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quarta-feira, 5 de março de 2025

Joana Estrela lança novo livro de BD!





A autora portuguesa Joana Estrela acaba de lançar um novo livro de banda desenhada!

Trata-se de Ão Ão! e dá continuidade ao trabalho Miau! que a autora já havia lançado pela mesma editora Planeta Tangerina.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Ão Ão!, de Joana Estrela

Neste livro, Joana Estrela leva-nos até uma quinta cheia de animais, onde mora um daqueles cães que correm por todo o lado e nos contagiam com a sua alegria.

É ele que nos vai levar a conhecer todos os recantos do lugar, desde as hortas, ao galinheiro ou ao campo onde pastam os carneiros… mas, e os gatos? Como irá ele lidar com os dois gatos que acabam de chegar da cidade?

Ão ão! é um livro de banda desenhada sem texto que oferece desafios muito interessantes para os leitores que ainda não sabem ler ou que começaram há pouco a fazê-lo.

Neste tipo de livro, as imagens transportam a história. E, para a compreender, é preciso ler expressões e cenas, criar ligações entre as imagens e imaginar o que existe no intervalo entre elas, para assim criar uma sequência — e logo, uma narrativa.

Ao fazê-lo, mesmo quem ainda não sabe ler, de facto, lê. E, ao ler, pode partilhar o que descobriu, contar em voz alta, escolher as melhores palavras, e assim ganhar confiança e autonomia como leitor.

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Ficha técnica
Ão Ão!
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 60, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 155 x 180 mm
PVP: 13,90€




segunda-feira, 15 de abril de 2024

Vinheta 2020 lança nova rubrica para anunciar o Livro de BD do Mês!


Eis uma iniciativa que já queria ter implementado no Vinheta 2020 desde o último mês de janeiro, mas que, por motivos vários que ocuparam bastante do meu tempo, nomeadamente o lançamento do meu livro Muitos Anos a Virar Páginas e a preparação da Gala dos VINHETAS D'OURO 2024, não consegui fazer.

Sempre com o objetivo de fazer alguma curadoria, ajudando os leitores deste espaço a investirem o seu dinheiro na melhor banda desenhada que por cá é editada, lanço, então, a iniciativa LIVRO DO MÊS, cujo princípio não poderia ser mais simples: anunciar qual foi o melhor livro de cada mês. Qual a leitura mais "obrigatória", por assim dizer. Qual a obra que, caso só haja dinheiro na carteira para a compra de um livro por mês, merece ser comprada.

Para além disso, e porque sempre tento incluir e promover a produção nacional, a iniciativa LIVRO DO MÊS também terá sempre a subcategoria BD NACIONAL DO MÊS.

Para que se compreenda bem como funciona esta nova rubrica, permitam-me especificar, então, algumas "regras":

REGRAS DO "LIVRO DO MÊS"

1) Baseando-me na data de lançamento presente na ficha técnica de cada livro, que faz referência à data da primeira edição - ou, em casos excecionais, baseando-me na data em que o livro é efetivamente colocado à venda - anunciarei no início do mês seguinte, qual foi o LIVRO DO MÊS anterior.

2) Isto não devia ser necessário relembrar, mas faço-o à mesma: como é óbvio, o conceito de "melhor" é subjetivo e, claro está, as escolhas apresentadas serão sempre com base na subjetividade da minha opinião.

3) Eu costumo andar bastante atualizado face à nova banda desenhada que por cá vai sendo lançada. Contudo, não sou uma máquina, nem alguém que lê livros "à pressa" só para dizer que os leu. Acho que isso até é desrespeitar os autores/editores envolvidos. E, portanto, esta situação pode fazer com que, em determinados momentos, no final de um mês, eu ainda não tenha lido um livro que, mais tarde, até acabarei por considerar o melhor livro desse mês. Ou seja, poderei considerar que determinada obra merece ser o LIVRO DO MÊS e, passadas umas semanas, quando ler, já fora de tempo, um outro livro lançado no mês em questão, achar: "espera aí, este livro que só agora pude ler é melhor do que aquele que eu considerei como sendo LIVRO DO MÊS no mês passado". Portanto, caso isso aconteça e eu venha a ler um livro fora do mês em que foi lançado e, ainda assim, o considere como o melhor livro lançado nesse mês, farei uma correção ao post desse mês no mês seguinte. Exemplificando: imagine-se que sai um livro na última semana de Abril e que, apesar de eu só o ler no final de Maio, considerá-lo-ei como o melhor lançamento de Abril. Então, quando, no início de Junho, eu anunciar o Livro do Mês de Maio, farei uma adenda ao meu Livro do Mês de Abril. Pode parecer complexo, mas acho que não o será.

