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quarta-feira, 5 de março de 2025

Joana Estrela lança novo livro de BD!





A autora portuguesa Joana Estrela acaba de lançar um novo livro de banda desenhada!

Trata-se de Ão Ão! e dá continuidade ao trabalho Miau! que a autora já havia lançado pela mesma editora Planeta Tangerina.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Ão Ão!, de Joana Estrela

Neste livro, Joana Estrela leva-nos até uma quinta cheia de animais, onde mora um daqueles cães que correm por todo o lado e nos contagiam com a sua alegria.

É ele que nos vai levar a conhecer todos os recantos do lugar, desde as hortas, ao galinheiro ou ao campo onde pastam os carneiros… mas, e os gatos? Como irá ele lidar com os dois gatos que acabam de chegar da cidade?

Ão ão! é um livro de banda desenhada sem texto que oferece desafios muito interessantes para os leitores que ainda não sabem ler ou que começaram há pouco a fazê-lo.

Neste tipo de livro, as imagens transportam a história. E, para a compreender, é preciso ler expressões e cenas, criar ligações entre as imagens e imaginar o que existe no intervalo entre elas, para assim criar uma sequência — e logo, uma narrativa.

Ao fazê-lo, mesmo quem ainda não sabe ler, de facto, lê. E, ao ler, pode partilhar o que descobriu, contar em voz alta, escolher as melhores palavras, e assim ganhar confiança e autonomia como leitor.

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Ficha técnica
Ão Ão!
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 60, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 155 x 180 mm
PVP: 13,90€




quinta-feira, 11 de abril de 2024

Análise: Gato Comum

Gato Comum, de Joana Estrela - Planeta Tangerina

Gato Comum, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Gato Comum, de Joana Estrela

A editora Planeta Tangerina, cuja oferta em banda desenhada nacional – e não só – se tem demarcado um pouco em relação a outras editoras portuguesas, com o lançamento de bandas desenhadas mais experimentais e, por ventura, direcionadas a um novo público, lançou recentemente um novo livro da autora Joana Estrela, da qual já tinha publicado os livros Pardalita ou Miau!.

Neste último livro que refiro, a autora já nos tinha dado um trabalho que tinha como enfoque a vida com gatos. Mas são duas propostas bastante diferentes, até porque Miau! é um livro destinado aos mais novos. Neste novíssimo Gato Comum, estamos perante uma história mais adulta e marcante, que claramente aponta para um público mais maduro, dado o teor comovente da história.

Neste caso, o tema é o luto. Não o luto por uma pessoa que parte, mas o luto por um animal que morre. Um gato. Os animais domésticos, quando bem inseridos num seio familiar, tornam-se membros por direito da família humana e, naturalmente, quando têm que partir deste mundo, deixam mágoa, nostalgia e boas lembranças que não mais nos abandonam.

Gato Comum, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
O relato de Gato Comum é-nos dado na primeira pessoa, por uma jovem de 17 anos que tem a mesma idade do gato e que vê agora, juntamente com o seu pai e com a sua mãe, que o pequeno felino começa a acusar os intransponíveis sinais da idade e da velhice. E, por muitos trabalhos que um animal nos possa dar, com a mudança e adaptação de pequenos hábitos que também nós fazemos por eles, como, por exemplo, deixar a porta fechada para que o animal não entre em determinado sítio de casa, quando nos vemos privados desse animal, e já não temos que ter esses cuidados – que supostamente até eram "chatos" – vivenciamos uma sensação de perda e de vazio.

O que acho mais belo e marcante no trabalho de Joana Estrela – e que em Gato Comum se torna por demais evidente – é a sua forma sensível de escrita, que assenta, por vezes, em pensamentos que parecem avulsos, mas que captam a atenção do leitor, criando uma automática sensação de empatia. Ler Gato Comum é mergulhar, pois, na situação de incerteza e de tristeza desta família que se prepara para dizer adeus ao seu gato. 

