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terça-feira, 9 de setembro de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela parceria A Seita/Arte de Autor nos últimos 5 anos!


Depois de um período de férias, regresso ao tema que fui desenvolvendo ao longo do mês de agosto: qual a melhor banda desenhada que cada editora lançou nos últimos 5 anos? O período dos 5 anos é apenas escolhido devido a ser o período de atividade aqui do Vinheta 2020. E porque é um número redondo, claro.

Hoje trago-vos algo um pouco diferente: em vez de me focar na banda desenhada editada por uma editora apenas, trago-vos o conjunto de melhores obras editadas pelo esforço conjunto de duas editoras: a Arte de Autor e A Seita. Sei que já publiquei um TOP 10 sobre cada uma destas editoras, mas tendo em conta a muito prolífera parceria editorial entre A Seita e a Arte de Autor, apresento-vos o meu TOP 10 das duas editoras.

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Faço aqui uma pequena nota sobre o procedimento: considerei séries como um todo e obras one-shot. Tudo junto. Pode ser um bocado injusto para as obras autocontidas, reconheço, e até ponderei fazer um TOP exclusivamente para séries e outro para livros one-shot, mas depois achei que isso seria escolher demasiadas obras. Deixaria de ser um TOP 10 para ser um TOP 20. Até me facilitaria o processo, honestamente, mas acabaria por retirar destaque a este meu trabalho que procura ser de curadoria. Acabou por ser um exercício mais difícil, pois tive que deixar de fora obras que também adoro, mas acho que quem beneficia são os meus leitores que, deste modo, ficam com a BD que considero ser a "crème de la crème" de cada editora.

Eis então, as melhores obras que, quanto a mim, a Arte de Autor e A Seita já editaram em conjunto:

quinta-feira, 31 de julho de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pel' A Seita nos últimos 5 anos!



Hoje trago-vos aquela que, na minha opinião, foi a melhor banda desenhada lançada pela editora A Seita nos últimos cinco anos!

Recordo que esta iniciativa surge pela comemoração dos 5 anos do Vinheta 2020, que me fez olhar um pouco para trás e ver a enorme quantidade de excelente banda desenhada que por cá foi publicada durante um período bastante pequeno de cinco anos.

Tendo em conta o enorme sucesso que estes artigos estão a ter aqui no blog, já tendo eu feito artigos dedicados à Ala dos Livros e à Arte de Autor, prometo fazer o mesmo tipo de artigo para a melhor banda desenhada editada por cada uma das principais editoras portuguesas de banda desenhada durante o mês de agosto. Mesmo que, pelo meio, haja uma certa quebra devido às minhas férias que se avizinham.

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Faço aqui uma pequena nota sobre o procedimento: considerei séries como um todo e obras one-shot. Tudo junto. Pode ser um bocado injusto para as obras autocontidas, reconheço, e até ponderei fazer um TOP exclusivamente para séries e outro para livros one-shot, mas depois achei que isso seria escolher demasiadas obras. Deixaria de ser um TOP 10 para ser um TOP 20. Até me facilitaria o processo, honestamente, mas acabaria por retirar destaque a este meu trabalho que procura ser de curadoria. Acabou por ser um exercício mais difícil, pois tive que deixar de fora obras que também adoro, mas acho que quem beneficia são os meus leitores que, deste modo, ficam com a BD que considero ser a "crème de la crème" de cada editora.

Chamo a atenção para o facto de eu considerar que fará sentido fazer um TOP dedicado aos lançamentos que A Seita fez em conjunto com a Arte de Autor. Mas isso ficará para outro dia. Como tal, as obras lançadas em conjunto pelas duas editoras não foram tidas em conta para este TOP. Também a Comic Heart merecerá um artigo isolado.

Bem, sem mais delongas, deixo-vos a melhor BD lançada em exclusivo pel' A Seita.

terça-feira, 29 de julho de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela Ala dos Livros nos últimos 5 anos!


A propósito da comemoração dos 5 anos de existência do Vinheta 2020, trago-vos um especial que começa a partir de hoje e que procura celebrar e assinalar a melhor banda desenhada que cada uma das principais editoras portuguesas editou nos últimos 5 anos. Durante as próximas semanas tentarei, pois, oferecer-vos um artigo por editora.

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Faço aqui uma pequena nota sobre o procedimento: considerei séries como um todo e obras one-shot. Tudo junto. Pode ser um bocado injusto para as obras autocontidas, reconheço, e até ponderei fazer um TOP exclusivamente para séries e outro para livros one-shot, mas depois achei que isso seria escolher demasiadas obras. Deixaria de ser um TOP 10 para ser um TOP 20. Até me facilitaria o processo, honestamente, mas acabaria por retirar destaque a este meu trabalho que procura ser de curadoria. Acabou por ser um exercício mais difícil, pois tive que deixar de fora obras que também adoro, mas acho que quem beneficia são os meus leitores que, deste modo, ficam com a BD que considero ser a crème de la crème de cada editora.

Em cinco anos de edição ininterrupta de banda desenhada, há naturalmente muitos títulos editados e, como devem calcular, a tarefa não foi fácil e vi-me forçado a excluir obras fantásticas, mas, lá está, há que fazer escolhas e estas são as minhas escolhas.

Hoje começo com uma editora cujo contributo para o lançamento de boa banda desenhada em Portugal é verdadeiramente inegável: a Ala dos Livros.

