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terça-feira, 8 de novembro de 2022

Análise: Bruno Brazil #3 - Terror em Boreal Point

Bruno Brazil #3 - Terror em Boreal Point, de Bollée e Aymond - Gradiva

Bruno Brazil #3 - Terror em Boreal Point, de Bollée e Aymond - Gradiva
Bruno Brazil #3 - Terror em Boreal Point, de Bollée e Aymond

Trago-vos boas notícias: se o regresso ao universo de Bruno Brazil que o primeiro díptico, Black Program, não convenceu assim tanto, a verdade é que a primeira parte desta nova aventura de Bruno Brazil, intitulada Terror em Boreal Point, parece ter entrado nos eixos.

E quando falo em “entrar nos eixos” não o digo por achar que este Terror Boreal em Eskimo Point seja fantástico ou um livro maravilhoso. Digo-o porque, conhecendo a relevância das clássicas aventuras de Bruno Brazil – e todo o saudosismo que elas deixaram em tantos leitores – acho que é justo dizer que este novo livro pode deixá-los muito satisfeitos.

E a grande diferença foi Bollée que nos oferece nesta aventura um belo thriller de ação, bem construído e bem narrado. É verdade que as influências com alguns clássicos de ação do cinema dos anos 70 são um pouco óbvias em demasia, mas isso não quer dizer que, sem ser tão original assim, não esteja aqui uma história bem concebida. Para já, pelo menos.

Bruno Brazil #3 - Terror em Boreal Point, de Bollée e Aymond - Gradiva
A história começa quando um cadáver coberto de escamas de peixe é encontrado, num contentor, no porto de pesca de Boston. Estranhamente, quando, no dia seguinte, Morales e Whip se deslocam à morgue para investigar o caso, Morales é atacado por indivíduos encapuçados, o que gera uma dinâmica perseguição policial de carros. Mais cinema dos anos 70 do que isto, era difícil, diga-se!

Entretanto, a investigação leva Bruno Brazil e Tony a deslocarem-se a Eskimo Point, uma cidade portuária do grande norte Canadiano, local de onde saiu o barco que transportou o contentor com o cadáver. 

Entretanto, e tendo em conta que as quatro personagens estão em dois lugares diferentes, ao mesmo tempo, o leitor vai assistindo – e achei esta característica particularmente bem encetada por parte do argumentista – a duas ações paralelas. Por um lado, Morales e Whip fazem o trabalho de investigação, tentando obter informações sobre o passado e a família da vítima. O que faz com que andemos para trás na linha do tempo. Por outro lado, Bruno Brazil e Tony vêem-se forçados a partir para a ação assim que chegam a Eskimo Point e não obtêm particularmente a receção que esperavam. Sempre que se passa dos eventos que envolvem Morales e Whip para os eventos que envolvem Bruno e Tony, há uma bela passagem que nos deixa em suspenso, um cliffhanger bastante cinematográfico que nos mantém presos ao desenvolvimento do enredo.

Bruno Brazil #3 - Terror em Boreal Point, de Bollée e Aymond - Gradiva
À medida que a história vai avançando, surge a personagem de Andy, que vai ajudar na investigação em Eskimo Point e que parece ter poderes algo isotéricos, que parecem controlar os ursos polares que habitam a região. 

É claro que, tal como seria esperado, toda a trama construída parece desembocar para um final clássico em que o bom vence o mau. E talvez seja nessa parte que o livro me deixou algo desiludido. Porque, aí sim, pareceu "mais do mesmo". E mesmo que sucedam alguns plot twists que, naturalmente, não anunciarei, pareceu-me um final algo rebuscado para este primeiro tomo. Mesmo que, sublinho, no final do livro a história fique em aberto, à espera de ser fechada no próximo tomo a lançar posteriormente.

É, pois, nesse último terço do livro que achei que a qualidade da obra cai alguns furos. Parecia que o início era mais prometedor, por assim dizer. Mesmo assim, mantenho que estamos perante um melhor livro se pensarmos no anterior díptico Black Program.

