segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Entrevista a Mário Freitas: "Não duvido que existe uma franja de leitores, os mais conservadores dos conservadores, que considera a BD de autores portugueses como coisa menor."



A propósito da recente publicação para o mercado americano, pela editora Image Comics, de O Homem Que Sonhou o Impossível, de Mário Freitas e Lucas Pereira, com o título The Man Who Dreamt The Impossible, estive à conversa com Mário Freitas, argumentista e editor da obra.

Falámos sobre este enorme feito, as suas possíveis consequências ou ilações, bem como de projetos futuros de Mário Freitas, numa conversa aberta e transparente, bem ao estilo do autor.

Deixo-vos, mais abaixo, com a nossa conversa e aproveito, uma vez mais, para enviar os meus parabéns ao Mário Freitas e ao Lucas Pereira. Que a produção portuguesa seja publicada no estrangeiro é - ou devia ser - sempre motivo de orgulho e regozijo para todos nós!

Análise: As 5 Terras - Volumes 3, 4, 5 e 6

As 5 Terras - Volumes 3, 4, 5 e 6, de Lewelyn e Lereculey - ASA - LeYa

As 5 Terras - Volumes 3, 4, 5 e 6, de Lewelyn e Lereculey - ASA - LeYa
As 5 Terras - Volumes 3, 4, 5 e 6, de Lewelyn e Lereculey

Hoje debruço-me sobre a série As 5 Terras, de Lewelyn e Lereculey, que tem estado a ser editada pela ASA. Relembro que já aqui analisei os dois primeiros tomos da série e hoje falo-vos do terceiro, quarto, quinto e sexto volumes de As 5 Terras, que encerram o primeiro ciclo da série. Recordo que esta é uma série que está pensada para ser bastante grande, estando previstos, no total, 5 ciclos de 6 tomos cada um. 36(!) volumes no total.

Mas, para já, olhemos para este primeiro ciclo.

Os volumes 3, 4, 5 e 6, intitulados respetivamente O Amor de Um Imbecil, A Mesma Ferocidade, O Objeto do Vosso Ódio e Não Terei Forças, encerram o primeiro ciclo desta notável série e as intrigas que vinham sendo cuidadosamente urdidas nos volumes anteriores, atingem aqui um ponto de tensão máximo. 

As 5 Terras - Volumes 3, 4, 5 e 6, de Lewelyn e Lereculey - ASA - LeYa
Os jogos de poder, as traições inesperadas e as alianças improváveis estão de volta, para comporem um mosaico narrativo que, ao mesmo tempo que nos surpreende, parece inevitável na lógica interna do mundo criado por Lewelyn e Lereculey. Cada volume acrescenta, pois, camadas de complexidade, conduzindo a um clímax em que os protagonistas já não são apenas peças em disputa, mas agentes ativos na redefinição das estruturas de poder em Angleon.

A riqueza deste primeiro ciclo de As 5 Terras reside também na forma como o enredo se desdobra em múltiplas frentes, sem nunca perder o fio condutor. A luta entre facções, o envolvimento dos estudantes - que reclamam por uma estrutura de poder onde os cidadãos possam participar de forma mais ativa - e a lenta, mas inexorável, transformação das personagens conferem ao ciclo uma densidade muito singular. E, já agora, o final do sexto tomo, Não Terei Forças, marca um fecho brilhante para este arco inicial, com uma reconfiguração inesperada do “jogo das cadeiras” que rege o poder político e social. A sensação que fica é a de termos acompanhado uma história complexa e coesa, que soube encerrar um ciclo ao mesmo tempo que deixa em aberto novas possibilidades para o futuro, quantas não são as personagens e quanta não é a sua sede de poder. Aliás, já que falo nisso, tenho que referir que embora o primeiro ciclo se feche no final do 6º volume, há muito por descobrir e por desvendar nos ciclos seguintes, já que os acontecimentos de um ciclo impactam os do ciclo seguinte.

As 5 Terras - Volumes 3, 4, 5 e 6, de Lewelyn e Lereculey - ASA - LeYa
Novamente, tenho que referir que é impossível falar de As 5 Terras sem estabelecer paralelos com Game of Thrones. Tal como a célebre obra de George R. R. Martin, esta série trabalha habilmente com a imprevisibilidade, as reviravoltas e a alternância entre drama pessoal e intriga política. A comparação não é gratuita: ambos os universos colocam os leitores perante uma sucessão de eventos tão inesperados quanto inevitáveis, jogando com as nossas expectativas e deixando-nos sempre alerta. Se estamos a achar que determinada coisa pode vir a acontecer, podemos ser surpreendidos ao verificar que aconteceu exatamente o oposto da nossa suspeição.