4) Caso se justifique, poderão haver MENÇÕES HONROSAS, se for demasiadamente difícil para mim deixar de lado alguma obra. Mesmo assim, obrigar-me-ei a não superar as duas MENÇÕES HONROSAS por mês.

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Portanto, agora que estão partilhadas as Regras a que eu próprio me imponho, avancemos para os primeiros LIVROS DO MÊS de 2024!

Relembro que a ideia é fazer um artigo mensal sobre cada LIVRO DO MÊS, mas, excecionalmente, e como estou em atraso face aos meses de Janeiro, Fevereiro de 2024, desta vez faço um artigo triplo anunciando quais foram os melhores LIVROS DO MÊS do primeiro trimestre do ano.

E são eles os seguintes:

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Análise: Gato Comum

Gato Comum, de Joana Estrela - Planeta Tangerina

Gato Comum, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Gato Comum, de Joana Estrela

A editora Planeta Tangerina, cuja oferta em banda desenhada nacional – e não só – se tem demarcado um pouco em relação a outras editoras portuguesas, com o lançamento de bandas desenhadas mais experimentais e, por ventura, direcionadas a um novo público, lançou recentemente um novo livro da autora Joana Estrela, da qual já tinha publicado os livros Pardalita ou Miau!.

Neste último livro que refiro, a autora já nos tinha dado um trabalho que tinha como enfoque a vida com gatos. Mas são duas propostas bastante diferentes, até porque Miau! é um livro destinado aos mais novos. Neste novíssimo Gato Comum, estamos perante uma história mais adulta e marcante, que claramente aponta para um público mais maduro, dado o teor comovente da história.

Neste caso, o tema é o luto. Não o luto por uma pessoa que parte, mas o luto por um animal que morre. Um gato. Os animais domésticos, quando bem inseridos num seio familiar, tornam-se membros por direito da família humana e, naturalmente, quando têm que partir deste mundo, deixam mágoa, nostalgia e boas lembranças que não mais nos abandonam.

Gato Comum, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
O relato de Gato Comum é-nos dado na primeira pessoa, por uma jovem de 17 anos que tem a mesma idade do gato e que vê agora, juntamente com o seu pai e com a sua mãe, que o pequeno felino começa a acusar os intransponíveis sinais da idade e da velhice. E, por muitos trabalhos que um animal nos possa dar, com a mudança e adaptação de pequenos hábitos que também nós fazemos por eles, como, por exemplo, deixar a porta fechada para que o animal não entre em determinado sítio de casa, quando nos vemos privados desse animal, e já não temos que ter esses cuidados – que supostamente até eram "chatos" – vivenciamos uma sensação de perda e de vazio.

O que acho mais belo e marcante no trabalho de Joana Estrela – e que em Gato Comum se torna por demais evidente – é a sua forma sensível de escrita, que assenta, por vezes, em pensamentos que parecem avulsos, mas que captam a atenção do leitor, criando uma automática sensação de empatia. Ler Gato Comum é mergulhar, pois, na situação de incerteza e de tristeza desta família que se prepara para dizer adeus ao seu gato. 

Gato Comum, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Não é um relato que seja forçosamente dramático. Mas nunca sinto, aliás, que as sensações que passam para o leitor nos trabalhos de Joana Estrela o sejam. Gato Comum faz-nos pensar, faz-nos refletir. E lembra-nos de como foi a perda de um animal no passado ou, em alternativa, prepara-nos para aquilo que, se tivermos animais domésticos, inevitavelmente acontecerá um dia. Há, pois, um certo efeito terapêutico na leitura deste Gato Comum. Porque por muito comum que seja um animal – ou mesmo uma pessoa, arrisco dizer – o(a) mesmo(a) torna-se especial, relevante e insubstituível para aqueles que consigo vivem. Não há volta a dar.

O estilo de ilustração é ultra simples na conceção. Com um traço naïf que nos remete para os desenhos que fazíamos na nossa infância, a autora oferece-nos um ambiente visual que, não obstante, consegue funcionar bastante bem no conjunto com a sua narrativa. Se em Pardalita o registo da autora já era simples, em Gato Comum o estilo de desenho foi tornado ainda mais elementar, não sendo feito uso de qualquer sombra e limitando o desenho de personagens e objetos a uma mera fina linha de contorno. É simples? Sim, não o poderia ser mais! É simplório? Nem pensar. Até porque Gato Comum acaba por ficar dotado de um ambiente pictórico credível, homogéneo e eficaz.