Gato Comum, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Não é um relato que seja forçosamente dramático. Mas nunca sinto, aliás, que as sensações que passam para o leitor nos trabalhos de Joana Estrela o sejam. Gato Comum faz-nos pensar, faz-nos refletir. E lembra-nos de como foi a perda de um animal no passado ou, em alternativa, prepara-nos para aquilo que, se tivermos animais domésticos, inevitavelmente acontecerá um dia. Há, pois, um certo efeito terapêutico na leitura deste Gato Comum. Porque por muito comum que seja um animal – ou mesmo uma pessoa, arrisco dizer – o(a) mesmo(a) torna-se especial, relevante e insubstituível para aqueles que consigo vivem. Não há volta a dar.

O estilo de ilustração é ultra simples na conceção. Com um traço naïf que nos remete para os desenhos que fazíamos na nossa infância, a autora oferece-nos um ambiente visual que, não obstante, consegue funcionar bastante bem no conjunto com a sua narrativa. Se em Pardalita o registo da autora já era simples, em Gato Comum o estilo de desenho foi tornado ainda mais elementar, não sendo feito uso de qualquer sombra e limitando o desenho de personagens e objetos a uma mera fina linha de contorno. É simples? Sim, não o poderia ser mais! É simplório? Nem pensar. Até porque Gato Comum acaba por ficar dotado de um ambiente pictórico credível, homogéneo e eficaz.

Gato Comum, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Para isso, também contribui, e muito, a maneira desenvolta como a autora planifica as suas páginas, conseguindo dominar muito bem a cadência do ritmo de leitura, pausando a mesma sempre que necessário. Se há páginas mais sobrecarregas de vinhetas, também há exemplos em que duas páginas são ocupadas por uma mera pequena vinheta ou, ainda noutros casos, por um ilustração de maior dimensão que ocupa as duas páginas. Esta valência de Joana Estrela acabou mesmo por me fazer lembrar, com as devidas distâncias, claro, o trabalho mais recente de Joana Mosi em O Mangusto.

Sendo em registo a preto e branco, o papel utilizado em Gato Comum é amarelo, o que, mais uma vez, contribui para uma experiência de leitura agradável e diferenciada.

De resto, a edição da Planeta Tangerina apresenta capa dura baça. No miolo o papel é de boa qualidade e a impressão e encadernação também são boas. Nota para o facto da capa e contracapa serem, quanto a mim, bastante apelativas.

Em suma, Gato Comum trata-se de um belo livro que, a meu ver, até supera o celebrado e promissor Pardalita. Não será, estou certo, pela natureza virtuosa dos desenhos que um leitor de banda desenhada comprará este livro, mas sim pelo belo e emocionante relato, transposto pela voz narrativo-visual única de Joana Estrela que, sem surpresas, se assume como uma das mais promissoras autoras da banda desenhada nacional. Cabe a cada um de nós sabermos reconhecê-lo.


NOTA FINAL (1/10):
8.4


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Gato Comum, de Joana Estrela - Planeta Tangerina

Ficha técnica
Gato Comum
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 104, a preto e branco (algumas em papel amarelo)
Encadernação: Capa dura
Formato: 150 x 215 mm
Lançamento: Março de 2024

terça-feira, 26 de março de 2024

Planeta Tangerina lança nova BD de Joana Estrela!


Aos poucos, vão surgindo no mercado as novas obras de autores portugueses de banda desenhada para este ano!

Desta feita, é a vez da editora Planeta Tangerina voltar aos lançamentos de banda desenhada, com o novo livro de Joana Estrela, intitulado Gato Comum, de quem a editora já havia publicado Pardalita ou Miau!.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra.


Gato Comum, de Joana Estrela

Considerada pela crítica dona de «uma voz narrativa avassaladora», Joana Estrela regressa à BD com uma história que acompanha os últimos dias da vida de um gato e as difíceis decisões que pesam sobre a família que o acolhe.