Bruno Brazil #3 - Terror em Boreal Point, de Bollée e Aymond - Gradiva
Em termos de ilustrações, o trabalho de Aymond permanece ao mesmo nível. Os desenhos são agradáveis, tentando obter um equilíbrio entre uma série clássica de banda desenhada dos anos 70 mas, ao mesmo tempo, procurando ter alguns apontamentos de modernidade. Gostei especialmente da cena de perseguição de carros, onde o dinamismo e sensação de velocidade e urgência dos desenhos do autor, me fizeram reviver o melhor dessas célebres cenas de ação dos gloriosos clássicos do cinema.

Por vezes as personagens e expressões faciais das mesmas parecem algo estáticas, especialmente se pensarmos nas ilustrações originais de William Vance. Não obstante, quer parecer-me que, apesar de tudo, Aymond nos oferece um trabalho condigno para a série em termos de ilustrações. Já o trabalho de cores, sendo totalmente digital, apresenta uma modernidade que se enquadra bem na série.

Relativamente ao trabalho de edição por parte da Gradiva, temos aquilo a que a editora nos tem habituado: capa dura brilhante, bom papel brilhante, boa encadernação e boa impressão. Sem lugar a extras. É de salientar - e de enaltecer - que a Gradiva esteja a acompanhar o lançamento original da série em França, de modo a que os leitores portugueses também a possam acompanhar.

Em suma, Terror Boreal em Eskimo Point está alguns furos acima de Black Program e demonstra que os autores parecem estar a ambientar-se bem às personagens e eventos que compõem esta série incontornável de banda desenhada dos anos 70. Destina-se especialmente àqueles que cresceram com a série, mas é deixado espaço para a conquista de novos fãs.


NOTA FINAL (1/10):
8.4


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Bruno Brazil #3 - Terror em Boreal Point, de Bollée e Aymond - Gradiva

Ficha técnica
Bruno Brazil #3 - Terror em Boreal Point
Autores: Bollée e Aymond
Editora: Gradiva
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 23,3 x 31,3 cm
Lançamento: Setembro de 2022

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Análise: Bruno Brazil – Black Program – Vol. 2

Bruno Brazil – Black Program – Vol. 2, de Aymond e Bollée - Gradiva


Bruno Brazil – Black Program – Vol. 2, de Aymond e Bollée - Gradiva
Bruno Brazil – Black Program – Vol. 2, de Aymond e Bollée 

A série Bruno Brazil é uma série de culto para muitos fãs de banda desenhada. Tendo sido originalmente lançada por Greg e Vance, ainda no final da década de 1960, conquistou muitos admiradores entre os anos 70 e 80. E, em 2019, a editora francesa Le Lombard anunciou o regresso d' As Novas Aventuras de Bruno Brazil, pelas mãos de Laurent-Frédéric Bollée e Philippe Aymond. Desta nova incursão surgiu o primeiro álbum, Black Program, que já aqui foi analisado

Neste segundo tomo desta aventura, voltamos a seguir as pegadas de Bruno Brazil, que procura, a todo o custo, descobrir quem foi o responsável pelo assassinato do maior inimigo de sempre de Bruno, bem como localizar o operacional da NASA que ficou desaparecido, e que relação terá tido, tudo isto, com a estranha fuga da sensual Rebelle da prisão. A Brigada Caimão, mesmo que privada de alguns elementos do passado, que entretanto pereceram, conta também com Whip, Nómada e Gaúcho. Quanto à ação, esta irá levar os nossos heróis a cenários de outras aventuras passadas, o que poderá ser um aperitivo para os fãs da série. 

Bruno Brazil – Black Program – Vol. 2, de Aymond e Bollée - Gradiva
Em termos de ilustração, destaca-se uma arte bastante fiel à de Vance, tentando prestar um tributo à sua linha e grafismo, sem espaço para grandes (re)interpretações de estilo. O que será, para muitos, uma garantia de continuidade com as aventuras passadas de Bruno Brazil. E, se em Black Program Vol. 1 isso foi bem conseguido, neste segundo tomo, o trabalho de Aymond mantém-se na mesma linha. O autor cumpre muitíssimo bem as suas funções de ilustração. Há uma dinâmica e diversidade interessante nos vários tipos de desenho praticados, seja com o recurso a cenários que nos colocam na selva brasileira – muito bem ilustrada -, seja nos cenários mais dignos de um filme de ficção científica dos anos 70. Por vezes, pareceu-me, no entanto, que Aymond ficou um pouco abaixo em termos de resultado final, quando comparado com o seu trabalho no volume anterior. E digo isto com base em algumas cenas de ação, que me pareceram parcamente detalhadas e menos inspiradas e/ou feitas mais “à pressa”, com o autor a arriscar menos. Em termos de dinâmica de planificação das pranchas, este também é um álbum que arrisca ainda menos do que Black Program Vol. 1. E note-se que, já no volume anterior, não tinha sido um autor que arriscasse muito. Mesmo assim, não creio que seja por aqui, pelo campo dos desenhos, que este volume fique (muito) aquém do seu antecessor. 