Gato Comum, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Para isso, também contribui, e muito, a maneira desenvolta como a autora planifica as suas páginas, conseguindo dominar muito bem a cadência do ritmo de leitura, pausando a mesma sempre que necessário. Se há páginas mais sobrecarregas de vinhetas, também há exemplos em que duas páginas são ocupadas por uma mera pequena vinheta ou, ainda noutros casos, por um ilustração de maior dimensão que ocupa as duas páginas. Esta valência de Joana Estrela acabou mesmo por me fazer lembrar, com as devidas distâncias, claro, o trabalho mais recente de Joana Mosi em O Mangusto.

Sendo em registo a preto e branco, o papel utilizado em Gato Comum é amarelo, o que, mais uma vez, contribui para uma experiência de leitura agradável e diferenciada.

De resto, a edição da Planeta Tangerina apresenta capa dura baça. No miolo o papel é de boa qualidade e a impressão e encadernação também são boas. Nota para o facto da capa e contracapa serem, quanto a mim, bastante apelativas.

Em suma, Gato Comum trata-se de um belo livro que, a meu ver, até supera o celebrado e promissor Pardalita. Não será, estou certo, pela natureza virtuosa dos desenhos que um leitor de banda desenhada comprará este livro, mas sim pelo belo e emocionante relato, transposto pela voz narrativo-visual única de Joana Estrela que, sem surpresas, se assume como uma das mais promissoras autoras da banda desenhada nacional. Cabe a cada um de nós sabermos reconhecê-lo.


NOTA FINAL (1/10):
8.4


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Gato Comum, de Joana Estrela - Planeta Tangerina

Ficha técnica
Gato Comum
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 104, a preto e branco (algumas em papel amarelo)
Encadernação: Capa dura
Formato: 150 x 215 mm
Lançamento: Março de 2024

quinta-feira, 28 de março de 2024

Planeta Tangerina lança BD para os mais novos!



Ainda no último fim de semana, quando estive no LouriBD, este foi um tema que veio à baila num dos debates: porque é que há pouca BD para os mais novos lançada por cá?

Ora, quase como respondendo à questão, mesmo sem o saber, a editora portuguesa Planeta Tangerina prepara-se para lançar uma banda desenhada direcionada para os mais novos, que dá pelo nome de O Sr. Gato Mágico e que é da autoria do autor brasileiro Henrique Coser Moreira.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais da mesma.

O Sr. Gato Mágico, de Henrique Coser Moreira

Depois de O primeiro dia, cujo estilo a crítica comparou a Miyazaki, Henrique Coser Moreira está de volta com mais uma banda desenhada invulgar e poética, destinada aos leitores mais novos.

Temos novamente uma personagem que sai de sua casa, mas desta vez trata-se de um gato, um senhor gato, habitante de um mundo vazio e silencioso, que decide explorar as redondezas e… fazer das suas.

Uma história sem palavras, à qual não falta humor, sensibilidade e imaginação.

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Ficha técnica
O Sr. Gato Mágico
Autor: Henrique Coser Moreira
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 180 x 155 mm
PVP: 13,90€

terça-feira, 26 de março de 2024

Planeta Tangerina lança nova BD de Joana Estrela!


Aos poucos, vão surgindo no mercado as novas obras de autores portugueses de banda desenhada para este ano!

Desta feita, é a vez da editora Planeta Tangerina voltar aos lançamentos de banda desenhada, com o novo livro de Joana Estrela, intitulado Gato Comum, de quem a editora já havia publicado Pardalita ou Miau!.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra.


Gato Comum, de Joana Estrela

Considerada pela crítica dona de «uma voz narrativa avassaladora», Joana Estrela regressa à BD com uma história que acompanha os últimos dias da vida de um gato e as difíceis decisões que pesam sobre a família que o acolhe.

Um livro comovente sobre o luto, que celebra também a vida de um gato no seio de uma família humana: as cumplicidades, os sustos, os hábitos e as manias — e, por fim, os dias que obrigam à despedida.

«É sábado de manhã. O gato ainda está vivo. Mas também ainda está a morrer.»

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Ficha técnica
Gato Comum
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 104, a preto e branco (algumas em papel amarelo)
Encadernação: Capa dura
Formato: 150 x 215 mm
PVP: 16,90€

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Análise: Mar Negro

Mar Negro, de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho - Planeta Tangerina

Mar Negro, de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho - Planeta Tangerina
Mar Negro, de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho

Começo por dizer que Mar Negro, que traz consigo o muito aguardado regresso da dupla Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho à edição de banda desenhada, responsável pelo aclamado Desvio, que até ganhou um VINHETA D’OURO em 2020, começou por não me agarrar logo à primeira.

