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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Vai ser lançado um livro com entrevistas a alguns dos mais célebres autores portugueses de BD!

Conversas de Banda Desenhada, de Carina Correia e João Miguel Lameiras - A Seita

Conversas de Banda Desenhada, de Carina Correia e João Miguel Lameiras - A Seita

Que bela notícia tenho eu para vos dar! 

A Seita prepara-se para lançar, não um livro de banda desenhada, mas um livro sobre banda desenhada! 

Na prática, é composto por entrevistas com alguns dos autores mais proeminentes da banda desenhada nacional, como Filipe Melo (que é acompanhado pelo argentino Juan Cavia), Luís Louro, Joana Afonso, Osvaldo Medina, Jorge Coelho, Nuno Saraiva, Marco Mendes e Paulo Monteiro.

O livro é da autoria de Carina Correia e de João Miguel Lameiras e, conhecendo mais ao menos o projeto, posso dizer-vos que nos fazia falta um livro como este! E que, aliás, atesta o bom momento que a banda desenhada vive, em Portugal, nos últimos anos.
Sim porque, se termos uma oferta abrangente e regular de boa banda desenhada portuguesa e estrangeira é algo bom, passarmos à "segunda fase" de até termos livros sobre banda desenhada, também é igualmente bom e o sinal inequívoco de que a banda desenhada em Portugal está de boa saúde. 

Considero que este tipo de livros educam o mercado e, por conseguinte, os leitores, que acabam por se embrenhar, ainda mais, na banda desenhada. E que bom isso é. Até parece "serviço público" este novo lançamento que muito aplaudo e que espero ter nas mãos o quanto antes.

O lançamento/apresentação, deste livro feito com o apoio do programa Garantir Cultura, vai ser no dia 1 de Outubro no Fórum Fantástico, em Lisboa, com a presença da maioria dos entrevistados.

Mais abaixo, deixo-vos a sinopse da obra e algumas imagens promocionais.

Conversas de Banda Desenhada, de Carina Correia e João Miguel Lameiras

Parece relativamente consensual que a banda desenhada portuguesa vive um dos seus melhores momentos de sempre, apesar das inevitáveis dificuldades. Sendo assim, importa registar este mesmo momento dando a palavra a alguns dos seus principais criadores em actividade.

Os escolhidos para as conversas do presente livro foram Filipe Melo e Juan Cavia, Joana Afonso, Jorge Coelho, Luís Louro, Marco Mendes, Nuno Saraiva, Osvaldo Medina e Paulo Monteiro. 
Realizadas entre Novembro de 2021 e Março de 2022, estas oito conversas - que na verdade são nove, uma vez que há uma dupla - possibilitarão ao leitor uma visão mais abrangente do panorama actual da BD portuguesa e um melhor conhecimento dos autores por trás das obras.

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Ficha técnica
Conversas de Banda Desenhada
Autores: Carina Correia e João Miguel Lameiras
Editora: A Seita
Páginas: 184, a cores
Encadernação: Capa mole com badanas
PVP: 17,90€

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Análise: Fialho de Almeida – Um Homem Sem Medo

Fialho de Almeida – Um Homem Sem Medo, de Paulo Monteiro - Associação Cultural Fialho de Almeida

Fialho de Almeida – Um Homem Sem Medo, de Paulo Monteiro - Associação Cultural Fialho de Almeida
Fialho de Almeida – Um Homem Sem Medo, de Paulo Monteiro

Paulo Monteiro, um dos autores mais conceituados da banda desenhada nacional editou, recentemente, em conjunto com a Associação Cultural Fialho de Almeida, uma pequeníssima banda desenhada, em tom de biografia, sobre Fialho de Almeida.

Este pequeno livro marca o regresso do autor ao lançamento de banda desenhada.

Fialho de Almeida, nascido em 1857, foi uma figura de relevância do Alentejo, tendo exercendo medicina mas com a sua grande paixão a ser a escrita, que fazia para textos jornalísticos, de literatura ou em traduções. Sendo portador de uma enorme consciência social, coisa rara no seu tempo, foi um acérrimo crítico dos Governos portugueses. Quer fossem levados a cabo pela monarquia, quer se tratasse do novo regime republicano que acabou mesmo por ameaçar Fialho de Almeida com o exílio. No fundo, Fialho de Almeida foi um autêntico enfant terrible. Que punha a mão na ferida, não tendo medo de dizer verdades inconvenientes.