Porém, claro está, reduzir As 5 Terras a uma simples imitação de Game of Thrones seria injusto. A obra tem uma identidade própria, assente num mundo riquíssimo e numa exploração consistente das tensões internas das várias espécies que o habitam. 

No caso deste primeiro ciclo, o foco está nos felinos, o que confere uma atmosfera muito particular, onde honra, poder e tradição se entrelaçam de forma única.

As 5 Terras - Volumes 3, 4, 5 e 6, de Lewelyn e Lereculey - ASA - LeYa
Devo dizer que a introdução da luta dos estudantes confere um caráter ideológico à trama, colocando em evidência questões de legitimidade, contestação e herança cultural. Embora isso torne a leitura menos dinâmica em certos momentos, abrandando um pouco o ritmo da narrativa e o fulgor inicial da mesma, não deixa de ser verdade que o desenvolvimento subsequente compensa plenamente, trazendo reviravoltas que restauram a intensidade dramática que esperaríamos.

As surpresas narrativas, de facto, são um dos grandes trunfos da série. Mesmo quando o leitor se habitua ao ritmo das traições e dos jogos de poder, Lewelyn e Lereculey conseguem subverter as expetativas e criar novos cenários de tensão. Esta imprevisibilidade torna a leitura eletrizante e aproxima a série da lógica de uma tragédia clássica, em que o destino das personagens parece inevitavelmente moldado pelas escolhas que fazem.

Outro ponto de destaque é a forma como os autores Andoryss, Chauvel e Wong (sob o pseudónimo de Lewelun) trabalham as personagens. Não há heróis intocáveis ou vilões unidimensionais: cada figura é movida por motivações complexas, muitas vezes contraditórias. Isso contribui para a sensação de um realismo moral, aproximando o universo ficcional daquilo que conhecemos do mundo humano.

As 5 Terras - Volumes 3, 4, 5 e 6, de Lewelyn e Lereculey - ASA - LeYa
Visualmente, a série mantém uma qualidade notável. O traço de Lereculey continua a ser belo, expressivo e capaz de transmitir tanto a imponência das cenas de poder como a intimidade dos momentos pessoais. As cores também são belas e os cenários são bastante cativantes. A única reserva que se pode apontar aos desenhos é a dificuldade, por vezes, em distinguir algumas personagens felinas, dada a semelhança física entre elas. Contudo, considero que essa limitação não compromete a qualidade gráfica da obra, que permanece impressionante em termos estéticos.

Este ciclo é, portanto, um triunfo tanto narrativo como visual. A editora ASA merece elogios pela aposta em trazer para o público português uma obra desta envergadura, que demonstra como a banda desenhada pode rivalizar com as grandes produções literárias e audiovisuais no que toca a densidade, complexidade e impacto.

Em termos de edição, os livros apresentam capa dura baça. bom papel brilhante no miolo, e uma boa encadernação e impressão. Uma nota importante que convém referir é que cada volume abre com um resumo dos volumes anteriores para assegurar que, mesmo tendo em conta a complexidade da trama, o leitor não se perde e consegue prosseguir com a leitura. No final de cada livro também há um texto sobre uma personagem ou um evento que permite dar profundidade ao universo desenvolvido.

Em suma, As 5 Terras é mais do que uma série de banda desenhada: é um épico em construção, com identidade própria, mas capaz de dialogar com universos como o de Game of Thrones. Ao longo dos seis volumes que compõem este primeiro ciclo, a série revelou-se como uma das propostas mais sólidas e envolventes da banda desenhada atual em Portugal. A coesão da narrativa, a capacidade de surpreender e a riqueza temática conferem-lhe uma dimensão rara, que a aproxima das grandes sagas da literatura e da televisão. Verdadeiramente impressionante.


NOTA FINAL (1/10):
9.5



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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As 5 Terras - Volumes 3, 4, 5 e 6, de Lewelyn e Lereculey - ASA - LeYa

Fichas técnicas
As 5 Terras #3 - O Amor de um Imbecil
Autores: Lewelyn e Jérôme Lereculey
Editora: ASA
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 318 x 225 mm
Lançamento: Janeiro de 2025
As 5 Terras - Volumes 3, 4, 5 e 6, de Lewelyn e Lereculey - ASA - LeYa

As 5 Terras #4 - A Mesma Ferocidade
Autores: Lewelyn e Jérôme Lereculey
Editora: ASA
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 318 x 225 mm
Lançamento: Janeiro de 2025
As 5 Terras - Volumes 3, 4, 5 e 6, de Lewelyn e Lereculey - ASA - LeYa

As 5 Terras #5 - O Objeto do Vosso Ódio
Autores: Lewelyn e Jérôme Lereculey
Editora: ASA
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 318 x 225 mm
Lançamento: Julho de 2025
As 5 Terras - Volumes 3, 4, 5 e 6, de Lewelyn e Lereculey - ASA - LeYa

As 5 Terras #6 - Não Terei Forças
Autores: Lewelyn e Jérôme Lereculey
Editora: ASA
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 318 x 225 mm
Lançamento: Julho de 2025

Alix Senator está de regresso!...



