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terça-feira, 9 de setembro de 2025

Já decorre a campanha de crowdfunding para a Umbra #5!



A campanha de crowdfunding para o lançamento impresso do quinto volume da antologia de banda desenhada Umbra já está ativa!

A campanha procura atingir 2.900€ para poder financiar a impressão do quinto número da antologia. Esta é uma das minhas antologias preferidas de banda desenhada, como tenho referido várias vezes.

A belíssima ilustração da capa é da autoria de Rita Alfaiate e poderemos encontrar histórias dos autores Vasco Colombo, Pedro Morais, Fernando Relvas, Pedro Moura, Marta Teives e Gustaffo Vargas.

Reservem já o vosso exemplar, contribuindo para a campanha de crowdfunding que pode ser encontrada, aqui.


Mais abaixo deixo-vos com as primeiras imagens do projeto que, por agora, são conhecidas.







quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Levoir lança "Os Lusíadas" em Banda Desenhada!


A Levoir acaba de lançar uma adaptação para banda desenhada da célebre Os Lusíadas, de Camões!

Este é mais um dos livros da coleção Clássicos da Literatura Portuguesa em BD que a editora tem vindo a lançar em parceria com a RTP.

Ao leme desta adaptação estão os autores Pedro Moura (que, da mesma coleção, também adaptou Mensagem, com Susa Monteiro), Daniel Silvestre, João Lemos e Miguel Rocha. E uma das coisas que me está a deixar bastante curioso com este livro em particular é que é desenhado a seis mãos, por três autores distintos. Algo que, convenhamos, é pouco comum na banda desenhada portuguesa.

Posso dizer que fiquei bastante agradado com as pranchas que já vi deste livro. Esta é a primeira de duas partes e espera-se que o segundo livro seja editado no primeiro trimestre de 2025.
Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa da editora e com algumas imagens promocionais.


Os Lusíadas - Primeira Parte, de Pedro Moura, Daniel Silvestre, João Lemos e Miguel Rocha

A Levoir e a RTP editaram no passado fim-de-semana na abertura do Festival Amadora BD, Os Lusíadas, uma das obras mais importantes da literatura de língua portuguesa. A obra está integrada numa exposição em conjunto com Mensagem de Fernando Pessoa. 

Pedro Moura fez a adaptação do argumento e Daniel Silvestre, João Lemos e Miguel Rocha a ilustração deste primeiro volume.

Os Lusíadas foram escritos pelo poeta português Luís Vaz de Camões e publicados em 1572. Trata-se de um poema épico, que glorifica o povo português. Narra a descoberta do caminho marítimo para a Índia pelo navegador Vasco da Gama.

Camões nasceu em Lisboa, por volta de 1524. Em 1527, durante uma epidemia de Peste, em Lisboa, D. João III e a corte transferiram-se para Coimbra, os pais e Camões com apenas três anos, acompanharam o rei.

Luís de Camões viveu a sua infância na época das grandes descobertas marítimas e também no início do Classicismo em Portugal. Foi aluno do colégio do convento de Santa Maria e tornou-se um profundo conhecedor de história, geografia e literatura.

Em 1537, D. João III transferiu a Universidade de Lisboa para Coimbra. Camões iniciou o curso de Teologia, mas levava uma vida irrequieta, desordeira, além da fama de conquistador, mostrando pouca vocação para a Igreja.

Em 1544, com 20 anos, deixou as aulas de teologia e ingressou no curso de filosofia. Já era conhecido como poeta. 

Nessa época, compôs uma elegia à Paixão de Cristo, que ofereceu ao seu tio. 

Os seus versos revelam que estudou os clássicos da Antiguidade e os humanistas italianos.

Leitura obrigatória para o 9º ano.

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Ficha técnica
Os Lusíadas - Primeira Parte
Autores: Pedro Moura, Daniel Silvestre, João Lemos e Miguel Rocha
Adaptado a partir da obra original de: Luís de Camões
Editora: Levoir
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 210 x 285 mm
PVP: 15,90€

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Sermão de Santo António aos Peixes ganha versão em Banda Desenhada!


Já chegou às livrarias o novo livro da coleção dos Clássicos da Literatura Portuguesa em BD, da Levoir e da RTP!

Desta vez, estamos perante a adaptação para banda desenhada do Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira.