Esta editora tem um catálogo que considero de extrema qualidade. São (muito!) mais as obras que adoro da editora, do que aquelas de que não gosto. Não foi fácil, mas aqui está o meu TOP

Eis, mais abaixo, as minhas obras favoritas lançadas pela editora Ala dos Livros:

segunda-feira, 24 de março de 2025

Análise: Naturezas Mortas

Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol - A Seita e Arte de Autor

Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol - A Seita e Arte de Autor
Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol

Naturezas Mortas é uma daquelas bandas desenhadas lindas que, lamentavelmente, não está - parece-me - a reunir o hype e a aceitação que merecia. Lançada em conjunto pelas editoras A Seita e Arte de Autor - que, aliás, têm vindo a editar várias obras do argumentista Zidrou, como Lydie, Emma G. Wildford, Verões Felizes ou A Fera - este livro é mais um caso de qualidade e uma prova inequívoca do talento de Zidrou enquanto argumentista.

Desta vez, faz dupla com o autor espanhol Oriol, que também se revela uma aposta ganha garantia para este Naturezas Mortas, já que a sua abordagem gráfica e estilo de ilustração parece diferente de tudo aquilo que já vimos e casa que nem uma luva na história idealizada por Zidrou.

Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol - A Seita e Arte de Autor
A narrativa da obra centra-se nos últimos anos de vida de Vidal Balaguer i Carbonell, um pintor catalão nascido em Barcelona em 1873. Considerado uma das grandes promessas do Modernismo catalão, Balaguer frequenta o lendário café Els Quatre Gats ao lado de prominentes amigos da cena artística da cidade - como Joaquim Mir, entre outros. A sua carreira, no entanto, revela-se marcada por controvérsias e pelo mistério em torno do seu talento e da sua musa inspiradora. ​

Essa musa dá pelo nome de Mar e é uma jovem e bela mulher que já encantou muitos outros pintores. Balaguer não é exceção e persegue-a com uma paixão exacerbada. Até ao dia em que Mar desaparece, sem deixar qualquer rasto. E, logo por acaso, Balaguer foi o último a pintar o seu retrato. A partir deste ponto, a narrativa dá uma reviravolta, assumindo um tom quase policial, pois procura-se encontrar a causa do desaparecimento de Mar. E, entretanto, a própria polícia catalã passa a ter Vidal Balaguer como suspeito número um pelo desaparecimento da bela musa. E pelo desaparecimento de outras pessoas.

Zidrou constrói uma narrativa que explora a genialidade e os tormentos de Balaguer, mergulhando nas complexidades da sua personalidade e nas dificuldades que enfrenta para obter reconhecimento. A história aborda temas como a paixão pela arte, a luta contra a obscuridade e a busca incessante por inspiração.​ Acaba por ser uma abordagem onírica, evocativa e romântica à própria criação artística e ao poder que a mesma pode ter: quer para quem observa uma obra de arte; quer para o seu criador; quer, ainda, para o próprio objeto retratado nessa mesma criação.

Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol - A Seita e Arte de Autor
A trama não poderia ser mais original, fazendo com que o leitor se interesse e queira responder às inúmeras perguntas que nos surgem à medida que vamos mergulhando na narrativa. Fui remetido, por vezes, para O Retrato de Dorian Gray, o clássico da literatura de Oscar Wilde, mas apenas e só no reflexo entre realidade e meta-realidade contido num retrato de alguém. Depois, parece-me, as duas obras levantam questões diferentes.

Uma breve pesquisa na internet permite-nos saber que, de facto, Vidal Balaguer não existiu. É uma personagem fictícia inventada por Zidrou que, naturalmente, tem em si muito de realidade, já que é inspirada na atmosfera e nos artistas do Modernismo catalão do final do século XIX e início do século XX. E isto leva-me a achar ainda mais fantástica, inusitada, rica e "fora da caixa" a história arquitetada por Zidrou! E o próprio facto dos autores se levarem a sério, nada revelando sobre a não existência na realidade do protagonista, me leva a achar ainda mais incrível e impressionante este Naturezas Mortas

Por favor, não considerem que estou a fazer qualquer tipo de spoiler ao referir esta informação na minha análise. Como referi, bastou-me uma pesquisa rápida na internet para que chegasse à constatação de tal facto. Além disso, o possibilidade de ser uma personagem ficcional ou não, não impacta em nada a leitura da história. Ou, se impacta, é no sentido positivo. Foi quando soube que a personagem era ficcional, que admirei (ainda) mais a história. Se o soubesse de antemão, partiria para a minha leitura com esse ponto a favor.

Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol - A Seita e Arte de Autor
Balaguer reflete, ainda assim, temas recorrentes e universais na arte e na literatura: o génio incompreendido, o artista em busca de inspiração e o preço da obsessão criativa. Mesmo sendo uma personagem fictícia, a sua história dialoga com a de muitos artistas reais que enfrentaram a efemeridade da fama e os desafios da criação artística.

A arte de Oriol complementa magistralmente o texto de Zidrou! As ilustrações, que alternam entre técnicas digitais e aguarelas, captam a essência do período modernista catalão e evocam a atmosfera boémia de Barcelona no final do século XIX. A paleta de cores e os detalhes minuciosos transportam o leitor para o universo íntimo de Balaguer, refletindo as suas emoções e conflitos internos.​ Às tantas, já nem sabemos bem o que são as pinturas de Balaguer e o que é a própria ação "real" da história, com as mesmas a fundirem-se simbioticamente numa só. Fabuloso trabalho!