Bruno Brazil – Black Program – Vol. 2, de Aymond e Bollée - Gradiva
Ao invés, parece-me que é no argumento que este segundo volume consegue ser menos dinâmico em relação aos pressupostos e boas ideias levantadas no primeiro tomo. Julgo igualmente que o argumentista, Bollée, poderia ter sido mais bem sucedido se tivesse dedicado mais tempo (e vinhetas) ao desenvolvimento mais detalhado e profundo das personagens. Por exemplo, o clima de problemas familiares que envolve Bruno ou a perda de Billy são assuntos muito pobremente abordados neste segundo volume. Compreendo também que se procure aqueles plot twists rápidos e inesperados, ao jeito dos filmes de ação, mas, por vezes, pareceu-me que estas mudanças no enredo eram um pouco forçadas e sem grande fundamento. O argumento acaba por se assumir algo over the top, como diriam os ingleses. Bem sei que essa é uma característica algo presente nos números antigos da série. Mas, hoje em dia, acaba por me parecer datada esta forma de abordar o argumento. 

Logicamente, como disse na análise ao volume 1, continuo a achar que esta é uma série mais recomendada a um público mais velho e nostálgico, do que propriamente a um público com idade inferior a 35/40 anos. Além de que o tema das aventuras espaciais, tão utilizado durante os anos da Guerra Fria, é hoje em dia algo que até já soa kitsch e fora de sítio. Mas isso não invalida que a homenagem, envolta num trabalho de continuação, das Novas Aventuras de Bruno Brazil não seja interessante e levada a bom porto por Aymond e Bollée. E, se as vendas compensarem, creio que veremos muitas mais aventuras desta série. 

Bruno Brazil – Black Program – Vol. 2, de Aymond e Bollée - Gradiva
E, nesse sentido, convém aliás relembrar ainda que, embora este segundo volume feche a história de Black Program, a verdade é que são tantas as coisas que ficam em aberto – mais do que aquelas que ficam fechadas, até – que novos livros deverão ser lançados com o propósito de responder às questões que ficaram por responder. Mesmo que não se chame Black Program 3, o próximo livro certamente continuará a história que aqui foi levantada. 

Quanto à edição da Gradiva, temos um trabalho impecável. Neste segundo volume, aquele problema dos N's invertidos e dos I's serifados do primeiro volume foram corrigidos e o restante trabalho da edição, ao nível da encadernação, da qualidade da capa e do papel, mantém-se bem conseguido. É notável também que, mesmo num ano ensombrado pela pandemia, a Gradiva tenha sido bastante célere entre o lançamento do primeiro e do segundo tomos. Apenas se passaram alguns meses entre os dois volumes, não ficando os leitores em standby durante muito tempo. 

Em conclusão, devo reiterar que o segundo volume ficou um pouco aquém das minhas expetativas, tendo em conta que o primeiro tomo levantou de forma (mais) coesa o véu para as novas aventuras deste herói esquecido e há muito reclamado pelos fãs da série. Quer na continuação do argumento, quer no desenho, ambos os autores me parecem menos inspirados e com menos fulgor neste segundo tomo. Ainda assim, é um livro que se lê bem e que, estou certo, fará as delícias dos fãs de Bruno Brazil. 


NOTA FINAL (1/10): 
7.7 



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Bruno Brazil – Black Program – Vol. 2, de Aymond e Bollée - Gradiva
Ficha técnica 

Bruno Brazil - Black Program - Vol. 2 

Autores: Laurent-Frédéric Bollée e Philippe Aymond 

Editora: Gradiva 

Páginas: 60, a cores 

Lançamento: Novembro de 2020

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Lançamento: Bruno Brazil - Black Program - Vol. 2


Já está disponível há alguns dias o novo volume de Bruno Brazil, Black Program - Volume Dois, que fecha este primeiro ciclo d'As Novas Aventuras de Bruno Brazil, da autoria de Philippe Aymond e Laurent-Frédéric Bollée. 

