Mostrar mensagens com a etiqueta Verões Felizes. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Verões Felizes. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 30 de julho de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela Arte de Autor nos últimos 5 anos!

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela Arte de Autor nos últimos 5 anos!


Se ontem vos falei da melhor banda desenhada editada pela Ala dos Livros, hoje falo-vos daquela que considero ser a melhor banda desenhada editada pela Arte de Autor nos últimos 5 anos, a partir de 2020, em tom de celebração pelos 5 anos de existência do Vinheta 2020.

Não são muitos os anos, mas são muitos os lançamentos de boa banda desenhada por cá, o que dá eco à ideia, que eu subscrevo, que a edição de banda desenhada em Portugal vive um dos seus melhores períodos de sempre... se não for o melhor.

Já escrevi isto ontem, mas deixo novamente aqui esta informação, para o caso de ser o primeiro destes artigos que o leitor desta página encontra:

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Faço aqui uma pequena nota sobre o procedimento: considerei séries como um todo e obras one-shot. Tudo junto. Pode ser um bocado injusto para as obras autocontidas, reconheço, e até ponderei fazer um TOP exclusivamente para séries e outro para livros one-shot, mas depois achei que isso seria escolher demasiadas obras. Deixaria de ser um TOP 10 para ser um TOP 20. Até me facilitaria o processo, honestamente, mas acabaria por retirar destaque a este meu trabalho que procura ser de curadoria. Acabou por ser um exercício mais difícil, pois tive que deixar de fora obras que também adoro, mas acho que quem beneficia são os meus leitores que, deste modo, ficam com a BD que considero ser a "crème de la crème" de cada editora.

Feita a introdução, passemos então àquela que considero como a melhor BD lançada pela Arte de Autor nos últimos 5 anos. Chamo a atenção para o facto de eu considerar que fará sentido fazer um TOP dedicado aos lançamentos que a Arte de Autor fez em conjunto com a editora A Seita. Mas isso ficará para outro dia. Como tal, as obras lançadas em conjunto pelas duas editoras não foram tidas em conta para este TOP.

Por agora, centremo-nos no TOP dedicado aos livros exclusivamente editados pela Arte de Autor.

Ora vejam:

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Nova edição do primeiro volume de Verões Felizes!



Muitos já o têm e muitos já o adoram! Mas, para aqueles que ainda não leram este belíssimo livro, que contém os dois primeiros volumes da maravilhosa série de Zidrou e Lafebre, Verões Felizes, eis que a Arte de Autor volta a editar o livro.

E traz uma capa diferente!

Esta é uma das melhores séries da editora, quanto a mim, e merece toda a vossa atenção! Este primeiro volume, bem como os restantes, já aqui foi analisado, portanto convido-vos a relerem esse artigo.

Mais abaixo, deixo-vos a sinopse da obra e respetivas imagens promocionais.
Verões Felizes #1 - Rumo ao Sul | A Calheta, de Zidrou e Jordi Lafebre - 2ª edição

Esta série não contém lutas sangrentas nem conspirações internacionais.

Fala da vida, da verdadeira. A vida – bonita – de pessoas que, ao longo do ano, trabalham arduamente para poderem gozar umas férias de Verão.

1973, 1969, 1980... volte atrás no tempo, entre com o Pierre, a Madô, a Julie-Jolie, a Nicole, o Louis e a Pêpete na sua 4L Vermelho Estérel, e reviva as férias da sua infância!
Instale-se na 4L vermelha dos Verões Felizes e... rumo ao Sul! No programa constam piqueniques, parques de campismo e sessões de bronzeamento na praia. Entre ataques de riso e ataques de choro, a família diverte-se à beira-mar, discute, zanga-se, mas mantém-se sempre unida, numa banda desenhada alegre e optimista.

Descubra sem demora a BD preferida de toda a família!

-/-

Ficha técnica
Verões Felizes #1 - Rumo ao Sul | A Calheta
Autores: Zidrou e Jordi Lafebre
Editora: Arte de Autor
Páginas: 112, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 23,50€

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Passatempo: Verões Felizes - Já temos o vencedor!



Já temos o vencedor do mega-passatempo que oferecia, não um, não dois, mas três livros da fantástica série Verões Felizes, da autoria de Zidrou e Jordi Lafebre! Bem, na verdade, como os livros são duplos, são os 6 álbuns que compõem a série completa, que o Vinheta 2020 e a Arte de Autor tinham para oferecer.

Este foi um passatempo muito concorrido, onde os participantes demonstraram ser muito criativos. Posso dizer que escolher a melhor frase não foi, de todo, fácil, dada a qualidade e criatividade dos participantes e precisei da ajuda da editora Vanda Rodrigues para encontrar o vencedor. 

Isto porque alguns dos participantes até fizeram inúmeras participações o que também nos permite perceber que a série Verões Felizes apela a muita gente e que este era um prémio muito desejado!

Mas, infelizmente, só uma pessoa podia ganhar e essa pessoa é:


Nuno Carvalho


Com a seguinte frase:

o "Vinheta 2020" e a "Arte de Autor"
uniram-se para me provocar
tem a série "Verões Felizes"
e não sei como a ganhar
passo horas a pensar
dias sem dormir
resmas a rabiscar
para uma frase sair
falta-me a inspiração
aquele toque original
e não vejo outra solução
senão apelar ao Pai Natal !