As cores são lindas, os traços são elegantíssimos e a sensibilidade reinante, fazem com que esta obra também seja singular do ponto de vista de abordagem gráfica! É verdade que, por vezes, especialmente na parte da investigação na história, se pode perder alguma da dinâmica narrativa pelo recurso a um tipo de ilustração tão artístico. Mas isso é um detalhe pequeno, dira.

E como nada podia falhar, a edição deste livro também é verdadeiramente fantástica! Quanto a mim, é uma das melhores edições de banda desenhada lançadas em 2024. A capa é dura e apresenta uma textura muito própria, algo áspera ao toque, que faz lembrar as telas de pintura. O que é uma ponte perfeita para o tema da obra. No interior, o papel é baço e de boa qualidade, enquanto que o trabalho de impressão e encadernação também é bom. O livro possui ainda um bastante extenso dossier de extras, inédito, com 16 páginas onde nos são dadas mais informações sobre Vidal Balaguer, bem como as imagens dos seus vários quadros. O que é fantástico nestes textos informativos, é que há uma preocupação em tornar viável o mito da personagem enquanto pintor que existiu realmente. O livro leva-se a sério e isso até está bem patente, portanto, no conteúdo de extras do mesmo.

Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol - A Seita e Arte de Autor
A Seita e a Arte de Autor optaram por lançar a obra com uma capa diferente da original, que podem ver aqui ao lado. Ainda que eu goste da capa da versão portuguesa, tenho que admitir que preferia a capa da edição original da obra e lamentei que a mesma não fosse aqui utilizada. Compreendo as razões, já que a capa apresenta a nudez total de uma mulher, com a densa região púbica do corpo feminino em grande destaque. Imagino que a capa entrasse na lista negra do ditador algoritmo das redes sociais, o que  impediria que fossem publicados artigos com a mesma. É triste que vivamos num mundo onde a violência e as imagens chocantes abundam por todo o lado, mas que, ao mesmo tempo, se prive a observação de uma coisa tão bela como a nudez de um corpo feminino... mas, enfim, é o que temos. Portanto, ainda que a opção de não incluir a capa original por parte das editoras A Seita e Arte de Autor não me agrade especialmente, tenho que compreender a razão de tal escolha. Se eu fosse editor, teria feito a mesma coisa.

Concluindo, eis-nos perante um livro de qualidade superior com este Naturezas Mortas, que é (mais) uma bela obra extraída da profícua mente de Zidrou que, sendo servida por um trabalho de ilustração magnífico e diferenciado de Oriol, nos oferece uma pertinente reflexão sobre a efemeridade da fama e o valor intrínseco da arte. A obra questiona o que significa ser um artista e os sacrifícios envolvidos na busca pela excelência e reconhecimento.​ É um livro lindo... não deixem de o ler!


NOTA FINAL (1/10):
9.4



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol - A Seita e Arte de Autor

Ficha técnica
Naturezas Mortas
Autores: Zidrou e Oriol
Editoras: A Seita e Arte de Autor
Páginas: 80, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 21 x 28,5 cm
Lançamento: Outubro de 2024

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Análise: Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2)

Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2), de Zidrou e Homs - Ala dos Livros

Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2), de Zidrou e Homs - Ala dos Livros
Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2), de Zidrou e Homs

Se os mais céticos (ainda) poderão franzir o olho a uma afirmação como "2024 tem sido dos melhores anos de sempre no que ao lançamento de banda desenhada de qualidade em Portugal diz respeito", uma coisa é clara: basta-nos olhar para o conjunto muito alargado de bandas desenhadas de qualidade superior lançadas em 2024 em Portugal para chegarmos a uma fácil conclusão: é bem possível que este seja, de um modo global, o melhor ano de sempre . Ou um dos melhores, vá.

E este breve parágrafo inicial serve apenas para introduzir uma das mais recentes apostas da editora Ala dos Livros: a série Shi, da autoria de Zidrou e Homs. Esta era uma série há muito esperada por mim. Desde que, numa livraria na Bélgica, depositei os olhos no primeiro tomo desta obra, que percebi que estávamos logo perante um trabalho que eu queria ter na minha biblioteca pessoal. Daí que não hesitei mais do que alguns segundos para comprar, de uma só vez, os dois primeiros tomos. Passados uns anos, fiquei, pois, muito agradado por saber que a obra seria por cá editada. Ainda por cima, numa edição de luxo, como poderei abordar um pouco mais à frente.

Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2), de Zidrou e Homs - Ala dos Livros
Originalmente lançada em 2017, esta série, ainda em continuação, depressa conquistou uma grande aclamação pelo público e crítica. Coisa que, olhando para o trabalho fortemente inspirado de Zidrou e Homs, não surpreende. O primeiro ciclo de Shi é composto por quatro tomos, enquanto que o segundo e terceiro ciclos, são constituídos, cada um, por dois tomos. No total, a série está pensada para vir a ter oito tomos. Para já, a Ala dos Livros brinda-nos com um volume duplo que, naturalmente, agrega os dois primeiros volumes da série, oferecendo-nos, de uma só assentada, metade do primeiro ciclo da série.

