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terça-feira, 11 de abril de 2023

Análise: Go West - Young Man

Go West - Young Man, de Tiburce Oger e Vários Autores - Gradiva

Go West - Young Man, de Tiburce Oger e Vários Autores - Gradiva
Go West - Young Man, de Tiburce Oger e Vários Autores

Dizer que Go West – Young Man se trata de uma antologia de banda desenhada está certo e errado ao mesmo tempo. Com efeito, as antologias de banda desenhada não costumam ter as características basilares que este Go West – Young Man tem. Normalmente, são histórias muito dispersas entre si, apresentando conceitos muito díspares e sem que haja, salvo algumas exceções, um tema muito homogéneo – pelo menos ao nível do tratamento gráfico-narrativo. Obviamente, e consequentemente, do ponto vista dos desenhos, também é natural que as antologias apresentem uma panóplia enorme de estilos de desenho diferentes.

Por isso, sim, Go West – Young Man é uma antologia de banda desenhada, uma vez que nos apresenta um conjunto de 14 histórias desenvolvidas pelo mesmo argumentista, mas ilustradas e coloridas por um grande conjunto de autores. Mas, por outro lado, por haver um fio condutor que vai ligando as histórias entre si e, também, pelo facto de haver um grafismo muito típico do estilo de traço franco-belga para western – não obstante ser verdade que, naturalmente, cada história ter um estilo de ilustração próprio – pode-se dizer que Go West – Young Man chega a parecer uma só história e não uma antologia de banda desenhada.

Go West - Young Man, de Tiburce Oger e Vários Autores - Gradiva
O fio condutor deste conjunto de histórias criadas por Tiburce Oger reside num relógio de bolso. É ele a personagem principal do livro e não as diferentes personagens que vão aparecendo nas 14 histórias. Essas apenas protagonizam o momento em que o relógio lhes vai parar às mãos. Será esse relógio de bolso que passando de mão para mão, através de uma diversidade de formas para tal, que fará com que cada uma das histórias tenha ligação entre si. Mesmo havendo, igualmente, uma independência entre cada uma das histórias.

Explico o paradoxo que acabei de escrever: é verdade que cada uma das histórias é uma mini-história auto-conclusiva, que funciona como um breve capítulo, e que até pode ser lida de forma independente. Com personagens novas, com um mini-enredo independente. Todavia, como aparece sempre a menção do relógio de bolso, de uma forma ou de outra, podemos dizer que há aqui uma ligação natural entre personagens. Afinal de contas, se fôssemos contar a história de alguns objetos, que circularam de mãos para mãos até chegarem até nós, que histórias mirabolantes não teria esse objeto para contar?

A premissa é muito criativa e fez-me logo gostar do livro. Pode até ser uma ligação algo artificial, mas, lá está, consegue dar à história uma grandeza maior. Mais não seja porque, como acompanhamos a história do relógio a partir do ano 1763, e que se estende até ao ano 1938, também acompanhamos a história do faroeste americano nesse período de tempo. Estão cá muitos momentos relevantes como a a presença dos mexicanos, dos índios, dos caçadores de prémios, dos pioneiros, dos foras-da-lei, dos túnicas azuis, das prostitutas que davam beleza aos saloons e até da personagem emblemática de Wild Bill. Nesse cômputo de tentar bem resumir as temáticas que naturalmente associamos ao western, pode-se dizer que Oger fez um grande trabalho.

Go West - Young Man, de Tiburce Oger e Vários Autores - Gradiva
Gostei também que cada história apareça separada por uma página em branco onde, através de quatro linhas de texto, Oger aproveita para ligar, de uma forma ainda mais clara, as histórias entre si. Sem estas linhas talvez algumas das histórias ficassem algo mais dispersas entre si. Portanto, parece-me mais um bom truque narrativo utilizado pelo argumentista e que serve, acima de tudo, para dar coesão à narrativa global da obra. Gostei.

É claro que, tal como em todas as antologias de banda desenhada, algumas histórias funcionam melhor do que outras. E acredito que, neste caso, isso nem se deve assim tanto à maior ou menor qualidade dos ilustradores, mas sim a momentos mais ou menos inspirados do argumentista. Há histórias que pura e simplesmente me pareceram meras divagações, que acrescentam pouco ao todo. Mas também há outras mais marcantes onde, em meras páginas, conseguimos, ainda assim, criar uma ligação com as personagens.

