Mostrar mensagens com a etiqueta Panini Comics. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Panini Comics. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Comparativo: Turma da Mónica - Laços pel' A Seita e pela Panini Comics


Hoje trago-vos um tipo de artigo que sei que os leitores do Vinheta 2020 valorizam bastante: os comparativos entre edições de banda desenhada.

Desta vez, o comparativo centra-se em duas edições lançadas da obra Turma da Mónica - Laços, dos irmãos Vitor Cafaggi e Lu Cafaggi.

Esta é, aliás, uma belíssima obra, totalmente recomendada, da qual já falei aqui no Vinheta 2020 e que, por isso, vos convido a (re)ler esse artigo.

Nesta doce e ternurenta história que nos leva aos primórdios das aventuras do grupo de amigos mais conhecido de todo o Brasil, Mónica, Cebolinha, Cascão e Magali, somos confrontados com belos e marcantes momentos, e com uma conceção visual das personagens que é diferente daquela que Mauricio de Sousa imortalizou. Ou não estivéssemos, claro, perante a iniciativa Graphic MSP, que procura fazer isso mesmo: recontar, reescrever e reinterpretar as aventuras clássicas das personagens do universo Mauricio de Sousa.

Focando-me, então, na edição brasileira da Panini Comics e na edição portuguesa das editoras A Seita e Bicho Carpinteiro, posso começar por dizer que, relativamente a extras e formato, a edição portuguesa está em linha com a edição brasileira. O formato das duas obras é exatamente o mesmo e as sete páginas de extras também são iguais em termos de conteúdo e arranjo gráfico.

Também as ilustrações utilizadas para a capa e contracapa, bem como o grafismo das mesmas, está igual entre as edições da Panini Comics e d' A Seita.

Mas há edições entre as duas versões, sim.

Em primeiro lugar, na escolha do tipo de acabamento para a capa e para o papel no miolo do livro. 


A edição da Panini apresenta capa brilhante, mas a edição d' A Seita apresenta capa baça. Confesso que, para o estilo de ilustração que nos é dada nesta obra, a opção portuguesa foi a mais ajustada. 

E apesar de, no miolo, o papel da edição portuguesa ser brilhante (couché), tem menos brilho do que o papel usado na versão da Panini. Mais uma vez, é algo bem conseguido. Até vou mais longe e acho mesmo que o papel ainda teria sido mais adequado se fosse baço. Mas é uma opinião muito pessoal.

A edição portuguesa não é, ainda assim, isenta de problemas. Tal como nem sequer a edição original brasileira o é. A verdade é que ambas as edições têm problemas ao nível da impressão.

Não acontece em todas as páginas, mas é frequente que, em algumas delas, as cores da edição portuguesa estejam demasiadamente esbatidas. Quase parecendo um velho livro em que as cores acabaram por ficar desgastadas com a passagem do tempo.

Nas cenas da história que decorrem em ambientes noturnos, é ainda mais notório que houve alguns problemas na boa colorização das cenas. Mas, tal como já referi, também é verdade que, olhando para a edição brasileira, estas mesmas cenas noturnas também estavam demasiado escuras, não sendo por isso a impressão perfeita. O que faz com que, pelo menos em alguns casos, algumas cenas da edição portuguesa, não sendo perfeitas, sejam, ainda assim, mais legíveis do que a edição brasileira. Mas também acontece o contrário noutros casos.

Enfim, esta questão da impressão não é, a meu ver, algo que estrague as edições brasileira ou portuguesa, simplesmente é pena que existam, e que façam com que a obra não receba a edição perfeita que merecia.


Terminando este comparativo, há que relembrar que foi com muito agrado que vi a editora A Seita, através da sua chancela Bicho Carpinteiro, a publicar aquela que será, provavelmente, a mais badalada e conhecida Graphic MSP. É verdade que a língua da versão original já era em português - embora fosse o português brasileiro.

É claro que se as Graphic MSP tivessem uma distribuição omnipresente em Portugal, talvez esta edição d' A Seita não fizesse sentido. Porque, afinal de contas, a língua é a mesma e a edição é parecida. Mas, na prática, o que acontece é que é raro encontrarmos em Portugal estas edições brasileiras. A loja Casa da BD costuma tê-las, é verdade, e também já dei de caras com alguns dos livros desta coleção em quiosques. Mas não são livros fáceis de encontrar. E, de um modo geral, valem muito a pena.

Como tal aplaudo esta iniciativa d' A Seita e Bicho Carpinteiro e convido todos os que ainda não conhecem este livro, a comprá-lo.

É perfeito tanto para crianças, como jovens e adultos!
´


segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Comparativo: Mickey e A Terra dos Anciões pela Glénat e pela Panini Comics

Comparativo: Mickey e A Terra dos Anciões pela Glénat e pela Panini Comics

Embora, com muito pesar meu, diga-se, a coleção dos originais da Disney da editora francesa Glénat não seja editada em Portugal, a boa notícia para quem não consegue - ou não quer - ler em francês é que, recentemente, a Panini Comics começou a editar vários títulos desta coleção.