Desta vez, começo-vos por falar das ilustrações de Homs. Já li milhentos livros de banda desenhada e posso dizer-vos com sinceridade que o trabalho deste autor figura no círculo muito fechado dos meus ilustradores preferidos de banda desenhada. Sei que estas questões são sempre pessoais e algo subjetivas mas, com objetividade, também podemos ainda assim referir que os desenhos de Homs são tecnicamente muito evoluídos, com os cenários a serem de cortar a respiração, com as personagens a apresentarem uma expressividade incrível, com a dinâmica da planificação a ser estonteante, com as cores a serem magníficas. Enfim, para mim, em termos de ilustração, o trabalho de Homs é perfeito, pois não sei, honestamente, e mesmo em termos teóricos, de que forma poderia melhorar os desenhos de Homs. Dito por outras palavras, mesmo que eu quisesse andar aqui à procura de defeitos... não o conseguiria fazer. Está certamente entre os meus dez ilustradores preferidos de banda desenhada... de sempre.

Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2), de Zidrou e Homs - Ala dos Livros
E, portanto, só isso já era meio caminho andado para a obra Shi ser totalmente recomendada. Pois aqui, e possivelmente mais do que nunca, Homs pôde dar asas à sua criatividade e capacidade ilustrativa, através de vários cenários, várias épocas, várias indumentárias, vários momentos de ação e um conjunto variado de peripécias. O próprio Homs, nas notas de agradecimentos inaugurais da obra, agradece a Zidrou por este ter criado "a história que Homs gostaria de desenhar".

Não tenho muitos mais elogios superlativos a fazer a Homs... os seus desenhos são um autêntico deleite, uma verdadeira obra de arte, rica, refinada e trabalhada, que todos devem conhecer e que eleva, só por si, a qualidade de Shi.

Mas, claro, ainda falta fazer referência à outra parte da obra: o argumento. 

Zidrou é um dos meus argumentistas preferidos de banda desenhada - vejam lá a "dream team" responsável por esta obra! Nunca li um livro de Zidrou que não fosse do meu agrado. E já li bastantes. As suas histórias trazem sempre consigo algo que fica a ressoar no nosso pensamento já depois de finalizadas as leituras. E, tanto ou mais importante que isso, as suas personagens estão sempre munidas de uma personalidade muito própria que as fazem credíveis e inesquecíveis até para aqueles leitores que, como eu, travam conhecimento, num ritmo diário, com novas BDs e novas personagens.

Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2), de Zidrou e Homs - Ala dos Livros
Em Shi, Zidrou avança por caminhos novos, dando-nos uma história complexa, megalómana, com várias camadas, que acontece em vários momentos e tempos de ação. Quer no tempo presente, quer no tempo passado. É uma obra que mistura a narrativa de ação com uma exploração profunda de temas de conflito pessoal, questões éticas e misticismo, com vários toques de fantasia onde até vemos Zidrou a piscar o olho a algumas das criações de Jodorowsky. Mesmo assim, e ao contrário do autor por mim mencionado, Zidrou não parece, pelo menos para já, perder as rédeas da sua própria criação. De facto, e isso é uma coisa que sempre admiro numa argumentista, por muito rocambolesca e audaz que possa ser a história de Shi, Zidrou parece saber exatamente para onde quer levar a trama, não oferecendo, por isso, partes do enredo  de forma aleatória ou introduzidas à força, como fillers, como, infelizmente, tantas vezes vemos em banda desenhada.

O próprio género é de difícil catalogação: Shi é um policial, é uma história de época, é uma história de ação, é uma história de aventura, é uma história de fantasia e até tem um cariz de consciencialização social. 

Estamos em Londres, em pleno século XIX, onde a primeira Exposição Universal acaba de ser inaugurada. Uma das famílias que marca presença em tão importante evento é a família Winterfield. A filha, chama-se Jennifer, e é uma fã de fotografia. A esse propósito, decide fotografar uma mulher japonesa com o seu bebé nos braços. Mas, depois de feita a fotografia, Jennifer descobre que o bebé estava morto no momento da fotografia.

As circunstâncias que rapidamente se sucedem acabam por unir estas duas mulheres em cenas de ação agitadas, que as leva a uma sede de vingança perante o Império Britânico e, indo até mais longe, perante todo o mundo, onde as mulheres acabam por ver a sua existência relegada para segundo plano. Não diria que seja uma história "forçadamente feminista", se é que me entendem, mas é inegável que está bem presente em Shi um feminismo latente, que é bem-vindo, bem doseado e adequado. As mulheres acabam, por isso, por ser as verdadeiras heroínas desta história que nos mantém sempre com máxima atenção, num ritmo narrativo fulgurante. Talvez por isso, de início até pode ser uma história algo confusa e difícil de acompanhar. O que faz merecer reparo que a opção da Ala dos Livros em publicar álbuns duplos até permite que o leitor mergulhe melhor na narrativa, sem que nela fique tão perdido como ficaria se apenas pudesse ler um tomo de cada vez.

Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2), de Zidrou e Homs - Ala dos Livros
Mas há muito mais nesta narrativa do que aquilo que aqui referi. E das duas umas: ou eu contava aqui tudo aquilo que acontece neste primeiro volume duplo, estragando dessa forma o prazer de leitura a todos aqueles que - acertadamente - não hesitarão em ler este fantástico livro; ou quedava-me por não falar mais sobre a história aqui presente. E é isso que farei.

Direi apenas, e ainda, que a história de Shi, cujo nome tem origem num ideograma que significa “a morte”, não é apenas uma história de vingança, mas uma busca por identidade e autoconhecimento no meio de um contexto caótico e violento. Zidrou consegue tecer uma narrativa complexa em que o leitor é forçado a lidar com questões existenciais, de identidade e, claro, com a moralidade de ações como a vingança. Este volume traz-nos, portanto, a construção inicial de um drama épico que mistura misticismo com um olhar humano sobre como a dor, a injustiça e o sofrimento podem mudar a essência de um ser humano. 

