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terça-feira, 12 de agosto de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela Levoir nos últimos 5 anos!



Hoje trago-vos a melhor banda desenhada que, nos últimos 5 anos, foi lançada em Portugal pela Levoir!

Porquê cinco anos? Bem, porque não só é um número redondo, como é o tempo de existência do Vinheta 2020. E isso tem sido estímulo para que nos últimos dias eu tenha feito um TOP 10 por editora. Afinal de contas, foram muitas e muitas as obras de BD com grande qualidade que, durante 5 anos, foram editadas em Portugal!

Mas centremo-nos na Levoir.

Depois de uma entrada em peso no lançamento de banda desenhada em Portugal, com a edição de inúmeras séries de comics americanos ou das icónicas coleções de Novelas Gráficas, entre outros lançamentos relevantes, a Levoir registou um período mais calmo por volta de 2020. Essa calma deu depois lugar a uma gradual retoma da atividade editorial por parte da editora.

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Faço aqui uma pequena nota sobre o procedimento: considerei séries como um todo e obras one-shot. Tudo junto. Pode ser um bocado injusto para as obras autocontidas, reconheço, e até ponderei fazer um TOP exclusivamente para séries e outro para livros one-shot, mas depois achei que isso seria escolher demasiadas obras. Deixaria de ser um TOP 10 para ser um TOP 20. Até me facilitaria o processo, honestamente, mas acabaria por retirar destaque a este meu trabalho que procura ser de curadoria. Acabou por ser um exercício mais difícil, pois tive que deixar de fora obras que também adoro, mas acho que quem beneficia são os meus leitores que, deste modo, ficam com a BD que considero ser a "crème de la crème" de cada editora.

Sem mais demora, deixo-vos então com as minhas 10 obras preferidas que a Levoir editou entre o período de 2020 a 2025:

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Comparativo: Táxi Amarelo pela Levoir e pela Pipoca & Nanquim


Hoje trago-vos um comparativo entre as edições de Táxi Amarelo (ou Yellow Cab) que as editoras Levoir e Pipoca & Nanquim fizeram desta obra da autoria de Chabouté.

Antes de qualquer coisa mais - e isso é o mais importante! - devo dizer-vos que estamos perante (mais) uma obra de qualidade superior e que é totalmente recomendada! Se não a leram, comprem-na! Na versão portuguesa, brasileira, francesa, inglesa, espanhola ou húngara... mas comprem-na!

Chabouté é um dos meus autores de BD favoritos e, mais uma vez, volta a dar-nos um belíssimo trabalho com este Yellow Cab.

E já que falo em Yellow Cab, comecemos por isso. Pelo nome.

A editora Levoir decidiu traduzir o título original para "Táxi Amarelo". Se a tradução, ao contrário do que por vezes é feito, não "inventou" coisas que não estavam no título original, pois é literal, não me parece que tenha sido uma boa escolha. Isto porque a versão original francesa tem o título Yellow Cab e era por aí que a edição portuguesa se deveria ter regido. Parece-me que foi essa a escolha do autor, Chabouté, ao nomear dessa forma a obra que resulta de uma adaptação, com o mesmo nome, da obra original de Benoît Cohen. Como um amigo me disse há uns dias, seria como traduzir o fabuloso Kobane Calling, de Zerocalcare, e também editado pela Levoir, para algo como "O Chamamento de Kobane". Seria escusado.

Mesmo assim, também me parece que, por essas redes sociais, houve um certo tumulto e exagero por parte de algumas pessoas em relação a este título "Táxi Amarelo". Sem ser a decisão certa, repito, não me parece que tenha sido nenhum "crime editorial". Há, infelizmente, coisas piores em termos editoriais.

Arrumando a questão do título, olhemos, então, para as diferenças entre ambas as edições.