Fialho de Almeida – Um Homem Sem Medo, de Paulo Monteiro - Associação Cultural Fialho de Almeida
Esta é uma banda desenhada cujo objetivo máximo será o de homenagear Fialho de Almeida traçando, num tom fácil e direto, os principais eventos da sua vida. É claro que tudo acontece de forma muito rápida, fazendo falta, a meu ver, pelo menos para que a leitura se tornasse mais marcante para um adepto clássico de banda desenhada, uma maior contextualização, um maior desenvolvimento das personagens e, acima de tudo, um maior número de páginas. No entanto, convém deixar claro que este não é um livro que procura chegar aos leitores clássicos de banda desenhada – embora esse seja sempre um efeito colateral bem-vindo, diga-se – mas sim, o de chegar àqueles que se possam interessar pelo objeto de estudo do livro que é a vida de Fialho de Almeida.

Por esse motivo, também é expetável que este livro tenha um cunho educativo para que os mais novos – mas não só – possam conhecer, de forma direta, rápida e generalista, quem foi esta personalidade.

Fialho de Almeida – Um Homem Sem Medo, de Paulo Monteiro - Associação Cultural Fialho de Almeida
Neste livro a preto e branco, temos o estilo de ilustração a que Paulo Monteiro já nos habituou. Elegante, "cartoonesco" e com um cunho de Portugalidade que é raro encontrarmos noutros autores. Talvez por isso, a sensação de pertença me cause sempre bastante prazer ao observar os seus desenhos. E, pela mesmíssima razão, também é por isso que este livro sabe a pouco. Eu queria mais!

A edição, em revista agrafada, revela, também, o tom mais de suporte de apoio a um museu ou às atividades da associação cultural, do objeto-livro. Como se fosse uma brochura educativa com o intuito de traçar um breve perfil da vida e obra de Fialho de Almeida. No final do livro, há duas páginas dedicadas a uma biografia cronológica de Fialho de Almeida.

Em suma, são apenas 11 breves pranchas de banda desenhada, mas que servem, acima de tudo, para matarmos saudades do trabalho de Paulo Monteiro, enquanto aguardamos pelo lançamento de um livro com maior fôlego, em termos de história e de número de páginas, por parte do autor. Até lá, podemos relembrar o seu trabalho fantástico através da reedição recente, por parte da editora Polvo, de O Amor Infinito que te tenho e outras histórias.


NOTA FINAL (1/10):
5.8



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Fialho de Almeida – Um Homem Sem Medo, de Paulo Monteiro - Associação Cultural Fialho de Almeida

Ficha técnica
Fialho de Almeida – Um Homem Sem Medo
Autor: Paulo Monteiro
Editora: Edição Independente (Associação Cultural Fialho de Almeida)
Páginas: 24, a preto e branco
Encadernação: Revista agrafada
Lançamento: Junho de 2021

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Está de volta uma das obras mais premiadas de sempre na banda desenhada nacional!


Esta é uma das obras portuguesas de banda desenhada que mais prémios conquistou e que para mais línguas estrangeiras foi traduzida e está de volta numa edição melhorada.

Falo de O Amor Infinito que te tenho e outras histórias, da autoria de Paulo Monteiro, e que a Polvo volta a lançar naquela que já é a quarta edição da obra. 

A encadernação passa a ser em capa dura e a edição é ampliada.

Abaixo, fiquem com a sinopse da obra e algumas imagens promocionais.


O Amor Infinito que te tenho e outras histórias, de Paulo Monteiro
Numa nova edição, ampliada e com capa cartonada, o primeiro livro de banda desenhada de Paulo Monteiro mostra de forma clara e concisa o percurso de maturação de um autor que vive intensamente as histórias que conta e desenha. 

Com uma narrativa plena de subtileza, reúne um conjunto de histórias curtas efetuadas entre 2005 e 2010 e exibe a diversidade de sentimentos que uma vida pode conter. 

