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segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Comparativo: Turma da Mónica - Laços pel' A Seita e pela Panini Comics


Hoje trago-vos um tipo de artigo que sei que os leitores do Vinheta 2020 valorizam bastante: os comparativos entre edições de banda desenhada.

Desta vez, o comparativo centra-se em duas edições lançadas da obra Turma da Mónica - Laços, dos irmãos Vitor Cafaggi e Lu Cafaggi.

Esta é, aliás, uma belíssima obra, totalmente recomendada, da qual já falei aqui no Vinheta 2020 e que, por isso, vos convido a (re)ler esse artigo.

Nesta doce e ternurenta história que nos leva aos primórdios das aventuras do grupo de amigos mais conhecido de todo o Brasil, Mónica, Cebolinha, Cascão e Magali, somos confrontados com belos e marcantes momentos, e com uma conceção visual das personagens que é diferente daquela que Mauricio de Sousa imortalizou. Ou não estivéssemos, claro, perante a iniciativa Graphic MSP, que procura fazer isso mesmo: recontar, reescrever e reinterpretar as aventuras clássicas das personagens do universo Mauricio de Sousa.

Focando-me, então, na edição brasileira da Panini Comics e na edição portuguesa das editoras A Seita e Bicho Carpinteiro, posso começar por dizer que, relativamente a extras e formato, a edição portuguesa está em linha com a edição brasileira. O formato das duas obras é exatamente o mesmo e as sete páginas de extras também são iguais em termos de conteúdo e arranjo gráfico.

Também as ilustrações utilizadas para a capa e contracapa, bem como o grafismo das mesmas, está igual entre as edições da Panini Comics e d' A Seita.

Mas há edições entre as duas versões, sim.

Em primeiro lugar, na escolha do tipo de acabamento para a capa e para o papel no miolo do livro. 


A edição da Panini apresenta capa brilhante, mas a edição d' A Seita apresenta capa baça. Confesso que, para o estilo de ilustração que nos é dada nesta obra, a opção portuguesa foi a mais ajustada. 

E apesar de, no miolo, o papel da edição portuguesa ser brilhante (couché), tem menos brilho do que o papel usado na versão da Panini. Mais uma vez, é algo bem conseguido. Até vou mais longe e acho mesmo que o papel ainda teria sido mais adequado se fosse baço. Mas é uma opinião muito pessoal.

A edição portuguesa não é, ainda assim, isenta de problemas. Tal como nem sequer a edição original brasileira o é. A verdade é que ambas as edições têm problemas ao nível da impressão.

Não acontece em todas as páginas, mas é frequente que, em algumas delas, as cores da edição portuguesa estejam demasiadamente esbatidas. Quase parecendo um velho livro em que as cores acabaram por ficar desgastadas com a passagem do tempo.

Nas cenas da história que decorrem em ambientes noturnos, é ainda mais notório que houve alguns problemas na boa colorização das cenas. Mas, tal como já referi, também é verdade que, olhando para a edição brasileira, estas mesmas cenas noturnas também estavam demasiado escuras, não sendo por isso a impressão perfeita. O que faz com que, pelo menos em alguns casos, algumas cenas da edição portuguesa, não sendo perfeitas, sejam, ainda assim, mais legíveis do que a edição brasileira. Mas também acontece o contrário noutros casos.

Enfim, esta questão da impressão não é, a meu ver, algo que estrague as edições brasileira ou portuguesa, simplesmente é pena que existam, e que façam com que a obra não receba a edição perfeita que merecia.


Terminando este comparativo, há que relembrar que foi com muito agrado que vi a editora A Seita, através da sua chancela Bicho Carpinteiro, a publicar aquela que será, provavelmente, a mais badalada e conhecida Graphic MSP. É verdade que a língua da versão original já era em português - embora fosse o português brasileiro.

É claro que se as Graphic MSP tivessem uma distribuição omnipresente em Portugal, talvez esta edição d' A Seita não fizesse sentido. Porque, afinal de contas, a língua é a mesma e a edição é parecida. Mas, na prática, o que acontece é que é raro encontrarmos em Portugal estas edições brasileiras. A loja Casa da BD costuma tê-las, é verdade, e também já dei de caras com alguns dos livros desta coleção em quiosques. Mas não são livros fáceis de encontrar. E, de um modo geral, valem muito a pena.

Como tal aplaudo esta iniciativa d' A Seita e Bicho Carpinteiro e convido todos os que ainda não conhecem este livro, a comprá-lo.

É perfeito tanto para crianças, como jovens e adultos!
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terça-feira, 10 de outubro de 2023

Turma da Mónica está de regresso a Portugal!


A Seita, através da sua chancela Bicho Carpinteiro, acabou de anunciar que vai editar a novela gráfica Turma da Mónica - Laços, dos irmãos Cafaggi!