Tirando o título, as capas são praticamente iguais. A versão portuguesa tem o logótipo da editora e descrição "novela gráfica" junto à lombada, e a font - para o nome do autor - que é habitual na sua Coleção de Novelas Gráficas. A edição brasileira apenas tem o logótipo da editora Pipoca & Nanquim no fundo da capa.

A edição brasileira é ligeiramente maior em dimensões. Não é uma diferença muito grande, ou que melhore tão sobejamente a fluidez da leitura, mas acaba por ser melhor para desfrutarmos da arte magnífica de Chabouté.



Se as capas são praticamente iguais, as contracapas são bastante diferentes. 

A edição da Levoir tem bastante texto onde, não só se dá uma nota biográfica sobre o autor Chabouté, como se apresenta uma sinopse de Táxi Amarelo. A edição brasileira tem apenas um texto em género de teaser, tal como na versão original francesa.




Em termos de lombada, a edição portuguesa apresenta o aspeto que já é reconhecível da Coleção de Novelas Gráficas da editora. A edição da Pipoca & Nanquim também é idêntica à edição original francesa. 

É mais apelativa a versão brasileira, claro, mas também percebo que a Levoir queira uniformizar as lombadas dos livros que lança nesta coleção.




As guardas dos dois livros também são diferentes. 

Na versão portuguesa somos brindados com uma bela ilustração de Chabouté. A edição brasileira apresenta apenas guardas a amarelo. Neste ponto, a edição portuguesa foi mais feliz.




Onde a edição portuguesa supera em grande a edição brasileira é no facto de possuir um prefácio que procura introduzir a obra antes da leitura da mesma. E quando digo isto, não o refiro pelo simples facto desse mesmo prefácio ter sido escrito por mim. Poderia ter sido escrito por outra pessoa - até porque, de um modo geral, os prefácios desta Coleção de Novelas Gráficas costumam ser bons. 

Mas, lá está, um prefácio comedido e bem desenvolvido permite uma melhor introdução da obra. Acho que isso engrandece e melhora a edição.

A edição brasileira não tem nada disso, além de uma nota biográfica sobre Chabouté e Benoît Cohen na última página do livro.




Em termos de papel utilizado, ambas as edições apresentam bom papel baço, o papel adequado para o tipo de ilustrações de Chabouté.

Posso admitir que a versão brasileira tem um papel de gramagem ligeiramente mais espessa, mas não é uma diferença muito grande, já que o papel da edição portuguesa também é de boa qualidade.




E, claro, a grande diferença em termos de texto é que a edição da Levoir nos oferece a obra no português de Portugal, ao passo que a edição da Pipoca & Nanquim nos dá o mesmo trabalho em português do Brasil. É óbvio que, neste ponto, os portugueses apreciarão mais a versão da Levoir e os brasileiros apreciarão mais a versão da Pipoca & Nanquim. É normal e lógico. Não obstante, a obra pode ser bem sorvida em qualquer uma das suas versões, quer por portugueses, quer por brasileiros.

No fim de contas, estamos perante duas belas edições em português de uma obra igualmente bela, e a escolha entre uma e outra recairá, acima de tudo, na questão do preço. 

Por cá, a edição brasileira encontra-se à venda na livraria Casa da BD por 24,00€, enquanto que a edição da Levoir com o jornal Público é vendida por 14,90€. A quase metade o preço! Desta vez, e admitindo que a edição brasileira enquanto objeto-livro até possa ser ligeiramente melhor, parece que a edição da Levoir vence na questão de custo-benefício. Se muitas vezes se aponta o dedo a algumas fraquezas nas edições da Levoir, vejo poucas vezes a atribuição de louvor por esta ação de tornar disponível - e a bom preço - bandas desenhadas de qualidade superior. Como é o caso.


quarta-feira, 10 de julho de 2024

A coleção de Novelas Gráficas da Levoir já arrancou!



E foi até na passada sexta-feira que o primeiro livro daquela que é a 8ª Coleção de Novelas Gráficas, da Levoir e do jornal Público, foi lançado, pelo que esta minha chamada de atenção já peca por tardia.