Os puristas dirão que o "português do Brasil" não é a mesma coisa do que o "português de Portugal" - e, naturalmente, não será - mas a verdade é que, com esta iniciativa da Panini Comics, estas obras de qualidade superior passaram a ser editadas em português e, portanto, a ficarem mais acessíveis aos leitores portugueses.

Depois de, após a análise que fiz a esta obra, ter recebido várias mensagens acerca da mesma, opto por fazer um comparativo entre a edição original francesa e a edição brasileira.

Olhando, então, para as duas edições, há várias diferenças que posso referir.

Começando pelas capas e contracapas, verifica-se que a edição da Panini Comics tenta ser bastante fiel à edição original. Capa dura, baça, com as letras do título da obra e as figuras de Mickey e Minnie a verniz. Na contracapa a edição brasileira colocou uma sinopse da obra.  

Comparativo: Mickey e A Terra dos Anciões pela Glénat e pela Panini Comics

A maior diferença na parte exterior do livro é na lombada do livro. A edição francesa da Glénat tem lombada a tecido e a edição brasileira tem uma lombada normal cartonada. 

Embora, naturalmente, a edição a tecido seja mais nobre e mais bela, gosto do facto da Panini Comics ter feito uma certa tentativa de aproximação à edição original, dotando a lombada de uma cor diferente em relação à capa. 

Comparativo: Mickey e A Terra dos Anciões pela Glénat e pela Panini Comics

Em termos de papel, ambas as edições são bastante diferentes. 

O livro da Glénat tem papel baço, de ótima gramagem. Já o papel da edição da Panini Comics é papel com brilho e com uma gramagem que, mesmo sendo aceitável, o torna bastante mais fino do que o papel da edição original. 

Sendo mesmo justo, não considero que o papel da edição brasileira seja minimamente "mau". Não o é. O papel da Glénat é que é extremamente bom. 

Por esse motivo, até chega a ser curioso verificar que embora a versão brasileira tenha mais 7 páginas do que a edição original, mesmo assim a espessura do livro francês é muito maior - quase o dobro! - do que a do livro brasileiro.

Comparativo: Mickey e A Terra dos Anciões pela Glénat e pela Panini Comics

O facto de se ter optado por papel brilhante, em detrimento do papel baço, é que me deixou um pouco desapontado. 

Não sei se a fotografia acima permite ver isso - talvez não - mas a verdade é que o tipo de ilustrações majestosas que o autor Silvio Camboni nos oferece, beneficiam muito mais em papel baço. 

Não é que a experiência de leitura no livro da Panini Comics não seja boa - porque o é - mas a experiência do papel mate da versão francesa supera em muito o papel brilhante. Até porque, em alguns casos, senti as cores demasiado escuras na versão brasileira.

Comparativo: Mickey e A Terra dos Anciões pela Glénat e pela Panini Comics

Por fim, ambas as edições têm alguns extras, em que nos é permitido visualizar o trabalho de preparação de Camboni. Porém, neste ponto, a edição brasileira supera a edição francesa. 

Enquanto que o livro da Glénat só nos oferece duas páginas para vermos os estudos de capa do autor, a edição da Panini dá-nos onze (!) páginas onde, para além de vermos o estudo de capa de Camboni, também vemos alguns dos seus esboços para as personagens e storyboards de algumas pranchas. E tudo isto com comentários de Camboni. 

Em termos de extras, a edição brasileira é, pois, francamente melhor do que a edição original francesa.

Comparativo: Mickey e A Terra dos Anciões pela Glénat e pela Panini Comics

Resumindo e concluindo, a edição original da Glénat é bastante melhor em termos de materiais e acabamentos utilizados embora a edição da Panini Comics seja bem mais generosa em termos de caderno de extras.

Quanto à escolha dos leitores do Vinheta 2020 sobre que edição comprar, tenho que dizer que é algo bastante pessoal e que, por isso, deve ficar ao critério de cada um, consoante a sua capacidade e/ou vontade para ler em francês. 

Não tenho dúvidas de que a edição francesa não só é "a" original como tem melhores acabamentos. No entanto, eu pertenço à equipa do "prefiro sempre ler em português, mesmo que a edição física não seja tão boa". E isto já para não dizer que a versão brasileira ainda tem um caderno de extras mais completo do que a edição francesa. 

Feitas as comparações, que cada um faça a sua escolha, portanto! 

Comparativo: Mickey e A Terra dos Anciões pela Glénat e pela Panini Comics

Comparativo: Mickey e A Terra dos Anciões pela Glénat e pela Panini Comics

Comparativo: Mickey e A Terra dos Anciões pela Glénat e pela Panini Comics



sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Análise: Mickey e a Terra dos Anciões

Mickey e a Terra dos Anciões, de Denis-Pierre Filippi e Silvio Camboni - Panini Comics (Disney Glénat)

Mickey e a Terra dos Anciões, de Denis-Pierre Filippi e Silvio Camboni - Panini Comics (Disney Glénat)
Mickey e a Terra dos Anciões, de Denis-Pierre Filippi e Silvio Camboni

Se há coisas que eu gostaria de ver publicadas em Portugal uma delas era a coleção da Disney Glénat, em que autores de renome e com provas dadas na banda desenhada mundial, criam as suas próprias histórias que envolvem as famosas personagens da Disney. Não havendo, porém, publicação da Disney Glénat em Portugal que, pelo que pude constatar, acarretaria um investimento demasiado grande por parte das editoras portuguesas, podemos ler estes fantásticos livros na sua língua original – o francês – ou em português do Brasil.