Um livro comovente sobre o luto, que celebra também a vida de um gato no seio de uma família humana: as cumplicidades, os sustos, os hábitos e as manias — e, por fim, os dias que obrigam à despedida.

«É sábado de manhã. O gato ainda está vivo. Mas também ainda está a morrer.»

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Ficha técnica
Gato Comum
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 104, a preto e branco (algumas em papel amarelo)
Encadernação: Capa dura
Formato: 150 x 215 mm
PVP: 16,90€

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Análise: Miau!

Miau!, de Joana Estrela - Planeta Tangerina

Miau!, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Miau!, de Joana Estrela

A Planeta Tangerina tinha andado arredada do lançamento de banda desenhada durante este ano de 2022, mas isso alterou-se quando, no passado mês de Setembro, a editora trouxe-nos a nova obra de Joana Estrela, que dá pelo nome de Miau!.

Após o lançamento de Pardalita – que, curiosamente, tinha sido a última banda desenhada lançada pela editora – Joana Estrela está, portanto, de volta ao lançamento de banda desenhada.

Mas, ao contrário do seu livro anterior, que se destina a um público jovem-adulto, este Miau! é um livro especialmente direcionado para os mais novos, ainda que possa ser lido por leitores de todas as idades.

E bem, na verdade, excetuando o título Miau! não há aqui quaisquer palavras a serem lidas, já que estamos perante uma banda desenhada muda, sem quaisquer legendas ou balões.

Miau!, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
A história é sobre uma menina que tem dois gatos, um gato branco e uma gata preta, e que, naturalmente, partilha os vários momentos da sua vida com eles. Aquilo que a autora nos oferece é o exemplo de um dia normal na vida da menina. Desde o momento em que, dormindo com os gatos, é acordada por eles, até àquilo que uma criança normalmente faz: a ida para a escola, o regresso a casa, as brincadeiras, a hora da refeição, lavar os dentes e voltar a ir para cama. Tendo um animal de estimação - neste caso, dois gatos - é normal que os mesmos estejam presentes em vários desses momentos. E é isso que este livro nos dá em primeira instância.

Não tenta uma grande reflexão e nem sequer tem uma moral subjacente. A obra simplesmente procura ser um retrato fiel de tantas existências de crianças que têm e cuidam de animais de estimação por esse mundo fora. Por ventura, devo dizer que senti a falta de alguma reflexão, alguma moral, algo que me fizesse pensar e, consequentemente, ficar com uma lembrança maior em relação à leitura efetuada. Assim, como nos é dado, Miau! acaba por ser uma obra mais olvidável depois de finda a leitura.

Miau!, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Bem sei que o livro se destina aos mais novos. Mas isso até faz, quanto a mim, com que a mensagem/moral/reflexão tenha que estar (ainda) mais presente, para que o livro deixe marcas positivas na criança.

Em termos de desenho, temos um traço grosso, infantil e simplista que ilustra eficazmente os gatos, a menina e toda a envolvente cénica. Os desenhos são todos feitos na cor azul, com alguns dos elementos a serem coloridos digitalmente – também a azul – de forma pontilhada, o que dá um efeito bastante agradável ao todo.

Se me parece que a história, demasiado simplista e contemplativa, acaba por ficar aquém das expetativas, em termos de arte ilustrativa, considero que os desenhos simplistas e muito básicos na sua conceção se coadunam bastante bem num livro virado para um público mais infantil. Mais não seja porque é fácil, parece-me, que uma criança facilmente se identifique com desenhos semelhantes àqueles que faz.

Quanto à edição da Planeta Tangerina, estamos perante um belo trabalho, com o livro a apresentar capa dura e um bom papel, bem como uma boa impressão e encadernação. Refira-se que a criação deste livro teve por base a pesquisa levada a cabo pelo Projeto CLAN, da qual fez parte a realização de entrevistas a famílias e crianças que coabitam com cães, gatos e outras espécies animais.