Infelizmente, por motivos pessoais, não consegui falar deste lançamento até agora.

A série abriu com uma obra de peso que dá pelo nome de Táxi Amarelo e é da autoria de Christophe Chabouté, de quem a editora já havia publicado, também em Coleções de Novelas Gráficas, as obras Acender Uma Fogueira e Moby Dick.

Táxi Amarelo é um livro que considero muito bom e, portanto, uma ótima escolha para a abertura de mais uma coleção de Novelas Gráficas. Tive até a oportunidade de escrever o prefácio para esta edição, o que me leva a estar grato à editora perante tamanha confiança.

Mais abaixo, deixo-vos a nota de imprensa da editora, algumas imagens promocionais e mais algumas informações acerca do preço e calendário de lançamentos dos restantes livros desta coleção.


Táxi Amarelo, de Chabouté

A colecção Novela Gráfica está de volta com a parceria Levoir/Público. Este ano a colecção tem edição quinzenal, e saída já marcada na sexta-feira 5 de Julho e até 22 de Novembro.

Com 10 volumes inéditos em Portugal e nomes conhecidos dos leitores portugueses como Chabouté ou Olivier Guez, mas também algumas novidades: Arnaud Le Gouëfflec, Matthias Lehmann, Joan Boix, Wander Antunes entre outros.

Nesta VIII colecção há uma grande diversidade de temas: adaptações de livros de grandes autores da literatura mundial, Mark Twain e Fiodor Dostoiévski, mas também de romances actuais, novelas com base histórica - aniversário dos 60 anos do golpe militar no Brasil, biografias ou terror.

A abrir a colecção, Chabouté com Táxi Amarelo, baseado no romance de Benoit Cohen. Chabouté coloca a sua visão pessoal e o seu domínio do preto e branco nesta obra. Em 2020 a Levoir e o Público editaram do mesmo autor, Acender uma Fogueira, adaptação do conto homónimo de Jack London e em 2023 a adaptação do clássico Moby Dick em dois volumes.

Benoit Cohen é um realizador de filmes e séries que ao fim de 20 anos sente que necessita um novo começo. Em 2014, muda-se para Nova Iorque e decide tornar-se taxista para escrever um argumento.
Ao mergulhar no coração da cidade, alimentando-se da riqueza da metrópole, espera encontrar uma nova inspiração. Numa escola em Queens, aprende os truques do ofício, conhece os seus futuros colegas, migrantes de todo o mundo em busca do "sonho americano", e enfrenta o labirinto administrativo que conduz à obtenção de uma licença de taxista. Ao volante do emblemático táxi amarelo, percorre as ruas da Big Apple, observando os rostos de milhares de passageiros e recolhendo histórias.

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Ficha técnica
Táxi Amarelo
Autor: Christophe Chabouté
Editora: Levoir
Páginas: 176, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 195 x 270 mm
PVP: 14,90€


Calendário e Preço dos Livros desta 8ª Coleção:




05/07/2024
Táxi Amarelo
Christophe Chabouté
14,90€


19/07/2024
O Jogo da Morte
Pepe Gálvez e Guillem Escriche
14,90€


02/08/2024
O Homem que Corrompeu Hadleyburg
Wander Antunes
13,90€


16/08/2024
Crime e Castigo
Bastien Loukia
15,90€


30/08/2024
Os Grande Nomes do Macabro
Joan Boix
13,90€


13/09/2024
O Desaparecimento de Josef Mengele
Matz, Olivier Guez & Jörg Mailliet
15,90€


27/09/2024
Chumbo - Vol. 1
Matthias Lehmann
14,90€


11/10/2024
Chumbo - Vol. 2
Matthias Lehmann
13,90€


25/10/2024
Preto e Branco: Ascenção e Queda de Bobby Fischer
Julian Voloj & Wagner Willian
13,90€


08/11/2024
Tati e o Filme Sem Fim
Arnaud Le Gouëfflec & Olivier Supiot
14,90€


22/11/2024
O Caso Alan Turing
Arnaud Delalande e Éric Liberge
13,90€









NOTA: Para mais informações sobre cada um destes livros, acedam aqui.