... e, à exceção de uma outra obra, é a única banda desenhada que a Gradiva espera lançar até ao final de 2025.

Longe vão os tempos - recentes, apesar de tudo - em que a Gradiva tinha um forte fulgor na edição de banda desenhada. Depois de falar com a responsável pela editora, tive a confirmação de que, até ao final deste ano, a Gradiva espera apenas lançar duas obras de banda desenhada.

Uma delas é o segundo e último tomo de O Nome da Rosa, de Milo Manara, que, como ainda não saiu no mercado original, está dependente disso mesmo. 

A outra novidade é este 13º volume de Alix Senator, de Valérie Mangin e Thierry Démarez, que dá pelo nome de O Antro do Minotauro. A editora mantém-se constante e assídua no lançamento desta série que, na edição francesa, já vai no 16º volume.

O livro deverá chegar às livrarias no próximo dia 23 de Setembro. Por agora, já se encontra em pré-venda no site da editora.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Alix Senator, Vol. 13 – O Antro do Minotauro, de Valérie Mangin e Thierry Démarez

Roma, ano 11 a. C. O imperador Augusto é todo-poderoso. Alix tem mais de cinquenta anos e é senador.

Em busca da Atlântida, Alix e os seus companheiros dirigem-se para o arquipélago de Thera. Encontram-se aí os sombrios vestígios do templo do Minotauro, já explorado pelo senador quando era jovem. 

Infelizmente, apanhado por uma tempestade, o barco de Alix tem de se refugiar numa ilha de piratas. Sedento de riquezas, o seu chefe planeia saquear os tesouros do deus canibal. Mas esse objetivo não tem em conta o mal escondido na caverna do Minotauro: as bolas de fogo incrustadas nas suas paredes sempre puniram os profanadores.



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Ficha técnica
Alix Senator, Vol. 13 – O Antro do Minotauro
Autores: Valérie Mangin e Thierry Démarez
Editora: Gradiva
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 23,30 x 31,30 cm
PVP: 20,99€

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Análise: Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha

Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha, de Matías Castro e Leo Trinidad - Levoir

Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha, de Matías Castro e Leo Trinidad - Levoir
Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha, de Matías Castro e Leo Trinidad

José Mujica, mais conhecido como Pepe Mujica, é uma das figuras políticas mais singulares da América Latina contemporânea. E, diria até, de toda a política internacional contemporânea. E há muito tempo eu nutria verdadeira admiração por este homem. Recordo que estávamos ainda em 2012 quando lancei, juntamente com os meus colegas da banda Alves Baby, a música Uruguai, que conta com um discurso de Pepe Mujica. Para os interessados, poderão ouvir esta música aqui

Foi, portanto, com muita satisfação que tive conhecimento desta obra, bem como que a Levoir a iria lançar. Com a morte de Mujica em Maio deste ano, a editora não esperou muito tempo até nos disponibilizar a obra, com o lançamento conjunto com o jornal Público.

Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha, de Matías Castro e Leo Trinidad - Levoir
A história e, acima de tudo, o exemplo de Pepe Mujica é algo verdadeiramente incrível. Ex-guerrilheiro tupamaro, preso durante anos em condições duríssimas, tornou-se, em 2010, o presidente do Uruguai, ganhando projeção internacional pelo seu estilo de vida simples, desprovido de riquezas e mordomias, e pela defesa da democracia, da justiça social e da simplicidade. A sua trajetória, marcada por momentos de resistência armada, cárcere solitário e liderança política, (ainda) faz dele um símbolo de perseverança e de autenticidade.

E este Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha, da autoria de Matías Castro e Leo Trinidad, parte dessa vida complexa e fascinante para construir uma narrativa gráfica que é, ao mesmo tempo, biográfica e um reflexo direto da história recente do Uruguai que, durante a vida de Mujica, atravessou épocas de grande tensão.

Uma coisa que apreciei especialmente neste livro é que, desde o início, a obra surpreenda pela maneira como quebra a chamada "quarta parede". Os autores inserem-se na própria narrativa, comentando o processo de pesquisa e escrita, e mostrando as dificuldades em condensar uma vida tão cheia em páginas de BD. Este recurso funciona muito bem, porque humaniza também os narradores e cria cumplicidade com o leitor. É uma obra sobre Mujica, claro, mas também é uma BD sobre a feitura deste livro sobre Mujica.

Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha, de Matías Castro e Leo Trinidad - Levoir
Todavia, a experiência de leitura nem sempre é equilibrada. Ao longo da obra, os autores parecem sentir a necessidade de inserir uma quantidade maior do que desejável de acontecimentos políticos, muitos deles secundários na dimensão global da vida de Mujica. Essa sobrecarga acaba por tornar a leitura densa e, por vezes, confusa. Embora seja compreensível a tentativa de contextualizar Mujica no panorama histórico e político uruguaio, essa insistência em acumular factos e datas fragmenta a narrativa. E, consequentemente, o leitor pode perder o fio à meada, sobretudo quando os cruzamentos temporais não são suficientemente claros ou coesos.

Essa densidade documental contrasta, porém, com algumas soluções narrativas mais dinâmicas, que tornam a leitura menos monótona. A inserção dos autores como personagens, já mencionada, bem como alguns diálogos em tom mais leve, ajudam a equilibrar o peso factual. Ainda assim, a sensação de excesso de factos mantém-se.

O final do livro é um dos pontos altos. Quando Castro e Trinidad finalmente têm a oportunidade de conversar com Mujica, a narrativa atinge um patamar mais íntimo e autêntico. O encontro funciona quase como uma recompensa, quer para os autores, quer para os leitores, ao longo do caminho percorrido e dá uma dimensão emocional mais forte ao conjunto. Vivi três momentos enquanto lia este livro: o início foi positivo, pela dinâmica narrativa; o meio foi um pouco difícil de acompanhar e começou a cansar-me, mas o final do livro, com este encontro dos autores com Mujica, acabou por "salvar" a obra. Termina muito bem.

Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha, de Matías Castro e Leo Trinidad - Levoir
E mesmo que a história seja contada de forma fragmentada, mantém interesse. A vida de Mujica é tão rica em episódios significativos que, apesar dos problemas mencionados, o livro acaba por transmitir a essência de uma figura rara na política mundial: um líder marcado pela coerência entre discurso e prática, pelo desapego material e pela devoção às causas coletivas.

Já do ponto de vista visual, os desenhos de Leo Trinidad também se apresentam como uma faca de dois gumes. O estilo "cartoonesco" das figuras, sobretudo nos rostos das personagens, funciona bem, transmitindo expressividade e aproximando o leitor da figura de Mujica. É um recurso estilístico que acrescenta simpatia à narrativa, podendo fazer lembrar, com as devidas diferenaças, o trabalho de Paco Roca ou Fabien Tolmé.

Contudo, a execução gráfica sofre bastante quando se trata dos cenários e de outros elementos de fundo. A ausência de detalhes em ambientes, edifícios ou veículos cria uma sensação de vazio visual e, em alguns casos, dificulta a compreensão espacial e temporal da narrativa.

Essa fragilidade gráfica torna-se mais evidente pela própria densidade factual do texto. Com tantos dados, referências históricas e cruzamentos temporais, a ilustração deveria desempenhar um papel mais forte na clarificação e organização visual. Como isso não acontece, por vezes a obra perde foco e clareza.

Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha, de Matías Castro e Leo Trinidad - Levoir
Não há como dizer de outra forma: em muitos momentos parecem desenhos feitos "à pressa", sem o primor e nível de detalhe que mereciam, dando a ideia de que estamos a ler um storyboard. E há que saber diferenciar uma coisa da outra. Há quem diga que storyboards e bandas desenhadas são a mesma coisa. É uma opinião muito redutora e que revela, acima de tudo, desconhecimento sobre os dois meios.

Ainda assim, uma nota positiva tem que ser dada à forma como Leo Trinidade optou por ilustrar a parte da história em que Pepe Mujica está preso. Os desenhos ganham uma nova vida nessa parte, sendo impactantes.

A edição da Levoir, contrariamente às outras edições estrangeiras do mesmo trabalho, dividiu a obra em dois volumes. Ora, se já defendi a editora quando, por exemplo, no caso de Moby Dick, de Chabouté, optou por editar a obra em dois volumes, tal como a mesma havia sido originalmente editada - mesmo que, depois, houvesse várias edições estrangeiras integrais e mais bem conseguidas - neste caso, tenho que afirmar que esta opção neste Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha foi um desserviço à obra. Talvez a "culpa" desta opção não deva recair na própria editora, pois, segundo a informação que a mesma me deu, esta opção de dividir a obra em dois, foi do próprio jornal Público que preferiu o lançamento desta forma. Fica a nota.

De resto, os dois livros apresentam capa dura baça, bom papel baço no miolo e uma boa encadernação e impressão. O esquema de cores que diferencia os dois livros - sendo um a vermelho e outro a azul - até acabou por funcionar bem em termos visuais.