Já a edição da Ala dos Livros, é um verdadeiro mimo para os leitores. Para além de reunir, conforme já referido, dois tomos da série num só volume, o livro apresenta capa dura coma textura aveludada suave ao toque e uma ilustração (linda!) diferente das ilustrações das capas ditas normais. Mas se, como eu, também apreciam as ilustrações das capas normais, não se apoquentem porque a Ala dos Livros teve o cuidado de incluir essas ilustrações de capa no interior da obra. Além disso, refira-se ainda que o livro traz fita marcadora de tecido e que a lombada também é em tecido e que, à semelhança do que a Ala dos Livros tem estado a fazer com a série Blacksad, o conjunto das lombadas dos livros da coleção formará depois uma ilustração. Sim, babem-se colecionadores, porque esta edição é linda. No interior há ainda, como extra, um caderno de 12 páginas com ilustrações e estudos de capa de Homs, que são um mimo para a vista.

Em suma, se ainda não compraram este livro, não percam mais tempo, pois é seguro que ficarão bem servidos numa autêntica orgia visual onde Homs se assume como um dos melhores ilustradores em banda desenhada, e onde Zidrou se arrisca numa história complexa, intensa, impactante e que consegue transformar Shi num clássico instantâneo da banda desenhada franco-belga. Obrigatório! 


NOTA FINAL (1/10):
9.8



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2), de Zidrou e Homs - Ala dos Livros

Ficha técnica
Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2) - No princípio era a fúria e O rei demónio
Autores: Zidrou e Homs
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 128, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 235 x 320 mm
Lançamento: Setembro de 2024

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Ala dos Livros lança o (muito) esperado "Shi", de Zidrou e Homs!



Está a ser absolutamente estonteante esta rentrée editorial por parte da editora Ala dos Livros!

Depois de anunciar O Abismo do Esquecimento, de Paco Roca - um autor que, durante anos, viu quase todas as suas obras serem editada em Portugal pela editora Levoir -; depois do regresso ao lançamento às obras de Hugo Pratt; depois da reedição de 7 Senhoras, de Margarida Madeira; depois de Harlem, de Mikael; depois de O Combate de Henry Fleming, de Steve Cuzor; e depois de Al Capone, de Meralli e Radice; a editora apresenta-nos a muito aguardada e magnífica série Shi, de Zidrou e Homs! Que pujança editorial!

E preparem-se porque, segundo as pistas que estão a ser dadas pela editora, poderemos ser surpreendidos com (ainda) mais obras de qualidade superior nas próximas semanas.

Sobre este Shi, posso dizer-vos que é uma obra absolutamente maravilhosa, com um guião impactante de Zidrou e com umas ilustrações de Homs que chegam a ser ridículas, de tão boas que são.

A Ala dos Livros lançará a série em álbuns duplos e com capas diferentes face àquelas que conhecemos dos volumes lançados de forma isolada. O livro já se encontra em pré-venda no site da editora.

Ponham na vossa lista de compras... eis uma série de banda desenhada que não poderão perder!

Por agora, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais da mesma.

Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2), de Zidrou e Homs

Londres, 1851. 

A primeira Exposição Universal acaba de abrir as portas. Entre os convidados, encontra-se uma família nobre inglesa de apelido Winterfield. 

A filha do Coronel Winterfield, Jennifer, fã de fotografia, decide fotografar uma japonesa com o seu bebé, acabando por descobrir que este está morto. Os acontecimentos precipitam-se a partir daí, e as duas mulheres de origens opostas, unidas pelo ódio, acabarão por criar laços indestrutíveis.

Tendo por pano de fundo a Inglaterra Victoriana do século XIX, Shi – cujo nome tem origem num ideograma que significa “a morte” – mistura aventura e fantasia a uma história que contém laivos de intriga policial, de magia e de consciência social.

Quem é Jennifer Winterfield? E que destino lhe reserva este magnífico argumento assinado por Zidrou e com desenho extraordinário de Josep Homs?

“Shi” é uma das mais aclamadas séries da BD franco-belga da actualidade, numa obra fascinante em 4 livros de dois volumes cada. “Shi – Livro 1”, que a Ala dos Livros publica agora numa edição especial única, inclui os dois primeiros dos quatro tomos que formam o Ciclo I desta série que convidamos os leitores a descobrir.

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Ficha técnica
Shi - Livro 1 (Tomos 1 e 2) - No princípio era a fúria e O rei demónio
Autores: Zidrou e Homs
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 128, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 235 x 320 mm
PVP: 32,00€



quarta-feira, 25 de setembro de 2024

A Seita e Arte de Autor lançam novo livro de Zidrou!

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Eis um livro que custou a sair, mas que finalmente saiu!

Anunciado ainda em 2022 chega-nos, por fim, o muito aguardado Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol!

Zidrou é um daqueles autores que, livro após livro, me tem deixado sempre agradado. Sou um verdadeiro fã do seu trabalho e considero o autor como um dos melhores argumentistas de banda desenhada.

Por esse motivo, estou muito entusiasmado com este novo lançamento d' A Seita e da Arte de Autor que editam este Naturezas Mortas em parceria!

Aproveito para informar que o ilustrador da obra, o espanhol Oriol, estará presente por cá, em Vila Nova de Gaia, no próximo fim de semana, a propósito do Festival Bang!