Estão a ver os dois longos capítulos que Eça Queiroz ocupa na descrição do Ramalhete no célebre romance Os Maias? Bem, as primeiras 40 páginas de Mar Negro não nos dão mais do que detalhes dos gestos e tarefas mundanas do dia-a-dia de um café de praia. Compreendo que seja uma forma de ambientar o leitor, de apresentar o quotidiano das personagens, de representar os pequenos nadas da vida que fazemos diariamente e, acima de tudo, de mostrar o que Mar Negro tem para nos oferecer. Mas permitam-me dizê-lo: é levado ao extremo. E relembro que sou alguém que, em banda desenhada, até prefere páginas “a mais” do que “a menos”, pois acabo por achar que, muitas vezes, é frustrante que uma boa história, carregada de boas personagens, não tenha o devido espaço para bem explanar as suas ideias e emoções. Mas as primeiras páginas de Mar Negro são, de facto, custosas de superar. Nem os momentos, nem as palavras, nem os desenhos conseguem criar uma relação no leitor.

Mar Negro, de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho - Planeta Tangerina
Mas não julguem um livro pelas primeiras 40 páginas! Tal como não devemos julgar Os Maias pelos primeiros dois capítulos. Depois dessa travessia do deserto, à semelhança do que acontece na obra-prima de Eça de Queiroz, há em Mar Negro toda uma história e universo que nos marca e que cuja leitura da mesma se torna compensadora.

E ainda bem que assim é. Relembrando a proposta de Desvio, Ana Pessoa volta a convidar-nos a mergulhar na existência frugal de um jovem completamente normal. Desta vez, focamo-nos em Inês, que trabalha num café de praia, onde tem como colega JP. Ambos parecem estar em sintonias diferentes, mas quase sempre é assim no meio profissional, não? O que nos levou ali, ao trabalho que fazemos, pelo menos a muitos de nós, foi a procura por uma forma de sustento e, naturalmente, é normal que os nossos colegas tenham sido movidos justamente por essa mesma coisa apenas e, portanto, não tenham assim tanto em comum connosco, certo? Bem, às vezes não é bem assim. Às vezes, encontramos semelhanças ou, melhor ainda, formas de encaixe com pessoas que, à partida, não teriam nada a ver connosco.

Mar Negro, de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho - Planeta Tangerina
Se Inês e JP parecem ser a antítese um do outro, vai-se tornando claro, com a passagem do tempo, que os seus feitios e formas de estar se começam a interligar. Mas, sendo um relato muito vívido e verossímil, de tal forma que esta história poderia ter sido baseada numa história real, não deixa de ser verdade que os adolescentes (ainda) não sabem, sequer, o que querem do mundo e, em última análise, de si mesmos. 

Com efeito, Ana Pessoa traz-nos, novamente, mais uma protagonista que parece procurar o seu lugar e a definição de si mesma. E nisso, a autora é exímia na forma como gere tempos, momentos e pensamentos. A história é lenta, sim, mas depois de superadas as 40 páginas, começa a deixar-nos cada vez mais ligados ao enredo e às personagens que nele coabitam. É certo que, quanto a mim, não me parece que, desta vez, as falas sejam tão inspiradas, marcantes ou inspiradoras como foram em Desvio. Pelo contrário, temos alguns diálogos que parecem tão insípidos como os diálogos reais de adolescentes entediados. E, assumindo que isso não será assim tão positivo para o leitor, não deixa de ser impressionante o nível de realismo que a autora consegue colocar naquilo que é dito pelas suas personagens.

Mar Negro, de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho - Planeta Tangerina
Em termos de desenho, Bernardo P. Carvalho mantém o seu registo de traço. A grande diferença, face a Desvio, é que deixámos de ter uma obra a cores, em detrimento de um registo de bicromia. Neste caso, os desenhos não são a preto e branco, mas sim a azul e branco. Há bons momentos de ilustrações e algumas opções estéticas belas, de facto, mas parece-me que, não sendo o traço do autor muito detalhado ou provido de grandes virtuosismos técnicos, os desenhos neste registo de duas cores apenas acabam por ficar mais despidos, com o resultado final a ser menos cativante. É verdade que as cores de Desvio eram, por vezes, algo saturadas demais. Não obstante, acho que possibilitaram que o livro fosse mais cativante.

