sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Comparativo: "Mattéo" pela Ala dos Livros e pela Vitamina BD


Hoje trago-vos o comparativo entre o primeiro volume da série Mattéo, de Jean-Pierre Gibrat, recentemente editado pela Ala dos Livros, e a primeira edição portuguesa da obra, de 2009, pela editora Vitamina BD que, infelizmente, acabou por deixar de existir.

E devo ser-vos franco: não existem substanciais diferenças entre uma e outra edição.

E isso prova que, de facto, o trabalho que a Vitamina BD tinha feito com esta obra era de excelente qualidade. E, claro, de excelente qualidade também é o trabalho que a Ala dos Livros coloca na suas edições. Mas isso já não é, creio, novidade para ninguém.

Olhando então para os dois livros, lado a lado, os mesmos apresentam o mesmo formato. Bem, o da Vitamina BD parece ser uns milímetros (um ou dois milímetros, se tanto) maior do que o da Ala dos Livros.

Ambas as edições apesentam a mesma ilustração de capa, embora, se olharmos com atenção, o corte da ilustração, em termos de margens, é ligeiramente diferente entre os dois livros.

A versão da Ala dos Livros conta com detalhes a verniz, na capa e na contracapa, enquanto que a versão da Vitamina BD não tem este pequeno detalhe de requinte. A Vitamina BD optou por colocar o logótipo da editora na capa, enquanto que a Ala dos Livros o colocou na contracapa.



Em termos de lombada, os livros são praticamente iguais, excetuando o facto do sentido do texto ser oposto. Para quem está a fazer a coleção pela Ala dos Livros, mesmo que até já tenha a edição da Vitamina BD, talvez este seja um detalhe importante e positivo.




Detetei que o nome do autor na lombada da Ala dos Livros está ligeiramente desfocado. Não é algo que chame muito a atenção, mas é um pequeno erro, provavelmente de impressão - ou de preparação do ficheiro para impressão.




As próprias guardas dos dois livros são praticamente iguais, tal como também o são as folhas de rosto de cada um dos livros.




Quanto à qualidade da impressão, os dois livros apresentam cores praticamente iguais, não sendo óbvias a olho nu as diferenças entre cor. 

Talvez a edição da Ala dos Livros tenha os níveis de cor e luz mais bem equilibrados do que a edição da Vitamina BD. Mas nada que seja sobejamente visível.




O que é diferente é, para além da tradução da obra, o tipo de letra utilizado nos balões e legendas.

Ambas as fonts são bem escolhidas, se bem que até sou capaz de preferir - mas talvez por uma questão de afinidade à primeira edição que tive da obra - a font utilizada no livro da Vitamina BD. 

E isso é especialmente verificável na carta. Ora vejam:




Seja como for, compreendo que a Ala dos Livros esteja a uniformizar, como é óbvio, as fonts utilizadas em todos os livros, tendo em conta que já publicou toda a série, excetuando o segundo tomo que há de chegar até nós brevemente.




Mesmo em termos de extras, nenhum dos livros os contém, pelo que, também neste cômputo, as duas edições são iguais.

Em suma, não há nesta nova edição do primeiro tomo de Mattéo, por parte da Ala dos Livros, grandes diferenças, para melhor ou para pior, face ao trabalho que já havia sido feito com a edição da Vitamina BD. Portanto, a questão mais importante a reter é que este primeiro volume, que estava completamente esgotado, volta a estar disponível no mercado nacional. Essa é a boa notícia! 

Foram bastantes as pessoas que me escreveram a queixarem-se de que não podiam encontrar os dois primeiros volumes da série, o que era dissuasor para investirem em Mattéo. Agora que este primeiro volume da série volta a ser publicado - e tendo noção que já não faltará muito até que o segundo volume também o seja - ainda há menos razões para que os leitores de BD de qualidade superior não apostem neste trabalho de Gibrat, pois é fantástico é totalmente aconselhável.


Aí está a nova aposta da Arte de Autor!



Chama-se Islander e é uma mini-série da autoria dos autores Caryl Férey e Corentin Rouge. Este último, é o ilustrador da série Rio, publicada há alguns anos por cá, pela ASA.

Esta mini-série Islander está pensada para ter 3 volumes. Posso dizer-vos que já pude folhear rapidamente este livro e que fiquei com muito boas impressões, já que gosto bastante do traço de Corentin Rouge e, também, porque o tema aqui retratado me parece bastante promissor.

O livro já se encontra à venda no Amadora BD e em pré-venda no site da editora Arte de Autor, devendo chegar posteriormente às livrarias a partir do próximo dia 12 de Novembro.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.

Islander #1 - Exílio, de Caryl Férey e Corentin Rouge

O continente europeu é vítima de múltiplas catástrofes, refugiados de todos os países se amontoam no porto de Le Havre, local de trânsito para uma salvação hipotética. 