Não será necessário apelar ao Pai Natal porque esta série já é tua, Nuno. Muitos parabéns!


E obrigado a todos os outros pelas suas fantásticas participações.

Fiquem atentos a novos passatempos.

Boas festas a todos!



terça-feira, 24 de agosto de 2021

Análise: Verões Felizes - 3 (A Fuga | As Giestas)

Verões Felizes - 3 (A Fuga | As Giestas), de Zidrou e Jordi Lafebre - Arte de Autor

Verões Felizes - 3 (A Fuga | As Giestas), de Zidrou e Jordi Lafebre - Arte de Autor

Verões Felizes - 3 (A Fuga | As Giestas), de Zidrou e Jordi Lafebre

A série Verões Felizes está de volta para tornar o nosso verão (ainda) mais feliz! Este é o terceiro volume duplo que a Arte de Autor publica em Portugal – e que reúne o 5º e 6º tomos. Desta forma, a série fica integralmente publicada em Portugal. O que é algo digno de valor!

Já muito se escreveu sobre esta série maravilhosa que, na primeira edição dos VINHETAS D’OURO - galardões que premeiam a melhor banda desenhada publicada em Portugal - arrecadou mesmo o prémio de Melhor Álbum Estrangeiro de 2020. Portanto, pelo menos entre críticos da especialidade parece ser comummente aceite que Verões Felizes é uma série fabulosa.

Os autores Zidrou e Jordi Lafebre convidam-nos a conhecer as férias dos Faldérault, uma família belga que todos os anos regista peripécias, acontecimentos marcantes, desenvolvimento pessoal e crescimento natural, sempre que vai de férias. Tem um tom leve e divertido embora traga consigo o levantamento de questões mais adultas e sérias.

Verões Felizes - 3 (A Fuga | As Giestas), de Zidrou e Jordi Lafebre - Arte de Autor

Regresso, portanto, às minhas próprias palavras quando, na análise ao primeiro álbum duplo da série referi que “quando, em 2019, li este Verões Felizes pela primeira vez, mal queria acreditar no que tinha em mãos. Com uma arte visual maravilhosamente desenhada e colorida, bem típica do que de melhor se faz no franco-belga, equilibrando um estilo de ilustração algures entre o cartoonesco e o semi-realista; e com uma história profundamente nostálgica e real que, tem o condão de nos remeter para o passado feliz da nossa infância, bem... a minha certeza foi uma: estávamos perante um clássico instantâneo da banda desenhada.”

Verões Felizes tem muitas boas cartadas em mãos que justificam que seja uma série tão aclamada pelos leitores e pela crítica. Senão vejamos: 1) a história consegue ter a capacidade de nos fazer viajar no tempo, não só para as experiências passadas das personagens como, também, para as nossas próprias experiências do nosso passado, algures repousadas no nosso livro de memórias pessoal. 2) Por outro lado, o conjunto de personagens que Zidrou criou para a família Faldérault conquista facilmente cada leitor. Todas as personagens são muito bem construídas, ao ponto de um leitor atento já conseguir prever como reagirá determinada personagem face a determinado estímulo. Isso só acontece, porque as personagens foram criadas e desenvolvidas com profundidade e de forma muito personalizada. Mas há mais! 3) As ilustrações de Lafebre - e as cores que as povoam - são maravilhosas, dando um aspeto irresistível à componente visual da série. Portanto, se a história e as personagens são excelentes, as ilustrações não ficam nada atrás!

Verões Felizes - 3 (A Fuga | As Giestas), de Zidrou e Jordi Lafebre - Arte de Autor

Tendo em conta que a temática de cada número gravita sempre em torno das férias desta família belga, há um certo risco e/ou necessidade de fazer-se algo novo, do ponto de vista do argumento, para que cada volume não seja mais do mesmo. E, neste terceiro volume, Zidrou volta a fazê-lo de forma airosa e criativa. Especificamente no tomo que abre o livro.

Assim, em A Fuga, não estamos no quente mês de Agosto mas sim em Dezembro, na quadra natalícia. Isto gerou em mim uma certa confusão se tivermos em conta que o título da série, quer em português, quer na língua original (Les Beaux Etés), evoca o verão. Ora, localizando temporalmente na quadra natalícia uma história de uma série ambientada no verão pode parecer um autêntico non sense, certo? É claro que, lendo a história, compreendemos e aceitamos (?) a opção dos autores pois, mesmo em pleno inverno, é possível termos férias com sol e praia, não é verdade? Talvez não o consigamos no sul de França, na Côte d’ Azur mas vá, diria que, não sendo muito verossímil se aceita. Até porque, como muitas vezes a série nos tem mostrado, não é o destino de férias a coisa mais importante numa viagem, mas sim a jornada, propriamente dita. 