Este é o terceiro lançamento desta coleção e volta a trazer-nos Pedro Vieira de Moura na adaptação da obra original, que já tinha sido o argumentista de a Mensagem, de Fernando Pessoa. As ilustrações deste Sermão de Santo António aos Peixes ficaram a cargo de Bernardo Majer (autor de Estes Dias e de Toutinegra).

O livro já se encontra disponível em livraria.

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa e com algumas imagens promocionais.

Sermão de Santo António aos Peixes, de Pedro Vieira de Moura e Bernardo Majer

A 13 de Junho de 1654, dia de Santo António, o Padre António Vieira prega no Maranhão, Brasil, o Sermão de Santo António aos Peixes, obra que a Levoir e a RTP editam a 2 de abril.

O autor, Padre António Vieira, foi missionário, teólogo, diplomata e orador, nasceu em Lisboa, em 1608. Em 1614, foi para o Brasil com a família, onde mais tarde ingressou no Colégio dos Jesuítas de Salvador, Baía. Foi ordenado padre, tendo iniciado a sua carreira de pregador em 1633.
Voltou a Portugal, onde participou ativamente na vida política, colocando-se em defesa dos cristãos-novos e despertando o ódio da Inquisição, o que resultou na sua prisão. É considerado o principal autor do barroco de Portugal e do Brasil. Grande orador, pregava com eloquência para índios, brancos, negros, brasileiros, africanos, portugueses, dominadores e dominados. Os seus sermões, apesar de quase sempre direcionados à pregação do cristianismo, também serviram às causas políticas do seu tempo, como a defesa do índio e da colónia.

O Sermão de Santo António aos Peixes, foi proferido na cidade de São Luís do Maranhão, na sequência de uma disputa com os colonos portugueses no Brasil. constitui um documento surpreendente de imaginação, habilidade oratória e poder satírico do Padre António Vieira. Com uma construção literária e argumentativa notável, o sermão tem como objetivo louvar algumas virtudes humanas e, principalmente, censurar com severidade alguns vícios dos colonos.

O Sermão de Santo António aos Peixes, faz parte das leituras do 11º ano.~

Pedro Vieira de Moura, argumentista deste livro, de Mensagem e também de Os Lusíadas, é docente (presentemente Escola Superior de Arte e Design-Caldas da Rainha, Universidade do Algarve, Escola Superior Artística do Porto e Ar.Co), investigador académico, crítico, ensaísta, documentarista, comissário de exposições e galerista, semi-editor e lojista ocasional.

A banda desenhada é da autoria do ilustrador/designer Bernardo Majer, nascido em 1990. Bernardo Majer tirou a licenciatura de Design de Comunicação na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, e trabalha como designer gráfico na VMLY&R Branding desde 2014. Foi vencedor da Melhor Obra de Banda Desenhada de Autor Português no Festival Amadora BD em 2022.

Para o dossier pedagógico foi escolhido o Professor Dr. João Paulo Braga investigador do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos, Universidade Católica Portuguesa.

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Ficha técnica
Sermão de Santo António aos Peixes
Autores: Pedro Vieira de Moura e Bernardo Majer
Adaptado a partir da obra original de: Padre António Vieira
Editora: Levoir
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 210 x 285 mm
PVP: 15,90€

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Análise: Mensagem

Mensagem, de Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro - Levoir - RTP

Mensagem, de Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro - Levoir - RTP
Mensagem, de Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro

Começo por dizer o óbvio: adaptar para banda desenhada Mensagem, de Fernando Pessoa, essa obra incontornável da literatura portuguesa, parece-me um verdadeiro cabo dos trabalhos. Uma demanda verdadeiramente hercúlea! Não só por ser um trabalho em poesia, com um texto complexo e rico, e com um tema histórico-contemplativo, mas também por ser uma obra carregada de insinuações, interpretações, misticismos e mensagens subliminares. E, ainda por cima, é uma obra onde o seu texto assenta, em termos de forma, numa estrutura bastante rígida. Digo-vos mais ainda: não sei se consigo pensar numa obra da literatura portuguesa mais difícil de adaptar para banda desenhada. Não me espanta por isso que, Silvia Reig, responsável da editora Levoir, que edita esta obra na sua coleção de Clássicos da Literatura Portuguesa em BD, tenha referido numa entrevista que deu à televisão (!) que houve um primeiro argumentista que acabou por desistir da ideia de adaptar para banda desenhada esta obra de Fernando Pessoa. Esse argumentista não fui eu… mas bem que podia ter sido!