Falando desta edição de Naturezas Mortas, merece destaque o facto deste livro incluir quase 30 páginas de material completamente inédito!

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa das editoras e com algumas imagens promocionais!


Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol

Vidal Balaguer i Carbonell (Barcelona 1873 - ?) foi considerado como um dos prodígios do modernismo catalão, tendo frequentado o cabaret boémio Els Quatre Gats, juntamente com o seu amigo Joaquim Mir. Membro de La Colla del Safrà, um célebre grupo de artistas catalães, Balaguer foi um homem controverso, que nunca conseguiu obter o reconhecimento que merece.

Zidrou e Oriol assinam uma magistral novela gráfica, de uma riqueza visual e narrativa sem igual: um drama, uma busca existencial, uma reconstituição histórica, de uma sensibilidade excepcional, na verdade, um triunfo da Nona Arte.

Mar é uma jovem e bela musa para uma série de pintores que encantou e enfeitiçou, amantes de uma ou poucas noites... Mas o pintor Vidal Balaguer persegue-a com paixão, até ao dia em que ela desaparece misteriosamente, passando a assombrar os pensamentos e as noites daquele que foi o último a pintar o seu retrato, a célebre tela La mujer del mantón. No entanto, o mistério da desaparição de Mar não acaba aqui, e a polícia começa a suspeitar, não só de que ele é responsável pela sua desaparição, mas que terá feito desaparecer outras pessoas na Barcelona do final do século 19 que este álbum evoca.

Entre romance policial, exploração do mundo da pintura modernista espanhola, história de amor, fábula e biografia ficcional, Zidrou e Oriol tecem uma narrativa extraordinária em que a Terceira e a Nona Artes se cruzam de maneira brilhante. Desenhada num estilo que evoca o dos pintores modernistas catalães do grupo histórico La Colla del Safrà, que são os protagonistas desta história, esta obra brilha também pelas cores magistrais que Oriol usa para aumentar ainda mais a expressividade e sensibilidade das ilustrações, fazendo com que o leitor tenha a sensação de ter penetrado e de evoluir numa das pinturas dos mestres daquela época.

A edição d’A Seita e da Arte de Autor inclui um extenso caderno inédito de extras, com cerca de 30 pgs., único em todas as edições deste livro, que regista a magnífica pintura de Vidal Balaguer, tal como redescoberta por Oriol.

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Ficha técnica
Naturezas Mortas
Autores: Zidrou e Oriol
Editoras: A Seita e Arte de Autor
Páginas: 80, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 21 x 28,5 cm
PVP: 23,00€


sexta-feira, 17 de maio de 2024

Análise: A Adopção – Ciclo II

A Adopção – Ciclo II, de Zidrou e Monin - Ala dos Livros

A Adopção – Ciclo II, de Zidrou e Monin - Ala dos Livros
A Adopção – Ciclo II, de Zidrou e Monin

A Ala dos Livros lançou recentemente o segundo volume de A Adopção que, na prática, como é um álbum duplo, reúne o terceiro e quarto volume da série, respetivamente os tomos Wajdi e Arrependimentos. Embora o tema da adopção de crianças se mantenha como o ponto primordial da série, em cada história acompanhamos um processo de adopção diferente: se nos primeiros dois tomos acompanhámos a história de Qinaya, neste livro seguimos a caminhada de Wajdi.

Wajdi é uma criança refugiada da guerra do Iémen. Tem 10 anos e já tem uma história de vida carregada de traumas: perdeu os pais e a irmã, e conseguiu, sabe-se lá como, sobreviver. Até que o destino coloca Gaelle e Romain na sua vida. Estes são um casal de franceses de meia idade, já com dois filhos mais crescidos, e que pertencem à classe média alta francesa. Não poderiam, portanto, ser mais diferentes do que Wajdi. E se poderia parecer que tinha saído a sorte grande a esta criança iemenita, talvez as coisas não sejam tão lineares assim.

A Adopção – Ciclo II, de Zidrou e Monin - Ala dos Livros
Na verdade, a adaptação desta criança a esta nova realidade é tudo menos pacífica. Wajdi está desconfiado com tudo e todos, não percebe a língua francesa e não suporta qualquer que seja o contacto físico. Mesmo que seja um pequeno gesto como uma festa na cara. Gaelle e Romain estavam muito felizes ao início, mas a sua felicidade vai-se esvaindo à medida em que são confrontados pelas reações desajustadas de Wajdi. Até que, quando as coisas assumem uma escala maior, ponderam não avançar com o pedido de adopção, voltando atrás com aquela que era a sua intenção inicial.

Zidrou, o argumentista, como não podia deixar de ser, dá-nos aqui (mais) uma bela história que impacta o leitor, que o abana, que o faz pensar. Se este não é o melhor dos argumentistas para este tipo de histórias, não sei quem o será. Rapidamente nos habituamos às personagens, criamos empatia com elas e ficamos duplamente tristes pela aparente incompatibilidade entre Wajdi e a sua nova família.