Verões Felizes - 3 (A Fuga | As Giestas), de Zidrou e Jordi Lafebre - Arte de Autor

E a história de A Fuga é capaz de ser a menos linear em toda a série. O ano de 1979 não foi especialmente bom para a família devido a diversas coisas que lhes foram acontecendo: Madô não gosta do seu trabalho; a filha mais pequena, Pêpete, esteve doente; as férias de verão na Bretanha foram um fracasso, com chuva sempre presente; e a Pierre é feita a proposta de desenhar uma série de bd da qual ele está farto. Ora, face a tudo isto, os Faldérault decidem celebrar o Natal ao sol, viajando “rumo ao sul”! Mas as coisas não acontecem como planeado. 

Julie-Jolie a filha mais velha, tem que estudar para os exames e Louis, que tinha comprado viagem e bilhete para ver os Pink Floyd em Londres, não fica nada entusiasmado com esta ideia de férias inesperadas. E decide então fugir a meio da viagem! Como já disse, e talvez a par do terceiro tomo, Menina Esterel, este A Fuga é possivelmente o álbum onde Zidrou se afasta mais da premissa base da série. Por um lado, isso é bom, pois oferece-nos diversidade. Por outro lado, talvez não ofereça (tanto, vá!) aquilo que os fãs da série estariam mais à espera. Seja como for, e depois de algumas reviravoltas na história, o tom fraterno e amoroso da história mantém-se bem presente. Mais não seja porque, à medida que os filhos vão crescendo e desenvolvendo gostos, vocações e novas relações, a noção clássica de momentos em família acaba por ser alterada. E, para os pais, nem sempre é fácil de lidar com isso. E é precisamente isso que sucede neste quinto tomo. No final há ainda um pequeno conto de 7 páginas, escrito em prosa e adornado com ilustrações de Lafebre que traz consigo (mais) uma interessante abordagem às personagens.

Verões Felizes - 3 (A Fuga | As Giestas), de Zidrou e Jordi Lafebre - Arte de Autor

Depois, no tomo seguinte, intitulado As Giestas andamos para trás no tempo, até ao ano de 1970, e já temos aquilo que considero um álbum "mais clássico" de Verões Felizes.

É verão e a família inicia a sua viagem “rumo ao sul” na sua Renault 4L, carinhosamente apelidada pela família como “Menina Esterel”. Mas, a meio da viagem, um pequeno acidente com o carro faz com que este não possa prosseguir viagem até que fique totalmente consertado pelo mecânico. Felizmente, os Faldérault têm a sorte de ser acolhidos por Esther e Estelle, duas lindas mulheres que dirigem a quinta “As Giestas”, ali nas proximidades. Portanto, desta vez as férias não são na praia, mas sim na quinta, com as crianças a adorarem esta experiência junto dos animais e ambiente rural. Este tomo traz consigo o tema da sexualidade e como o mesmo era compreendido pelas crianças – e não só – no início da década de 70. A história é mais do que isso, mas não deixa de ser pertinente que os autores tenham sabido trazer esta temática para a história. Funcionou muito bem, a meu ver.

Verões Felizes - 3 (A Fuga | As Giestas), de Zidrou e Jordi Lafebre - Arte de Autor

Acima de tudo, é no carinho e nas relações tão profundas e marcantes que desenvolvemos com a nossa família face aos grandes e pequenos acontecimentos da vida, onde esta série mais sabe conquistar os leitores. E, em seis vezes, os autores foram bem sucedidos nessa demanda.

Em termos de ilustração Lafebre mantém-se muito inspirado neste 3º volume. Tudo o que já era bom nos volumes anteriores também o é aqui. Na verdade, até me parece que, em determinados momentos, Lafebre nos oferece neste livro algumas das suas melhores vinhetas de toda a série. O louvor ao autor que tenho assinalar novamente, pois já escrevi o escrevi no passado é que “para além de ser um ilustrador completo, com uma grande capacidade de desenho de objetos, ambientes, veículos, paisagens... penso que é na construção das personagens que o seu trabalho mais impressiona. O tal estilo franco-belga que (…) é semi-realista e cartoonesco, encaixa que nem uma luva nesta história e nestas personagens. Outra coisa onde diria que Lafebre está entre os melhores, é na caracterização das expressões das personagens. É que, sendo esta uma série emotiva, as personagens presenteiam-nos com as mais variadas expressões: cómicas, tristes, interrogativas, pensativas, etc. E ainda por cima, com tantas crianças, que são sempre muito expressivas, o desafio de ilustração era grande. Mas isso, é passado de forma sublime para as páginas do livro, através de uma grande capacidade de ilustração de expressões. Não raras vezes, o leitor fica com o mesmo sorriso terno perante um momento terno, com a mesma cara pateta perante um momento pateta ou com o mesmo nó na garganta perante um momento que deixa as personagens com um nó na garganta. Lafebre é um especialista em desenhar “expressões verdadeiramente expressivas”, passo a redundância.”

Verões Felizes - 3 (A Fuga | As Giestas), de Zidrou e Jordi Lafebre - Arte de Autor

A edição da Arte de Autor acompanha aquilo que a editora já fez nos dois volumes anteriores. Capa dura brilhante, bom papel baço e boa qualidade de encadernação. Tudo bem feito. Nada negativo a apontar. Nota positiva para a pertinência da editora em utilizar para capa a imagem da capa do 6º volume e não a do 5º volume que remeteria para o natal. Tendo em conta que o livro foi agora lançado neste mês de Agosto, acho que foi uma decisão certa e lógica.