A Islândia ainda está poupada, mas por quanto tempo? 

Liam, que já perdeu tudo, vai tentar a sorte roubando o passaporte de uma migrante, sem saber que a Islândia também está dividida em relação a eles. Abalado pelo caos do mundo, Liam descobrirá que tomou o lugar de uma mulher envolvida num misterioso projeto, “Islander”; a sua redenção, se Liam e os seus novos companheiros conseguirem sobreviver.

Depois de Sangoma, a dupla explosiva formada por Caryl Férey e Corentin Rouge está de volta com uma trilogia de alta tensão. Um relato de antecipação mais realista do que nunca, que nos leva a terras geladas onde a esperança, a consciência política e os dramas íntimos se misturam. Os autores invertem a ordem do mundo tal como o conhecemos hoje num primeiro volume tão emocionante quanto premonitório.

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Ficha técnica
Islander #1 - Exílio
Autores: Caryl Férey e Corentin Rouge
Editora: Arte de Autor
Páginas: 160, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 232 x 310 mm
PVP: 33,00€






Análise: História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar

História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Cever - Porto Editora

História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Cever - Porto Editora
História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Cever

Foi com satisfação que soube recentemente que a Porto Editora iria publicar a adaptação, no formato de banda desenhada, do livro História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Luis Sepúlveda. Essa adaptação ficou a cargo do autor franco-suiço Cever que, com carinho pela obra original, nos oferece, pela primeira vez em banda desenhada, uma das mais belas e simbólicas fábulas da literatura contemporânea. 

A história decorre no porto de Hamburgo, em que temos Zorbas, um gato preto, como protagonista. O gato vive feliz na sua casa mas, de um momento para o outro, é confrontado com a visita de uma gaivota que, às portas da morte, pede ao gato um último desejo: que este cuide do seu ovo e que ensine a pequena gaivota, Ditosa, que daí há de nascer, a voar. Parece uma tarefa impossível para um gato, ensinar uma cria de gaivota a voar, certo? E é a partir dessa promessa que se desenrola uma narrativa terna e profunda sobre amizade, coragem e aceitação da diferença.

Conheço bem a obra original e posso dizer-vos que a adaptação de Cever consegue captar com grande sensibilidade o espírito do texto de Sepúlveda. O autor recria a atmosfera de humanidade e empatia que atravessa a obra original do escritor chileno, mantendo o equilíbrio entre a simplicidade da linguagem e a profundidade dos temas. É um daqueles livros que crianças leem bem, mas que os adultos conseguem capturar uma segunda linha narrativa na história descrita. 

História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Cever - Porto Editora
Esta adaptação tem o mérito de condensar a história sem a empobrecer, preservando as suas passagens mais simbólicas. Zorbas e os restantes gatos do porto tornam-se símbolos da solidariedade e da capacidade de cuidar do outro, mesmo quando esse “outro” pertence a um mundo diferente, como é o caso da gaivota no mundo dos gatos. Do ponto de vista narrativo, a história mantém o seu tom de fábula intemporal e o resultado é uma história universal, capaz de emocionar leitores de todas as idades, e que, apesar de simples na forma, é profunda no seu conteúdo.

Podemos então referir que a linguagem acessível da obra e as suas mensagens de amizade, coragem e solidariedade tornam-na uma leitura educativa e inspiradora. Contudo, a profundidade simbólica e o tom poético também a tornam apelativa para os adultos, que encontram nela uma reflexão sobre o amor, a perda e o poder da promessa. É um livro que, em cada leitura, revela novas camadas de significado. Já o tinha lido, mais do que uma vez, há uns anos e voltei a sair mais rico depois desta leitura da obra em banda desenhada.

A fábula de Zorbas e Ditosa é, acima de tudo, uma lição sobre a liberdade. A frase “só voa quem se atreve a fazê-lo” sintetiza de forma magistral o coração da obra. Encoraja-nos a enfrentar o medo, a acreditar nas nossas capacidades e a confiar no apoio dos outros. Esta mensagem, universal e intemporal, é aquilo que faz de História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar um clássico moderno.

A adaptação de Cever honra o legado de Sepúlveda, traduzindo-o num formato visual e narrativo acessível, mas sem perder a sua força simbólica. O equilíbrio entre humor, ternura e fantasia é bem conseguido, e o livro transmite uma sensação reconfortante de esperança. E a própria presença de Luis Sepúlveda enquanto personagem, permite uma homenagem ao autor chileno que nos deixou em 2020, vítima de complicações ligadas ao covid-19.

História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Cever - Porto Editora
Os desenhos de Cever funcionam bastante bem. O traço é limpo, elegante e expressivo, transmitindo emoção através da simplicidade. O gato Zorbas é retratado com particular mestria por Cever, apresentando um olhar sábio, um corpo pesado mas protetor, e uma ternura que emana da sua presença. Há também belos desenhos de dupla página, da zona portuária em que a história se desenrola, que oferecem ao conjunto diversidade e força.