Concluindo, é justo dizer que este Miau!, sendo focado para um público mais infantil, tem os seus atributos, bem como uma linguagem visual interessante. Todavia, também é verdade que o argumento - mesmo tendo em conta o público a que a obra se destina - é algo parco, deixando uma certa sensação de vazio ou insatisfação após o término da leitura.


NOTA FINAL (1/10):
5.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Miau!, de Joana Estrela - Planeta Tangerina

Ficha técnica
Miau!
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 60, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 155 x 180 mm
Lançamento: Setembro de 2022

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Planeta Tangerina regressa ao lançamento de bd!



Não têm sido muitos, mas tem sido bons, os livros de banda desenhada que a editora Planeta Tangerina nos tem dado.

Depois de álbuns muito interessantes como Finalmente O Verão, Desvio ou A Época das Rosas, temos nova banda desenhada pelas mãos desta editora.

E eis que esse regresso se dá com o lançamento de um álbum em banda desenhada da autora portuguesa Joana Estrela que, no ano passado, nos deu Pardalita. Desta vez, a autora oferece-nos uma história muda, sem balões.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.
Miau!, de Joana Estrela

Partilhamos a nossa vida com cães, gatos, tartarugas, ratos ou peixinhos…e gostamos tanto deles que até dizemos que “fazem parte da família”.

Mas como correm estas amizades entre humanos e não humanos?

O que procuramos uns nos outros?

Em que somos semelhantes e diferentes?

Nesta história em forma de banda desenhada, acordamos numa casa onde moram dois gatos e uma menina.

E, olhem!, eles estão já a espreguiçar-se e convidam-nos a acompanhá-los no seu dia.

“Venham daí!”, dizem os gatos.

“Miau, miau!”, diz a menina.

O livro “Miau!” é uma banda-desenhada sem palavras, para leitura autónoma pelos leitores mais pequeninos. 

A criação deste livro teve por base a pesquisa levada a cabo pelo projeto CLAN, da qual fez parte a realização de entrevistas a famílias e crianças que coabitam com cães, gatos e outras espécies animais.

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Ficha técnica
Miau!
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 60, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 155 x 180 mm
PVP: 12,90€

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Análise: Pardalita

Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina

Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Pardalita, de Joana Estrela

Pardalita marcou o regresso da Planeta Tangerina ao lançamento de banda desenhada. Coisa que aplaudo, naturalmente. Com uma oferta algo diferente da banda desenhada, vulgarmente apelidada de “mais tradicional”, a editora já nos deu obras muito interessantes como Finalmente o Verão, A Época das Rosas ou Desvio. Este último da dupla portuguesa formada por Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho, que, no ano passado, até acabou mesmo por receber o VINHETA D'OURO para Obra Revelação da Banda Desenhada Nacional.

Pardalita, da autora portuguesa Joana Estrela, constitui mais uma proposta da coleção Dois Passos e Um Salto que, segundo a peculiar editora, se destina a “adolescentes e outros leitores mais crescidos”. Se em termos de marketing e posicionamento do produto me parece uma boa ideia, acho que olhar para os livros desta editora como sendo, apenas, para adolescentes ou, mesmo, jovens adultos, será deveras redutor. Isto porque todos os livros que já tive a oportunidade de ler, podem muito bem ser lidos pelo mais graúdo dos adultos. E Pardalita não é exceção.

Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Sendo uma história de coming of age, que nos retrata a vida de uma adolescente e a busca pela sua própria sexualidade e o seu lugar no mundo, é um livro que se recomenda para qualquer adolescente mas, também, para qualquer adulto poder mergulhar com subtileza neste assunto delicado. A protagonista da história é Raquel que, parecendo (e sendo!) uma adolescente completamente normal, começa a interessar-se por uma outra rapariga a quem denomina, amistosamente, de Pardalita.