A Adopção – Ciclo II, de Zidrou e Monin - Ala dos Livros
Adicionalmente, Zidrou tem o mérito de arrancar o leitor ocidental da sua realidade que, não sendo perfeita, é incomensuravelmente mais fácil e mais próxima de um conto de fadas do que a de uma criança refugiada. Porque, se é verdade que alicerçamos as nossas relações familiares e pessoais com base nos valores ocidentais, também é verdade que não temos, depois, o poder de encaixe para aceitar, compreender e criar empatia com os “outros”, aqueles que tiveram uma experiência de vida amplamente diferente da nossa. Se alguém não se encaixa na nossa vida perfeita, o erro é sempre desse alguém e não da nossa sociedade, que talvez não seja tão perfeita como gostamos de assumir. A mensagem deste A Adopção, sendo subtil, é, pois, certeira superando até os primeiros dois tomos da série onde o argumento me pareceu mais aleatório. É verdade que talvez a resolução desta história seja algo expectável, mas, ainda assim, parece-me que este é um daqueles casos em que o mais relevante é a viagem e não o destino.

A Adopção – Ciclo II, de Zidrou e Monin - Ala dos Livros
Falando das ilustrações de Monin, devo dizer que, mais uma vez, o seu traço me convenceu da primeira à última vinheta do livro. Os seus desenhos irradiam expressividade das faces das personagens e, claro, as belíssimas e suaves cores, são a tónica perfeita para que a experiência de leitura seja muitíssimo agradável. Dito por outras palavras, considero ser justo dizer que os desenhos de Monin são o “match” perfeito para o argumento arquitetado por Zidrou. Repescando as palavras que escrevi no livro anterior, posso reiterar que também neste segundo livro “saltam à vista as maravilhosas expressões faciais das personagens, a bonita caracterização dos cenários, os belos planos de detalhe cénico e as irresistíveis cores que dão vida aos belos desenhos, de traço descontraído, de Monin. Não há aqui nada que falhe. Este é um livro lindíssimo da primeira à última página.

Quanto à edição, acho louvável que a Ala dos Livros tenha decidido lançar esta série em volumes duplos, já que, conforme já referido, cada dois álbuns correspondem a uma história fechada em si mesma. A capa é dura e baça e o papel é brilhante e de boa qualidade. Também a impressão e a encadernação apresentam um bom trabalho. Apenas é de lamentar que, na capa, tenha havido uma gralha com o nome da personagem Wajdi. Tendo em conta que se trata de um nome exótico, pelo menos para a realidade portuguesa, é um erro que passa mais despercebido. Mas é um erro, claro.

Em suma, Zidrou volta a esculpir, com mestria, uma história atual, carregada de humanidade e momentos que tão depressa nos deixam com um sorriso na cara, como nos deixam de coração apertado perante uma sociedade que, tantas vezes, esquece o seu maior e mais promissor bem: as suas crianças. Eis mais um livro indispensável que a Ala dos Livros, naquele que é capaz de ser o seu ano mais forte de sempre (e ainda só vamos em Maio), acaba de publicar.


NOTA FINAL (1/10):
9.4



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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A Adopção – Ciclo II, de Zidrou e Monin - Ala dos Livros

Ficha técnica
A Adopção - Ciclo 2 - Edição Integral
Autores: Zidrou e Monin
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 144, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 235 x 320 mm
Lançamento: Abril de 2024

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Ala dos Livros lança nova BD sobre a adopção de crianças!



Já está a chegar às livrarias o segundo ciclo de A Adopção, de Zidrou e Monin!

Este é um álbum duplo que reúne os tomos 3 e 4 desta série, respetivamente Wajdi e Arrependimentos. Algo à semelhança do que a editora Ala dos Livros já tivera feito com a reunião dos primeiros dois tomos da série num só livro.

Embora se trate de uma série que aborda a questão da adopção de crianças, as histórias são independentes entre si. Dito por outras palavras, cada ciclo/história é composto por dois volumes.

Este é um lançamento que me está a deixar muito emplogado porque, no primeiro volume, adorei a arte de Monin. Quanto a Zidrou, já não são precisas muitas palavras de valroziação da minha parte, já que o autor é um dos meus argumentistas preferidos de banda desenhada. Como costumo dizer: "ainda está para vir o primeiro livro de Zidrou de que eu não gosto".

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


A Adopção - Ciclo 2 - Edição Integral, de Zidrou e Monin

Após longos meses de espera, Gaëlle e Romain adoptaram Wajdi, de 10 anos. 

Originário do Iémen, Wajdi cresceu no horror da guerra. Uma infância abalada por lutas, privações, sofrimentos. Desconfiada, endurecida pela força das circunstâncias e sem falar uma palavra em francês, a criança de 10 anos assusta-se com os mais pequenos ruídos do quotidiano e interpreta mal os gestos mais simples.

Os felizes pais adotivos serão rapidamente confrontados com os primeiros “nãos”, os primeiros problemas da adolescância e as primeiras rebeliões. Wajdi passou pelo pior, levará algum tempo para aceitar o melhor. O casal hesita em confirmar o pedido de adopção. A família que tanto queria esse filho ainda o quer? E o que restará então a Wajdi?

Depois de o segundo tomo de “A Adopção” ter obtido, em 2017 e 2018 respectivamente o Prémio Saint-Michel para o Melhor álbum Francófono e o Prémio da BD Fnac da Bélgica, esta série tornou-se uma referência incontornável da BD europeia dos últimos anos.

Depois da edição integral do 1º ciclo (Ala dos Livros, 2022), a edição portuguesa, também pela Ala dos Livros, inclui num único volume os dois tomos do 2º ciclo da edição francesa original dedicados à história de Wajdi.