Disse-o em relação ao primeiro volume, mas posso dizê-lo sobre toda a série: Verões Felizes “é um daqueles casos raros em que o livro é recomendável para toda a família. Para crianças com 8 anos e para idosos com 88 anos. Para toda a gente. Porque, afinal de contas, quem de nós não gosta de aproveitar uma viagem às memórias de um passado feliz? Algo correu mal na vida de alguém que me diga que não aprecia nada neste livro. Será que, simplesmente, não tem coração? Tenho 35 anos e adoro esta série. Sei que daqui a 30 anos continuarei a adorar esta série. Adorá-la-ia se a tivesse lido com 10 anos. E é por isso que é um clássico instantâneo. A partir do momento em que a lemos.”

Em suma, e depois de 6 tomos, Verões Felizes lembra-me aquela máxima do futebol: “em equipa que ganha, não se mexe”, senão vejamos: o argumento continua fantástico; as personagens continuam irresistíveis; as referências culturais aos anos em que as histórias se desenrolam são ricas e deixam-nos nostálgicos; os desenhos e as cores são lindos; e a edição da Arte de Autor mantém-se ótima. A pergunta sacramental para todos aqueles que ainda não leram(!) esta série é apenas uma: “De que é que estão à espera para o fazer?”


NOTA FINAL (1/10):
9.5



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


-/-

Verões Felizes - 3 (A Fuga | As Giestas), de Zidrou e Jordi Lafebre - Arte de Autor

Ficha técnica
Verões Felizes - 3 (A Fuga | As Giestas)
Autores: Zidrou e Jordi Lafebre
Editora: Arte de Autor
Páginas: 112, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Agosto de 2021

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

A fantástica série Verões Felizes regressa para adocicar o nosso verão!!!



Está de volta uma das minhas séries de bd preferidas, que tem vindo a ser publicada em Portugal pela Arte de Autor! Falo de Verões Felizes, da dupla Zidrou e Jordi Lafebre, que, com este terceiro álbum duplo, fica integralmente editada em Portugal!

Nota positiva para a boa opção da editora em utilizar a capa do 6º livro, e não a do 5º, que é alusiva ao natal e, por esse motivo, ficaria sem muito sentido para um lançamento no meio do verão.

Esta é uma série totalmente obrigatória para os amantes de boa banda desenhada! Uma vez conhecida a família Faldérault, não mais deixamos de sentir afeto por todos os seus membros.

O livro encontra-se para já em pré-venda no site da Arte de Autor e deverá chegar às livrarias na próxima semana, a partir do dia 18 de Agosto.

Abaixo, fiquem com as sinopses de ambas as histórias que compõem este álbum duplo.

Verões Felizes 3 (A Fuga | As Giestas), de Zidrou e Jordi Lafebre

A Fuga
1979 – Os Pink Floyd arrasavam com “The Wall”

O fim de 1979 aproxima-se lentamente. Os Faldérault não podem dizer que guardam uma boa recordação: Madeleine odeia tanto o seu trabalho de vendedora de sapatos como a mulher que a contratou, e Garin propôs a Pierre retomar a série «Zagor» a mesma que Pedro decididamente não pode ver nem pintada! De qualquer forma, o ano está a acabar!
Para se distraírem, os Faldérault decidiram celebrar o Natal ao sol! No entanto, não será toda a família a participar, já que a Julie-Jolie fica em casa a preparar-se para os exames. Louis estava a planear assistir ao concerto dos Pink Floyd em Londres e vê os seus planos alterados no último segundo. E lá vão eles para umas férias que se anunciam agitadas... sobretudo quando o Louis decide fugir durante o caminho...

As Giestas
1970 – ao ritmo de “In the Summertime”

São as férias! Adeus, Mons, bom dia, sol!

Como todos os anos, a tribo dos Faldérault toma a direcção do Sul a bordo da Menina Esterel, a 4L familiar. Pierre não terminou o seu álbum? Não faz mal, ele vai finalizar as últimas pranchas à beira do Mediterrâneo.
Aqui estão todos os cinco prontos para não fazer nada. Enfim, cinco e meio mais, já que a Mado está grávida. Mas na estrada um caminhão ultrapassa-os, perde sua carga e lá está o pára-brisas de Esterel que voa em estilhaços.

Não acontece nada de grave, mas não podem continuar a viagem. Enquanto o mecânico repara a 4L, a família é acolhida por Esther e Estelle, duas mulheres encantadoras que dirigem a quinta «As Giestas». Enquanto Pedro pensa que é Cézanne e Nossa Senhora vê o bebé crescer, as crianças ajudam no parto das cabras e descobrem os encantos do campo. Mas também aprendem os segredos da vida...

