelas cores magistrais que Oriol usa para aumentar ainda mais a expressividade e sensibilidade das ilustrações, fazendo com que o leitor tenha a sensação de ter penetrado e de evoluir numa das pinturas dos mestres daquela época.

A edição d’A Seita e da Arte de Autor inclui um extenso caderno inédito de extras, com cerca de 30 pgs., único em todas as edições deste livro, que regista a magnífica pintura de Vidal Balaguer, tal como redescoberta por Oriol.

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Ficha técnica
Naturezas Mortas
Autores: Zidrou e Oriol
Editoras: A Seita e Arte de Autor
Páginas: 80, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 21 x 28,5 cm
PVP: 23,00€


Bomba! A Ala dos Livros vai editar o mais recente livro de Paco Roca!



E é uma "bomba" por vários motivos!

Primeiro: estamos, certamente, perante uma obra fantástica, que tem recolhido muita aceitação a nível de público e crítica desde que foi originalmente lançada.

Segundo: também é uma notícia "bombástica", pois foi alvo de uma campanha de "teasing" da editora Ala dos Livros que anunciou primeiramente uma surpresa, chamando-lhe "livro mistério", sem referir qual era a obra em questão. Até que o fez, nas redes sociais, durante esta manhã.

Terceiro: não é todos os dias que vemos um autor internacional a passar de uma editora portuguesa para outra. Tirando a obra Rugas, inicialmente publicada pela Bertrand em Portugal, sempre foi a editora Levoir a publicar todas as outras obras de Paco Roca. E não foram poucas. E, se bem se lembram, a própria editora até anunciou este O Abismo do Esquecimento como uma novidade para 2024 quando falou em exclusivo ao Vinheta 2020 sobre as novas obras.

Certamente houve algo que fez o autor mudar de editora. E o que é certo é que este O Abismo do Esquecimento, da autoria de Paco Roca e Rodrigo Terrasa, vai mesmo ser editado em Portugal! Quanto a mim, fico muito feliz por esta novidade, pois só um claro fã do autor.

O livro já se encontra em pré-venda no site da editora e deverá chegar às livrarias nos próximos dias.

Por agora, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.

O Abismo do Esquecimento, de Paco Roca e Rodrigo Terrasa

A 14 de setembro de 1940, 532 dias depois de a Guerra Civil Espanhola ter terminado, José Celda e outros onze homens foram fuzilados pelo regime franquista em Paterna, Valência e, com eles, enterrado numa vala comum.

Após mais de sete décadas, e depois de um percurso longo e conturbado pelos meandros burocráticos e políticos de um país que convive mal com a memória do seu passado, Pepica, filha de José, agora com oitenta anos (tinha 8 quando o pai foi morto), conseguiu finalmente localizar e recuperar os seus restos mortais para assim restaurar a sua dignidade.

Na batalha pessoal que Pepica Celda travou contra o esquecimento, o papel de Leôncio Badía foi decisivo. Naquela época, Leôncio era um jovem republicano que, depois de sair da prisão, se viu condenado a trabalhar como coveiro no cemitério da cidade. Obcecado pelo sentido da vida e pela ordem do universo, e pondo em risco a sua própria sobrevivência, colaborou secretamente durante anos com as viúvas dos fuzilados para permitir a posterior identificação dos seus corpos e enterrando-os da forma mais digna possível.

Em “O Abismo do Esquecimento”, Paco Roca viaja ao passado para recuperar, juntamente com o jornalista Rodrigo Terrasa (que desempenha um papel importante na documentação e contribuição de ideias), a história real de Leôncio e José, exemplo das dezenas de milhares de espanhóis que foram violentamente fuzilados após o fim do conflito em Espanha. Acompanham também a luta de Pepica Celda num intrincado e comovente labirinto que tenta desvendar as contradições de um país que parece desprezar a sua memória.

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Ficha técnica
O Abismo do Esquecimento
Autores: Paco Roca e Rodrigo Terrasa
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 304, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 240 x 165 mm
PVP: 33,00€



Nuvem de Letras lança BD infantil!




A chancela Nuvem de Letras (pertencente ao grupo editorial Penguin Random House) lançou recentemente o livro Julieta Pirueta, da autoria de Brian Freschi e Elena Triolo, que se direciona a um público infantil.

É sempre com satisfação que vejo as editoras portuguesas a apostarem em banda desenhada destinada a um público mais jovem... pois só assim formamos leitores de banda desenhada para o futuro!

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais da mesma.


Julieta Pirueta, de Brian Freschi e Elena Triolo

Nova casa, nova escola e novos amigos.

As mudanças nem sempre são fáceis, sobretudo quando se é um pouco desastrado, como a Julieta.

E, como se não bastasse tanta mudança, todos à sua volta adoram desporto, mas ela… nem por isso. A mãe bem tenta que ela experimente tudo e mais alguma coisa: voleibol, ténis, tiro com arco…

A Julieta vai colecionando embaraços uns atrás dos outros. Até que, um dia, assiste a um espetáculo de ballet e tudo muda…

Uma história terna e muito bonita, que nos inspira a ganhar coragem para seguirmos os nossos sonhos.
«O enredo familiar e próximo, a energia exuberante e os tons vivos das ilustrações, combinados com a comédia física de riso alto dos numerosos erros atléticos de Ele e sua determinação obstinada em ser fiel a si mesma vão apaixonar qualquer leitor.» 
Publishers Weekly

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Ficha técnica
Julieta Pirueta
Autores: Brian Freschi e Elena Triolo
Editora: Nuvem de Letras (Penguin Random House)
Páginas: 184, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 150 x 213 mm
PVP: 14,95€