Mensagem, de Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro - Levoir - RTP
O trabalho acabou por ficar assente nos ombros de Pedro Vieira de Moura que, sabiamente, fez as escolhas certas na forma como abordou a emblemática obra de Fernando Pessoa. O trabalho de Vieira de Moura foi, por isso, bastante sóbrio e acertado, quanto a mim.

É claro que, como quase tudo o que Fernando Pessoa escreveu, há nesta - e em qualquer outra - adaptação de Mensagem uma verdadeira dose de interpretação, tal não é profundo e profícuo o universo ao qual o maior autor da literatura portuguesa de sempre nos convida a entrar nesta obra. Sim, eu sei: foram muitos os estudiosos e académicos que interpretaram e decifraram as analogias, figuras de estilo e mensagens subliminares contidas na própria Mensagem. No entanto – e nem tentem dizer-me o contrário! – os estudos que se fazem sobre esta obra são sempre meramente especulatórios e potencialmente redutores. Ainda assim, pode-se afirmar com propriedade que a obra reflete sobre a identidade nacional de Portugal, explorando temas como a história, a mitologia, a religião e a saudade. Tudo isto são elementos intrínsecos à cultura portuguesa e são-nos dados por Fernando Pessoa através de um rico e complexo relato poético.

Mensagem, de Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro - Levoir - RTP
Pedro Vieira de Moura optou por deixar o texto como ele é, tentando respeitar também as três partes que dividem a obra: “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto”. Para isso, o autor decidiu incluir no cimo das pranchas uma referência às partes concretas do poema a que as pranchas dizem respeito. Foi uma escolha acertada, pois não só serve como uma certa forma de mapeamento do próprio momento da obra em que estamos, como acaba por ter um cariz didático. Estou a imaginar um jovem que está a estudar a Mensagem na escola e, com esta banda desenhada, e graças às tais referências de que falo, consegue visualizar e, quiçá, perceber melhor as palavras do mestre Fernando Pessoa.

Pedro Vieira de Moura poderia ter interpretado, por palavras suas, o significado da Mensagem, mas optou, e bem, por se resguardar dessa empreitada, sendo fiel ao texto original da obra. Todavia, obviamente, em termos de ilustração visual, teve que haver uma interpretação mais direta das palavras. E, portanto, nessa vertente acaba por haver toda uma conjetura - também ela potencial alvo de subconjeturas. Para isso, coube, portanto, à ilustradora Susa Monteiro - em estreita colaboração com Pedro Vieira de Moura, imagino – o desenho de tais momentos.

E que belas ilustrações Susa Monteiro nos oferece neste Mensagem! Digo até mais, Susa Monteiro foi o casting perfeito para este livro. Até porque o estilo de ilustração da autora, podendo não ser o mais ajustado para outros tipos de banda desenhada, encaixa que nem uma luva numa adaptação deste gabarito.

Mensagem, de Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro - Levoir - RTP
Com efeito, quem conhece o estilo de desenho da autora, verá facilmente o quão fiel a ele mesmo a autora se revela neste livro. O traço é simples – mas não tão simples como, à primeira vista, pode parecer - de cariz naïf, envergando o estilo perfeito para que mergulhemos nesses tempos idos, relembrados e reinterpretados por Fernando Pessoa. Mesmo em termos de planificação, a autora utiliza várias opções narrativas de algum arrojo, que se encaixam muito bem no espírito da obra: seja a utilização de uma espada para separar quatro vinhetas, a opção por ilustrações de página dupla ou a utilização de vinhetas de todas as dimensões, em que as de maior tamanho surpreendem pela beleza.

É verdade que, a certa medida, são ilustrações que se apresentam algo estáticas quando se pretende passar qualquer ideia de movimento, mas, lá está, tendo em conta a natureza contemplativa e interpretativa de um texto já de si contemplativo de um passado lusitano de glória, acaba por funcionar muito bem.

Em todas as páginas encontramos uma beleza simples e, portanto, carregada de Portugalidade nos desenhos de Susa Monteiro. As próprias guardas do livro, sendo lineares, transmitem beleza e um saboroso aperitivo para o que aí vem. E tenho que dizer que algumas das partes mais conhecidas deste extenso poema de Fernando Pessoa, como por exemplo, a do “Oh Mar Salgado…” estão representadas de forma exímia por Susa Monteiro.