Sexto volume de uma série bem-disposta que nos leva para uma viagem no tempo, à descoberta da felicidade das férias de Verão em família, das pequenas alegrias do quotidiano e dos prazeres simples da vida que vai.
-/-

Ficha técnica
Verões Felizes 3 (A Fuga | As Giestas)
Autores: Zidrou e Jordi Lafebre
Editora: Arte de Autor
Páginas: 112, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 23,50 €

quarta-feira, 9 de junho de 2021

À Conversa Com: Arte de Autor - Novidades para o 2º Semestre de 2021



Faltando apenas alguns dias para finalizarmos o primeiro semestre editorial de 2021, é tempo de fazermos um pequeno balanço daquilo que foi o ano até agora e quais serão as novidades para o que falta de 2021.

Nesse sentido, estarei à conversa com as editoras portuguesas para partilhar convosco as novidades que cada uma delas prepara o segundo semestre de 2021. 

Assim, reabro esta rubrica com a Arte de Autor.

Falei com a responsável da editora, Vanda Rodrigues, que nos revela quais são as obras que a editora prepara para a segunda metade de 2021.

Relativamente à surpresa de vendas deste primeiro semestre, é com agrado que vejo que Armazém Central tem estado a marcar pontos. Não me canso de recomendar de forma veemente esta fantástica série.

Fiquem abaixo com a breve entrevista à Arte de Autor.


Entrevista

1. Como foi este primeiro semestre do ano editorial de 2021 para vós? Editaram tudo o que tinham planeado ou houve títulos que foram adiados para o segundo semestre de 2021 (ou mesmo para 2022)?
Ainda não temos apuramentos das lojas pelo que é tudo muito relativo. O 1º semestre de 2021 está a corresponder ao previsto, pois já tinhamos assumido que, numa grande parte do semestre, as lojas estariam fechadas. Todos os títulos planeados foram publicados, sendo que a publicação de Duke 5, originalmente prevista para Fevereiro, teve que ser adiada para Março.

2. Sei que ainda é cedo para aferir este tipo de resultados mas, para já, com base na informação e perceção de mercado que vão tendo, que título lançado em 2021 está a ser uma agradável surpresa de vendas?
Não temos ainda números das livrarias, mas pelas vendas directas podemos dizer que o Volume 1 – Marie da série Armazém Central, está a ser uma agradável surpresa de vendas.

3. E que obra é que está a vender mais devagar do que aquilo que tinham planeado?
Como dito no ponto anterior só temos ainda as vendas directas. O título que está a vender mais devagar é o Spaghetti Bros 2.

4. Quais são os vossos lançamentos agendados para o segundo semestre de 2021?
Para o próximo semestre contamos editar: 

Corto Maltese #9 – A Juventude
de Hugo Pratt

Corto Maltese #10 – Tango
de Hugo Pratt

Verões Felizes #3 (Álbum duplo que inclui os tomos 5 e 6)
de Zidrou e Jordi Lafebre

Agatha Christie - No início eram Dez
de Davoz e Callixte

Agatha Christie - ABC contra Poirot
de Brremaud e Zanon


Armazém Central #2 e #3 (Álbum duplo que inclui os tomos 2 e 3)
de Loisel e Tripp


Armazém Central #6 e #7 (Álbum duplo que inclui os tomos 6 e 7)
de Loisel e Tripp

5. Há algum título novo que queiram avançar, em primeira mão, aos leitores do Vinheta 2020, mesmo que seja uma novidade a ser preparada apenas para 2022?
Contamos ter ainda uma ou outra novidade que divulgaremos brevemente.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Análise: Verões Felizes – 2 (Menina Esterel e O Repouso do Guerreiro)



Verões Felizes – 2 (Menina Esterel e O Repouso do Guerreiro), de Zidrou e Jordi Lafebre

Para aqueles que estão a iniciar esta leitura sem terem lido a análise que foi feita, há uns dias, a Verões Felizes 1, é recomendável que passem por e leiam esse artigo antes deste, pois, de alguma forma, contextualiza esta banda desenhada maravilhosa, explicando, de forma mais extensiva e analítica, porque é que Verões Felizes é tão bom e tão obrigatório para todos os que gostam de banda desenhada. E não só.

Neste segundo livro, publicado pela Arte de Autor em Maio de 2020, volta a ser-nos concedido um posto de observação nas férias da família Faldérault. Como se fôssemos uma pequena mosca que tem o privilégio de observar de perto, como funciona esta família. Sem filtros e sem pudores. Da maneira mais pura e genuína. E a experiência, mais uma vez, continua a ser gratificante, enternecedora e nostálgica, deixando-nos com um nó na garganta, por nos conseguirmos rever em todos os momentos mais difíceis que esta família enfrenta, mas fazendo-nos igualmente sorrir, por todas as experiências que, tal como esta família belga, também nós experenciámos com aqueles que nos são mais próximos: a nossa família.

Neste segundo lançamento, que reúne os tomos Menina Esterel e O Repouso do Guerreiro, recuamos e avançamos no tempo, respetivamente, em relação aos tomos do primeiro livro.