Estou certo que para alguns puristas do português de Portugal isto será um ultraje para com Camões, mas, sejamos sinceros, também é verdade que muita gente – para não dizer “toda a gente” – se habitou a ler as revistas da Disney em português do Brasil. Ou a Turma da Mônica, vá. Portanto, não será um problema para a grande maioria dos leitores portugueses, espero. Até porque estamos a falar de um tipo de história leve. Não há nada de muito filosófico num livro da Disney, como sabemos. No meu caso, mesmo conseguindo ler em francês, prefiro sempre ler em português. E com a oferta crescente de livros brasileiros por parte da loja Casa da BD, mesmo ao pé da minha casa, torna-se por demais apelativo para mim ler estas edições brasileiras.

Mickey e a Terra dos Anciões, de Denis-Pierre Filippi e Silvio Camboni - Panini Comics (Disney Glénat)
Se a edição brasileira será melhor ou pior que a edição francesa já são outros quinhentos que abordarei num destes dias até porque tenho as duas versões e brevemente farei um comparativo entre elas.

Centremo-nos, então, na análise a esta edição brasileira da Panini Comics.

A dupla criativa responsável por este Mickey e A Terra dos Anciões é Denis-Pierre Filippi, no argumento, e Silvio Camboni, no desenho. Dupla esta que é repetente nesta coleção da Disney Glénat, uma vez que já nos deu a obra Mickey e o Oceano Perdido.

A primeira coisa que salta à vista neste livro é, sem dúvida alguma, a maravilhosa componente visual. Os desenhos de Camboni, elegantemente coloridos por Samuel Spano, são de uma beleza ímpar e magnífica que facilmente nos tira o fôlego. As personagens são copiosamente bem retratadas, mas é nos cenários, deslumbrantes, que nos transportam no espaço e no tempo para um local do foro onírico, e nas cenas em que vemos Mickey a voar às costas do seu pássaro em céus de perder de vista, sobrevoando planetas verdejantes que são como que ilhas voadoras – onde possivelmente, o filme Avatar nos virá à memória – que este Mickey e A Terra dos Anciões mais se destaca. É verdadeiramente cativante e é fácil termos o ímpeto de ficar a observar estas sublimes ilustrações durante largos minutos.

Posso dizer que os desenhos são tão belos que mesmo que não houvesse qualquer história, já seria um álbum apetecível. Acho ainda que a grande diferença entre estes álbuns da Disney Glénat e de uma qualquer revista da Disney que selecionemos aleatoriamente é - para além da óbvia utilização do grande formato e dos nomes célebres dos autores - o cuidado especial com a arte visual. Convenhamos que as revistas da Disney sempre foram bem desenhadas. Mas eram-no – e são-no – de uma forma rápida e eficaz, não deixando grande espaço de manobra para desenhos mais detalhados e intrincados. Ora, com os álbuns da Disney Glénat que até agora me passaram pelas mãos, isso não acontece. Os desenhos são belos, detalhados e onde se vê claramente que os autores depositaram um grande cuidado. O crème de la crème da banda desenhada a envolver personagens da Disney, diria.

Mickey e a Terra dos Anciões, de Denis-Pierre Filippi e Silvio Camboni - Panini Comics (Disney Glénat)
Falando agora na história deste Mickey e A Terra dos Anciões, temos o argumentista Filippi a convidar-nos a mergulhar num “universo aéreo”, onde a população local reside em pequenas ilhotas que flutuam pelos céus. Neste mundo retirado da cabeça de Filippi, Mickey tem uma importante responsabilidade que é a de manter em segurança as muitas pequenas porções de terra (as tais ilhotas) dos habitantes, face às temíveis tempestades que as colocam em perigo. 

Há, também, um conhecido vilão que é o Mancha Negra, que aqui governa enquanto tirano absolutista, controlando este vasto universo com mão de ferro. Mas quando João Bafo de Onça e o seu clã entram em ação, apontando armas aos soldados do Mancha Negra, não fica muito claro para Mickey e para os seus amigos Minnie, Pateta, Horácio e Clarabela, em que fação do combate se hão-de colocar. Depois, claro, há alguns volte-faces que, naturalmente, não revelarei sob pena de arruinar a experiência de leitura àqueles que lêem este texto.

Convém ressalvar que embora pelas minhas palavras possa parecer um ambiente futurista, as imagens que aqui coloco, da edição francesa, não enganam, permitindo-nos perceber que o universo criado pelos autores é mais do foro da fantasia de aventura do que, propriamente, de algo mais futurista ou de ficção científica.