Já se tornou, com toda a justiça, no livro mais traduzido de sempre da banda desenhada portuguesa. Premiado, entre outros, com o Prémio para Melhor Álbum Português no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, em 2011.
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Ficha técnica
O Amor Infinito que te tenho e outras histórias
Autor: Paulo Monteiro
Editora: Polvo
Páginas: 72, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
PVP: 12,20€

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Análise: O Amor Infinito Que Te Tenho e Outras Histórias


O Amor Infinito Que Te Tenho e Outras Histórias, de Paulo Monteiro 

Uma vez li uma entrevista em que um escritor português – julgo, sem certeza, que era José Luís Peixoto – dizia que quando via algum desconhecido, na rua, a ler um livro seu, se sentia nu. Exposto. E é compreensível tal afimação. Pelo menos, se for um autor que coloca o seu coração, a sua sensibilidade, as suas vivências, os seus medos e a sua vida naquilo que escreve. Depois de ler O Amor Infinito Que Te Tenho e Outras Histórias, a sensação com que fiquei foi exatamente essa. De ter visto, com absoluta transparência, a pessoa de Paulo Monteiro, o autor desta obra. 

Esta é uma obra de sobeja importância na banda desenhada portuguesa, tendo ganhado vários prémios e sido aclamada no estrangeiro. É o livro português de banda desenhada mais traduzido de sempre. E quando, há uns meses, fiz o meu TOP das 15 melhores BD portuguesas de sempre, várias foram as vozes que me aconselharam a ler esta obra de Paulo Monteiro. E finalmente, passadas umas semanas, tive a oportunidade de o fazer. O meu obrigado ao editor Rui Brito, da Polvo, pois sei que se trata de um livro já muito difícil de encontrar no mercado. 

Feita a leitura, posso dizer que mais do que me sentir maravilhado pela mesma... me sinto tocado. Sensibilizado. É esse o grande trunfo do autor. E, na verdade, nem sequer me parece que Paulo Monteiro o utilize conscientemente como um “trunfo”. Ele utiliza-o assim, pois transpira sensibilidade no que escreve e, ainda mais importante, na forma como escreve. As emoções aqui tratadas não são fabricadas artificialmente, tentando despoletar sensações fáceis. Ao invés, são colhidas dessa coisa a que chamamos experiência de vida, vivências passadas, memórias que perduram, dor que não cessa, beijos por dar, palavras por dizer. Ou as vezes em que o adeus não foi feito no doce e amargo embalo da vida. Paulo Monteiro oferece-nos tudo isso - e muito mais - nas 10 histórias que compõem este álbum de pequenos contos. 

E foi quando cheguei à nona história desta obra que Paulo Monteiro conseguiu o prodígio de causar-me algo que já não acontecia há longos anos. E muito menos em banda desenhada. Fazer-me chorar. Sim, leram bem. Não foi um choro de "baba e ranho" mas fiquei com as lágrimas nos olhos. Todos nós temos o nosso percurso, a nossa história. E todos esses percursos e essas histórias são diferentes entre si. Não obstante, esses mesmos percursos têm paragens e sobressaltos comuns. Bem como essas histórias têm personagens e acontecimentos semelhantes em algum momento. Quando li Porque É Este O Meu Ofício, a tal nona história do livro, e que é uma homenagem ao pai de Paulo Monteiro, não pude deixar de me rever na relação que tive com o meu pai que, lamentavalmente, partiu muito antes do seu tempo. Mas não foi só o meu pai que eu vi nesta história. Também me vim a mim mesmo enquanto pai. Será possivel? É algo intenso e que não acontece todos os dias na banda desenhada, certo? 


É isso que Paulo Monteiro consegue. Transportar-nos ao sabor das suas doces palavras que, sendo suaves, são acutilantes e vão ao âmago da nossa sensibilidade. Uma das histórias homenageia o seu avô; outras são dirigidas à sua amada; outra é um tributo aos soldados e à guerra; e as restantes são pensamentos sobre a forma como o autor se percepciona a si e ao mundo. Admito que algumas histórias são mais latas do que as outras, parecendo meras divagações, como um comentário que nos sai da boca e fica a bailar numa fração de minutos. Outras são mais diretas e acabam por ser as que, na minha opinião, funcionam melhor. Para além da fantástica Porque é Este o Meu Ofício, destaco Para Lá dos Montes, A Canção do Soldado, A Tua Guerra Acabou e O Enforcado