Em Menina Esterel, recuamos até 1962, quando o casal Faldérault era mais jovem e ainda só tinha as duas primeiras filhas - Julie-Jolie e Nicole - e decide ir de férias, com os pais de Madô, com o destino de Saint-Etienne, a contra-gosto de Pierre, que queria ir para a costa mediterrânica. Este tomo assume um tom ligeiramente diferente dos demais, pois traz consigo a introdução de elementos mais negativos, como, por exemplo, todas aquelas discussões e desacordos universais entre pais e filhos – que também existem em todas as famílias, diga-se. Neste caso, quem assume as funções de “pessoa do contra”, sempre a contradizer tudo e todos, e a impor a sua vontade perante a dos outros, é Yvette, a avó das crianças, mãe de Madô. Este número parece-me, talvez, um pouco menos idílico do que os anteriores – e do que o tomo seguinte - porque foca-se nas dificuldades que quaisquer relações interpessoais, seja entre filhos e pais ou entre genros e sogras, enfrentam. Nomeadamente na diferença entre opiniões como, por exemplo, quando os pais discordam em relação à forma como os seus filhos educam os seus netos. No entanto, não é de todo, um livro negativo. A história consegue mostrar-nos a doçura que, pelo menos nas famílias onde impera o amor, acaba sempre por vir ao de cima e superar os momentos de desacordo. Continua, portanto, a mostrar-nos o doce da vida em família, mesmo quando ela parece ser amarga. Além disso, deve destacar-se que é neste tomo que conhecemos a história de como Esterel, a emblemática Renault 4L, entra na família Faldérault.

Já no seguinte tomo, O Repouso do Guerreiro, avançamos ao ano de 1980, quando as filhas mais velhas se tornaram jovens adultas, enquanto que a filha mais nova, Pêpete, se transformou numa pequena diabrete de 9 anos. Louis continua a ser um nerd, substituindo neste quarto tomo, a sua paixão pela banda desenhada dos tomos anteriores, pela paixão pela música, ouvida no seu walkman. Neste verão, o pai, Pierre, comprou uma casa nova, chave na mão, na Provença e a família está entusiasmadíssima por ir fazer férias numa “casa a sério”, ao contrário do que tinha sido até então a prática comum desta família: as férias em campismo. Mas nem tudo é o que parece e muitas peripécias hão-de acontecer nesta história enternecedora em que Nicole, a filha rechonchuda se faz acompanhar pelo seu namorado Jean-Manu, por quem está eloquentemente apaixonada. Um livro que nos mostra aquela fase de se ser pai, em que se começa a olhar para os filhos, já não como crianças, mas como adultos que começam a escolher a sua própria vida, por si mesmos. Ensina-nos também que as alterações de planos podem (e devem) ser encaradas como algo positivo mesmo que, quase sempre, nos obriguem a reajustes de agenda e a uma boa dose de bom senso.

Acima de tudo, este segundo álbum duplo da série, mantém o tom e o estilo do volume anterior. Portanto tudo aquilo que já foi de tão especial nesse primeiro livro, regressa aqui em grande. As histórias presentes expandem-se um pouco mais, ao introduzir novas personagens, em diferentes ambientes e intervalos temporais, mas mantendo o mesmo espírito positivo da série. Há algo de especial nesta família que faz com que facilmente nos identifiquemos com as personagens, como se fossem um espelho de nós mesmos. E, como em qualquer (boa) série, fica criada uma relação entre a história e o leitor, que faz com que queiramos ler a próxima aventura dos Faldérault, mal terminamos uma. Afinal de contas, cada ida de férias desta família traz consigo muitas emoções, aventuras e momentos de introspeção. Uma obra soberba e original que merece ser (re)conhecida por todos.

Em termos gráficos, o livro mantém a qualidade do álbum anterior. Tudo o que já era bom no primeiro volume, nomeadamente um elegante desenho de estilo franco-belga, marcado por uma capacidade enorme de caracterização de expressões, por parte de Jordi Lafebre, se mantém neste segundo volume. No final do livro há cinco páginas com esquissos do autor, em que podemos vislumbrar o seu enorme talento para captação de expressões. Numa história emotiva como esta, conseguir captar tantas e tão diversas expressões, é a garantia de que, no final, temos uma obra com muita harmonia entre o texto e as imagens. A cor, que é assegurada por Lafebre e Mado Peña, também é digna de destaque pela sua beleza e harmonia.

Em conclusão, os que ainda não compraram o segundo volume, bem que podem ir correndo para as livrarias (respeitando o distanciamento social de dois metros, claro está). Quanto àqueles que ainda não compraram o primeiro volume sequer, façam um favor a vós próprios. Este é mais um forte candidato a livro do ano, num ano editorial que está a ser muito bom.


NOTA FINAL (1/10):
9.5


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020

-/-

Ficha técnica
Verões Felizes – 2 (Menina Esterel e O Repouso do Guerreiro)
Autores: Zidrou e Jordi Lafebre
Editora: Arte de Autor
Páginas: 112, a cores
Encadernação: Capa dura

terça-feira, 12 de maio de 2020

Análise: Verões Felizes - 1 (Rumo ao Sul! e A Calheta)



Verões Felizes - 1 (Rumo ao Sul! e A Calheta), de Zidrou e Jordi Lafebre 

Quando, em 2019, li este Verões Felizes pela primeira vez, mal queria acreditar no que tinha em mãos. Com uma arte visual maravilhosamente desenhada e colorida, bem típica do que de melhor se faz no franco-belga, equilibrando um estilo de ilustração algures entre o cartoonesco e o semi-realista; e com uma história profundamente nostálgica e real que, tem o condão de nos remeter para o passado feliz da nossa infância, bem... a minha certeza foi uma: estávamos perante um clássico instantâneo da banda desenhada. E talvez por isso, ocupou a primeira posição no top das minhas melhores leituras de 2019.