Mickey e a Terra dos Anciões, de Denis-Pierre Filippi e Silvio Camboni - Panini Comics (Disney Glénat)
Deixem-me dizer-vos que a história, entretendo bem e tendo alguns bons elementos é, talvez, um pouco linear demais. Bem sei que estamos perante um livro do Mickey, que procura ser acessível para uma criança ou para um adulto, mas, não obstante, acho que o argumento poderia ter dado mais ao leitor. Ou então, claro, as páginas poderiam ser em maior número para que o fim da história não parecesse, de certa forma, algo apressado. No entanto, é uma história que se lê bem e que tem os seus pontos de interesse.

Quanto à edição da Panini Comics, o livro é em capa dura, com papel couché e um bom trabalho de encadernação e impressão. No final, temos um caderno de esboços e estudos, comentado por Camboni, que é muito bem-vindo. É interessante olhar para a edição brasileira e para a edição francesa ao mesmo tempo e, por esse motivo, farei o tal comparativo entre ambas as edições num artigo futuro. Para já, digo apenas que a edição brasileira, sendo inferior em termos qualitativos à edição francesa é, ainda assim, bem conseguida.

Olhando, por fim, não apenas para este excelente Mickey e a Terra dos Anciões mas, também, para toda a série Disney Glénat, acho que podemos dizer que todos nós já gastámos (investimos?) horas da nossa vida nas revistas da Disney, certo? Pois agora imaginem que, de alguma forma, esse universo mágico que nos ficou na retina ao longo de décadas, era recapturado por autores de renome e nos era dado numa bandeja de prata. Ainda vou mais longe! Se formos justos, concordaremos que os nossos gostos, leitores de banda desenhada, também foram sendo refinados à medida que crescemos e que fomos aprofundando o nosso conhecimento em banda desenhada tendo, quiçá, posto de lado as revistas da Disney. Mas a proposta da Disney Glénat parece perceber isso muito bem - e talvez seja esse o grande segredo no sucesso desta coleção – e decide projetar obras de banda desenhada que podem muito bem ser lidas por crianças a partir dos 6 anos, mas que também estão direcionadas ao público que já tem 66 anos (ou mais) e quer, de alguma forma, subtrair um 6 à sua idade e voltar a ser criança. E sim, acima de tudo, o bom da coleção Disney Glénat é que nos permite, a nós adultos, voltarmos a ser crianças através de bandas desenhadas majestosamente bem concebidas. Leiam em francês ou em português do Brasil… mas leiam!


NOTA FINAL (1/10):
8.7



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



-/-

Mickey e a Terra dos Anciões, de Denis-Pierre Filippi e Silvio Camboni - Panini Comics (Disney Glénat)

Ficha técnica
Mickey e a Terra dos Anciões
Autores: Denis-Pierre Filippi e Silvio Camboni
Editora: Panini Comics
Páginas: 72, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 23.5 x 31.2 cm
Lançamento: 2022

terça-feira, 1 de março de 2022

Os Heróis da Marvel regressam numa nova coleção pelo Correio da Manhã!


Ora aqui está uma notícia que, durante o último par de dias, tem apanhado muito gente desprevenida, deixando-as com um sorriso na cara! O jornal Correio da Manhã regressa ao lançamento de banda desenhada e, desta vez, aposta nos clássicos da Marvel.

Se nos últimos dois, três anos, tem havido uma clara insuficiência no lançamento de comics em Portugal, os fãs deste género de bd poderão ficar felizes porque esta coleção tem 60 livros garantidos - e poderá, até, ser alargada, caso as vendas assim o justifiquem.

A coleção, que será uma réplica das coleções italiana e brasileira da Panini - embora venha com o português de Portugal -, arranca já no próximo sábado, dia 5 de Março, com o primeiro volume a sair com o preço ridículo de 1€(!). Os restantes livros sairão com o preço de 8,95€. O preço da coleção completa é de 529,05€ e durará até 22 de Abril de 2023.

Mais abaixo deixo-vos com a informação oficial do site da coleção, com a lista completa dos livros e com o spot publicitário.



Coleção Clássica Marvel | Correio da Manhã

As origens da Marvel regressam numa série que já faz parte da história: a coleção cronológica e completa de todas as primeiras aventuras da banda desenhada das lendárias personagens criadas por Stan Lee, Jack Kirby e Steve Ditko.

Toda a série histórica, desde o icónico Quarteto Fantástico até ao nascimento do Homem-Aranha, passando pela fúria mais autêntica do Hulk dos anos 1960, até às proezas épicas do divino Thor

Uma grande oportunidade para descobrir os livros que nos fizeram, sonhar, ou para saber onde tudo realmente começou.

Não perca, a partir do dia 5 de março, com o seu Correio da Manhã.