No entanto, é possível sentir, em alguns momentos, que o traço excessivamente limpo deixa os cenários, especialmente os domésticos, um pouco despidos. Mesmo assim, reconheço que foco do autor recai intencionalmente sobre os animais e as suas expressões, o que acaba por servir bem o propósito da narrativa.

Quanto à edição, o livro apresenta capa dura baça, com detalhes a verniz, e um papel ligeiramente brilhante no miolo. A encadernação e impressão são de boa qualidade, também. Acima de tudo, é bom ver que a Porto Editora vá lançando algumas obras de banda desenhada, mesmo que sejam em pouco número.

Em suma, História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar é um livro que aquece o coração. A adaptação de Cever mantém intacto o espírito poético e humano do texto original, e os seus desenhos respiram beleza e emoção. É uma obra que continua a lembrar-nos de que o amor e a coragem podem vencer qualquer diferença e que, no fundo, todos podemos aprender a voar, se tivermos alguém que acredite em nós.


NOTA FINAL (1/10):
7.5

Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Cever - Porto Editora

Ficha técnica
História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar
Autor: Cever
Adaptado a partir da obra original de: Luis Sepúlveda
Editora: Porto Editora
Páginas: 104, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 220 x 292 mm
Lançamento: Setembro de 2025

Levoir edita banda desenhada premiada!



A Levoir acaba de lançar o livro A Cor das Coisas, da autoria de Martin Panchaud, uma obra amplamente premiada que tem conquistado público e crítica pela sua audaz abordagem e desconstrução do próprio cânone que normalmente associamos à banda desenhada.

Como tal, mal posso esperar para conhecer melhor esta obra que tem apresentação dupla com a presença do autor: hoje, às 18h30, na FNAC do Colombo e no domingo, às 15h, no auditório do Amadora BD.

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa e com algumas imagens promocionais.

A Cor das Coisas, de Martin Panchaud

A editora Levoir tem o prazer de anunciar o lançamento em Portugal da novela gráfica A Cor das Coisas, do autor suíço Martin Panchaud, uma das obras mais inovadoras e premiadas da banda desenhada europeia dos últimos anos.

A Cor das Coisas mistura drama, comédia, suspense e crítica social, através da história de Simon, um adolescente de 14 anos, vítima de bullying e negligência familiar. Quando decide apostar todas as poupanças do pai num cavalo de corrida, acaba por ganhar 16 milhões de libras - mas, sendo menor, não pode levantar o prémio. 

A partir daí, a sua vida dá uma volta completa: a mãe entra em coma, o pai desaparece, e Simon mergulha numa jornada inesperada.

Visualmente, a obra rompe com todos os formatos convencionais da banda desenhada. A narrativa é contada em “planta baixa”, com as personagens representadas por círculos de cor, evocando infografias e mapas. O resultado é uma experiência de leitura única, onde o leitor reconstrói, página a página, as emoções e os espaços da história.

A Cor das Coisas tem sido aclamada pela crítica e premiada em vários festivais de renome:

Fauve d’Or – Melhor Álbum no Festival de BD de Angoulême (2023)

Grand Prix da Crítica ACBD (2023)

Prix Delémont’BD (Melhor estreia suíça)

Prix “Toute première fois” no Festival BD Colomiers

Medalha de prata no concurso internacional ICMA

Nomeações para diversos outros prémios em França, Suíça e Alemanha


A chegada de A Cor das Coisas a Portugal será assinalada com duas sessões abertas ao público:

FNAC Colombo – 31 de outubro, 18h
Sessão de lançamento com apresentação da obra e sessão de autógrafos.

Festival Amadora BD – 2 de novembro, 15h
Apresentação oficial da obra com o autor e sessão de autógrafos com máquina.

Ambas as sessões contarão com momentos de conversa com o autor e sessões de autógrafos, com uma particularidade inédita: Martin Panchaud autografará os livros com o auxílio de uma máquina criada especialmente para o efeito, numa performance que junta arte, tecnologia e humor — uma inovação nunca vista em eventos do género em Portugal.

Estas serão oportunidades únicas para conhecer Martin Panchaud, conversar sobre o seu trabalho inovador e assistir a uma performance de autógrafos como nunca se viu.

Convidamos livreiros, imprensa, profissionais do setor cultural e amantes da banda desenhada a juntarem-se a nós nestes momentos especiais de celebração de uma obra que desafia as convenções visuais e narrativas do género.

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Ficha técnica
A Cor das Coisas
Autor: Martin Panchaud
Editora: Levoir
Páginas: 232, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 170 x 240 mm
PVP: 29,90€

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Análise: Manda Msg Qd Chegares

Manda Msg Qd Chegares, de RGB - Iguana - Penguin Random House

Manda Msg Qd Chegares, de RGB - Iguana - Penguin Random House
Manda Msg Qd Chegares, de R.G.B.