Volvidos alguns meses, e no mês em que a Arte de Autor publica o segundo livro de Verões Felizes – desta vez, reunindo os tomos 3 e 4, Menina Esterel e O Repouso do Guerreiro, respetivamente - estou ainda mais certo que este Verões Felizes - 1 é dos melhores livros que li em anos. E mais do que ser “melhor” ou “pior” porque, bem sei, que cada um de nós, leitores de banda desenhada, terá os seus próprios gostos, acho que há aqui uma coisa em que, certamente, todos poderemos concordar: trata-se, efetivamente, de um clássico instantâneo da banda desenhada. O primeiro livro da série até pode (só) ter sido lançado em 2015, mas isso não lhe tira o potencial de ser um clássico que marcará gerações ao longo dos anos. E, afinal de contas, “um clássico” é tudo aquilo que será recordado anos, décadas, mais tarde. Estou certo que Verões Felizes está nesse rol de livros. Pode até não ser um sucesso de vendas internacional, como são certas obras mais comerciais – e aí a derradeira “culpa” será (sempre) dos leitores. Todavia, isso não invalida que não seja uma obra marcante e inolvidável para todos os leitores que a lêem. Um clássico, portanto.

Neste primeiro álbum duplo de Verões Felizes, estão reunidos os números 1 e 2, ou seja, Rumo ao Sul! e A Calheta. Ambas as histórias são centradas nas férias dos Faldérault, uma família belga que, chegado o tão esperado verão, parte de férias, em viagem de carro, rumo ao Mediterrâneo para umas merecidas férias ao sol. O que o livro faz de espantoso é conseguir que, de alguma forma, todos os leitores se identifiquem com algo na história ou nas suas personagens. E não digo isso pela série estar carregada de chavões e lugares comuns. Não se trata disso. Até porque a verdade é que todos nós, somos mais iguais entre nós, do que aquilo que gostamos de admitir. Todos temos um humor muito próprio dentro da nossa família, costumes singulares, tradições específicas, que vão sendo repetidas ano após ano. É pois óbvio que cada família será diferente e original nas suas tradições e nos seus costumes. Contudo, não tanto como pode parecer. De facto, parece-me que somos parecidos na nossa diferença. Ou diferentes, na nossa semelhança. Como preferirem. No meu caso, a minha infância foi no final dos anos 80 e princípio dos anos 90, e não nos anos 70, como a família de Verões Felizes. O carro dos meus pais não era uma Renault 4L e nós nunca acampámos. Mas, a questão não é essa. Não é que eu, ou qualquer outra pessoa que me lê, tenhamos (que ter) uma família igual à de Verões Felizes. Mas temos, indubitavelmente, muitas semelhanças. Voltando à minha experiência, a minha família era grande como a desta história – também somos 4 irmãos - e também rumávamos ao sul, mais concretamente ao Algarve, quando chegavam as férias. Eu também me refugiava na banda desenhada, tal como o filho da família Faldérault e, claro, as férias eram uma animação constante, com disputas e birras entre irmãos, mas muitos momentos de ternura e inesquecível palhaçada. E o meu pai, tal como o pai dos Fálderault, também era o maior cómico de todos nós. Também havia um certo “não planeamento” de férias, tal como o desta família belga. Sabíamos para que zona íamos mas nem sequer íamos com marcação. Era apenas quando chegávamos, que íamos à procura de um alojamento onde ficar. E isto, naturalmente, e também como em Verões Felizes, era o rastilho para ínúmeras situações hilariantes. São memórias que ficam no nosso livro mental de recordações e nos nossos corações. Estas são as minhas. As do leitor serão, naturalmente, outras. Mas em todas há alguns pontos em comum.

E o autor do texto desta obra, Zidrou, faz um trabalho soberbo. Não sei se as férias desta família são oriundas do seu imaginário ou se serão situações dum foro mais biográfico, da sua própria existência. Seja como for, estão captadas para o texto de forma magnífica. As personagens são verossímeis. Os dramas da mãe, as palhaçadas do pai, os pudores da filha mais velha, o humor da filha do meio, as “cromices” do pequeno Louis, as palavras mal ditas da filha mais nova, que está a aprender a falar... todas essas coisas são reais. Aconteceram no passado e acontecerão no futuro. E em todas as famílias. E, de uma certa forma, e talvez por isso, este livro consegue ser bigger than life, como dizem os ingleses. Não há ficção... há realidade nestas páginas.