Como ponto menos positivo, diria que o livro é bastante pequeno em dimensão. A grande maioria das 10 histórias tem entre 3 e 4 páginas. Há até uma história com duas páginas apenas. Isso leva a que, por vezes, não seja permitido – ou facilitado - ao leitor a total imersão na narrativa. Algumas vezes li uma história e voltei ao início para a ler mais uma vez, de forma a ter outra oportunidade de, verdadeiramente, “entrar nela”. E, se calhar, também foi por isso, que a história Porque É Este O Meu Ofício, que é a maior do livro, contabilizando 8 páginas, tenha sido aquela que mais me marcou. Se é tão bom navegar ao sabor das palavras de Paulo Monteiro, muitas vezes parece que ainda mal saímos do porto e o barco já tem de voltar, terminando abruptamente a nossa navegação. “Vale mais pouco e bom, do que muito e mau”. Sem dúvida que sim. Esta minha “queixa”, se é que assim se pode chamar, não é tanto em relação ao que Paulo Monteiro nos dá em O Amor Infinito Que Te Tenho e Outras Histórias, mas antes naquilo que ele não nos dá. E que talvez pudesse dar. 

Este é, no fundo, um livro de poemas ilustrados. Mais isso do que histórias. E, nesse ponto, é sincero, audaz e sublime. Não é Eça de Queiroz que por aqui vagueia. É Fernando Pessoa. E poder absorver uma delicadeza no tom e nas palavras assim, é um privilégio. 

Quanto à arte, o estilo de Paulo Monteiro não será do agrado de toda a gente, estou certo. Com um estilo que aparecenta derivar do cartoon, o autor parece depois depositar nas suas ilustrações vários elementos evocativos, que rápida e ferozmente transformam os seus desenhos - que até são simples na conceção - em algo mais intenso, mais onírico, mais pesado, mais triste, mais artístico e com algumas ilustrações a fazerem lembrar o expressionismo. A história de O Enforcado será, por ventura, o melhor exemplo deste expressionismo onírico. Outra coisa que pode não ser do agrado de alguns leitores é que o estilo de ilustração muda bastante, de história para história, o que leva a que não haja uma grande unidade ilustrativa entre os contos aqui presentes. Ainda assim, não me chocou pois não considero que, pelo menos o ambiente gráfico, seja tão heterogéneo assim. No final, parece-me que há uma certa harmonia entre histórias mesmo admitindo que, entre umas e outras, o estilo gráfico vá mudando. 

Também não é um estilo clássico de banda desenhada. Aliás, eu diria que a escola do autor parece ser mais a da ilustração do que a da banda desenhada. Com efeito, muitas vezes este livro pareceu-me mais um livro de histórias ilustradas do que um livro de banda desenhada. E dizer isto não é referi-lo nem como positivo, nem como negativo. É o que é. Não existe aquela sequência direta entre imagens e vinhetas. O que está a unir as ilustrações é o texto. Texto esse que é delicado no uso das palavras e sensível no ritmo que imprime. É no texto que as imagens se sustentam. E não o contrário. 

Em termos de edição, aquela que me chegou às mãos já é a terceira edição da obra. Tendo em conta que a obra é bastante difícil de arranjar em loja, diria que seria interessante a reedição da mesma num futuro próximo. Se possível em capa dura. E com mais extras ainda. Ou mais algumas histórias. Esta terceira edição é complementada com excertos do diário de trabalho do autor. Achei um extra muito pertinente e interessante, uma vez que mostra aos leitores a demanda difícil e complexa que é elaborar um livro de banda desenhada. Há ainda um pequeníssimo álbum de fotografias onde ficamos a conhecer a família do autor. 

Em conclusão, O Amor Infinito Que Te Tenho e Outras Histórias é um livro sublime. E sim, não sei em que lugar colocaria esta obra, se fosse hoje o dia em que faria o tal TOP 15 das Melhores Bandas Desenhadas Portuguesas de sempre, mas estou certo que teria um lugar nesse grupo restrito. 

Paulo Monteiro faz-nos sorrir enquanto o coração chora. Esta é uma obra singular que pode ser apreciada em qualquer momento e em qualquer lugar. Numa fatigante tarde chuvosa em confinamento ou numa duna aquecida pelos raios solares do verão. Um livro para guardar e voltar a ler amiúde. Todos nós precisamos, de tempos a tempos, algo que nos aqueça a alma. E O Amor Infinito Que Te Tenho e Outras Histórias é essa braseira de almas desencontradas. É dispensável dizer que é indispensável para um fã de bd. 


NOTA FINAL (1/10): 
9.1 


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Ficha técnica
 
O Amor Infinito Que Te Tenho e Outras Histórias 
Autor: Paulo Monteiro 
Editora: Polvo 
Páginas: 64, a preto e branco 
Encadernação: Capa mole 
Lançamento: Novembro de 2010 (3ª Edição: Maio de 2014)