Em síntese, Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha deixa sentimentos mistos. É positivo que exista uma BD que traga Mujica a novos públicos, valorizando uma vida que merece ser conhecida. A originalidade da narrativa e a força do final equilibram parte das fragilidades. Porém, o excesso de factos, a fragmentação do enredo e a pobreza de detalhes nos desenhos impedem que o livro atinja todo o seu potencial. Fica, no entanto, como uma obra válida, sobretudo pelo testemunho de um homem que desafia os modelos tradicionais de poder. Fossem todos os políticos como Mujica e talvez as opiniões ultra polarizadas que os regimes democráticos do mundo ocidental enfrentam não tivessem tanta expressão.


NOTA FINAL (1/10):
7.0


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha, de Matías Castro e Leo Trinidad - Levoir

Fichas técnicas
Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha - Volume 1 (de 2)
Autores: Matías Castro e Leo Trinidad
Editora: Levoir
Páginas: 144, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 195 X 270 mm
Lançamento: Maio de 2025

Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha, de Matías Castro e Leo Trinidad - Levoir

Pepe Mujica e as Flores da Guerrilha - Volume 2 (de 2)
Autores: Matías Castro e Leo Trinidad
Editora: Levoir
Páginas: 128, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 195 X 270 mm
Lançamento: Maio de 2025

ASA anuncia 3 novas BDs para 2026! E todas elas são obras premiadas!


Foi durante a tarde de ontem que, num evento fechado aos media e a algumas das principais livrarias do país, a ASA anunciou o seu plano editorial para os próximos meses.

Relativamente às novidades apontadas ao que falta do ano 2025, não houve novidades, mas a confirmação daquilo que já tinha sido anunciado, em primeira mão, aqui no Vinheta 2020.

Relembrando essas novidades, teremos, então, a sair durante este mês, os livros Impenetrável, de Alix Garin, e O Homem de Negro, de Panaccione e DiGregorio. O mês de Outubro será inteiramente dedicado a Astérix na Lusitânia - o primeiro dos Astérix que ocorre em terras lusas. O mês de Novembro irá trazer-nos a publicação do primeiro integral (de quatro), de Tintin; a edição comemorativa dos 70 anos de Tintin e O Caso Girassol; Blake e Mortimer - A Ameaçã Atlante; Blake e Mortimer - Dupla Exposição e Henri Vaillant, que será um livro que reunirá 3 tomos sobre a vida do pai da personagem Michel Vaillant.

Mas foi no levantamento do véu para o primeiro trimestre de 2026 que a ASA anunciou três belas novidades, todas elas vencedoras (ou finalistas) dos últimos prémios de Angoulême, que muito empolgado me deixaram, e que passo a citar:

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Arte de Autor prepara-se para publicar edição integral de O Grande Poder do Chninkel!



Eis uma das grandes apostas da editora Arte de Autor para este ano!

É já durante a próxima semana que deverá chegar às livrarias portuguesas uma nova edição, integral e a preto e branco, da conceituada obra O Grande Poder do Chninkel, dos autores Van Hamme e Rosinsky!

Embora a obra tenha já tido publicação em Portugal em edições a cores, esta sempre foi uma obra originalmente imaginada para ser lançada a preto e branco, de forma a apreciar a beleza do trabalho de Rosinsky. Esta edição inclui ainda um generoso caderno de extras.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.

O Grande Poder do Chninkel - Edição Integral, de Van Hamme e Rosinski

A obra-prima da fantasia dos autores de Thorgal.

O Grande Poder do Chninkel oferece a Van Hamme a oportunidade de abordar sob um novo ângulo um dos seus temas preferidos, a saber, «o antagonismo latente entre a força do destino que nos oprime e o desejo de todo o ser apaixonado pela liberdade de escapar a esse destino», como ele mesmo esclarece nas colunas de (A SUIVRE) em março de 1987. Ele vê em J'On um redentor inspirado nas figuras combinadas de Moisés e Jesus, ao mesmo tempo mártir e figura expiatória. O seu verdadeiro «grande poder» reside na sua capacidade de perdoar as faltas do próximo, mesmo que seja o seu pior inimigo.

Para construir de forma verossímil os costumes e tradições do povo Chninkel, Van Hamme inspira-se tanto nos hobbits do Senhor dos Anéis como na tradição judaica. Além disso, combina certos diálogos com um humor fatalista centrado na decisão da má sorte, da infelicidade e do sofrimento - como quando o infeliz herói fracassa todas as vezes em que tenta unir-se à sua amada G'Well. 

Às referências cristãs - a provação no deserto, os milagres, a Última Ceia ou a crucificação, entre outras - somam-se alusões profanas. A mais evidente diz respeito ao filme 2001, Odisseia no Espaço, do qual O Grande Poder do Chninkel poderia ser uma introdução, na medida em que termina com uma sequência em que vemos australopitecos a dançar em torno de um monólito, como nos primeiros minutos do filme de Kubrick...