Continuando a falar do trabalho de Bernardo P. Carvalho neste Mar Negro, há algo que é difícil não reparar que é na planificação da obra. Mar Negro enverga possivelmente uma das planificações mais dinâmicas e audazes que vi nos últimos tempos. O autor já o tinha feito em Desvio, mas, neste caso, fá-lo com muita (talvez demais?) assertividade. As margens entre vinhetas são feitas na cor laranja e apresentam uma espessura muito fina, fazendo com que as mesmas não se pareçam tanto como uma margem entre vinhetas, mas sim uma mera linha delimitadora. Isto faz com que, naturalmente, as ilustrações não respirem tanto, muito embora, o resultado final seja original, claro.

Mar Negro, de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho - Planeta Tangerina
De facto, a planificação chega a ser tão dinâmica, que em vez de olharmos para pranchas de banda desenhada, parece que estamos a olhar para uma parede de alvenaria, ou para uma parede de azulejos, com diferentes formas entre si. Consequentemente, nem sempre se torna uma experiência de leitura fluída ou agradável. Prova disso é que, em alguns casos, o autor tenha sentido a necessidade de colocar umas “setas”, entre vinhetas, para que o leitor não se perca. 

Chega a parecer que o autor quis, por capricho, formatar mais as páginas segundo um padrão estético do que para melhor servir a história. Mas, lá está, também há que reconhecer que o resultado final é, mais uma vez, original, moderno e audaz. Não se pode dizer que Bernardo P. Carvalho não faça as coisas à sua própria maneira.

Pensando a quem se destina esta banda desenhada - um público jovem adulto, por ventura arredado da banda desenhada mais clássica - não vejo que, quer no ritmo, quer no teor, quer na componente visual, Mar Negro não seja uma obra que facilmente atrai e causa impacto. E isso merece as minhas vénias. Acho mesmo que seria salutar – até para a afirmação da 9ª Arte nacional enquanto expressão artística moderna e diversificada – que esta dupla continuasse a dar-nos mais bandas desenhadas no futuro.

Mar Negro não consegue, a meu ver, chegar ao patamar a que Desvio chegou, mas é, não obstante, uma boa e original experiência de leitura. Daquelas bandas desenhadas que trazem público novo ao género.

Em termos da edição, merece destaque o facto de este ser o 100º livro da editora Planeta Tangerina. É certo que desses 100 livros não são tantos os que são de banda desenhada. Porém, é um marco muito interessante, que merece os meus parabéns e agradecimentos. O livro apresenta capa mole, com largas badanas e um papel decente. Quer a capa, quer o papel, poderiam ser um pouco mais espessos, ainda assim. De resto, a encadernação e a impressão são de boa qualidade.

Portanto, em conclusão, e depois de ler este Mar Negro, há que admitir uma coisa: Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho parecem estar a jogar um campeonato à parte na banda desenhada nacional. Escrevem e desenham histórias de uma forma que ninguém escreve ou desenha, e parecem direcionar-se para um público diferente do público habitual de banda desenhada. E isso terá todas as desvantagens, para alguns, mas também tem todas as vantagens para outros.


NOTA FINAL (1/10):
7.9


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Mar Negro, de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho - Planeta Tangerina

Ficha técnica
Mar Negro
Autores: Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 320, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 174 x 230 mm
Lançamento: Março de 2023

terça-feira, 18 de abril de 2023

Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho lançam nova BD!



Depois do lançamento de Desvio, obra que conquistou vários prémios, entre os quais um VINHETA D'OURO, a dupla de autores formada por Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho está de volta para o lançamento de mais um livro de banda desenhada.

Intitula-se Mar Negro e já se encontra à venda nas livrarias.

Este é o 100º livro da Planeta Tangerina! Dou os parabéns à Editora e faço votos para que a aposta em banda desenhada se mantenha e, se possível, aumente.

Abaixo, podem encontrar a sinopse da obra e algumas imagens promocionais.


Mar Negro, de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho

O verão está a chegar ao fim, mas o bar da praia continua quase sempre cheio. JP serve às mesas e Inês fica nos bastidores, a tirar cafés, a cortar fiambre, a fazer tostas. Não são propriamente amigos. Ele é leviano e alegre, ela parece levar-se demasiado a sério.
Numa manhã de nevoeiro, um acontecimento inesperado vai uni-los mais do que nunca. Mas quanto mais Inês mergulha num drama que não é o seu, mais se afasta da sua própria vida.

– Às vezes sinto que não sou eu própria.
– Como assim?
– Parece que sou outra pessoa ou que estou a tentar ser outra pessoa.