Por falar em número de páginas, as 14 histórias que nos são dadas também variam no número de páginas, havendo uma história com apenas 2 páginas e outra com 9 páginas. Mas, na maior parte das vezes, as páginas têm entre 6 e 8 páginas.

Go West - Young Man, de Tiburce Oger e Vários Autores - Gradiva
Dentro dos ilustradores, devo dizer que os nomes que eram por mim mais bem conhecidos eram os de Ralph Meyer (Undertaker), Boucq (Bouncer) ou Gastine (O Último Homem). Além do trabalho destes, que não desilude, posso dizer que fiquei agradavelmente surpreendido com os desenhos de Olivier Taduc, Benjamin Blasco-Martinez ou Ronan Toulhoat.

Os dois autores que apresentam estilos mais diferentes serão, por ventura, Patrick Prugne, devido à forma como usa as aguarelas, e Dominique Bertail, que nos oferece desenhos em tons de sépia e com forte impacto visual.

Mas, como já disse, apresentando naturais diferenças em termos de desenho, acho que o livro consegue alcançar, ao mesmo tempo, uma forte homogeneidade visual. Todos os estilos de ilustração coabitam bastante bem entre si e não há nenhuma história que seja particularmente superior – ou inferior – às demais.

Em termos de edição, a Gradiva dá-nos um belo trabalho com este livro. O livro apresenta capa dura e baça, com bom papel brilhante e boa qualidade ao nível da encadernação e da impressão. Já agora, aproveito para dizer que depois desta obra também já foi lançado, em França, Indians! - L'ombre noire de l'homme blanc, do mesmo autor que é outra antologia nos mesmos moldes e que, portanto, faria sentido que Gradiva editasse por cá.

Em suma, Go West - Young Man é uma bela aposta da Gradiva, que nos vai permitir 14 breves viagens no tempo até ao coração do faroeste americano, através de uma bengala narrativa bem engendrada pelo argumentista Tiburce Oger que, através da narração do que acontece a um relógio de bolso, consegue percorrer quase 200 anos da história do lado oeste dos Estados Unidos. E tudo isto com a participação de célebres ilustradores da banda desenhada franco-belga!


NOTA FINAL (1/10):
8.8



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Go West - Young Man, de Tiburce Oger e Vários Autores - Gradiva

Ficha técnica
Go West - Young Man
Autores: Tiburce Oger, Bertail, Blanc-Dumont, Blasco-Martinez, Boucq, Cuzor, Gastine, Hérenguel, Labiano, Meyer, Meynet, Prugne, Rossi, Rouge, Taduc e Toulhoat
Editora: Gradiva
Páginas: 112, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Março de 2023

terça-feira, 6 de abril de 2021

Análise: O Último Homem...



O Último Homem..., de Jérôme Félix e Paul Gastine

Hoje chega às bancas o novo livro da Gradiva, intitulado O Último Homem..., que é da autoria de Jérôme Félix e Paul Gastine. Mas aqui no Vinheta 2020 esta obra maravilhosa já foi lida e relida e posso dizer, sem rodeios e sem reticências, que este é o melhor álbum de banda desenhada que a Gradiva já lançou!

Esta editora que tem, nos últimos anos, revelado uma crescente aposta na edição de obras de banda desenhada, com destaque para as séries mais educativas Descobridores, A Sabedoria dos Mitos e Eles Fizeram História, bem como, o lançamento de As Novas Aventuras de Bruno Brazil ou da série O Guardião, tem neste O Último Homem... a sua nova jóia da coroa. Uma obra magnífica a todos os níveis que merece ser (re)conhecida por todos!

E embora estejamos, para já, a assistir a um dos anos editoriais em que mais banda desenhada do género western se edita em Portugal, julgo ser justo dizer que este O Último Homem... é um western algo diferente, que traz consigo uma componente um pouco mais refrescante do que aquela que podemos, à partida, imaginar se nos lembrarmos dos cânones clássicos do género. Dito por outras palavras, acaba até por me parecer um livro mais focado na componente histórica - latente no desenvolvimento do oeste americano, devido à introdução da linha férrea, que permitiu um verdadeiro êxodo populacional e económico - do que, propriamente, um western clássico, em que temos os bons a lutarem contra os maus e há muitos tiros e “cowboiadas”. A grande premissa de O Último Homem... é a da luta pela injustiça. A vingança cega por algo que nos é tirado indevida e injustamente. É isso que aqui temos. E, portanto, nesse sentido, a mesma história, com os mesmos personagens, até poderia passar-se num outro tempo e num outro local.