Liberto das restrições da cor, o traço de Rosinski floresce na representação épica de cenas de batalhas com inúmeros combatentes.

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Ficha técnica
O Grande Poder do Chninkel - Edição Integral
Autores: Van Hamme e Rosinski
Editora: Arte de Autor
Páginas: 184, a preto e branco (con caderno de extras a cores)
Encadernação: Capa dura
Formato: 235 x 310 mm
PVP: 31,00€

Iguana edita obra de estreia de nova autora portuguesa!



Chegou esta semana às livrarias portuguesas um dos novos livros da chancela Iguana (Grupo Penguin), que assinala a estreia da autora R.G.B e que se intitula Manda Msg Quando Chegares.

Trata-se de um conjunto de histórias curtas que relatam histórias reais de abuso sentidas na pele por mulheres, e que, só por isso, já prometem ser uma reflexão profunda sobre o tema do abuso.

Deixo-vos, mais abaixo, com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Manda msg quando chegares, de R.G.B

Uma ode gráfica às mulheres e aos abusos que sofrem todos os dias desde crianças.

R.G.B reuniu uma série de histórias reais de abusos e assédios e transformou-as em arte. Não para as embelezar, mas para as contar de forma que todos ouvissem.

Intercalando fotografias dos locais reais destes episódios com ilustrações, a autora criou uma obra gráfica original e poderosa à qual será impossível ficar indiferente.

Quantas vezes dissemos às nossas amigas ou irmãs “manda mensagem quando chegares” depois de nos despedirmos, para termos a certeza de que nada lhes acontece naqueles breves instantes de separação? Responderão: muitas. E a quantas aconteceu, pelo menos, um dos casos deste livro? A todas.

Todas as histórias deste livro são verdadeiras. Aconteceram a pessoas reais, num tempo não muito distante.
Pedir a uma mulher que mande mensagem quando chegar é pedir-lhe que se proteja, que esteja sempre atenta, que olhe bem à sua volta e que leve o telemóvel na mão enquanto finge que fala com alguém. É dizer que caminhe no meio da estrada e não junto aos prédios. É assegurar que estamos aqui.

Este é um grito de revolta, uma constatação, uma exposição de medos, preconceitos e avisos. Uma coletânea de episódios de todas nós e os retratos daquilo que as mulheres não podem fazer porque não fica bem, porque é provocante, porque se põem a jeito.

A luta continua.


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Ficha técnica
Manda msg quando chegares
Autora: R.G.B
Editora: Iguana
Páginas: 96, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 170 x 240 mm
PVP: 16,65€

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

ASA prepara-se para editar BD sobre vaginismo!



O mais recente livro de Alix Garin, Impenetrável, deverá chegar às livrarias portuguesas no próximo dia 23 de Setembro, pelas mãos da editora ASA

Da mesma autora, recordo, já tivemos o fabuloso Não Me Esqueças, obra vencedora do prémio VINHETA D'OURO 2023 para Melhor Obra de Autor Estrangeiro.

Desta vez, a autora francesa regressa com uma nova obra, que está a ser muito aplaudida e aclamada em França e na Bélgica, e que aborda o tema do vaginismo, um transtorno sexual do qual a autora padeceu.

É um dos livros mais aguardados do ano e admito que tenho muita curiosidade em mergulhar nesta leitura.

Por agora, o livro já se encontra em pré-venda no site da editora.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais da edição francesa.


Impenetrável, de Alix Garin

Impenetrável é um testemunho singular pela sua sinceridade.

Alix Garin (Não me Esqueças) conta, sem concessões, a reconquista do seu corpo e do seu desejo, depois de ter sofrido de vaginismo durante dois anos - um transtorno sexual que torna a penetração impossível.

Para se curar, vai ser preciso enfrentar as obrigações, as normas, o passado. Ultrapassar a culpabilidade e a solidão impostas por uma sociedade onde não fazer amor é impensável e falar sobre isso impossível.

Além do corpo, o álbum questiona as nossas relações com o desejo, com o casal e com o mundo, desvelando uma busca de si que encoraja a que nunca nos deixemos abater.

Audaciosa e otimista, esta narrativa de cura promete.



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Ficha técnica
Impenetrável
Autora: Alix Garin
Editora: ASA
Páginas: 304, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 202 x 269 mm
PVP: 32,90€

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela Relógio D' Água nos últimos 5 anos!


Termina hoje o ciclo de TOPs 10 em que analisei a melhor banda desenhada editada nos últimos 5 anos em Portugal - período de existência do Vinheta 2020.

O objetivo destes TOPs foi demonstrar, aos cada vez mais seguidores deste site, as principais obras de BD que por cá foram lançadas por aquelas que considero terem sido as principais editoras de BD nos últimos 5 anos, em Portugal.