A Gradiva completa assim o díptico num curto espaço de tempo e, desta vez, com uma legendagem corrigida, sem os N's invertidos e os I's serifados.

O primeiro tomo já foi analisado no Vinheta 2020.

Fiquem com a sinopse da editora e imagens promocionais.


Bruno Brazil - Black Program - Vol. 2, de Bollée e Aymond

Um thriller por autores com provas dadas na BD de aventura. 
A ler por toda a família, para descobrir ou redescobrir! 

Os agentes da Brigada Caimão, do WSIO, têm em mãos um caso sério de ameaça à segurança nacional. 

Pelo meio, todas as componentes que criam um imperdível livro cheio de suspense: crimes sofisticados, acção, pesquisa avançada.

Sem esquecer o excelente desenho, essencial numa BD de referência.

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Ficha técnica
Bruno Brazil - Black Program - Vol. 2
Autores: Laurent-Frédéric Bollée e Philippe Aymond
Editora: Gradiva
Páginas: 60, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 16,50€

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Análise: Bruno Brazil – Black Program – Vol. 1

As Novas Aventuras de Bruno Brazil – Black Program – Vol. 1, de Aymon e Bollée


As Novas Aventuras de Bruno Brazil – Black Program – Vol. 1, de Aymon e Bollée
Bruno Brazil – Black Program – Vol. 1, de Aymon e Bollée
 

Passeando um pouco pelos fóruns e blogs dedicados a banda desenhada – não só em Portugal como, também, noutros países – um dos heróis de bd que mais carinho parece reunir por parte do público é Bruno Brazil. Tendo ainda aparecendo no final da década de 60, esta banda desenhada encantou os jovens dos anos 70 e dos anos 80, deixando a sua marca. 

Por este motivo, quando, em 2019 foi anunciado que a editora Le Lombard iria publicar As Novas Aventuras de Bruno Brazil, foi uma notícia maravilhosa para um grande número de admiradores da série. E não passaram muitos meses até que a editora Gradiva, de forma oportuna, editasse a obra por cá. 

Esta nova incursão pelo universo de Bruno Brazil é recriada por Laurent-Frédéric Bollée e por Philippe Aymon. Denomina-se As Novas Aventuras de Bruno Brazil. Este primeiro álbum destas novas aventuras é Black Program e pega na história a partir do momento em que a série antiga foi terminada pelos autores originais Greg e Vance. 

As Novas Aventuras de Bruno Brazil – Black Program – Vol. 1, de Aymon e Bollée
O trabalho de Aymon e Bollée faz justiça à obra deixada pelos autores originais. Há, no entanto, que ter algo em conta: esta é uma série já com muitos anos e quem a leu na sua juventude, terá hoje mais de 40/50 anos de idade. Assim sendo, parece-me que este "novo" Bruno Brazil aponta para um público mais maduro, que vem aqui alimentar a sua fome nostálgica de um herói, do qual já não existiam novas histórias, há décadas. 

Se isso é um facto e não tem problema nenhum, pois é bom e positivo que possam existir produtos para todas e quaisquer franjas de mercado, há no entanto que ter a noção que dificilmente este é um álbum que vai chegar a um público muito jovem. E é pena, porque estamos perante um herói, a la James Bond, que tem carisma e carácter para entreter e influenciar muitos leitores porque, se formos justos, as mesmas características base que fizeram as delícias dos jovens dos anos 70 e 80, continuam neste Black Program

Os tempos mudam. Sim, é verdade. Hoje em dia, talvez certas características desta obra possam parecer obsoletas. Diria que um herói de cabelo branco e vestido com fato azul bebé não será, propriamente, o protótipo de um herói da atualidade em que vivemos. 