Mas será então uma história naïf de regresso à infância, apenas? Um olhar imberbe de reflexões no passado? Não. Não, mesmo! Aliás, só uma leitura muito desprendida e superficial, permitirá tal conclusão. Há temas bem adultos aqui presentes. Especialmente nas personagens adultas que, embora pareçam ser muito bem dispostas e divertidas, (também) têm problemas conjugais e do foro profissional, pois não estão satisfeitas ou realizadas com aquilo que, até agora, atingiram. E isso, mais uma vez, é a vida real. As férias da família, os momentos com as crianças, são os próprios momentos de escape das personagens. Tal como ler Verões Felizes funciona como um duplo escape para nós, leitores. Senão vejamos: temos o primeiro escape que é sermos remetidos para momentos felizes do nosso passado, mas fazemo-lo através de um livro que já é, por si só, um meio de escape.

E como se não bastasse já tudo isto, os fãs de banda desenhada ainda têm aqui um presente extra: é que o pai da família, Pierre, como é criador de banda desenhada, remete-nos para esse imaginário que nós, leitores de bd, temos sobre os criadores da banda desenhada que marcaram a nossa vida, demonstrando como era a criação de banda desenhada e a vida dos seus autores. Em suma, Verões Felizes (também) é uma carta de amor à banda desenhada enquanto género.

Além do mais, esta série não é apenas um conjunto de personagens inesquecíveis, com bonitas histórias de amor familiar entre elas. É também uma banda desenhada magníficamente ilustrada, com cores lindíssimas. Se Zidrou tem um papel importantíssimo na história e construção narrativa, Jordi Lafebre tem um papel de igual relevância, ao assegurar uma arte inesquecível. Aliás, não há aqui um “elo mais forte” nesta dupla: ambos os autores são fantásticos. E completam-se um ao outro. 

Assim, para além de ser um ilustrador completo, com uma grande capacidade de desenho de objetos, ambientes, veículos, paisagens... penso que é na construção das personagens que o seu trabalho mais impressiona. O tal estilo franco-belga, que mencionei no princípio, que é semi-realista e cartoonesco, encaixa que nem uma luva nesta história e nestas personagens. Outra coisa onde diria que Lafebre está entre os melhores, é na caracterízação das expressões das personagens. É que, sendo esta uma série emotiva, as personagens presenteiam-nos com as mais variadas expressões: cómicas, tristes, interrogativas, pensativas, etc. E ainda por cima, com tantas crianças, que são sempre muito expressivas, o desafio de ilustração era grande. Mas isso, é passado de forma sublime para as páginas do livro, através de uma grande capacidade de ilustração de expressões. Não raras vezes, o leitor fica com o mesmo sorriso terno perante um momento terno, com a mesma cara pateta perante um momento pateta ou com o mesmo nó na garganta perante um momento que deixa as personagens com um nó na garganta. Lafebre é um especialista em desenhar “expressões verdadeiramente expressivas”, passo a redundância.

Olhando com um pouco de mais detalhe para as duas histórias que nos são dadas neste primeiro livro, ambas nos levam aos verões de 73 e de 69. No primeiro tomo, a família já tem 4 filhos. No segundo tomo, Madô, a mãe da família, está grávida. É interessante, do ponto de vista narrativo, porque certas coisas que são um desejo das personagens, como por exemplo o novo trabalho de Madô na sapataria Shoe Shoe ou um novo herói que Pierre está a desenhar no tomo 2, já nós sabemos, antecipadamente, que não correram tão bem como as personagens esperavam. No fundo é fazer a história andar para trás do primeiro para o segundo tomo. E cada número, isto é, cada verão, está sempre marcado pela música que, na altura, passava na rádio. Tal como em cada verão há peripécias e momentos que os tornam únicos e inesquecíveis.

A Arte de Autor, que tantos livros de qualidade superior tem trazido para o mercado português, está de parabéns por mais uma série deste gabarito. Como crítica construtiva, diria apenas que as páginas promocionais deste livro, deveriam ter sido escolhidas com mais cuidado. É que havia tanto por onde escolher! Aqui no Vinheta 2020 apenas costumam ser publicadas as imagens promocionais das editoras por isso, este é um daqueles casos em que é altamente recomendável uma visita à página de instagram do Vinheta 2020, onde são partilhadas as páginas mais impressionantes.

Verões Felizes - 1 é um daqueles casos raros em que o livro é recomendável para toda a família. Para crianças com 8 anos e para idosos com 88 anos. Para toda a gente. Porque, afinal de contas, quem de nós não gosta de aproveitar uma viagem às memórias de um passado feliz? Algo correu mal na vida de alguém que me diga que não aprecia nada neste livro. Será que, simplesmente, não tem coração? Tenho 35 anos e adoro esta série. Sei que daqui a 30 anos continuarei a adorar esta série. Adorá-la-ia se a tivesse lido com 10 anos. E é por isso que é um clássico instântaneo. A partir do momento em que a lemos. Prémios valem o que valem mas quando, no ano passado, este livro ganhou o prémio de melhor álbum estrangeiro no Festival de Banda Desenhada da Amadora, essa distinção ficou, a meu ver, muito bem entregue.


NOTA FINAL (1/10):
9.6


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


-/-

Ficha técnica
Verões Felizes 1 (Rumo ao Sul! e A Calheta)
Autores: Zidrou e Jordi Lafebre
Editoa: Arte de Autor
Páginas: 112, a cores
Encadernação: Capa dura
Data de lançamento: Junho de 2019