O Último Homem... traz consigo o fim anunciado da era dos cowboys devido à introdução de linhas férreas em todo o país americano, que vão permitir levar as vacas até aos matadouros de Chicago. De forma fácil e rápida. Ou seja, a importância dos vaqueiros, dos cowboys, morre com a chegada do comboio. O protagonista, Russell, percebendo a alteração económica que se adivinha, decide mudar de ocupação e passar a ser rancheiro no Montana, deixando a tarefa de ser cowboy. Faz-se acompanhar pelo seu amigo Kirby e por Bennet, um jovem com limitações intelectuais que está ao cuidado de Russell desde que este o tomou aos seus cuidados.

Mas quando Bennett aparece morto, o ciclo natural dos eventos transforma-se abruptamente. Facilmente Russell e Kirby se apercebem de que os responsáveis da localidade, devido a quererem manter uma reputação de cidade pacata e limpa, para desta forma se candidatarem a serem uma cidade com linha férrea, simulam o suicídio do jovem rapaz. E então, Russell fica com uma grande sede de vingança e regressa à cidade para exigir a verdade sobre o que realmente aconteceu com Bennett.

Confesso que, a partir deste ponto, comecei a temer que o argumentista Jérôme Félix perdesse as rédeas da história, pois certas ações das personagens pareceram-me algo forçadas e rápidas, sem uma grande base lógica que as justificasse. Lembro-me de pensar: “queres ver que este fantástico argumento se perde numa cena de perseguição sem grande lógica?”. Felizmente, estava errado. Félix consegue pegar nas pontas que deixa soltas e ligar tudo muito bem. É uma história muito bem tecida, com bastante cuidado do argumentista.

Outra coisa de que gostei foi do facto de surgirem certos acontecimentos irreversíveis – e quiçá dolorosos para autores e leitores - ao longo da narrativa. O autor foi audaz e bem sucedido ao aparentar querer levar a trama por um lado e depois surpreender pelo outro. Mas não revelo mais do que isto para não causar nenhum spoiler aos que me lêem.

Quanto à arte, não podíamos, sinceramente, pedir mais do que aquilo que nos é dado. O traço de Gastine apresenta um detalhe incrível, com ilustrações belas e variadas, que tornam cada vinheta numa obra de arte. Se há bandas desenhadas que não parecem ter sido feitas "à pressa", como às vezes me “queixo” noutras análises, esta O Úlimo Homem... é uma delas. Cada vinheta, por mais ínfima ou pequena que seja, é sempre pontuada por múltiplos detalhes ilutrativos que nos mergulham profundamente na história, nas personagens, no ambiente, na obra.

A capacidade do autor para ilustrar com virtuosismo as faces (e demais expressões) das personagens roça a perfeição. Mas também os cenários, os cavalos, a cidade, a floresta, as cenas de ação... é tudo tratado com um cuidado e um aprumo invejáveis. A planificação, sendo de cariz clássico, também sabe ser, por vezes, moderna e dinâmica, oferecendo à história o ritmo certo de leitura. Destaque ainda para a multiplicidade de bons planos de câmara. Tudo bem feito. Praticamente impossível arranjar defeitos em termos de ilustração.

E, como se não bastasse, as cores – também a cargo de Gastine – também são maravilhosas, elevando ainda mais a qualidade da ilustração da obra. Jogos de sombras, cenas nocturnas, cenas de chuva cerrada, de tardes soalheiras... tudo isto recebe a cor certa e contribui para a sensação de “barriga cheia visual” para o leitor.