As Novas Aventuras de Bruno Brazil – Black Program – Vol. 1, de Aymon e Bollée
Não obstante, também é verdade que houve um certo esforço – muito bem equilibrado, diga-se – entre uma tentativa de modernizar a série aos nossos dias, mas mantendo-a fiel aos seus primórdios e à sua primeira geração de fãs. Não é fácil alcançar este equilíbrio, mas diria que os autores o conseguiram. Assim, existem algumas expressões que as personagens utilizam e que são mais utilizadas nos dias de hoje e a aplicação das cores – muito bem conseguidas, diga-se – nesta banda desenhada, obedece a um modus operandi e a um resultado mais em linha com a atualidade. Mas em relação à história, ao ritmo da mesma e ao próprio desenho… é um Bruno Brazil muito fiel ao original. 

Bruno, o protagonista que ainda comanda a Brigada Caimão, e que no início da obra está desintegrada, exceptuando a presença de Gaúcho, surge nesta história como um homem mais maduro, que está a tentar ultrapassar as suas mazelas emocionais, causadas pela morte de antigos agentes da Brigada Caimão, entre eles, Billy, o seu irmão mais novo, ao mesmo tempo que aparenta ter uma vida familiar que caminha para um fim triste. A história arranca com uma cena de muita ação que depois nos remete para um flashback, bastante grande em duração, que, basicamente, nos explica o porquê das cenas de ação iniciais. Trata-se de uma nova ameaça à segurança nacional. E Bruno terá que reunir e encontrar os antigos agentes que estão desaparecidos: Whip e Nómada. Só assim conseguirão descobrir quem é o autor do assassinato do seu inimigo de sempre, localizar um operacional da NASA que acabou desaparecido e encontrar a verdade acerca da súbita e estanha fuga da prisão, por parte da sensual vilã Rebelle. Aparentemente todas estas coisas estão relacionadas entre si mas é uma resposta que este primeiro volume ainda não nos dá, deixando-nos num cliffhanger na última página do livro. A vontade de desvendar as muitas questões levantadas é grande, garanto. Mas terá que ficar para um segundo tomo. 

As Novas Aventuras de Bruno Brazil – Black Program – Vol. 1, de Aymon e Bollée
Quanto à arte ilustrativa, Aymond faz, a meu ver, tudo bem. A sua aptidão para desenhar ambientes, objetos, personagens e as respetivas expressões faciais, a boa utilização dos “planos de câmara”, a dinâmica nas cenas de ação, nada falha nesta obra. As cores dão um ar sofisticado ao todo e talvez sejam a componente da parte visual que mais tenta ser moderna. Mesmo não o tentando de forma muito clamorosa, diga-se. Poder-se-á dizer que Aymon é demasiado fiel à arte de Vance – exceptuando na planificação, onde arrisca menos – não tentando dar um cunho seu a esta obra. Se isso pode não ser muito positivo, há um lado positivo do outro lado da moeda, pois é uma arte que também não desilude alguns dos leitores que certamente poderiam não gostar que o autor tivesse reinterpretado esta série. No meu caso, acho que o seu trabalho não me merece nenhum comentário negativo. Cumpre excelentemente o seu papel. 

Em termos de edição, esta é uma obra em grande formato, com bom papel e uma capa bem dura. Há, no entanto, algo que é difícil de aceitar. Todos, repito!, todos os N’s que aparecem no texto estão invertidos. E isso é inadmissível e atrapalha em muito a leitura. Lá para o meio a pessoa habitua-se a ter que lidar com estes N’s mas é um esforço que não devia ser pedido ao leitor. Não sei se as pessoas responsáveis pela legendagem queriam, de uma forma que carece de subtileza, fazer passar a ideia que são da claque dos No Name Boys do Benfica e que, portanto, utilizam N’s invertidos. Mas, graçolas à parte, esta é uma opção ou um erro que custam caro à obra e que, colocam uma sombra nesta aposta tão interessante da Gradiva. 

Em conclusão, os fãs de Bruno Brazil vão adorar este regresso da personagem pois todos os ingredientes que tornaram esta série famosa estão cá: ação inebriante, conspirações, rapidez na narrativa, mistério… tudo isso habita este Black Program. É o regresso da Brigada Caimão em grande. 


NOTA FINAL (1/10): 
8.4 



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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As Novas Aventuras de Bruno Brazil – Black Program – Vol. 1, de Aymon e Bollée
Ficha técnica 
As Novas Aventuras de Bruno Brazil vol. 1: Black Program 
Autores: Aymond e Bollée 
Editora: Gradiva 
Páginas: 60, a cores 
Encadernação: Capa dura 
Lançamento: Fevereiro de 2020