Apenas alguns dias antes do regresso de Maurício de Sousa ao Amadora BD e, portanto, com ótimo sentido de oportunidade, a editora portuguesa prepara-se para editar este belo livro de Vitor Cafaggi e Lu Cafaggi, que nos dá uma interpretação muito emocional da infância de Mónica, Cebolinha, Cascão e Magali, personagens icónicas que tanto marcaram a nosso crescimento e iniciação na banda desenhada.

É um livro que está inserido nas Graphic MSP e que recomendo totalmente

Gostaria muito, também, que A Seita passasse a editar mais Graphic MSP por cá. Mas veremos como o mercado nacional adere a esta inédita aposta!

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra.


Turma da Mónica - Laços, de Vitor e Lu Cagaggi

O Floquinho desapareceu. Para encontrar o seu cão, Cebolinha conta com os amigos Cascão, Mónica, Magali e, claro, com um "plano infalível".

Em Laços, os irmãos Vitor e Lu Cafaggi colocam os clássicos personagens de Maurício de Sousa numa aventura repleta de emoção, lembranças e perigos.

O filme Turma da Mônica - Laços, lançado em junho de 2019, foi baseada nesta banda desenhada.

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Ficha técnica
Turma da Mónica – Laços
Autores: Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi
Editora: A Seita
Páginas: 82, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 16,95€

terça-feira, 20 de julho de 2021

Análise: Turma da Mónica - Laços

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi

Quem é o leitor português que nunca leu um livro da Turma da Mónica? (sim, insisto em escrever “Mónica” e não “Mônica”). Serão muito poucos – ou nenhuns – aqueles que não se divertiram com os planos infalíveis (que sempre falhavam) do Cebolinha; o medo da água de Cascão; o apetite voraz da magrinha Magali; ou o pragmatismo em resolver uma situação “à coelhada”, por parte de Mónica.

Não sou exceção. Se, em criança, comecei as minhas leituras de banda desenhada a ler as revistas da Disney, a Turma da Mónica foi o passo que se seguiu. E posso mesmo dizer que, a certa altura, as aventuras desta irresistível turma brasileira até estavam entre as minhas escolhas preferidas. Portanto, sim, para mim, "Maurício de Sousa é o Walt Disney do Brasil", como muita gente diz. A quem estou grato pela obra universal e pela dádiva de tão memoráveis personagens.

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Faço esta introdução para referir que este Turma da Mónica – Laços há muito estava na minha pilha de livros para ler. De há uns anos para cá os Estúdios Maurício de Sousa têm vindo a tentar reinventar-se na forma como produzem as histórias de Mónica e dos seus amigos, tentando chegar a novos públicos e a manter outros que, entretanto, foram crescendo em maturidade. E a chancela Graphic MSP foi apenas uma das formas pensadas para revisitar estas personagens marcantes.

Assim, apoiado num claro sentido nostálgico e da importância que estas personagens tiveram para as crianças que, hoje em dia, são adultos, o projeto Graphic MSP consiste em convidar artistas brasileiros consagrados para contar e ilustrar histórias das personagens clássicas do estúdio, com base na própria interpretação das mesmas, por parte dos autores e no próprio estilo gráfico destes. A coleção tem sido um autêntico sucesso no Brasil, já contando com 31 álbuns! Este Turma da Mónica – Laços foi o segundo álbum da série, publicado originalmente em 2013, e, entretanto, até já recebeu adaptação para o cinema.

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Partindo então deste ponto, posso dizer que estamos perante um álbum belo e carregado de ternura que, dificilmente, não tocará o coração mais insensível que, algures no passado, já tenha lido uma história da Turma da Mónica. E esta nota merece especial menção: qualquer pessoa pode ler e enternecer-se com este livro. Mesmo aquelas que nunca tenham lido uma revista clássica da Turma da Mónica. No entanto, estou certo que toda a profundidade da história e das referências que dela advêm, só será mais bem alcançada por aqueles que cresceram a ler as histórias desta turma brasileira e que, neste Laços, têm tudo para poderem, nostalgicamente, mergulhar, uma vez mais, nesse passado saboroso da infância. Como que um laço com o nosso próprio passado. Ou não fosse o nome da história "Laços". Os da amizade. Os que as personagens criam entre si. E entre os seus animais de estimação. E os laços que criam connosco, leitores. Laços que, sendo ténues e sensíveis, cultivamos ao longo da nossa vida como se se tratassem de flores que não podemos deixar de regar. Assim é a amizade.

