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sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Análise: Os Três Mosqueteiros

Os Três Mosqueteiros, de Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa - Levoir e RTP

Os Três Mosqueteiros, de Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa - Levoir e RTP

Os Três Mosqueteiros, de Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa

A Levoir lançou recentemente, conjuntamente com Os Maias, já aqui analisado, a obra Os Três Mosqueteiros. Escrita originalmente pelo famoso Alexandre Dumas, autor de uma outra obra que adoro, que é O Conde de Monte Cristo, Os Três Mosqueteiros tornou-se uma história famosa nos mais diversos campos. Para mim, nascido em 1984, é impossível não relembrar a forte influência que dois desenhos animados tiveram em mim: a produção espanhola de Dartacão e, especialmente, o anime D’Artagnan. São versões muito(!) livremente baseadas na obra original de Alexandre Dumas, bem sei, mas que fizeram as minhas delícias na infância e que, ainda hoje, guardam um lugar especial no meu baú mental de boas memórias.

Os Três Mosqueteiros, de Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa - Levoir e RTP

Dito isto, foi com satisfação e curiosidade que iniciei a leitura daquele que já é o 10º volume da coleção Clássicos da Literatura em BD, lançada pela Levoir, em parceria com a RTP.

A história, conhecida por praticamente toda a gente, acompanha D’Artagnan, um jovem da Gasconha que se desloca para Paris com uma carta de recomendação escrita pelo seu pai, que deverá dar ao Senhor de Tréville, com o intuito de se poder juntar aos Mosqueteiros do Rei. Rei esse que é Luís XIII, com a ação a decorrer, portanto, na França do século XVII.

Mas D’Artagnan é um jovem rebelde que arde em pouca fervura e rapidamente vai arranjando problemas por onde quer que passa. Até que conhece os famosos três mosqueteiros: Athos, Porthos e Aramis, que desafia, à vez, para duelos. Que, felizmente, não chegam a acontecer devido à chegada dos soldados do matreiro Cardeal de Richelieu.

Os Três Mosqueteiros, de Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa - Levoir e RTP

Formada a amizade entre D’Artagnan e os três mosqueteiros, é-lhes confiada uma missão pela rainha Ana de Áustria que os levará numa missão secreta a Londres. Há depois todo um enorme rol de intrigas a envolver os mosqueteiros, a rainha, o rei, o cardeal. Milady e o Duque de Buckingham que não interessa estar aqui a relembrar.

Posso dizer que assim que folheei este álbum, e agradado com a qualidade das ilustrações, que estão vários níveis acima da média da qualidade das ilustrações desta coleção, achei: “Olha, queres ver que é desta que temos um excelente álbum de bd franco-belga nesta coleção?”. Infelizmente, estava errado. E, desta vez, a “culpa” não se atribui à qualidade do desenho, mas ao argumento.

Comecemos pelo mais positivo. O desenho. Não é um álbum perfeito do ponto de vista das ilustrações, que são asseguradas por Andrés José Mossa, mas, ainda assim, é um álbum bastante bem conseguido, de forma global. O traço é fino e elegante, com um bom nível de detalhe e com uma técnica de ilustração apurada. As personagens apresentam uma boa linguagem corporal e aprecei particularmente a boa noção de movimento que as cenas de ação, de capa e espada, apresentam. Em termos cénicos, o trabalho de Mossa também é interessante, com as ruas de Paris ou os interiores palacianos a apresentarem-se bem concebidos. As cores também contribuem para que a obra tenha um aspeto bonito e polido. Por vezes, quiçá demasiado polido.

Os Três Mosqueteiros, de Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa - Levoir e RTP

Sendo o desenho desta obra agradável, não será um desenho perfeito, também. Por vezes, há algumas ilustrações a carecerem de algum detalhe e as expressões das personagens são um bocado vagas. Além de que certas personagens se confundem entre si, o que me causa sempre uma certa apreensão na leitura duma obra de bd. No entanto, é como digo: no que à qualidade da ilustração diz respeito, e a par de livros como Alice no País das Maravilhas ou O Livro da Selva, este Os Três Mosqueteiros estará entre os melhores da coleção até agora.

Mas depois há o argumento. Que a meu ver é bastante mal conseguido neste livro. E tudo isto por uma única razão: o autor, Fabrizio Lo Bianco, decidiu enfiar toda a história (ou se não foi “toda”, pelo menos foi “demasiada”) da obra original de Alexandre Dumas, num livro com pouco mais do que 40 pranchas. Resultado: ficou uma autêntica “salganhada” narrativa. Acho que há dois caminhos a seguir quando se quer adaptar uma obra da literatura em BD com sucesso: 1) ou se escolhe apenas a linha base do enredo, focando a adaptação nos eventos mais marcantes da história; ou 2) se se quer contar a história com muito detalhe em banda desenhada, é necessário recorrer a muitas páginas para o fazer convenientemente. 

Os Três Mosqueteiros, de Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa - Levoir e RTP

Nesta adaptação d’ Os Três Mosqueteiros, as páginas são, natrualmente, finitas e a história é completamente "martelada" pelo argumentista de forma a caber quase toda. O que faz com que os acontecimentos não fiquem bem encadeados entre si e acabe por ser difícil perceber-se a história. Como se fossem episódios soltos, mal amarrados entre si. Uma verdadeira pena, se tivermos em conta que a arte ilustrativa da obra até é tão positiva. Nem mesmo a célebre relação de amizade intransponível que se cria entre D’Artagnan, Athos, Porthos e Aramis é bem explorada nesta adaptação. Toca-se em tudo, mas muito ao de leve. De forma demasiado superficial. Se me perguntarem: "quem não leu a obra original, fica a conhecê-la, lendo esta adaptação?". Lamentavelmente, acho que terei que responder que não.

