Hoje trago-vos as novidades relativas aos novos lançamentos da
Kingpin Books para o ano de 2022!
Numa transparente conversa com o sempre disponível Mário Freitas, responsável da editora, falámos sobre as surpresas que podemos esperar da editora em matéria de novos livros de banda desenhada, em 2022.
Para além disso, Mário Freitas também levanta um pouco o véu sobre os novos projetos em que se encontra a trabalhar neste momento. A não perder!
Mais, abaixo, fiquem com a entrevista:
Entevista
1. Qual é o balanço que fazes do ano de 2021, relativamente à Kingpin Books? E, neste caso, falo da loja Kingpin.
Bastante positivo, tendo em conta a conjuntura, e a mentalidade pessimista e de medo que por aí grassa. Acho que uma das razões para o bom ano foi precisamente a minha postura de positivismo proactivo, como já antes a designei. Receios tenho sempre, claro, não sou estúpido, mas não vivo com medo. Só com coragem se evolui, se melhora, se cresce.
2. Sentes que as vendas através do canal online têm vindo a crescer ou a grande maioria dos leitores ainda gosta de ir à loja e folhear o livro antes de o comprar?
Têm crescido, mas o grande foco é e continuará a ser a loja física. Não foi por acaso que apostei há 4 anos na mudança para um espaço ímpar em Portugal, pelas dimensões, design e conforto que a
loja da Almirante Reis proporciona. É evidente que a grande concorrência vem dos colossos internacionais e dos preços surreais que são capazes de fazer. Seria louco, e pouco duraria, se fosse competir por aí. Opto antes, como disse, por ter um espaço ímpar, e por saber que ainda há felizmente muita gente que não prescinde de uma boa livraria.
3. Também sei que a Kingpin costuma estar presente em eventos, como o Amadora BD. Sentes que existiu um certo "regresso à normalidade" (em termos de vendas de livros, pelo menos) com o regresso do Amadora BD? E, já agora, em termos de vendas, quão significativa é a presença da Kingpin para a mesma, no Amadora BD?
Sim, foi uma certa aproximação ao tal "novo normal", termo que, diga-se, abomino. O evento correu em regra bem e até foi surpreendentemente bom em termos de vendas. Sobretudo se tivermos em conta que só tínhamos um lançamento, que competia com dezenas de outros por parte de editoras que apostaram em grande - demais, diria eu - no festival. De resto, é uma adição agradável do ponto de vista de tesouraria, mas nada de profundamente relevante.
4. Em 2021 a Kingpin apenas editou um livro. Neste caso, O Pescador de Memórias. Que motivos levaram a que isso acontecesse? Teve a ver com a pandemia ou as razões para tal foram mais de foro pessoal?
Nada a ver com a pandemia. Aliás, nunca usei a pandemia como desculpa para nada, a não ser para trabalhar ainda com mais afinco, e para melhorar todas as questões relacionadas com a minha marca, da parte operacional ao marketing. A minha redução do volume editorial já vinha dos anos anteriores e deveu-se a dois factores: por um lado, um maior foco na vertente loja, por outro a saturação do mercado português de BD, com uma quantidade imensa de edições, o que limita naturalmente o sucesso comercial de boa parte delas.
5. Como está a ser a receção, em termos de vendas, do público face a O Pescador de Memórias?
Boa, talvez um pouco acima do esperado, se tivermos sobretudo em conta a avalanche de lançamentos que ocorreu no último trimestre do ano passado.
6. Há alguma obra que até tivesses pensado em editar em 2021 mas que, por causa da pandemia (e/ou outros motivos), passaste para 2022? Qual?
Não, não tinha mais nada previsto para o ano passado.
7. 2022 marcará o regresso da Kingpin ao lançamento de mais livros de banda desenhada? Podemos contar com autores portugueses? E estrangeiros?
Sim, dois livros pelo menos, entre Abril e Julho.
O primeiro será o Kong The King 2, mais um show narrativo do Osvaldo Medina, e depois teremos a versão "redux" do Milagreiro, desta feita em Inglês. Para quem não se recorda, foi um livro editado, há uns bons anos já, pela Polvo, escrito pelo André Oliveira e ilustrado por vários desenhadores portugueses de topo, como o Filipe Andrade ou o Ricardo Cabral. Esta edição será num formato maior, em capa dura, com cores melhoradas e nova legendagem, e um novo prelúdio desenhado pelo Jorge Coelho. Falando no Jorge, a capa nova é dele, e é absolutamente fabulosa. Ah, e o livro sairá também na Polónia, cortesia da Timof.
Kong the King #2, de Osvaldo Medina
[Nota do
Vinheta 2020: o primeiro livro,
Kong the King, já aqui foi analisado]
Milagreiro, de André Oliveira e vários ilustradores
8. E para o segundo semestre? Podes levantar o véu em relação a alguma(s) obra(s)?
Por ora ainda não há nada certo. Estou a trabalhar com o Nuno Duarte na reedição integral da
Fórmula da Felicidade (sim, finalmente!), mas estamos ainda dependentes do calendário da editora polaca, para se poder fazer a co-produção.
Enquanto argumentista, estou a trabalhar em dois livros novos, sendo que um deles é uma bestinha de 160 páginas que só verá a luz do dia, na melhor das hipóteses, no final de 2023.
O outro é uma obra bem mais pequena, mas não menos ambiciosa, antes pelo contrário. É a minha singela homenagem ao demiurgo maior da BD americana e contará com a arte fabulosa de um artista do camandro, mas ainda pouco conhecido. Quando percebi que ele gostaria de colaborar comigo, não hesitei, e voltei a esta ideia que andava a matutar na minha cabeça há uns 6 ou 7 anos. Acreditem no que vos digo: vai ser completamente diferente daquilo a que estão habituados, e não duvido até que seja um livro que possa ter mais impacto lá fora do que em Portugal. Eu passo a vida a falar da "forma" na BD e o quanto isso está ainda pouco explorado, pelo que este livro será o meu contributo à expansão dessa forma. Posso falhar redondamente e espalhar-me ao comprido, mas pelo menos espalho-me com estrondo.