Mensagem, de Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro - Levoir - RTP
Quanto à edição da Levoir, temos um livro em capa dura baça, com bom papel no miolo e boa impressão e boa encadernação. No final, e tal como já acontecera na anterior coleção Clássicos da Literatura em BD, temos um muito bem traçado dossier informativo, onde são dadas informações sobre a obra, sobre o autor e sobre o contexto histórico em que o mesmo viveu. E isto, naturalmente, engrandece a qualidade da proposta editorial.

A coleção é parecida à anterior dos Clássicos da Literatura em BD, mas apresenta algumas diferenças. Em termos visuais, as capas são agora coloridas. Parece-me uma boa opção, que as torna apelativas e menos frias. O lettering dos títulos continua a ocupar a grande mancha da capa. Ainda que admita que o aspeto é apelativo e, especialmente, original, não posso deixar de apontar que, na parte inferior da capa, a informação referente ao nome da coleção, ao nome dos autores e à utilização dos logótipos da Levoir e da RTP está muito mal arrumada em termos de grafismo. Diria que funcionaria muito, mas mesmo muito melhor, se tivesse sido utilizado um belo friso horizontal que tivesse toda esta informação de uma forma com um mínimo de aprumo na arrumação dos elementos gráficos. Mesmo assim, destaca-se a boa opção de dar destaque, na capa, aos autores responsáveis pela adaptação.

Mensagem, de Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro - Levoir - RTP
E, pondo os detalhes sobre o grafismo da edição em segundo plano, importa dizer que esta coleção é uma grande aposta por parte da Levoir! E que aplaudo veementemente! Não só por se centrar na cultura portuguesa, como por ser feita (adaptada) por autores maioritariamente portugueses. A escolha de obras parece-me interessante, com nomes incontornáveis como Fernando Pessoa, Luís de Camões, Gil Vicente, Almeida Garret, Fernão Mendes Pinto, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco ou Alexandre Herculano mas, ainda assim, pergunto-me se, em vez da aposta em algumas obras que, não obstante o seu valor literário inquestionável, têm menos appeal comercial, não teria sido interessante a introdução de obras de autores mais contemporâneos - embora igualmente clássicos - como José Saramago, Aquilino Ribeiro, Vergílio Ferreira, António Lobo Antunes, José Cardoso Pires, Sophia de Mello Breyner Andresen, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Miguel Torga ou Agustina Bessa-Luís, por exemplo. Espanta-me especialmente que não exista uma adaptação de um dos romances do único Prémio Nobel da literatura portuguesa quando se lança uma coleção que procura adaptar os Clássicos da Literatura Portuguesa. Mas, talvez me esteja a adiantar nesta minha análise e talvez estes nomes que elenco já estejam pensados para uma potencial segunda coleção. Atenção: isto é meramente uma especulação da minha parte. Mas leram-na aqui em primeiro lugar.

Em suma, Mensagem abre bem a coleção de Clássicos da Literatura Portuguesa em BD. Sendo uma obra de inquestionável dificuldade de adaptação para banda desenhada – ou para qualquer outro meio – devo dizer que o trabalho conjunto de Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro me convenceu. Tal como, aliás, me convence esta coleção e toda a pertinência que a mesma tem para Portugal, dando uma achega na interpretação dos clássicos e permitindo, quiçá, a introdução à banda desenhada por parte de uma larga franja de leitores que, de outra forma, poderia não cruzar caminhos com a 9ª arte.


NOTA FINAL (1/10):
8.4



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Mensagem, de Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro - Levoir - RTP

Ficha técnica
Mensagem
Autores: Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro
Adaptação a partir da obra original de: Fernando Pessoa
Editora: Levoir
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 210 x 285 mm
Lançamento: Janeiro de 2024

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Levoir lança clássicos da literatura portuguesa em BD!


A Levoir prepara-se para lançar, já a partir do próximo dia 23 de Janeiro, uma das suas grandes apostas para este ano de 2024!

Falo de uma coleção de adaptações para banda desenhada de Clássicos da Literatura mas, ao contrário das anteriores duas coleções, que se baseavam em adaptações da literatura internacional, e que já haviam sido publicadas pela editora francesa Glénat, - excetuando as três obras de origem portuguesa Os Maias, Amor de Perdição e Auto da Barca do Inferno - esta nova coleção é feita de raiz para o mercado português, adaptando apenas obras da literatura portuguesa e tendo autores nacionais envolvidos nessas mesmas adaptações. 