Uma das mais recentes apostas da editora Iguana foi este livro intitulado Manga Msg Qd Chegares, que marca a estreia da autora portuguesa R.G.B. Não se trata de um livro de banda desenhada, mas sim de um livro ilustrado. Seja como for, merece análise aqui no Vinheta 2020.

Esta é uma obra profundamente marcada por um tema urgente e doloroso: a violência e o assédio que as mulheres enfrentam diariamente, desde a infância até à vida adulta. A partir de uma coleção de pequenos relatos reais, a autora constrói um manifesto visual e emocional que denuncia, sem filtros, a constante vigilância e medo a que as mulheres são sujeitas no espaço público e privado. A própria expressão que dá título ao livro, Manga Msg Qd Chegares, sintetiza bem esse estado de alerta permanente que se tornou parte da experiência feminina. Trata-se, pois, de uma obra que, mais do que narrar, grita, e mais do que ilustrar, expõe.

Manda Msg Qd Chegares, de RGB - Iguana - Penguin Random House
O propósito da obra é, pois, inequívoco: dar voz e visibilidade a histórias de abuso que tantas vezes permanecem no silêncio e que são perpetradas bem junto de nós, por vezes à nossa frente. E não se pode dizer que R.G.B. procure suavizar a dor. Ao invés, este livro procura amplificar o impacto emocional das vivências relatadas, obrigando o leitor a olhar de frente para aquilo que preferiria ignorar. É um livro que incomoda, e justamente por isso cumpre a sua função social.

Em tempos em que o feminismo é tantas vezes deturpado ou banalizado, Manga Msg Qd Chegares recorda-nos que a desigualdade entre homens e mulheres ainda é um facto palpável e quotidiano. O medo de andar sozinha, os conselhos sobre a roupa que se veste, a necessidade de parecer sempre “cuidadosa”... tudo isto são sintomas de uma sociedade que normalizou o perigo. Ou, melhor dizendo, normalizou o desconforto. Acho que é mais isso. E é por essa razão que a leitura desta obra é necessária para todos, mas essencial para os homens, que precisam compreender, de forma visceral, o lado das mulheres que são vítimas de abuso. Seja esse abuso mais agravado ou mais "leve". Porque o próprio abuso "leve" - como um comentário indecoroso ou feio à roupa ou ao corpo de uma mulher - mesmo sendo "leve", continua a ser "abuso".

Contudo, o livro não é isento de fragilidades. R.G.B. alterna entre dois tipos de abordagem: as histórias reais, que são o ponto mais forte e emocionalmente poderoso, e afirmações ilustradas que funcionam como reflexões ou slogans visuais. Estas últimas, embora relevantes, por vezes tornam-se mais dispersas e menos consistentes, o que faz perder algum do impacto narrativo. Há momentos em que a mensagem se fragmenta, tornando-se mais moralizante do que reflexiva. 

Manda Msg Qd Chegares, de RGB - Iguana - Penguin Random House
Um ponto de discussão importante é o alcance do discurso feminista presente no livro. Ao centrar-se exclusivamente nas experiências femininas - o que é absolutamente legítimo -, R.G.B. ignora que certos comportamentos e preconceitos que nos oferece neste livro também afetam os homens. Essa omissão não invalida a pertinência da denúncia, mas levanta uma questão mais ampla: como combater o abuso sem o circunscrever a um género? A luta contra a violência e o desrespeito deveria, idealmente, ser uma causa comum, e o livro, embora focado na realidade das mulheres, poderia beneficiar de uma visão mais inclusiva do problema. Considero, pois, mais pertinente que se combata o abuso feito a pessoas (pois nestas também estão incluídas as mulheres) do que o abuso feito apenas a mulheres. E não digo isto aleatoriamente, foco-me em alguns dos momentos a que a autora dá enfoque, como os perigos de uma mulher andar sozinha à noite, ou numa carruagem vazia de metro. E se coçar a vulva é algo que pode ser interpretado de forma errada por um homem... que dizer se for um homem a coçar os órgãos genitais à frente de uma mulher? E se uma mulher beijar uma outra mulher é mal visto... será que é bem visto um homem beijar outro homem? E se se critica um adulto por perguntar a uma menina se já tem namorado, não deveria criticar-se um adulto por fazer a mesma pergunta a um menino? É verdade que são muitos os exemplos onde as situações retratadas pela autora afetam apenas e só as mulheres, mas também existem, como refiro acima, várias situações que são universais e que, a bem da força do relato e do intento do livro, talvez não devessem ter sido incluídos. Apenas e só porque não afetam só as mulheres.