O que gostei particularmente na abordagem da autora Joana Estrela, foi a forma descomplexada e descontraída com que nos narra a história de Raquel. Por vezes, quando abordadas as questões da homossexualidade, há uma certa tendência para uma comiseração que se torna um pouco enfastidiante e aborrecida para quem lê. Mas nada disso acontece aqui. Na verdade, a personagem Raquel até começa por duvidar das sensações que vai experenciando. Sem dramas, sem pena de si mesma. Com naturalidade. Imagino que um jovem não tem a resposta para a sua sexualidade de um dia para o outro. É algo que se vai desenvolvendo lenta e gradualmente. E isso acaba por estar bem esplanado na obra.

Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Raquel até já se tinha cruzado muitas vezes com Pardalita nos corredores da escola, mas é quando entra para o clube de teatro que a relação entre ambas começa, tímida mas naturalmente, a desenvolver-se. A sexualidade nunca aparece de forma direta mas está implícita desde cedo. E claro que há muito mais nas nossas vidas – e principalmente nas vidas dos jovens – para além da sexualidade: a escola, os estudos, os amigos, a família, os passatempos, as perguntas, as respostas, o futuro idealizado. E, nesta obra, a autora Joana Estrela também nos dá isso, num relato simples.

A forma como nos é narrada a história aqui presente é bastante singular. Temos páginas inteiras de texto, temos páginas inteiras de banda desenhada, temos páginas inteiras com apenas uma ilustração, temos, até, ilustrações que ocupam duas páginas. Por vezes, parece uma banda desenhada com algumas páginas de texto. Noutras vezes, parece exatamente o oposto, isto é, um livro em prosa que é complementado por algumas páginas de banda desenhada. Noutros casos ainda, parece ser um livro ilustrado. E todas estas nuances tornam a leitura em algo refrescante e diferente no seu todo o que, a meu ver, acaba por funcionar bastante bem.

Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Em termos de ilustração, Joana Estrela apresenta um desenho a preto e branco, de cariz infantil, muito simples, que procura apenas ilustrar da forma mais direta, e sem espaço para grandes detalhes, as ações mais básicas. É certo que, quanto a mim, o estilo de ilustração revela algumas insuficiências a nível de linguagem corporal e físionomia das personagens. Ainda assim, admito que consegue cumprir com aquilo que, do ponto de vista visual, interessa passar para o leitor.

E, bem vistas as coisas, a ideia que este livro nos dá é que o mesmo procura assumir-se como um diário verossímil de uma adolescente. Um diário que tem as suas notas sobre os mais variados temas e que, muitas vezes, é ilustrado, de forma infanto-adolescente, pela autora desse mesmo diário. Como se, em vez de ser escrito e ilustrado por Joana Estrela, o referido diário fosse efetivamente escrito pela própria Raquel, a protagonista da história. E isto acaba por dotar a obra de uma certa veracidade mesmo que, não escondo, as ilustrações pudessem ser alvo de um maior aprumo visual por parte da autora.

Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina
Quanto à edição da obra, a Planeta Tangerina oferece-nos um livro em capa mole, com os cantos arredondados, que nos remete para os blocos de notas de estilo Moleskine. O que, tal como acabei de referir, assentua, ainda mais, aquela ideia de que este objeto procura ser um diário/bloco de notas de uma adolescente real, em detrimento da criação artística e ficcional de uma autora. E, mais uma vez, funciona bem.

Em conclusão, posso dizer que considero muito importante que este tipo de livros direcionados para os jovens – mas que merece igualmente chegar aos mais adultos - mereça aposta por parte da edição de banda desenhada em Portugal. Pardalita pecará um pouco por falta de eloquência mas, parece-me, também, que é nessa procura pelo quotidiano mundano do dia-a-dia que a obra concentra os seus esforços.


NOTA FINAL (1/10):
7.0


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Pardalita, de Joana Estrela - Planeta Tangerina

Ficha técnica
Pardalita
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 216, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
Lançamento: Novembro de 2021