E há, portanto, uma diferença gritante entre as duas coleções anteriores e esta. E convém que isto seja sabido e compreendido por todos.
É uma iniciativa que considero verdadeiramente relevante para a banda desenhada nacional, portanto, dou os meus parabéns à editora por esta aposta. Se tivermos em conta que a Levoir - tirando algumas raras exceções - não tem apostado muito na edição de banda desenhada oriunda de Portugal, a iniciativa pode ser considerada ainda como mais marcante!

O primeiro dos volumes é a adaptação para banda desenhada da Mensagem, de Fernando Pessoa, por parte dos autores Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro, e deverá chegar às livrarias no próximo dia 23 de Janeiro.

Esta é uma coleção que a Levoir edita em parceria com a RTP.

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa da editora, em que apresenta a coleção e, mais concretamente, o primeiro livro da mesma.

Coleção Clássicos da Literatura Portuguesa em BD

Os Clássicos da Literatura em BD estão de regresso!

A Levoir e a RTP editam a partir de 23 de janeiro uma coleção inédita, sobre os Clássicos da Literatura Portuguesa em BD.

Criada de raiz, tem na sua maioria argumentistas, ilustradores e responsáveis pelo dossier pedagógico portugueses, a coleção é composta por 15 volumes, dois deles serão em 2 volumes: Peregrinação e Os Lusíadas.





Lista de Obras

1. Mensagem - Fernando Pessoa

2. Farsa de Inês Pereira - Gil Vicente

3. Sermão de Santo Antonio aos peixes - Padre António Vieira

4. Carta a el-Rei D. Manuel sobre o Achamento do Brasil - Pero Vaz de Caminha

5. O Fato novo do Sultão - Guerra Junqueiro

6. Frei Luís de Sousa - Almeida Garrett

7. O Crime do Padre Amaro - Eça de Queirós

8. Crónica de D. João I - Fernão Lopes

9. Peregrinação I - Fernão Mendes Pinto

10. Peregrinação II - Fernão Mendes Pinto

11. A Dama do Pé-de-Cabra - Alexandre Herculano

12. Menina e Moça - Bernardim Ribeiro

13. Maria Moisés - Camilo Castelo Branco

14. Os Lusíadas I - Luís Vaz de Camões

15. Os Lusíadas II - Luís Vaz de Camões



No ano em que se celebra 90 anos da primeira edição, abrimos a coleção com Mensagem, um dos livros de poemas mais emblemáticos do multifacetado escritor português Fernando Pessoa.

Publicado apenas um ano antes da morte do autor,  a obra trata do glorioso passado de Portugal de forma apologética e tenta encontrar um sentido para a antiga grandeza e a decadência existente na época em que o livro foi escrito. Glorifica acima de tudo o estilo camoniano e o valor simbólico dos heróis do passado, como os Descobrimentos portugueses.

Originalmente intitulada Portugal, a obra publicada em 1934 continua tão atual hoje como quando foi publicada.

Contém 44 poemas agrupados em 3 partes, representando as três etapas do Império Português: Nascimento, Realização e Morte, seguida de um renascimento.

A obra é adaptada por Pedro Vieira de Moura, especialista em Banda Desenhada e professor universitário, e tem belas ilustrações de Susa Monteiro, sendo o dossier pedagógico da autoria do especialista em Fernando Pessoa, Ricardo Belo de Morais da Casa Fernando Pessoa. 

O Pedro e a Susa oferecem uma releitura da Mensagem, uma outra forma de ver e de revisitar a obra de Pessoa, e é nos seus mais pequenos detalhes que poderão apreciar subtis novas visões do poema.


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Ficha técnica
A Mensagem
Autores: Pedro Vieira de Moura e Susa Monteiro
Adaptação a partir da obra original de: Fernando Pessoa
Editora: Levoir
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 210 x 285 mm
PVP: 15,90€

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Análise: Como Flutuam as Pedras

Como Flutuam as Pedras, de Pedro Moura e João Sequeira - A Seita

Como Flutuam as Pedras, de Pedro Moura e João Sequeira - A Seita
Como Flutuam as Pedras, de Pedro Moura e João Sequeira

Foi ainda durante o Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, que A Seita lançou o livro Como Flutuam as Pedras que junta, em livro, e pela primeira vez, dois nomes incontornáveis da banda desenhada portuguesa: Pedro Moura e João Sequeira.