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Análise: Moby Dick

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté

Foi com uma “entrada a pés juntos”, no melhor sentido da expressão, que a Levoir inaugurou a sua sétima coleção de Novelas Gráficas, editada em parceria com o jornal Público.

Depois de mais de dois anos de interregno, é com enorme prazer que testemunho este regresso a uma coleção tão relevante na formação de novos leitores portugueses de banda desenhada. E sim, inaugurar esta sétima coleção com uma obra de Chabouté, foi, a priori, uma vitória já consumada.

No caso, a Levoir lançou, em dois volumes, a obra Moby Dick, a adaptação para banda desenhada do clássico da literatura de Herman Melville. Acredito que todos os que me leem já conhecem a emblemática obra original de Melville, já muitas vezes adaptada para o cinema e mesmo para a banda desenhada, mas, ainda assim, permitam-me uma muito breve sinopse.

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
Moby Dick
é uma obra-prima da literatura americana originalmente publicada em 1851. A história é narrada por Ishmael, um marinheiro que se junta à tripulação do navio baleeiro Pequod, comandado pelo obcecado Capitão Ahab. A missão de Ahab é caçar e vingar-se de Moby Dick, uma enorme baleia branca que lhe arrancou a perna num encontro que ambos tiveram anteriormente.

Um dos temas centrais do livro é a obsessão, representada principalmente pela busca por vingança de Ahab face a Moby Dick. O capitão Ahab torna-se, com efeito, numa figura trágica, consumida por sua busca implacável, o que levanta questões sobre os limites da obsessão humana. O livro explora também a relação complexa entre o homem e a natureza, descrevendo a majestade e a crueldade do oceano, bem como a fragilidade da humanidade em relação à imponência da natureza.

Aquilo que movia os tripulantes do navio Pequod, bem como toda uma indústria baleeira que florescia na primeira metade do século XIX, era o óleo de baleia. Este óleo era extraído da gordura das baleias e servia, especialmente, para fornecer combustível para a iluminação pública e privada, embora também fosse utilizado numa grande variedade de produtos, tais como no fabrico de sabão e outros cosméticos, ou mesmo no fabrico de margarina. Claro que pescar uma baleia não era, à altura, uma atividade nada fácil ou que não acarretasse enormes riscos para toda a tripulação que, nestas viagens, chegava a estar mais de três anos em alto mar. Mas o Homem sempre foi pródigo em arriscar tudo e mais alguma coisa em prol do seu enriquecimento. Que o digamos nós mesmos, portugueses, quando recordamos o dourado (?) tempo das longas viagens marítimas que fizemos no passado.

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
Não obstante o já referido, sendo uma história que nos mostra o quão difíceis eram estas viagens e a caça à baleia, Moby Dick é bem mais do que isso. É um exercício que procura mostrar até onde a vingança e o sentimento de ódio pode levar uma pessoa à obsessão, à loucura e a um final desesperado, arrastando consigo um cem número de indivíduos que são alheios a essa vingança. A cegueira perante o bom senso é, pois, algo que é impossível de tratar e o capitão Ahab é o claro exemplo de alguém que, mergulhado de forma tão profunda numa vingança sem pés (perna?) nem cabeça, há muito se esqueceu daquilo que a sua vida poderia e deveria ter sido. E agora, em plena solidão, tem um único foco: vingar-se de Moby Dick. No matter what.