E estão a ver quando refiro que a capa de um livro de bd pode – e deve! - ser impactante e puxar pelo poder do livro? Este será um exemplo perfeito para o que sempre digo. Já por várias vezes tinha dado de caras com este livro na FNAC, na sua edição francesa, e nunca consegui não reparar nele e não o querer folhear. Estava na minha lista de compras há muito e tudo começou pela capa que me cativou desde o primeiro momento. É linda, com uma ilustração espetacular, com cores magníficas e um dramatismo tal, que é impossível de não impactar um leitor. Séria candidata a melhor capa do ano nos prémios VINHETAS D'OURO, parece-me. Até nisto, Gastine consegue ser sublime.

Quanto à edição da Gradiva, está impecável, com papel brilhante de excelente qualidade que consegue atribuir à obra a qualidade editorial merecida. Julgo que a opção pelo título O Último Homem... pode não ter sido a mais feliz, pois a obra original denomina-se Jusqu'au dernier. Talvez “Até ao Último” ou “Até ao Último Homem” fosse mais acertado. Mas mais do que isso, são mesmo as reticências que, na minha opinião, desestabilizam a harmonia gráfica desta fantástica capa. Claro que isto são críticas menores para uma obra tão boa e tão bem conseguida. Mas fica a nota, ainda assim.

Em conclusão, repito que é a melhor obra de bd da Gradiva e que, por isso, a editora portuguesa está de parabéns. Um western fantástico e obrigatório para todos. Até mesmo para os que não são especialmente admiradores do género. Grandioso e inesquecível. Um dos grandes livros do ano!
Obrigatório.


NOTA FINAL (1/10):
9.6


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Ficha técnica
O Último Homem...
Autores: Jérôme Félix e Paul Gastine
Editora: Gradiva
Páginas: 74, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Abril de 2021

sexta-feira, 26 de março de 2021

Lançamento: O Último Homem




Tal como já tinha aqui anunciado há uns dias, a Gradiva vai publicar no próximo dia 6 de Abril a obra O Último Homem, de Jérôme Félix e Paul Gastine.

Uma notícia muito boa para os fãs de western e não só!

E tal como prometido, partilho agora algumas páginas da edição portuguesa, a sua ficha técnica e respetiva sinopse da editora.


O Último Homem, de Jérôme Félix e Paul Gastine


«Um western crepuscular e magistral do tempo dos últimos cowboys.»

A era dos cowboys está a chegar ao fim. 

Em breve, serão os comboios a condu­zir as vacas aos matadouros de Chicago. 

Acompanhado de Bennett, um jovem de 20 anos com limitações intelectuais, Rus­sell, decidiu arrumar as esporas e iniciar uma nova vida como rancheiro no Mon­tana. 

A caminho, fazem uma paragem em Sundance. 

De manhã cedo, Bennett é en­contrado morto. 

O mayor prefere pensar em acidente, para não ter de se confrontar com a eventualidade de haver um assas­sino entre os seus concidadãos, e expulsa Russell da povoação. 

Mas o velho cowboy regressa à frente de um bando de margi­nais para exigir a verdade sobre a morte de Bennett…


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Ficha técnica
O Último Homem
Autores: Jérôme Félix e Paul Gastine
Editora: Gradiva
Páginas: 74, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 16,50€

terça-feira, 23 de março de 2021

Lançamento: O Último Homem



O Último Homem, de Jérôme Félix e Paul Gastine

Mas que bela surpresa por parte da Gradiva!

Este parece ser mesmo o ano do western (franco-belga) no lançamento de banda desenhada em Portugal!

Depois d' A Seita lançar a nova coleção Tex e de preparar o lançamento de mais dois álbuns de Lucky Luke para este ano; da Ala dos Livros lançar o segundo tomo de Undertaker; e da Arte de Autor lançar o quinto volume de Duke, é a vez da Gradiva anunciar o lançamento de um western!

E parece-me que a editora entra com uma bela aposta nesta corrida pelo faroeste. O Último Homem, da autoria de Jérôme Félix e Paul Gastine é um livro que ainda não li mas que já tive a oportunidade de folhear várias vezes e, pelo menos a julgar pelas minhas primeiras impressões, é um álbum muito apetecível.

O livro estará à venda a partir de 6 de Abril. Oportunamente, darei a conhecer as imagens promocionais da edição portuguesa, a ficha técnica e a sinopse da obra.

Para já, deixo-vos com a capa da versão portuguesa e com uma prancha da edição francesa.