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Ficha técnica
 A Adopção - Ciclo 2 - Edição Integral
Autores: Zidrou e Monin
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 144, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 235 x 320 mm
PVP: 31,90€


quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Comparativo: Lydie pel' A Seita e Arte de Autor e pela Norma Editorial

E como não há duas sem três, esta semana ainda vos trago um terceiro comparativo entre edições da mesma obra de banda desenhada.

Desta vez, foco-me na edição portuguesa e na edição espanhola do livro Lydie, da autoria de Zidrou e Jordi Lafebre, do qual já falei aqui no Vinheta 2020. Aconselho, aliás, a (re)leitura desse artigo, onde dou conta do quanto a obra me tocou. Este é um lindo livro, onde a escrita e argumento de Zidrou são verdadeiramente inspirados e onde, mais uma vez, o trabalho de Jordi Lafebre impressiona. E não tenho nem uma dúvida de que Lydie merecia ser editado em Portugal!

Por esse motivo, e mesmo já tendo na minha coleção pessoal a versão espanhola da obra, pela Norma Editorial, foi com enorme satisfação que soube que este livro iria ser publicado em Portugal através da parceria formada pelas editoras A Seita e Arte de Autor.

Esta é, aliás, a primeira obra que Zidrou e Jordi Lafebre fizeram em colaboração, ainda antes da belíssima série Verões Felizes, por cá publicada também pela Arte de Autor.

Passarei agora, então, a analisar as diferenças entre as edições portuguesa e espanhola deste Lydie.

E, desta vez, por muito que eu tenha sempre um especial carinho pelas edições portuguesas em detrimento das edições estrangeiras - porque, caramba, mesmo que eu consiga ler bem em inglês, espanhol e, mais ou menos, em francês, prefiro sempre ler em português, a minha língua mãe e, portanto, aquela onde se consegue maior profundidade na real captação dos significados, por vezes, complexo das palavras e expressões - por uma questão de honestidade intelectual, tenho que dizer o óbvio: em quase todas as valências, a edição espanhola supera a edição portuguesa.

Até porque, convenhamos, eu tinha a versão especial espanhola, o que pode, por si só, desnivelar um pouco este comparativo.

Mesmo assim, também há algumas coisas na edição portuguesa que superam, quanto a mim, a edição espanhola.

Em primeiro lugar, as duas edições têm capas diferentes. E, neste ponto, a edição portuguesa vence facilmente. A capa portuguesa da obra é muito mais apelativa, não só em termos de ilustração como, até mesmo, ao nível do grafismo do arranjo gráfico. A capa portuguesa vende por si só... a capa espanhola, não. Portanto, neste ponto, tenho que dar os parabéns às duas editoras portuguesas.

Ainda no grafismo das obras, refira-se que também na contracapa, a obra portuguesa é mais bonita. Para mim, pelo menos.


Mas, olhando para as duas capas, há também uma outra coisa que salta à vista: o formato dos dois livros. A edição espanhola é substancialmente maior em relação à edição portuguesa. E, neste ponto, mantenho-me firme no que sempre digo: prefiro sempre que as edições tenham a dimensão maior possível (salvo raras e concretas exceções), embora também não ache que uns cms a mais, ou a menos, arruinem a experiência de leitura. Não é isso que me faz deixar de comprar uma edição. Portanto, preferindo a edição maior, também é verdade que não me sinto ultrajado pela edição relativamente mais pequena portuguesa.

Imagino que, como o plano das duas editoras portuguesas é lançarem uma coleção de obras de Zidrou, tenham tido a ideia de estandardizar as dimensões dos vários livros. Pelo menos, o Emma G. Wildford, já lançado pel' A Seita e pela Arte de Autor, tem a mesma dimensão deste Lydie. Portanto, goste-se ou não, pelo menos parece haver uma certa lógica nesta opção da dimensão dos livros.


Quanto ao tipo de papel utilizado, volto a preferir a escolha feita pela edição portuguesa da obra que opta por um papel baço em detrimento de um papel brilhante. 

Acho que certos tipos de traços, bem como certos tipos de histórias, funcionam melhor num papel baço. E é o caso deste Lydie.


De resto, em termos de encadernação e impressão, ambas as edições têm uma boa qualidade onde nenhuma se destaca em relação à outra.

E chegados a este ponto deste comparativo, até poderão achar que, além da questão do formato da obra, eu até gostei mais da versão portuguesa de Lydie, pois gostei mais da capa portuguesa, bem como do papel utilizado. 

No entanto, há algo que a edição espanhola tem e que, infelizmente, a edição portuguesa optou por não ter: um muito generoso e completo dossier de extras onde há textos sobre a obra e muitos e belos esboços do autor Jordi Lafebre. Um verdadeiro mimo.

Acho que, neste ponto, a A Seita e a Arte de Autor perderam a oportunidade de incluir estes belos extras e de tornar a sua edição em algo muito mais especial.

Também é verdade que o preço da edição portuguesa é relativamente inferior ao da edição espanhola - o que é sempre uma boa notícia para os leitores portugueses - mas, mesmo assim, julgo que, mesmo que o preço do livro português fosse ligeiramente superior ao que é, seriam muitos os portugueses a apreciar tão belo dossier de extras na edição portuguesa, como partilho convosco mais abaixo.







Resumindo e concluindo, sim, A Seita e a Arte de Autor dão-nos uma bem conseguida edição da totalmente recomendada obra Lydie, de Zidrou e Jordi Lafebre, mesmo que, comparando com a edição da espanhola Norma Editorial desta mesma obra que eu já detinha na minha coleção, a oferta em português não seja superior em termos qualitativos.