E hoje é altura de olhar para as melhores BDs que a editora Relógio D'Água editou por cá.

De todas as editoras que analisei, esta será aquela com menor produção em termos de banda desenhada. E também é verdade que, salvo algumas (boas) exceções, a aposta da Relógio D' Água tem sido em adaptações para banda desenhada de obras da literatura. Mesmo assim, essa produção já é grande o suficiente para um TOP 10 e é mesmo isso que hoje vos trago.

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Faço aqui uma pequena nota sobre o procedimento: considerei séries como um todo e obras one-shot. Tudo junto. Pode ser um bocado injusto para as obras autocontidas, reconheço, e até ponderei fazer um TOP exclusivamente para séries e outro para livros one-shot, mas depois achei que isso seria escolher demasiadas obras. Deixaria de ser um TOP 10 para ser um TOP 20. Até me facilitaria o processo, honestamente, mas acabaria por retirar destaque a este meu trabalho que procura ser de curadoria. Acabou por ser um exercício mais difícil, pois tive que deixar de fora obras que também adoro, mas acho que quem beneficia são os meus leitores que, deste modo, ficam com a BD que considero ser a "crème de la crème" de cada editora.

Antes de avançar para o TOP 10 dedicado à Relógio D'Água, convido-vos ainda a (re)lerem os outros TOPs feitos para as restantes editoras:


Relógio D' Água


E agora sim, eis o TOP relativo à melhor BD editada pela Relógio D'Água nos últimos 5 anos.

Acaba de sair BD sobre Kim Jong-un!



A Iguana, uma chancela do grupo Penguin, prepara um regresso em grande nesta nova rentrée literária, com bastantes novas obras de BD que estão próximas de nos chegar. 

Por agora, já chegou às livrarias no início desta semana, o novo livro da autora Keum Suk Gendry-Kim que, desta vez, versa sobre a figura de Kim Jong-un, líder autocrata da Coreia do Norte.

A publicação da obra da autora Keum Suk Gendry-Kim em Portugal sai, pois, mais reforçada, aumentando para cinco as obras que estão disponíveis em edições nacionais. Pela parte da Iguana, temos, além deste O Meu Amigo Kim Jong-un, os livros Erva e A Espera, enquanto que da parte da Levoir, temos os livros A Árvore Despida e Alexandra Kim, Filha da Sibéria.

Mais abaixo, deixo-vos a sinopse da obra e algumas imagens promocionais.

O Meu Amigo Kim Jong-un, de Keum Suk Gendry-Kim

O que sabemos realmente sobre o líder da República Popular Democrática da Coreia?

Se quisermos saber que tipo de homem pode ser um ditador, temos de analisar atentamente os seus antecedentes, desde a infância até à sua ascensão ao poder, passando pela educação, os seus gostos e passatempos, as relações com professores e colegas, os seus traços de personalidade e os seus pensamentos.

Para este novo livro documental, a multipremiada autora Keum Suk Gendry-Kim entrevistou diversas personalidades, incluindo jornalistas, amigos estrangeiros do período em que Kim Jong-un viveu na Europa, desertores norte-coreanos e até o ex-presidente sul-coreano Moon Jae-in, que conheceu Kim Jong-un pessoalmente.

Da autora das multipremiadas novelas gráficas A Espera e Erva chega-nos agora um relato na primeira pessoa de um país dividido ao meio.

Combinando registos factuais com reflexões pessoais, este impressionante relato ilustrado oferece uma visão aprofundada sobre momentos cruciais da vida de Kim Jong-un e conta a história de um país dividido, transmitindo, nas palavras da autora, «uma mensagem de urgência pela paz».

«A genialidade do traço de Keum Suk Gendry-Kim e a força da sua narrativa dão-nos a conhecer histórias coreanas com extrema sensibilidade e brilhantismo.» 
Diário de Notícias


«A poderosa arte de Gendry-Kim, com os seus traços selvagens e o seu negro denso, consegue fazer-nos mergulhar num reino de pesadelo.»
The New York Times



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Ficha técnica
O Meu Amigo Kim Jong-un
Autora: Keum Suk Gendry-Kim
Editora: Iguana
Páginas: 288, a cores
Encadernação: Capa mole com badanas
Formato: 170 x 240 mm
PVP: 20,95€

Decorre em Lisboa, no próximo fim de semana, um evento dedicado à BD!



É já no próximo fim de semana, entre os dias 13 e 14 de Setembro, que decorre em Lisboa, no Mercado de Santa Clara, o evento Mercado de BD, que está inserido na programação do festival Colina das Artes.

São vários os participantes que marcarão presença no evento, nomeadamente, A Seita, a Ala dos Livros, a Arte de Autor, a ASA, a Chili com Carne, a Devir, a Djinn, a El Pep, a Escorpião Azul, a G. Floy Studio, a Gorila Sentado, a Levoir, a Polvo, a Quarto de Jade, a Sendai, a Ucha Edições, a UMBRA ou a loja BD Mania.