Lista completa dos livros a serem lançados:
01. Homem-Aranha Vol. 1 (Amazing Fantasy #15 + Amazing Spider-Man #1-5)
02. Quarteto Fantástico Vol. 1 (FF #1-5)
03. X-Men Vol. 1 (Uncanny X-Men #1-5)
04. Vingadores Vol. 1 (Avengers #1-5)
05. Hulk Vol. 1 (Incredible Hulk (vol.1) #1-6)
06. Demolidor Vol. 1 (Daredevil #1-5)
07. Capitão América Vol. 1 (Tales of Suspense #59-68)
08. Homem de Ferro Vol. 1 (Tales of Suspense #39-46)
09. Thor Vol. 1 (Journey into Mystery #83-91)
10. Homem-Aranha Vol. 2 (ASM #6-10)
11. Quarteto Fantástico Vol. 2 (FF #6-10)
12. Thor Vol. 2 (JiM #92-99)
13. Homem de Ferro Vol. 2 (ToS #47-53)
14. Homem-Aranha Vol. 3 (ASM #11-15)
15. Vingadores Vol. 2 (Av #6-10)
16. Hulk Vol. 2 (Tales to Astonish #59-68)
17. Demolidor Vol. 2 (DD #6-10)
18. Quarteto Fantástico Vol. 3 (FF #11-15)
19. Homem-Aranha Vol. 4 (ASM #16-17, Annual #1)
20. Thor Vol. 3 (JiM #100-105)
21. Homem de Ferro Vol. 3 (ToS #54-60)
22. X-Men Vol. 2 (UXM #6-10)
23. Quarteto Fantástico Vol. 4 (FF #16-18, Annual #1)
24. Homem-Aranha Vol. 5 (ASM #18-22)
25. Thor Vol. 4 (JiM #106-110)
26. Homem de Ferro Vol. 4 (ToS #61-69)
27. Vingadores Vol. 3 (Av #11-16)
28. Quarteto Fantástico Vol. 5 (FF #19-23)
29. Demolidor Vol. 3 (DD #11-15)
30. X-Men Vol. 3 (UXM #11-15)
31. Quarteto Fantástico Vol. 6 (FF #24-28)
32. Thor Vol. 5 (JiM #111-115)
33. Vingadores Vol. 4 (Av #17-22)
34. Hulk Vol. 3 (TtA #69-78)
35. Quarteto Fantástico Vol. 7 (FF #29-31, Annual #2)
36. Homem-Aranha Vol. 6 (ASM #23-27)
37. Thor Vol. 6 (JiM #116-120)
38. Capitão América Vol. 2 (ToS #69-78)
39. Quarteto Fantástico Vol. 8 (FF #32-36)
40. Homem-Aranha Vol. 7 (ASM #28-31, Annual #2)
41. Homem de Ferro Vol. 5 (ToS #70-78)
42. Thor Vol. 7 (JiM #121-125, Annual #1)
43. Quarteto Fantástico Vol. 9 (FF #37-41)
44. Vingadores Vol. 5 (Av #23-28)
45. Homem-Aranha Vol. 8 (ASM #32-36)
46. Quarteto Fantástico Vol. 10 (FF #42-45, Annual #3)
47. Thor Vol. 8 (Mighty Thor #126-130)
48. Hulk Vol. 4 (TtA #79-88)
49. Quarteto Fantástico Vol. 11 (FF #46-50)
50. Demolidor Vol. 4 (DD #16-20)
51. Capitão América Vol. 3 (ToS #79-88)
52. Homem de Ferro Vol. 6 (ToS #79-86, TtA #82)
53. Vingadores Vol. 6 (Av #29-34)
54. Homem-Aranha Vol. 9 (ASM #37-41, Strange Tales Annual #2)
55. Quarteto Fantástico Vol. 12 (FF #51-55)
56. Thor Vol. 9 (MT #131-135)
57. Demolidor Vol. 5 (DD #21-25)
58. Homem-Aranha Vol. 10 (ASM #42-45, Annual #3)
59. Quarteto Fantástico Vol. 13 (FF #56-59, Annual #4)
60. X-Men Vol. 4 (UXM #16-20)





terça-feira, 20 de julho de 2021

Análise: Turma da Mónica - Laços

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi

Quem é o leitor português que nunca leu um livro da Turma da Mónica? (sim, insisto em escrever “Mónica” e não “Mônica”). Serão muito poucos – ou nenhuns – aqueles que não se divertiram com os planos infalíveis (que sempre falhavam) do Cebolinha; o medo da água de Cascão; o apetite voraz da magrinha Magali; ou o pragmatismo em resolver uma situação “à coelhada”, por parte de Mónica.

Não sou exceção. Se, em criança, comecei as minhas leituras de banda desenhada a ler as revistas da Disney, a Turma da Mónica foi o passo que se seguiu. E posso mesmo dizer que, a certa altura, as aventuras desta irresistível turma brasileira até estavam entre as minhas escolhas preferidas. Portanto, sim, para mim, "Maurício de Sousa é o Walt Disney do Brasil", como muita gente diz. A quem estou grato pela obra universal e pela dádiva de tão memoráveis personagens.

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Faço esta introdução para referir que este Turma da Mónica – Laços há muito estava na minha pilha de livros para ler. De há uns anos para cá os Estúdios Maurício de Sousa têm vindo a tentar reinventar-se na forma como produzem as histórias de Mónica e dos seus amigos, tentando chegar a novos públicos e a manter outros que, entretanto, foram crescendo em maturidade. E a chancela Graphic MSP foi apenas uma das formas pensadas para revisitar estas personagens marcantes.