E é isso que os irmãos Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi nos trazem em tão boa dose. A história base deste livro é bastante simples. O cão do Cebolinha, Floquinho, desaparece e é esse o ponto de ignição para que Cebolinha, Mónica, Cascão e Magali embarquem numa nova aventura em busca pelo famoso cão cuja cauda e a cabeça são dois tufos de pêlo iguais entre si. Mas claro que é nessa demanda que os autores Cafaggi vão sedimentando a sua relação - o seu "laço" - com o leitor.

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

A história começa por nos apresentar mais um “plano infalível” de Cebolinha que, naturalmente, tinha a Mónica como vítima e que, mais uma vez, correu mal. São então (re)introduzidas várias personagens da turma enquanto a fuga de Cascão e Cebolinha ocorre nas primeiras páginas da obra. É então que Cebolinha é confrontado com uma triste notícia: Floquinho desapareceu. Os amigos decidem, por isso, levar a cabo uma missão de descoberta e salvamento do cão de Cebolinha. Pelo caminho, sucedem vários pequenos episódios com os autores a saberem introduzir, de forma inteligente, várias temáticas próprias da infância como o bullying, a aventura e o desejo de acampar com os amigos, o medo, as histórias partilhadas à luz de uma fogueira. Tudo isto lugares-comuns, mas que, convenhamos, encaixam muito bem no tipo de história que nos é dada.

Outra coisa muito bem construída, e que me agradou, foi o generoso conjunto de referências que dão pistas e explicações sobre o porquê - ou o como - das personagens serem da forma que as conhecemos: o medo da chuva do Cascão; o facto de Magali estar constantemente a comer e, mesmo assim, ser muito magra; a troca dos R’s pelos L’s do Cebolinha; entre muitas outras referências. E até há espaço para uma homenagem ao próprio Maurício.

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Sinceramente, das quatro personagens, apenas me parece que a Mónica acaba por ocupar um lugar de menos destaque na história. Se Cebolinha é o principal, Magali e Cascão oferecem momentos divertidos à história e Mónica acaba por ser a personagem que menos parece influenciar o enredo embora, naturalmente, esteja tão presente fisicamente como as restantes personagens.

Em termos de arte ilustrativa, os desenhos que aqui temos são simples, de traço linear, e dão um aspeto ternurento à história que, já por si, também é ternurenta. É um casamento perfeito.

Acho muito bem conseguida a adaptação das personagens ao seu próprio estilo gráfico, por parte dos autores. E considerando que as personagens de Mónica, Cascão e Magali funcionaram muito bem, não fiquei tão convencido com Cebolinha. Compreendo que aquele cabelo, com cinco traços apenas, não seja fácil de adaptar a outro estilo ilustrativo. Mesmo assim, a personagem fez-me lembrar em demasia o protagonista dos desenhos animados Ruca. Mas tirando este aspeto, menos positivo para os meu gosto, visualmente as personagens ficaram muito bem executadas, sendo que também merece destaque e louvor a excelente expressividade que todas as personagens têm, que nos passam as suas emoções sem margem para erros de interpretação.

A planificação é bastante dinâmica, com as pranchas a aparecerem com as mais diversas configurações e várias são as vezes em que partes do desenho saem das vinhetas onde estão inseridos. Algo simples mas que funciona bem e atribui à obra uma sensação de modernidade.

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Em termos de cores, também é um livro muito bonito embora as cenas noturnas merecessem, a meu ver, um maior cuidado no tratamento da luz para que, dessa forma, tivessem melhor leitura. Destaque ainda para certas cenas em tons de sépia, que revelam episódios do passado, e que também têm um aspeto muito bonito. Se o argumento e os desenhos estão muito bonitos, não é menos verdade que a paleta de cores utilizada, atribui muita doce e suave beleza, em termos gráficos, a esta obra.

Quanto à edição, da Maurício de Sousa Editora e da Panini Comics, estamos perante um excelente trabalho. A capa é dura e o papel é brilhante e de boa gramagem. O próprio grafismo da edição também está muito bonito, com a capa e a contracapa a terem um aspeto muito apetecível e bem conseguido. A acrescentar a isso, temos um excelente caderno de extras com sete páginas que nos dão informações muito relevantes sobre a feitura desta obra. Desde o desenvolvimento dos primeiros esboços das personagens, até aos primeiros materiais promocionais de Laços, bem como uma introdução a cada uma das quatro personagens que aparecem nesta obra.

Concluindo, esta é uma obra muito bonita, carregada de emoção e ternura, e que se recomenda especialmente - mas não só! – a todos aqueles que cresceram a ler as histórias destas personagens maravilhosas. Os irmãos Cafaggi revelam um enorme respeito e admiração pelas personagens clássicas e conseguem um excelente livro. Recomendado, sem dúvida!


NOTA FINAL (1/10):
8.9



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Ficha técnica
Turma da Mónica – Laços
Autores: Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi
Editora: Maurício de Sousa Editora e Panini Comics
Páginas: 82, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Agosto de 2018