A adaptação de Chabouté data do ano de 2014, e consegue o belo feito de ser muito fiel ao original, possibilitando ao leitor uma bela imersão na obra e reunindo os momentos mais importantes e essenciais do texto original. Independentemente do belo desenho a preto e branco de Chabouté, do qual falarei mais à frente, julgo ser justo dizer que uma das razões pela qual esta obra funciona muito bem é pelo facto de o autor ter dado tempo narrativo – leia-se páginas – para deixar a história fluir e os momentos ganharem profundeza. Nisso, este Moby Dick de Chabouté é um verdadeiro exemplo. Porque, se analisarmos bem, a obra original até é daquelas que podem ser sintetizadas num ou dois parágrafos. Apesar disso, o autor foi inteligente ao verificar que a história precisaria de tempo e espaço para melhor impactar o leitor. Só dessa forma o livro teria a valência de também ser contemplativo e de conseguir trazer várias e pertinentes conclusões acerca daquilo que move a humanidade. Se poderia ser uma história contada em metade das páginas deste duplo volume? Sim! Até em menos! Agora, se poderia ser igualmente marcante se tal tivesse sido feito? Ah, seguramente que não!

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
O ritmo, demarcadamente lento, permite que o mistério que rodeia as personagens, e em particular a baleia Moby Dick e o capitão Ahab aumente e mantenha o leitor mergulhado na história, mesmo que, tal como foi o meu caso, o referido leitor já esteja farto de conhecer a obra original.

Assim, a narrativa visual acaba por ser uma parte fundamental desta adaptação. Chabouté utiliza o poder das imagens para transmitir a vastidão do oceano, a grandiosidade da baleia e a angústia do capitão Ahab, que é maravilhosamente retratado. O universo talhado a preto e branco pelo autor amplia a sensação de isolamento e desespero que habita a história original. Chabouté é conhecido pela sua habilidade única para contar histórias visuais, e esta adaptação não é, portanto, exceção, com o seu estilo artístico a criar uma atmosfera sombria e intensa, que combina perfeitamente com a narrativa original carregada de emoção e complexidade. As imagens detalhadas e as expressões inequívocas das personagens ajudam a transmitir as emoções e os conflitos subjacentes à história.

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
O preto e branco puro do autor, onde não existe espaço para meios tons cinzentos, é verdadeiramente admirável. Os jogos de negro e claro que o autor faz e a maneira como utiliza o espaço negativo que a opção por camadas a preto na ilustração possibilita, é verdadeiramente apaixonante. Incrível também é como o autor consegue, apenas através das suas ilustrações, sem o recurso a texto, transmitir-nos cheiros, sons, ambientes, sentimentos. São muitas as páginas onde não há um único balão de texto, mas que, por oposição a isso, nos passam inúmeras informações para a compreensão da história. Que maestria de Chabouté!

Se me posso queixar de algo é que, mais ou menos a meio da história, a personagem de Ishmael começa a ficar um pouco “esquecida”, com o autor a centrar-se mais em Ahab, e esquecendo os sentimentos e vivências que Ishmael experiencia. Não é nada de muito grave, mas creio que, tendo em conta que a primeira parte da história até se centra mais em Ishmael, o facto da mesma personagem quase desaparecer de cena durante a segunda parte da obra, traz uma certa incoerência que o texto original de Melville não tem.

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
Relativamente à edição da editora Levoir - que, relembro, já havia editado numa outra coleção de novelas gráficas a obra Acender Uma Fogueira, de Chabouté -, esta está em linha com aquilo a que já nos habituámos na coleção: capa dura, papel com pouca espessura (embora decente), boa impressão e boa encadernação. Como extra, é apresentado um prefácio que, neste caso, é feito por Pedro Bouça.