Assim, apoiado num claro sentido nostálgico e da importância que estas personagens tiveram para as crianças que, hoje em dia, são adultos, o projeto Graphic MSP consiste em convidar artistas brasileiros consagrados para contar e ilustrar histórias das personagens clássicas do estúdio, com base na própria interpretação das mesmas, por parte dos autores e no próprio estilo gráfico destes. A coleção tem sido um autêntico sucesso no Brasil, já contando com 31 álbuns! Este Turma da Mónica – Laços foi o segundo álbum da série, publicado originalmente em 2013, e, entretanto, até já recebeu adaptação para o cinema.

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Partindo então deste ponto, posso dizer que estamos perante um álbum belo e carregado de ternura que, dificilmente, não tocará o coração mais insensível que, algures no passado, já tenha lido uma história da Turma da Mónica. E esta nota merece especial menção: qualquer pessoa pode ler e enternecer-se com este livro. Mesmo aquelas que nunca tenham lido uma revista clássica da Turma da Mónica. No entanto, estou certo que toda a profundidade da história e das referências que dela advêm, só será mais bem alcançada por aqueles que cresceram a ler as histórias desta turma brasileira e que, neste Laços, têm tudo para poderem, nostalgicamente, mergulhar, uma vez mais, nesse passado saboroso da infância. Como que um laço com o nosso próprio passado. Ou não fosse o nome da história "Laços". Os da amizade. Os que as personagens criam entre si. E entre os seus animais de estimação. E os laços que criam connosco, leitores. Laços que, sendo ténues e sensíveis, cultivamos ao longo da nossa vida como se se tratassem de flores que não podemos deixar de regar. Assim é a amizade.

E é isso que os irmãos Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi nos trazem em tão boa dose. A história base deste livro é bastante simples. O cão do Cebolinha, Floquinho, desaparece e é esse o ponto de ignição para que Cebolinha, Mónica, Cascão e Magali embarquem numa nova aventura em busca pelo famoso cão cuja cauda e a cabeça são dois tufos de pêlo iguais entre si. Mas claro que é nessa demanda que os autores Cafaggi vão sedimentando a sua relação - o seu "laço" - com o leitor.

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

A história começa por nos apresentar mais um “plano infalível” de Cebolinha que, naturalmente, tinha a Mónica como vítima e que, mais uma vez, correu mal. São então (re)introduzidas várias personagens da turma enquanto a fuga de Cascão e Cebolinha ocorre nas primeiras páginas da obra. É então que Cebolinha é confrontado com uma triste notícia: Floquinho desapareceu. Os amigos decidem, por isso, levar a cabo uma missão de descoberta e salvamento do cão de Cebolinha. Pelo caminho, sucedem vários pequenos episódios com os autores a saberem introduzir, de forma inteligente, várias temáticas próprias da infância como o bullying, a aventura e o desejo de acampar com os amigos, o medo, as histórias partilhadas à luz de uma fogueira. Tudo isto lugares-comuns, mas que, convenhamos, encaixam muito bem no tipo de história que nos é dada.

Outra coisa muito bem construída, e que me agradou, foi o generoso conjunto de referências que dão pistas e explicações sobre o porquê - ou o como - das personagens serem da forma que as conhecemos: o medo da chuva do Cascão; o facto de Magali estar constantemente a comer e, mesmo assim, ser muito magra; a troca dos R’s pelos L’s do Cebolinha; entre muitas outras referências. E até há espaço para uma homenagem ao próprio Maurício.

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Sinceramente, das quatro personagens, apenas me parece que a Mónica acaba por ocupar um lugar de menos destaque na história. Se Cebolinha é o principal, Magali e Cascão oferecem momentos divertidos à história e Mónica acaba por ser a personagem que menos parece influenciar o enredo embora, naturalmente, esteja tão presente fisicamente como as restantes personagens.

Em termos de arte ilustrativa, os desenhos que aqui temos são simples, de traço linear, e dão um aspeto ternurento à história que, já por si, também é ternurenta. É um casamento perfeito.

Acho muito bem conseguida a adaptação das personagens ao seu próprio estilo gráfico, por parte dos autores. E considerando que as personagens de Mónica, Cascão e Magali funcionaram muito bem, não fiquei tão convencido com Cebolinha. Compreendo que aquele cabelo, com cinco traços apenas, não seja fácil de adaptar a outro estilo ilustrativo. Mesmo assim, a personagem fez-me lembrar em demasia o protagonista dos desenhos animados Ruca. Mas tirando este aspeto, menos positivo para os meu gosto, visualmente as personagens ficaram muito bem executadas, sendo que também merece destaque e louvor a excelente expressividade que todas as personagens têm, que nos passam as suas emoções sem margem para erros de interpretação.

A planificação é bastante dinâmica, com as pranchas a aparecerem com as mais diversas configurações e várias são as vezes em que partes do desenho saem das vinhetas onde estão inseridos. Algo simples mas que funciona bem e atribui à obra uma sensação de modernidade.

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Em termos de cores, também é um livro muito bonito embora as cenas noturnas merecessem, a meu ver, um maior cuidado no tratamento da luz para que, dessa forma, tivessem melhor leitura. Destaque ainda para certas cenas em tons de sépia, que revelam episódios do passado, e que também têm um aspeto muito bonito. Se o argumento e os desenhos estão muito bonitos, não é menos verdade que a paleta de cores utilizada, atribui muita doce e suave beleza, em termos gráficos, a esta obra.