Manda Msg Qd Chegares, de RGB - Iguana - Penguin Random House
Os relatos que nos são dados, isso sim, é que de mais impactante há neste livro e aquilo que mais nos deixa a pensar. Posso dizer-vos que me senti incomodado e enojado por verificar que ainda há muitos homens, perfeitos atrasados mentais, que não sabem respeitar o espaço, liberdade e escolha das mulheres.

Em termos de desenho, a autora consegue transmitir uma forte carga emocional e simbólica através da sua linguagem visual. As figuras sem olhos, sem boca, reduzidas a silhuetas, remetem para a anulação identitária das vítimas, mas também para a universalidade da experiência. São mulheres que poderiam ser todas as mulheres. O uso de fotografias de ruas e espaços reais acrescenta um peso documental à obra, embora, por mera questão de gosto pessoal, devo considerar que não funcionam especialmente bem em termos visuais.

Não é um livro que seja particularmente bonito em termos de desenho. Talvez não fosse sequer esse o propósito da autora, já que o cariz de denúncia da obra está muito mais assente. Mesmo assim, e não descurando a relevância que as ilustrações de um livro ilustrado também devem ter, acho que as ilustrações poderiam ter recebido mais aprimoramento por parte da autora.

Manda Msg Qd Chegares, de RGB - Iguana - Penguin Random House
Relativamente à questão de formato, Manga Msg Qd Chegares situa-se entre a arte gráfica e o álbum ilustrado, recusando a estrutura linear da banda desenhada tradicional. Não há uma narrativa contínua, mas uma colagem de fragmentos, de memórias e imagens, que funciona como um mosaico do trauma coletivo.

O livro apresenta capa dura baça, com detalhes a verniz, e bom papel baço no interior. A encadernação e e impressão também são de boa qualidade. A aposta da Iguana deve ser também destacada, especialmente, por apostar num projeto que alia arte, denúncia e empatia. A editora demonstra sensibilidade e coragem ao publicar um livro que foge ao conforto estético e narrativo para se tornar um objeto político. 

Em suma, Manga Msg Qd Chegares é um grito necessário, uma exposição de feridas ainda abertas, um alerta para uma realidade que persiste mesmo nas sociedades que se julgam igualitárias. R.G.B. não oferece soluções, mas convoca o leitor para a responsabilidade de ver, ouvir e agir. Pode ser desconfortável, pode ser imperfeito... mas é urgente. Eis um livro que deve ser lido por todos, sobretudo pelos homens, porque nos obriga a confrontar o lado mais feio das relações humanas e a questionar o papel que cada um desempenha na perpetuação ou no combate ao abuso.


NOTA FINAL (1/10):
7.2

Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Manda Msg Qd Chegares, de RGB - Iguana - Penguin Random House

Ficha técnica
Manda Msg Qd Chegares
Autora: R.G.B
Editora: Iguana
Páginas: 96, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 170 x 240 mm
Lançamento: Setembro de 2025

Gorila Sentado lança BD de Pedro Nascimento e Miriam Franco!



A Gorila Sentado prepara-se para editar a nova banda desenhada de Pedro Nascimento, autor que ganhou recentemente o Prémio Revelação dos Prémios de Banda Desenhada da Amadora com a sua obra, Tales From Nevermore, com co-autoria de Manuel Monteiro.

Para esta nova banda desenhada, intitulada A Requiem on Stage, o autor faz-se acompanhar por Miriam Franco no argumento.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


A Requiem on Stage, de Miriam Franco e Pedro Nascimento
Nos vibrantes anos 60, uma trupe de jovens hippies percorre o país, levando arte e rebeldia aos palcos com as suas apresentações teatrais.

Quando aceitam uma proposta tentadora para actuar numa aldeia remota, vêem nela a oportunidade ideal de ganhar o dinheiro extra que tanta falta lhes faz. 

Porém, ao chegarem, deparam-se com uma aldeia cuja aparente tranquilidade esconde mistérios inquietantes e segredos sombrios. 

O que parecia ser apenas mais uma performance transforma-se numa experiência perturbadora, onde cada descoberta intensifica o clima de desconfiança e tensão. Com a noite do espectáculo a aproximar-se, eles terão de desvendar o verdadeiro motivo por trás da sua presença antes que o último acto seja revelado.

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Ficha técnica
A Requiem on Stage
Autores: Miriam Franco e Pedro Nascimento
Editora: Gorila Sentado
Páginas: 28, a preto e branco
Encadernação: Capa mole (formato revista)
PVP: 8,00€

Escorpião Azul edita "Butterfly Chronicles"!



A Escorpião Azul acaba de lançar o novo livro do autor João Mascarenhas, intitulado Butterfly Chronicles, uma banda desenhada de cunho científico que parte depois para aquilo a que podemos considerar especulação científica. 