Depois de “Desvio“, Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho regressam ao tema da identidade com uma novela gráfica ímpar, de diálogos longos e desenho irrepreensível.

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Ficha técnica
Mar Negro
Autores: Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 320, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 174 x 230 mm
PVP: 22,90€


quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Análise: Miau!

Miau!, de Joana Estrela - Planeta Tangerina

Miau!, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Miau!, de Joana Estrela

A Planeta Tangerina tinha andado arredada do lançamento de banda desenhada durante este ano de 2022, mas isso alterou-se quando, no passado mês de Setembro, a editora trouxe-nos a nova obra de Joana Estrela, que dá pelo nome de Miau!.

Após o lançamento de Pardalita – que, curiosamente, tinha sido a última banda desenhada lançada pela editora – Joana Estrela está, portanto, de volta ao lançamento de banda desenhada.

Mas, ao contrário do seu livro anterior, que se destina a um público jovem-adulto, este Miau! é um livro especialmente direcionado para os mais novos, ainda que possa ser lido por leitores de todas as idades.

E bem, na verdade, excetuando o título Miau! não há aqui quaisquer palavras a serem lidas, já que estamos perante uma banda desenhada muda, sem quaisquer legendas ou balões.

Miau!, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
A história é sobre uma menina que tem dois gatos, um gato branco e uma gata preta, e que, naturalmente, partilha os vários momentos da sua vida com eles. Aquilo que a autora nos oferece é o exemplo de um dia normal na vida da menina. Desde o momento em que, dormindo com os gatos, é acordada por eles, até àquilo que uma criança normalmente faz: a ida para a escola, o regresso a casa, as brincadeiras, a hora da refeição, lavar os dentes e voltar a ir para cama. Tendo um animal de estimação - neste caso, dois gatos - é normal que os mesmos estejam presentes em vários desses momentos. E é isso que este livro nos dá em primeira instância.

Não tenta uma grande reflexão e nem sequer tem uma moral subjacente. A obra simplesmente procura ser um retrato fiel de tantas existências de crianças que têm e cuidam de animais de estimação por esse mundo fora. Por ventura, devo dizer que senti a falta de alguma reflexão, alguma moral, algo que me fizesse pensar e, consequentemente, ficar com uma lembrança maior em relação à leitura efetuada. Assim, como nos é dado, Miau! acaba por ser uma obra mais olvidável depois de finda a leitura.

Miau!, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Bem sei que o livro se destina aos mais novos. Mas isso até faz, quanto a mim, com que a mensagem/moral/reflexão tenha que estar (ainda) mais presente, para que o livro deixe marcas positivas na criança.

Em termos de desenho, temos um traço grosso, infantil e simplista que ilustra eficazmente os gatos, a menina e toda a envolvente cénica. Os desenhos são todos feitos na cor azul, com alguns dos elementos a serem coloridos digitalmente – também a azul – de forma pontilhada, o que dá um efeito bastante agradável ao todo.

Se me parece que a história, demasiado simplista e contemplativa, acaba por ficar aquém das expetativas, em termos de arte ilustrativa, considero que os desenhos simplistas e muito básicos na sua conceção se coadunam bastante bem num livro virado para um público mais infantil. Mais não seja porque é fácil, parece-me, que uma criança facilmente se identifique com desenhos semelhantes àqueles que faz.

Quanto à edição da Planeta Tangerina, estamos perante um belo trabalho, com o livro a apresentar capa dura e um bom papel, bem como uma boa impressão e encadernação. Refira-se que a criação deste livro teve por base a pesquisa levada a cabo pelo Projeto CLAN, da qual fez parte a realização de entrevistas a famílias e crianças que coabitam com cães, gatos e outras espécies animais.

Concluindo, é justo dizer que este Miau!, sendo focado para um público mais infantil, tem os seus atributos, bem como uma linguagem visual interessante. Todavia, também é verdade que o argumento - mesmo tendo em conta o público a que a obra se destina - é algo parco, deixando uma certa sensação de vazio ou insatisfação após o término da leitura.


NOTA FINAL (1/10):
5.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Miau!, de Joana Estrela - Planeta Tangerina

Ficha técnica
Miau!
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 60, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 155 x 180 mm
Lançamento: Setembro de 2022

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Planeta Tangerina regressa ao lançamento de bd!



Não têm sido muitos, mas tem sido bons, os livros de banda desenhada que a editora Planeta Tangerina nos tem dado.

Depois de álbuns muito interessantes como Finalmente O Verão, Desvio ou A Época das Rosas, temos nova banda desenhada pelas mãos desta editora.