Quanto à edição, da Maurício de Sousa Editora e da Panini Comics, estamos perante um excelente trabalho. A capa é dura e o papel é brilhante e de boa gramagem. O próprio grafismo da edição também está muito bonito, com a capa e a contracapa a terem um aspeto muito apetecível e bem conseguido. A acrescentar a isso, temos um excelente caderno de extras com sete páginas que nos dão informações muito relevantes sobre a feitura desta obra. Desde o desenvolvimento dos primeiros esboços das personagens, até aos primeiros materiais promocionais de Laços, bem como uma introdução a cada uma das quatro personagens que aparecem nesta obra.

Concluindo, esta é uma obra muito bonita, carregada de emoção e ternura, e que se recomenda especialmente - mas não só! – a todos aqueles que cresceram a ler as histórias destas personagens maravilhosas. Os irmãos Cafaggi revelam um enorme respeito e admiração pelas personagens clássicas e conseguem um excelente livro. Recomendado, sem dúvida!


NOTA FINAL (1/10):
8.9



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



-/-

Turma da Mónica – Laços, de Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi - Maurício de Sousa Editora e Panini Comics

Ficha técnica
Turma da Mónica – Laços
Autores: Vítor Cafaggi e Lu Cafaggi
Editora: Maurício de Sousa Editora e Panini Comics
Páginas: 82, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Agosto de 2018

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Análise: Homem-Aranha: Caído Entre os Mortos e Herói da Resistência




Homem-Aranha: Caído Entre os Mortos e Herói da Resistência, de Mark Millar, Terry Dodson e Frank Cho

Estes dois livros de Homem-Aranha Caído Entre os Mortos e Homem-Aranha: Herói da Resistência reúnem os 12 números que foram produzidos por Mark Millar, Frank Cho e Terry Dodson para a revista Marvel Knights Spider Man. As edições em análise pertencem à Coleção Definitiva do Homem-Aranha, que foi lançada no Brasil, pela Salvat e Panini Comics, durante o ano de 2017, e posteriormente distribuídas, há cerca de um ano, nas bancas portuguesas. Caído Entre os Mortos foi o primeiro álbum desta coleção que reúne 40 livros, enquanto que Herói da Resistência é o sexto volume.

Nesta história, dividida pelos dois livros, Mark Millar apresenta-nos uma narrativa que levará o Homem-Aranha ao limite das suas capacidades físicas e emocionais. 

O homem por detrás da máscara, Peter Parker, leva agora uma existência mais pacata, sendo um professor de secundário e vivendo com a sua bonita namorada Mary Jane. Recentemente, a sua tia May descobriu a verdadeira identidade do Homem-Aranha e, embora chocada ao início, apoia Peter na sua luta contra o mal. Mas, entretanto, há outra pessoa que descobriu a verdadeira identidade do Homem-Aranha e pretende usar essa informação para destruir tudo o que Peter Parker mais ama. O protagonista terá então que lutar contra o mal e, ao mesmo tempo, tentar proteger os seus entes queridos, nomeadamente a sua tia e a sua namorada. Mas quando a sua tia May é raptada, o Homem-Aranha inicia uma batalha – quase desesperada – para a encontrar. Não sabe bem contra quem está a lutar. 

Nisto há espaço para quase todos os vilões do universo do Aranha (12, no total) participarem na história, nomeadamente: Duende Verde, Dr. Octopus, Venom, Electro, Coruja, e muitos outros. Ao longo de ambos os livros, o Homem-Aranha é acompanhado por Felicia Hardy, a Gata Negra, que parece ainda estar apaixonada por Peter. Do lado dos bons, também o Capitão América, o Homem de Ferro, o Demolidor e o Quarteto Fantástico se juntam ao festim de super-heróis.

Os diálogos são muito bons e parecem muito reais. Por exemplo, as conversas entre Peter e Mary Jane soam muito verosímeis. E claro, à semelhança do que Millar faz em Kick-Ass, muito me agrada a maneira como utiliza o discurso na primeira pessoa do protagonista, permitindo-nos criar uma maior conexão com o mesmo, pois percebemos claramente os seus receios, as suas valências, as suas opiniões e o seu humor. 

É uma história com bastante violência e este Homem-Aranha fica com graves danos físicos nas várias lutas que trava, chegando mesmo a ir parar a uma cama de hospital. No entanto, para os níveis habituais de Millar, até não é uma história muito violenta. E, por isso, há tempo – especialmente no primeiro livro – para o desenvolvimento da relação amorosa de Peter Parker - com todas as discussões e desacordos que isso pressupõe - e há oportunidade para mergulharmos na psique de Peter e percebermos como a personagem tem certos recalcamentos causados pela morte de pessoas próximas a si. E isso é muito bem feito. Torna a história madura e com boa consciência de si mesma. Embora muitas vezes se considere o Homem-Aranha como uma personagem “leve”, talvez devido às suas tiradas cómicas constantes, a verdade é que este Peter Parker de Millar, é leve e brincalhão por fora mas, interiormente, apresenta uma certa tristeza e desilusão para consigo mesmo, colocando muitas vezes em cima da mesa, a hipótese de deixar de vestir o fato do Aranha.