É um assunto que particularmente me interessa bastante, e que é mais que bem-vindo à banda desenhada nacional, uma vez que há poucas ou nenhumas obras nacionais que abordem este tema. Pelo menos, desta forma.

Esta é uma obra que começou a ser publicada de forma digital e por capítulos, e que agora aparece reunida em formato físico, de forma integral, num só volume.

O livro terá apresentação com o autor, editor, José Matos (o antigo bastonário da Ordem dos Biólogos) e comigo já no próximo sábado no Amadora BD, dia 1 de Novembro, às 16h20.

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa da editora e com algumas imagens promocionais da obra.
Butterfly Chronicles, de João Mascarenhas

Será possível aceder à memória de um indivíduo através do seu ADN?

A equipa de Investigação em Bio Robótica da Universidade de Kymera, em Tóquio, desenvolve um sistema que permite aceder à informação comportamental “gravada” nos genes de uma espécie animal, a chamada “memória da espécie”, e que vai ser utilizada no auxílio à programação dos movimentos de robôs do desporto “Droidball”. 

Contudo, são surpreendidos com o facto de conseguirem aceder não apenas à memória da espécie, mas
também à memória do indivíduo ao qual pertence o material genético.

Hanako-san, uma estudante do primeiro ano do curso de Bio Robótica, que trabalha no desenvolvimento dos sistemas de leitura da informação contida no material genético, auxiliando o Professor Manabu-sensei e a sua equipa, é a protagonista principal da história.

Uma trama onde se cruzam estudantes, ciência, robôs, cultura japonesa, desporto, humor, música, Banda Desenhada e grupos criminosos, num resultado arrebatador e comovente.

A abordagem narrativa de Butterfly Chronicles promove um duplo envolvimento cognitivo, em que a dimensão estética aumenta a compreensão, facilita a divulgação de teorias complexas, as implicações éticas e sociais dos avanços científicos, e fomenta a reflexão crítica sobre vários temas junto de um público alargado. Através da lente da Banda Desenhada, a ciência e a tecnologia, mesmo especulativas, enquanto meios multifacetados, tornam-se mais inteligíveis e acessíveis.

Estando atento aos desenvolvimentos científicos em várias áreas do saber, o autor elaborou a trama de Butterfly Chronicles, onde parte de uma base científica para o que se poderá denominar de “Especulação Científica”. Nela são abordados temas científicos possíveis, mas introduzindo simultaneamente alguma “especulação” sobre os mesmos, lançando de igual modo um alerta ético sobre a forma de utilização dos avanços da Ciência.

Butterfly Chronicles combina ao longo das suas mais de 200 páginas, o rigor e especulação científica com arte sequencial, trazendo ao leitor vários aspectos que se encontram nas agendas de discussão das sociedades contemporâneas. O livro explora tópicos como a genética, a bio-robótica, a filosofia ou a ética, através de uma narrativa envolvente e personagens carismáticos, num universo universitário e social, num Japão situado entre o real e o fictício.
João Mascarenhas é doutorado em Engenharia de Materiais pela Universidade de Bradford (R.U.), Investigador Científico, e tem uma paixão de mais de quarenta anos pela Banda Desenhada e comunicação de Ciência através de formatos visuais. Irá utilizar nas sessões de autógrafos do livro, uma tinta que possui o seu ADN, extraído a partir de cabelos seus.

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Ficha técnica
Butterfly Chronicles
Autor: João Mascarenhas
Editora: Escorpião Azul
Páginas: 232, a preto e branco
Encadernação: Capa mole com badanas
Formato: 17 x 24 cms
PVP: 28,50€

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Pára tudo! Governo cria Prémio Nacional de Banda Desenhada com 30 mil euros!


Eis uma das notícias do ano que, naturalmente, impacta todo o meio da banda desenhada nacional!

O Governo vai criar um Prémio Nacional de Banda Desenhada no valor de 30.000€. Foi durante a visita ao Amadora BD que a ministra da Cultura, Margarida Balseiro Lopes, avançou esta notícia bombástica!

O objetivo do prémio é "reconhecer as pessoas, as obras e a inovação nesta expressão artística em Portugal".

A ministra revelou ainda que esta não deverá ser uma iniciativa isolada. Conforme noticiado pela agência Lusa, Margarida Balseiro Lopes defendeu que "o Estado, através do Ministério da Cultura, tem a obrigação de apoiar as áreas que precisem dessa maior valorização e promoção. E acresce a circunstância de esta nona arte ser muito popular entre os mais novos".

O prémio estará dividido em três categorias: um prémio carreira, para "alguém que ao longo do seu percurso se distinguiu na área da banda desenhada"; um prémio para uma obra que tenha sido publicada no ano anterior ao concurso; e um prémio que reconheça "um caráter inovador na banda desenhada".

O regulamento deverá ser publicado nas próximas semanas, sendo que as candidaturas deverão abrir no início de 2026.