E eis que esse regresso se dá com o lançamento de um álbum em banda desenhada da autora portuguesa Joana Estrela que, no ano passado, nos deu Pardalita. Desta vez, a autora oferece-nos uma história muda, sem balões.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.
Miau!, de Joana Estrela

Partilhamos a nossa vida com cães, gatos, tartarugas, ratos ou peixinhos…e gostamos tanto deles que até dizemos que “fazem parte da família”.

Mas como correm estas amizades entre humanos e não humanos?

O que procuramos uns nos outros?

Em que somos semelhantes e diferentes?

Nesta história em forma de banda desenhada, acordamos numa casa onde moram dois gatos e uma menina.

E, olhem!, eles estão já a espreguiçar-se e convidam-nos a acompanhá-los no seu dia.

“Venham daí!”, dizem os gatos.

“Miau, miau!”, diz a menina.

O livro “Miau!” é uma banda-desenhada sem palavras, para leitura autónoma pelos leitores mais pequeninos. 

A criação deste livro teve por base a pesquisa levada a cabo pelo projeto CLAN, da qual fez parte a realização de entrevistas a famílias e crianças que coabitam com cães, gatos e outras espécies animais.

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Ficha técnica
Miau!
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 60, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 155 x 180 mm
PVP: 12,90€

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Análise: Pardalita

Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina

Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Pardalita, de Joana Estrela

Pardalita marcou o regresso da Planeta Tangerina ao lançamento de banda desenhada. Coisa que aplaudo, naturalmente. Com uma oferta algo diferente da banda desenhada, vulgarmente apelidada de “mais tradicional”, a editora já nos deu obras muito interessantes como Finalmente o Verão, A Época das Rosas ou Desvio. Este último da dupla portuguesa formada por Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho, que, no ano passado, até acabou mesmo por receber o VINHETA D'OURO para Obra Revelação da Banda Desenhada Nacional.

Pardalita, da autora portuguesa Joana Estrela, constitui mais uma proposta da coleção Dois Passos e Um Salto que, segundo a peculiar editora, se destina a “adolescentes e outros leitores mais crescidos”. Se em termos de marketing e posicionamento do produto me parece uma boa ideia, acho que olhar para os livros desta editora como sendo, apenas, para adolescentes ou, mesmo, jovens adultos, será deveras redutor. Isto porque todos os livros que já tive a oportunidade de ler, podem muito bem ser lidos pelo mais graúdo dos adultos. E Pardalita não é exceção.

Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Sendo uma história de coming of age, que nos retrata a vida de uma adolescente e a busca pela sua própria sexualidade e o seu lugar no mundo, é um livro que se recomenda para qualquer adolescente mas, também, para qualquer adulto poder mergulhar com subtileza neste assunto delicado. A protagonista da história é Raquel que, parecendo (e sendo!) uma adolescente completamente normal, começa a interessar-se por uma outra rapariga a quem denomina, amistosamente, de Pardalita.

O que gostei particularmente na abordagem da autora Joana Estrela, foi a forma descomplexada e descontraída com que nos narra a história de Raquel. Por vezes, quando abordadas as questões da homossexualidade, há uma certa tendência para uma comiseração que se torna um pouco enfastidiante e aborrecida para quem lê. Mas nada disso acontece aqui. Na verdade, a personagem Raquel até começa por duvidar das sensações que vai experenciando. Sem dramas, sem pena de si mesma. Com naturalidade. Imagino que um jovem não tem a resposta para a sua sexualidade de um dia para o outro. É algo que se vai desenvolvendo lenta e gradualmente. E isso acaba por estar bem esplanado na obra.

Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Raquel até já se tinha cruzado muitas vezes com Pardalita nos corredores da escola, mas é quando entra para o clube de teatro que a relação entre ambas começa, tímida mas naturalmente, a desenvolver-se. A sexualidade nunca aparece de forma direta mas está implícita desde cedo. E claro que há muito mais nas nossas vidas – e principalmente nas vidas dos jovens – para além da sexualidade: a escola, os estudos, os amigos, a família, os passatempos, as perguntas, as respostas, o futuro idealizado. E, nesta obra, a autora Joana Estrela também nos dá isso, num relato simples.

A forma como nos é narrada a história aqui presente é bastante singular. Temos páginas inteiras de texto, temos páginas inteiras de banda desenhada, temos páginas inteiras com apenas uma ilustração, temos, até, ilustrações que ocupam duas páginas. Por vezes, parece uma banda desenhada com algumas páginas de texto. Noutras vezes, parece exatamente o oposto, isto é, um livro em prosa que é complementado por algumas páginas de banda desenhada. Noutros casos ainda, parece ser um livro ilustrado. E todas estas nuances tornam a leitura em algo refrescante e diferente no seu todo o que, a meu ver, acaba por funcionar bastante bem.

Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Em termos de ilustração, Joana Estrela apresenta um desenho a preto e branco, de cariz infantil, muito simples, que procura apenas ilustrar da forma mais direta, e sem espaço para grandes detalhes, as ações mais básicas. É certo que, quanto a mim, o estilo de ilustração revela algumas insuficiências a nível de linguagem corporal e físionomia das personagens. Ainda assim, admito que consegue cumprir com aquilo que, do ponto de vista visual, interessa passar para o leitor.

E, bem vistas as coisas, a ideia que este livro nos dá é que o mesmo procura assumir-se como um diário verossímil de uma adolescente. Um diário que tem as suas notas sobre os mais variados temas e que, muitas vezes, é ilustrado, de forma infanto-adolescente, pela autora desse mesmo diário. Como se, em vez de ser escrito e ilustrado por Joana Estrela, o referido diário fosse efetivamente escrito pela própria Raquel, a protagonista da história. E isto acaba por dotar a obra de uma certa veracidade mesmo que, não escondo, as ilustrações pudessem ser alvo de um maior aprumo visual por parte da autora.

Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Quanto à edição da obra, a Planeta Tangerina oferece-nos um livro em capa mole, com os cantos arredondados, que nos remete para os blocos de notas de estilo Moleskine. O que, tal como acabei de referir, assentua, ainda mais, aquela ideia de que este objeto procura ser um diário/bloco de notas de uma adolescente real, em detrimento da criação artística e ficcional de uma autora. E, mais uma vez, funciona bem.

Em conclusão, posso dizer que considero muito importante que este tipo de livros direcionados para os jovens – mas que merece igualmente chegar aos mais adultos - mereça aposta por parte da edição de banda desenhada em Portugal. Pardalita pecará um pouco por falta de eloquência mas, parece-me, também, que é nessa procura pelo quotidiano mundano do dia-a-dia que a obra concentra os seus esforços.


NOTA FINAL (1/10):
7.0


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina

Ficha técnica
Pardalita
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 216, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
Lançamento: Novembro de 2021

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Já é conhecido o vencedor do Prémio Jorge Magalhães!



A editora Ala dos Livros promove o Prémio de Argumento para Banda Desenhada Jorge Magalhães, que é um prémio com dois claros e importantes objetivos: 1) o de homenagear essa personalidade incontornável da banda desenhada em Portugal que foi Jorge Magalhães, avô dos editores, e 2), o de procurar assinalar e destacar os melhores trabalhos da banda desenhada portuguesa, ao nível do argumento. 

Por estes dois motivos, esta iniciativa, cuja primeira edição é esta mesmo, é algo que considero mais que relevante e que espero que se possa manter futuramente!

Foi também por achar que é algo muito pertinente e bem-vindo que aceitei fazer parte do júri que selecionou as melhores obras, ao nível do argumento, da banda desenhada de 2020. Não poderia estar mais bem acompanhado no júri, ou não fosse este painel composto por nomes tão ilustres da banda desenhada nacional como João Miguel Lameiras, Paulo Monteiro, Pedro Cleto ou Maria José Magalhães. Bem, na verdade, o único nome menos ilustre deste conjunto, é o meu!

Mas, deixando a constituição do júri de lado e focando-me no(s) vencedor(es), informo que o grande vencedor deste primeira edição do Prémio de Argumento para Banda Desenhada Jorge Magalhães foi Filipe Melo, com o seu Balada para Sophie, que arrecadou o prémio de melhor argumento de 2020. Este livro foi inicialmente publicado pela Tinta da China embora, neste momento, esteja a ser editado pela chancela Companhia das Letras, da Penguin Random House.

Vencedor: Balada para Sophie 
de Filipe Melo e Juan Cavia
Companhia das Letras (Originalmente publicado pela Tinta da China)



Também dignas de relevo e louvores são as duas obras que receberam uma menção honrosa por parte do júri: Desvio, da Planeta Tangerina, com argumento de Ana Pessoa, e O Penteador, da Escorpião Azul, com argumento de Paulo J. Mendes.

Menção Honrosa: Desvio
de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho
Planeta Tangerina

 
Menção Honrosa: O Penteador
de Paulo J. Mendes
Escorpião Azul



Parabéns aos autores vencedores, às editoras que apostaram nestas obras e aos criadores deste Prémio!