Isto leva-me até a outro ponto que muitas vezes se discute em banda desenhada: o que é mais importante num livro de bd? O argumento ou a arte? Bem, eu não gosto muito destas perguntas de resposta binária, pois as coisas são muito mais complexas do que uma escolha ou outra. É quase como perguntarmos quem é mais importante par aum filho, entre uma mãe e um pai. Logicamente, todos têm ou devem ter a sua importância, assim como argumento e ilustrador têm muita importância em banda desenhada. Nuns casos, o que mais sobressai positivamente pode ser o desenho… noutros casos pode ser o argumento. E há livros de bd que eu adoro e até acho que não têm um desenho particularmente bom. Mas também se passa o inverso, comigo a adorar livros que têm um desenho espetacular e um argumento pobrezinho. Assim sendo, e dizendo uma verdade La Palice, o melhor será se o argumento e o desenho forem igualmente bons.

Os Três Mosqueteiros, de Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa - Levoir e RTP

Mesmo assim, e admitindo que há livros que adoro e que têm um fraco argumento e um desenho espetacular, diria que o argumento acaba por ter um pouco de mais importância para os meus gostos. E isto até me remete ao mais recente livro desta coleção dos Clássicos da Literatura em BD que analisei: Os Maias. Nesse caso, o argumento e a adaptação estão muito bem conseguidos, sendo que é a arte visual que não me enche bem as medidas. E aqui, n’ Os Três Mosqueteiros, acontece rigorosamente o oposto: o desenho é bastante agradável, mas a adaptação do argumento está bastante fraca. Qual é então o livro que prefiro? Os Maias, sem dúvida.

O que me faz concluir, com uma certa sensação inglória, que este Os Três Mosqueteiros, com uma adaptação da obra original para bd mais bem conseguida e inspirada, poderia ser um livro verdadeiramente bom. Infelizmente, ficou aquém.

Quanto à edição, mantém as características dos outros álbuns desta coleção: capa dura, bom papel, boa impressão e boa encadernação. No final do livro há um interessante dossier de extras sobre a obra, o autor e o contexto histórico de ambos. Nada a objetar quanto a isso, portanto.


NOTA FINAL (1/10):
7.7


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Os Três Mosqueteiros, de Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa - Levoir e RTP

Ficha técnica
Os Três Mosqueteiros
Autores: Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa
Adaptado a partir da obra original de: Alexandre Dumas
Editora: Levoir
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Julho de 2021

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

A Levoir publica mais um clássico da literatura em BD!




Além do muito aguardado lançamento Os Maias, também Os Três Mosqueteiros, a célebre obra de Alexandre Dumas, acaba de ser lançada pela Levoir e pela RTP, na sua coleção conjunta dos Clássicos da Literatura em BD.

A adaptação para banda desenhada de Os Três Mosqueteiros é feita por Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa.

Abaixo fiquem com a nota de imprensa da editora e imagens promocionais.

Os Três Mosqueteiros, de Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa
Os Três Mosqueteiros, a famosa obra de Alexandre Dumas, é o volume 10 da coleção Clássicos da Literatura em BD, apresentado pela Levoir e a RTP, em banca e livrarias a partir de 24 de Agosto.

A história decorre em França no século XVII, na fase final do reinado de Luís XIII. No centro da narrativa está um jovem gascão chamado d`Artagnan, que chega a Paris depois de perder a carta de recomendação escrita pelo seu pai, que tinha por fim pedir a ajuda do Senhor de Tréville para que o filho se juntasse aos Mosqueteiros do rei.

A entrada em Paris do jovem d`Artagnan não corre lá muito bem, arranjando um duelo triplo e à vez com os três mais reputados mosqueteiros do rei: Athos, Porthos e Aramis. 

Mas, o aparecimento dos soldados do Cardeal de Richelieu depressa vira o duelo e os quatro envolvem-se na luta contra os soldados do mais poderoso ministro do rei Luís XIII, que governa a França a seu bel-prazer.
A rainha Ana de Áustria confia-lhe uma missão secreta que o levará a Londres – juntamente com o trio de mosqueteiros. D’Artagnan salva a honra da rainha de um imbróglio amoroso em que a haviam envolvido com o Duque de Buckingham, braço direito do rei Carlos I de Inglaterra. A França vive dias de guerra civil, opondo católicos a huguenotes. A atmosfera de intrigas palacianas envenena a vida francesa. Os mosqueteiros participam no cerco a La Rochelle (1629) e cobrem-se de glória. Milady, a pérfida agente de Richelieu, recebeu, entretanto, ordens para matar o Duque de Buckingham, aliado dos sitiados de La Rochelle. 

Os mosqueteiros prendem a agente do cardeal, mas esta consegue fugir, mata o duque e envenena uma das aias da rainha por quem D’Artagnan se havia apaixonado. Perseguida pelos quatro intemeratos, Milady é apanhada nas margens do rio Lys. 
Os Três Mosqueteiros é um romance histórico originalmente publicado em folhetins pelo jornal Le Siècle, em 1844. Esta história apresenta uma das amizades mais leais da literatura mundial, na qual quatro amigos não medem esforços para se ajudarem. Um por todos e todos por um, é o lema destes amigos.

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Ficha técnica
Os Três Mosqueteiros
Autores: Fabrizio Lo Bianco e Andrés José Mossa
Adaptado a partir da obra original de: Alexandre Dumas
Editora: Levoir
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 10,90€