Muito se tem dito sobre a qualidade da edição, especialmente no caso deste Moby Dick que, sendo percecionado, e bem, como uma obra de qualidade superior, merecia, para muitos, uma edição mais cuidada. Não nego isso. E até vou mais longe: num paraíso de edições para os adeptos de banda desenhada, é lógico que cada livro - não só este - deveria ter os mais nobres materiais, um bom punhado de extras, com esboços, entrevistas sobre a obra, formato maior, papel com maior gramagem, etc. É óbvio que sim. Uma verdade La Palisse. Tal como é óbvio que toda a gente deveria conduzir um Mercedes ou um BMW topo de gama, em vez de um Fiat Punto ou de um Citroen AX. No entanto, tendo em conta que esta é a forma que a editora Levoir tem para editar a obra por cá, aceita-se. Não denigre, não destrói e não invalida esta edição. E, às tantas, é preferível que tenhamos a edição publicada em Portugal nestes moldes, do que não termos, sequer, edição portuguesa. Tal como é melhor andar de Fiat Punto ou de Citroen AX do que andar a pé. Mesmo que a nossa preferência possa recair num Mercedes ou num BMW.

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público
Vi também vários comentários na internet exaltando que a Levoir deveria ter lançado a obra num só volume. Mais uma vez, digo: “pois, eu também preferia que a obra fosse lançada num só volume”. Até porque gosto imenso de edições integrais que, em geral, são mais belas, ocupam menos espaço na prateleira e permitem, num só objeto, ter a obra completa. Também é verdade que, no passado, já vimos a Levoir cometer alguns erros de edição ridículos, devido a "invenções" estranhas na altura na forma de dividir uma obra. No entanto, desta vez, acho injustas estas críticas à divisão da obra em dois. Por uma razão muito simples: a obra foi originalmente lançada em dois volumes. Portanto, ela não foi dividida, sequer. É verdade que, depois da edição integral, a obra tem sido publicada desse modo. No entanto, ela não foi dividida pela Levoir, repito. Esta é uma obra originalmente concebida em dois volumes. Ponto, parágrafo. Logo, não se pode acusar a Levoir de estar a “inventar” ou de estar a desrespeitar a obra. Foi desta forma, em dois volumes, que Chabouté lançou originalmente a obra, não esqueçamos. Preferia que este Moby Dick fosse lançado num luxuoso único volume? Sim. Mas o que é certo é que, durante praticamente 10 anos, nenhuma editora portuguesa se tinha chegado à frente para lançar a obra por cá. Foi a Levoir que o fez. E fê-lo à sua maneira, da forma possível. Não é uma edição de sonho, mas não considero que seja uma edição que não dignifique a obra.

Em suma, e olhando para o todo, a adaptação em banda desenhada de Moby Dick por Chabouté oferece uma perspetiva visual única e emocionante da obra clássica de Herman Melville. A habilidade artística e narrativa de Chabouté torna a história acessível a um novo público, ao mesmo tempo em que homenageia o trabalho original. Esta adaptação é um dos livros do ano e representa uma perfeita maneira para (re)descobrir a épica busca de Ahab por Moby Dick e todos os temas profundos que a história aborda. Imprescindível!


NOTA FINAL (1/10):
9.8


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Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público

Fichas técnicas
Moby Dick - Volume 1
Autor: Chabouté
Editora: Levoir
Páginas: 128, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 190 x 280 mm
Lançamento : Agosto de 2023

Moby Dick – Volumes 1 e 2, de Chabouté - Levoir e Público

Moby Dick - Volume 2
Autor: Chabouté
Editora: Levoir
Páginas: 144, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 190 x 280 mm
Lançamento: Setembro de 2023

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Chega hoje, às bancas, a segunda parte de Moby Dick!


Hoje já se encontra disponível a segunda e última parte de Moby Dick, de Chabouté, que é o segundo lançamento da sétima coleção de Novelas Gráficas que a Levoir tem vindo a editar com o jornal Público!

Trata-se de uma obra de excelente qualidade que recomendo vivamente!

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa da editora e com algumas imagens promocionais.


Moby Dick - Volume 2, de Chabouté

Dentro da nova coleção de Novelas Gráficas da Levoir e do Público que começou no passado dia 31 de Agosto com o volume um de Moby Dick, é lançado a 7 de setembro o segundo volume desta obra atemporal que consegue cativar o leitor de qualquer época.