Nas paredes do mercado estará patente uma exposição documental, com imagens em grande formato, que se intitula LISBOA NA BD e que conta com a participação dos autores António Jorge Gonçalves com Nuno Artur Silva, Filipe Abranches com A.H. de Oliveira Marques, Juan Cavia com Filipe Melo, José Smith Vargas, Luís Louro, Marta Teives com Pedro Moura, Miguel Rocha com Alex Gozblau e João Paulo Cotrim, Nuno Saraiva com Ferreira Fernandes, Ricardo Cabral e Rita Alfaiate com Nuno Duarte.


É de notar que haverá, ao longo dos dois dias, sessões de autógrafos - entre as 15 e as 19h - com a participação dos seguintes autores: André Mateus, André Morgado, André Oliveira, António Jorge Gonçalves, Barbara Lopes, Daniel da Silva Lopes, Daniel Maia, Daniela Viçoso, Diniz Conefrey, Filipe Abranches, Filipe Duarte, Inês Fetchónaz, João Amaral, João Gil Soares, João Maio Pinto, Margarida Madeira, Nuno Saraiva, Osvaldo Medina, Pedro Moura, Pepdelrey, Rita Alfaiate, Ruben Mocho e Vasco Colombo.

Pelas 18h de sábado, o evento contará ainda com um debate com o título Edição de BD em Portugal, problemas e perspectivas e que promete ser verdadeiramente interessante.

Não percam esta bela iniciativa!

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Ala dos Livros edita primeiro volume de Mattéo!



A Ala dos Livros prometeu e cumpriu: o primeiro tomo da série Mattéo, de Jean-Pierre Gibrat, prepara-se para ser editado!

Inicialmente editado, há uns largos anos, pela extinta editora Vitamina BD, este primeiro volume da série Mattéo - tal como o segundo volume, já agora - encontrava-se extinto das livrarias portuguesas. 

A Ala dos Livros começou por editar depois toda a restante série, do terceiro ao sexto volume, e deixou no ar o compromisso de que, eventualmente, editaria os dois primeiros volumes da série.

E, a partir do próximo dia 23 de Setembro já poderemos contar com o primeiro volume, ficando apenas a faltar, para um futuro próximo, o lançamento do segundo volume da série. Por agora, o livro já se encontra em pré-venda no site da editora.

Esta é uma série verdadeiramente impressionante, totalmente recomendada, e em que, curiosamente, o autor parece mais inspirado nos primeiros dois volumes.

É, pois, uma excelente novidade para os muitos admiradores do autor e da série e a prova comprovada da dedicação da Ala dos Livros aos leitores, autores e obras de banda desenhada.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Mattéo - Primeira Época (1914 – 1915), de Jean-Pierre Gibrat

Reconhecida pela elevada qualidade gráfica e narrativa, Mattéo é uma série em 6 volumes que nos conta o destino singular de um homem. Empurrado pela força das circunstâncias, da guerra de 1914 à Segunda Guerra Mundial, passando pela Revolução Russa, a Frente Popular e a Guerra Civil Espanhola, Mattéo participará de todas as guerras que incendiaram as primeiras décadas do século XX, atravessando tempos tumultuosos e paixões exaltadas...

Na zona de Collioure, tudo pertence aos De Brignac: as vinhas, as casas, as pessoas, o seu suor... Mattéo e o seu amigo Paulin sabem-no. Trabalham para eles. Quanto a Juliette, a namorada de Mattéo, que a família De Brignac acolheu quando tinha apenas três anos de idade, é considerada por "eles" como um membro da família.

Agosto de 1914. A I Grande Guerra eclode. Filho de um anarquista espanhol, Mattéo escapa à mobilização geral pelo facto de ser estrangeiro. Mas quando o seu amigo Paulin e os jovens da sua idade partem, eufóricos, para a frente de batalha, Mattéo sente-se confusamente envergonhado por ter sido deixado para trás, com as mulheres e os velhos. Paradoxalmente, e o que lhe é ainda mais insuportável, é o facto de nos encontros diários que mantem com Juliette, esta passar o tempo a falar-lhe das suas preocupações com Guillaume de Brignac, que está na Força Aérea. No momento em que, ferido pela indiferença de Juliette e atormentado pelo remorso por não estar na frente de batalha, Mattéo decide finalmente incorporar-se e partir para as trincheiras, o seu amigo Paulin regressa definitivamente a casa.

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Ficha técnica
Mattéo - Primeira Época (1914 – 1915)
Autor: Jean-Pierre Gibrat
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 235 x 310 mm
PVP: 24,90 €