O objetivo passará depois por anunciar os premiados a 18 de outubro, porque, desde 2024, se assinala nesta data o Dia Nacional da Banda Desenhada Portuguesa. Afinal de contas, o Dia Nacional da Banda Desenhada Portuguesa sempre serviu para alguma coisa, huh? 

Análise: Céleste e Proust

Céleste e Proust, de Chloé Cruchaudet - Iguana - Penguin Random House

Céleste e Proust, de Chloé Cruchaudet - Iguana - Penguin Random House
Céleste e Proust, de Chloé Cruchaudet

Se há apostas ganhas pela (ainda) recente editora Iguana, a decisão de editar as obras da autora francesa Chloé Cruchaudet pode muito bem ter sido o passo mais bem dado pela editora. Chloé Cruchaudet já nos havia impressionado (e muito!) com o espetacular Mau Género e volta a fazê-lo com este Céleste e Proust, que hoje vos trago.

Este livro é inspirado em factos verídicos e apresenta-se como uma delicada e comovente homenagem a Céleste Albaret, a mulher que acompanhou o escritor Marcel Proust durante os últimos anos da sua vida. A autora francesa recupera uma figura que, apesar de discreta, foi indispensável para a criação da monumental obra literária Em Busca do Tempo Perdido. Sendo mais do que uma narrativa biográfica, esta obra é um retrato sensível da cumplicidade entre dois seres que, à sua maneira, se completam. Por um lado, temos o génio introspectivo e frágil, quase irritante, de Proust; por outro lado, somos brindados com a presença silenciosa, firme e devota de Céleste, a governanta do escritor.

Céleste e Proust, de Chloé Cruchaudet - Iguana - Penguin Random House
Chloé Cruchaudet opta por não seguir uma cronologia demasiado rígida neste Céleste e Proust, nem se prender aos factos biográficos, preferindo uma abordagem emocional e intimista. A história não procura, portanto, dissecar a figura de Proust como o escritor consagrado, mas explorar o microcosmos doméstico em que a sua arte (re)nasceu. É nesse espaço, entre frascos de remédios, chávenas de chá e pilhas de papéis, que se revela a força de Céleste. Fica no ar a ideia de que a rotina e o cuidado, gestos aparentemente banais, podem tornar-se fundamentais para a criação artística.

O papel de Céleste é, assim, duplo: toma conta do quotidiano da vida mundana de Proust, assegurando as várias tarefas domésticas, mas também toma conta da própria obra de Proust, incentivando-o, questionando-o e, por vezes, provocando-o criativamente. Inicialmente, Céleste até se apresenta como uma figura submissa aos caprichos de Marcel. Mas, paulatinamente, vai conquistando o seu lugar, impondo as suas próprias regras e tornando-se indispensável na vida do escritor. A sua paciência e compreensão moldam o ambiente de isolamento em que Proust escreve, e é essa dedicação silenciosa que Cruchaudet procura celebrar. Ao colocar Céleste no centro da narrativa, a autora reequilibra o olhar da história literária, lembrando-nos de que por detrás de muitos génios há (sempre?) figuras invisíveis que lhes permitem existir e superar-se.

Céleste e Proust, de Chloé Cruchaudet - Iguana - Penguin Random House
Gostei especialmente dos diálogos deste livro, onde a autora se revela exímia em conseguir captar o tom e o ritmo das conversas entre mestre e governanta, sem nunca cair na caricatura nem na rigidez literária. Há uma naturalidade nas trocas de palavras que revela tanto o humor subtil de Proust como a ternura de Céleste. As pausas, os silêncios e as entrelinhas tornam-se parte da narrativa, permitindo que o leitor sinta a intimidade dessa convivência ao nível de um amor platónico.

Se a história é agradável e cativante, em termos visuais ainda fiquei mais bem impressionado, pelo espetáculo de delicadeza que emana dos desenhos de Chloé Cruchaudet. O traço caricatural e expressivo das personagens contribui para a empatia imediata com o leitor. Mesmo com poucos traços, Cruchaudet tem o mérito de conseguir transmitir uma enorme carga emocional. As expressões de Céleste, entre o afeto e a exaustão, e o olhar febril de Proust, perdido nas suas dores e devaneios, são de uma humanidade desarmante. A simplicidade do desenho é o que lhe confere profundidade. É difícil, diria, encontrarmos desenhos tão belos, sendo igualmente tão simples.


Para esse espetáculo visual, também contribuem as belíssimas aguarelas de Cruchaudet que têm uma leveza que reflete perfeitamente o universo introspectivo e sensível de Proust. As tonalidades suaves, as transparências e as transições fluídas entre cenas criam uma atmosfera quase etérea, como se estivéssemos a folhear as memórias desvanecidas do escritor. Cada página é um exercício de elegância e equilíbrio que merece as minhas vénias.