Christophe Chabouté consegue em Moby Dick, a proeza de ao mesmo tempo ser fiel ao original escrito por Herman Melville, em 1851, e introduzir características únicas do meio em que foi recriado ganhando assim vida através da sua potente escrita e ritmo. O artista faz questão de mostrar cada mínimo detalhe de acções quotidianas dos marinheiros, seja preparando um arpão, ou cortando a carne de baleia.

Na primeira metade do século XIX, o óleo de baleia era muito usado e extremamente valioso. A única maneira de o conseguir era através da caça à baleia. As viagens destes marinheiros podiam durar até três anos e eram arriscadíssimas. Somente o alto valor do barril de óleo de baleia justificava o esforço destes homens.
Esta caça em alto-mar durante tanto tempo num ambiente insalubre corrói a psique dos homens, especialmente a do capitão Ahab, que entra numa espiral de loucura na caça à baleia branca. A tripulação está refém da obsessão do seu capitão. 

Ahab tem apenas um objetivo: caçar e matar a fera que lhe arrancou a perna. Moby Dick... um nome que soa como uma lenda perigosa. É um nome que mete medo à tripulação e a todos os baleeiros que a encontram, todos eles condenados do mar e habituados aos perigos do oceano. 

No rasto do cachalote branco, as águas cheiram a morte... Consumido pela sua sede de vingança, Ahab decompõe-se fisicamente. O seu ódio transformou-se em loucura. De tal forma que os seus homens se interrogam: o verdadeiro perigo está no mar ou a bordo?

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Ficha técnica
Moby Dick - Volume 2
Autor: Chabouté
Editora: Levoir
Páginas: 144, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 190 x 280 mm
PVP: 13,90€

terça-feira, 20 de junho de 2023

A Levoir anunciou finalmente a sua coleção de novelas gráficas para 2023!


Alvíssaras! A Levoir e o jornal Público regressam ao lançamento da Coleção de Novelas Gráficas!!!

Bem, para ser sincero, isto não é uma notícia tão inesperada assim. Pelo menos, para aqueles que seguem o Vinheta 2020, pois já tinha falado inúmeras vezes desse assunto por aqui.

Ainda assim, a Levoir foi abrindo o jogo aos poucos, anunciando, de forma faseada, cada uma das obras.

E ontem consumou-se, finalmente, a notícia: a coleção deverá arrancar no próximo dia 31 de Agosto e são 10 os livros que constituirão aquela que será a VII Coleção de Novelas Gráficas, depois de um hiato de 2 anos em que a coleção ficou em standby

Cada livro sairá com o preço de 13,90€. Um aumento considerável - embora algo expétavel, considerando inúmeros fatores - face à última coleção.

Destas 9 obras (uma delas será lançada em dois volumes), o Vinheta 2020 já tinha anunciado 5. Portanto, com o anúncio de ontem ao final da tarde, a Levoir acabou por anunciar 4 obras novas. 

E embora a listagem de obras seja agora conhecida, a editora avisa que alguns dos títulos poderão ser ainda alterados. A lista não é, portanto, 100% definitiva mas eu diria que, à partida, deverão ser estas as obras a ter em conta.

Considerando que, simultaneamente, a editora também tem estado a anunciar o lançamento de outras novelas gráficas para os próximos meses, aproveito para, no final deste artigo, fazer uma listagem das obras que a editora lançará de forma avulsa, isto é, de modo independente em relação a este conjunto de obras que constituirá a VII Coleção de Novelas Gráficas.

Volto a dizer o que sempre digo: a coleção das novelas gráficas da Levoir e do Público é o acontecimento editorial do ano em Portugal, no que ao lançamento de banda desenhada diz respeito.

Portanto, são ótimas notícias!

Mais abaixo, deixo-vos, então, com a lista das obras, acompanhadas pela capa original e por uma prancha para melhor ficarem a conhecer cada um dos estilos de ilustração que poderão ser encontrados em cada um dos livros. 

terça-feira, 16 de maio de 2023

Levoir apresenta mais 3 novelas gráficas!