Devo dizer que esta história arranca muito bem, sendo dado tempo ao leitor para absorver a envolvente narrativa. A primeira parte da obra chega a parecer uma história de detectives porque, quer Peter Parker, quer o leitor, estão sem saber muito bem o que pensar em relação ao rapto da Tia May. Quem o fez? Porquê? Este clima de dúvida é bastante longo, o que adensa bem a trama. E entretanto, nesta busca incessante pela sua tia, Peter Parker vai tendo alguns confrontos físicos que aparecem de forma bastante bem conseguida. Há algumas sub-plots, como o neto com cancro do Abutre; a recompensa que o Clarim Diário oferece a quem encontrar a identidade do Homem-Aranha; a relação entre Peter e Felicia; uma guerra ideológica governamental contra os super-heróis; ou os traumas psicológicos de Venom. Gostei particularmente da sub-narrativa do Abutre que mostra que também os vilões têm entes queridos a quem querem fazer o bem. Mas infelizmente, estas sub-plots acabam por ser insuficientemente exploradas. E no final, a sensação com que se fica, é que Mark Millar não se conseguiu conter e acabou por criar um "guisado" de personagens – com demasiados heróis e, especialmente, vilões – que se conseguem atropelar narrativamente umas às outras. A partir do momento em que Venom surge na história, é o momento em que Mark Millar perde as rédeas da narrativa que estava – até aí – tão bem montada. É pena, porque quando se lê o primeiro volume, fica-se com a esperança de que este poderá ser um livro essencial do Homem-Aranha – daqueles que definem uma personagem. E, embora existam muitas coisas bem feitas e esta história seja – apesar de tudo – extremamente recomendável para os fãs do Aranha ou mesmo de Super-Heróis, no final fica-se com uma sensação de "remate ao poste". E isto – apenas e só – porque a história ficou demasiado over the top. Como diria Robert de Niro, "less is more". Bem que Mark Millar deveria falar com Robert de Niro sobre este tema.

A arte é magnífica para uma história do Homem-Aranha. Bons desenhos, boas cores, boa planificação, boas cenas de ação, alternadas entre cenas mais calmas. É a arte que uma personagem emblemática como o Homem-Aranha precisava. Terry Dodson e Frank Cho fazem um trabalho exemplar nestes livros. Não tenho muito mais a opinar sobre a componente ilustrativa, pois considero-a excelente para o tipo de história que temos em mãos.

Quanto às edições, pode-se dizer que são de boa qualidade. São livros robustos, com boa encadernação, e papel adequado para este tipo de comic americano. Têm extras interessantes que contextualizam as personagens e a história. Nota positiva para, antes de cada livro começar, haver uma página, denominada “a história até aqui” que dá aos leitores mais desatentos - ou àqueles que não estão à vontade com as personagens e tramas do universo do Homem-Aranha – uma sintética contextualização da história. Ainda para mais, tendo em conta que estes dois livros não foram publicados de seguida – com 4 livros pelo meio – diria que foi um pequeno detalhe muito acertado. As lombadas dos livros formam também uma imagem cativante. Mas neste ponto, a Salvat apenas está a distribuir 40(!) dos 60 volumes da coleção original portanto, a imagem formada da lombada fica incompleta, o que é uma coisa totalmente incompreensível. É a editora a ficar refém da sua própria cartada que procura deixar igualmente reféns os leitores que não resistem a uma lombada apelativa. Neste caso, acredito que muitos desses leitores que se vêm tentados a adquirir coleções (também) por causa da lombada, não o tenham feito por saberem, de antemão, que a lombada estaria incompleta. É caso para dizer: vira-se o feitiço contra o feiticeiro. 

Gostaria que a série tivesse sido distribuída em português de Portugal e não em brasileiro. Compreendo que para a Salvat - devido aos custos inerentes a adaptar a série ao português de Portugal - talvez não compensasse mas, do ponto de vista da leitura, seria bem melhor. Ainda assim, pela história em si, penso que os portugueses lerão estes livros sem problemas.

Concluindo, para os fãs de comics, de histórias de super-heróis ou do Homem-Aranha, diria que estes dois livros Homem-Aranha Caído Entre os Mortos e Homem-Aranha: Herói da Resistência são mais do que obrigatórios. Para os fãs de banda desenhada em geral, diria que esta proposta é bastante interessante para mergulhar no universo deste célebre super-herói. Com mais moderação na utilização de certos personagens, poderia ser uma obra perfeita. 


NOTA FINAL (1/10)
8.6


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


-/-

Fichas Técnicas
Homem-Aranha: Caído Entre os Mortos
Autores: Mark Millar, Terry Dodson e Frank Cho
Editora: Salvat - Panini Comics
Páginas: 168, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: 2017

Homem-Aranha: Herói da Resistência
Autores: Mark Millar, Terry Dodson e Frank Cho
Editora: Salvat - Panini Comics
Páginas: 160, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: 2017