A autora arrisca também na composição das páginas, evitando os limites convencionais das vinhetas. As imagens fluem de uma para outra, sugerindo o ritmo de uma memória que se dissolve. Há um sentido onírico em muitas pranchas, especialmente nas que evocam os sonhos, o cansaço ou o processo de escrita de Proust , que eleva o livro a um plano poético raro na banda desenhada.

A forma e o conteúdo entrelaçam-se de modo natural, e é nesse ponto que o livro atinge a sua verdadeira genialidade. Cruchaudet não conta apenas uma história sobre Proust... ela recria, graficamente, o espírito da sua escrita.

Céleste e Proust, de Chloé Cruchaudet - Iguana - Penguin Random House
A edição da Iguana, junta num só volume os dois tomos em que a obra foi originalmente lançada, o que é uma escolha bem vinda por parte da editora portuguesa. De resto, a edição é muito bonita, com o livro a apresentar capa dura, texturada. No miolo, o papel utilizado é bom e brilhante - embora, quanto a mim, o tipo de ilustração de Chloé Cruchaudet pedisse mais um papel baço do que um papel brilhante. De resto, a encadernação e impressão são de boa qualidade e há ainda, no final, um texto sobre Marcel Proust e Céleste Albaret, acompanhado de fotografias, aumentando o cariz histórico da obra.

Em síntese, Céleste e Proust é uma leitura profundamente sensível e visualmente arrebatadora que adorei e recomendo totalmente! Chloé Cruchaudet constrói uma homenagem discreta, mas poderosa, à mulher que esteve à sombra de um dos maiores escritores da modernidade. Ao fazer de Céleste a protagonista, a autora repara uma injustiça histórica e convida-nos a refletir sobre a importância do cuidado, da paciência e da presença feminina na arte. É uma obra que, tal como Em Busca do Tempo Perdido, nos lembra que o essencial, muitas vezes, se encontra nos detalhes e nos silêncios. Excelente aposta e, possivelmente, a melhor BD do ano por parte da Iguana!


NOTA FINAL (1/10):
9.6

Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Ficha técnica
Céleste e Proust
Autora: Chloé Cruchaudet
Editora: Iguana
Páginas: 256, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 170 x 240 mm
Lançamento: Setembro de 2025


Jordi Lafebre está de volta com nova BD!



Aquele que já vem sendo um autor muito acarinhado pelo público português, Jordi Lafebre, está de volta com mais uma banda desenhada!

A nova obra chama-se Sou Um Anjo Perdido e volta a trazer-nos uma aventura policial da personagem Eva Rojas, da qual cedo me afirmei um grande fã, tal como referi na análise que fiz ao anterior livro de Lafebre, Sou O Seu Silêncio.

Este livro que é editado pela Arte de Autor já se encontra à venda no Amadora BD. Além disso, encontra-se em pré-venda no site da editora.

Nota para o facto de esta edição contar com um caderno gráfico de extras com 16 páginas, ilustrado com esboços das personagens do álbum, e onde o autor conta a sua infância em Barcelona, bem como de onde lhe vieram as ideias para este trabalho.

Mal posso esperar para o ler!

Por agora deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Sou um Anjo Perdido, de Jordi Lafebre

Um Policial em Barcelona

Óculos escuros, cigarro nos lábios, pele sobre uma mini saia, a psiquiatra excêntrica Eva Rojas está de volta!

Dezoito meses após os episódios relatados em Je suis leur silence, ela observa de cima de um guindaste duas pernas que sobressaem de uma laje de betão, o que não augura nada de bom. A inspetora Merkel e o seu adjunto Garcia terão de interrogá-la como única testemunha ocular. Mas nada é simples com Eva: ela aceita responder, mas apenas na presença do seu... psiquiatra! E então conta em detalhe à polícia, mas também ao Dr. Llull, os sete dias que antecederam o incidente.

Um dos seus pacientes, João, 19 anos, estrela em ascensão do futebol, desapareceu. O clube responsabiliza-a e exige que ela o encontre em seis dias. Para o bem e para o mal, Eva pode contar com as «vozes» que a acompanham, as de suas antepassadas, falecidas há muito tempo, mas ainda muito presentes! E ainda mais presentes quando Eva visita sua mãe no hospital psiquiátrico ou quando se aproxima um pouco demais dos neonazistas...

Jordi Lafebre teve a excelente ideia de voltar a reunir as personagens de Je suis leur silence para uma nova investigação! Alterna o suspense e o humor em diálogos irresistíveis, sem deixar de evocar as neuroses que se transmitem de geração em geração... Um regresso inesperado e mais do que bem-sucedido!

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Ficha técnica
Sou Um Anjo Perdido
Autor: Jordi Lafebre
Editora: Arte de Autor
Páginas: 128, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 225 x 298 mm
PVP: 29.50€