Já não há dúvidas para ninguém que o ano de 2023 será um ano de regresso (a sério) por parte da editora Levoir! E quando digo "a sério", admito que ainda não sei se será um ano que estará ao nível dos anos com maior fluxo editorial por parte da Levoir. Ainda assim, e pelo menos face aos últimos 3 anos, parece óbvio que este é um ano de regresso. A sério.

Senão vejamos:

A editora tem continuado o trabalho encetado na Coleção dos Clássicos da Literatura. Desta coleção, merece especial destaque o livro Auto da Barca do Inferno, que foi hoje lançado, e cuja adaptação para banda desenhada da obra original de Gil Vicente, é feita pelos autores portugueses João Miguel Lameiras e Joana Afonso.

Recentemente, a Levoir também lançou, de forma avulsa, o álbum Destemidas - Mulheres que só fazem o que Querem - Vol. 2, de Pénelope Bagieu.

A editora  também surpreendeu muita gente quando anunciou que vai lançar uma série de mangá com 44(!) volumes - As Gotas de Deus, da autoria de Tadashi Agi e Shu Okimoto.

Para além disso, e ainda no mangá, a editora já lançou Os Três Mosqueteiros, de Néjib e Cédric Tchao, e lança, exatamente neste dia, 4Life - Crepúsculo I, de Antoine Dole e Vinhnyu. 

Mais recentemente, falei aqui do lançamento de uma das obras que, quanto a mim, é um dos lançamentos do ano. Falo de Moby Dick, de Chabouté, que a editora lançará em dois volumes na sua coleção de Novelas Gráficas que regressa este ano. Sim, o regresso desta coleção é também uma das grandes notícias do ano! É que a coleção de Novelas Gráficas da Levoir é, e não me canso de o repetir, "o acontecimento editorial mais relevante no mercado nacional da banda desenhada".

Face a isto, e regressando ao tema principal deste breve artigo, a editora já anunciou mais duas obras. Uma delas é Alexandra Kim, a Siberiana, de Keum Suk Gendry-Kim. Da mesma autora, a editora deverá lançar, de forma avulsa a obra  L' Arbre Nu.

Para além destas duas obras, que estão referenciadas como sendo de qualidade - embora eu tenha que assumir que ainda não as li - a Levoir anunciou ontem mais um livro, que será a adaptação para BD, por parte dos autores Matteo Mastragostino e Alessandro Ranghiasci do clássico livro Primo Levi. Sobre este livro há uma coisa curiosa: é que em França houve um lançamento da obra a preto e branco e um lançamento a cores. Mas, tendo em conta que as imagens a preto e branco que a Levoir partilhou da obra, é esperado que, por cá, a obra seja lançada a preto e branco.

A editora tem apresentado estas obras, em forma de teasing, sem indicar concretamente se serão obras lançadas de forma independente, como Destemidas, ou se serão lançadas dentro da coleção de Novelas Gráficas que a editora vai trazer no verão com o Jornal Público.

Mesmo assim, diria que há 99% de hipóteses em que estes 5 livros componham parte da coleção das Novelas Gráficas. Se assim for, começamos bem, diria.

Deixo-vos, portanto, com a lista de obras já anunciadas pela Levoir e que deverão integrar a Coleção de Novelas Gráficas:



Moby Dick - Volume 1
, de Chabouté




Moby Dick - Volume 2, de Chabouté



Alexandra Kim, a Siberiana, de Keum Suk Gendry-Kim




Primo Levi, Matteo Mastragostino e Alessandro Ranghiasci


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De forma avulsa, a editora deverá lançar, até ao final do ano, os seguintes livros:


L' Arbre Nu, de Keum Suk Gendry-Kim



Dissident Club, de Taha Siddiqui e Hubert Maury



Kobane Calling, de Zerocalcare