Não vos vou mentir (até porque nunca o faço): Como Flutuam as Pedras não é um livro simples, de leitura fácil. É um livro denso, pesado (enquanto objeto-livro, mas também enquanto obra) e que exige do leitor que este mergulhe, de forma bem profunda, na trama que nos é dada.

Há aqui outra coisa relevante: a junção de Pedro Moura – um verdadeiro teórico, de belas palavras caras e eruditas – a João Sequeira – cuja imagética que advém das suas ilustrações é tão abstrata e, também, poderosa – fazem deste duo criativo uma autêntica força nacional da banda desenhada abstrata, profunda, densa que, não sendo para todos, almeja conquistar – e fá-lo com distinção – um público de banda desenhada, quiçá, mais erudito e intelectual. E isto é uma boa nova porque defendo que a criação nacional deverá ser capaz de originar banda desenhada para todos os tipos de público.

Como Flutuam as Pedras, de Pedro Moura e João Sequeira - A Seita
É verdade que se esta história de Pedro Moura fosse desenhada por um outro ilustrador, que não o João Sequeira, poderia ser mais leve e fácil para absorver, tal como também é verdade que se João Sequeira fizesse uma obra que não fosse escrita por Pedro Moura, esta seria mais fácil de interpretar. Mas, mesmo por esse motivo, repito: este duo criativo é quase como uma super-team da banda desenhada nacional intelectual, destinada a um público mais erudito.

Quanto à história arquitetada por Pedro Moura, Como Flutuam as Pedras dá-nos uma viagem da misteriosa protagonista Constança a uma terra aparentemente diferente daquela em que vive. São dois mundos que parecem estar separados por um rio. Ou será uma lagoa? A história está carregada de várias alegorias e elementos simbólicos e místicos, que aumentam o mistério perante os acontecimentos que vamos testemunhando.

No início, nada é claro e Pedro Moura deixa-nos à deriva durante grande parte do livro. Só lá mais para o meio, e a conta-gotas, o autor vai abrindo o véu, mostrando-nos possíveis caminhos para a interpretação do seu construto narrativo. E sim, são possíveis caminhos e dados que o autor nos oferece, cabendo depois ao leitor a tarefa de interpretá-los com base na sua perceção pessoal. É, portanto, um livro de interpretação que, por ventura, será diferente de leitor para leitor. Claro que, de forma mais sintética, podemos dizer que Como Flutuam as Pedras traça o paralelismo entre o mundo dos vivos e dos mortos. E a forma como, aparentemente, são os vivos quem tem as ferramentas para criar pontes entre os dois mundos. Se o fazemos tantas vezes como seria desejável, isso já é uma outra conversa. Mas esta, claro, é a minha interpretação da obra que, volto a dizer, acaba por ser pessoal e, portanto, corre o risco de ser enviesada.

Como Flutuam as Pedras, de Pedro Moura e João Sequeira - A Seita
De resto, sente-se uma própria crítica social a certas desigualdades que existem em qualquer mundo que seja habitado por humanos. Mesmo que seja o universo dos mortos. Não há volta a dar: a ação de criar classes, grupos e estratos, com mais ou menos privilégios, é algo recorrente à nossa espécie.

Se Como Flutuam as Pedras é um livro que é complexo aquando a primeira leitura que dele fazemos, é uma obra que, quando a lemos pela segunda vez, já munidos do conhecimento e reflexão que dela retirámos na primeira leitura, se torna mais vívida e percetível.

E como o texto de Pedro Moura é bem escrito e denso, também as ilustrações de João Sequeira são bem concebidas e densas. Com o seu estilo muito pessoal e original, o autor pinta-nos autênticos quadros expressionistas, sob a forma de vinhetas a preto e branco, que nos levam numa viagem onírica ao mundo imaginado por Pedro Moura.

No seu registo muito pessoal, a que já nos habitou em livros como Tormenta e Lugar Maldito (ambos com argumento de André Oliveira) ou na sua mais recente adaptação do conto de Rui Cardoso Martins, Espelho da Água, João Sequeira oferece-nos belas ilustrações a preto e branco, onde saltam à vista as grossas camadas de tinta preta que, se por um lado, preenchem, por vezes, o espaço de forma quase claustrofóbica, também contribuem para o signature style do autor e, por conseguinte, para a afirmação artística de João Sequeira. São desenhos que, de soslaio, poderão parecer simples, mas que uma observação atenta confirma como complexos, densos e detalhados.

Como Flutuam as Pedras, de Pedro Moura e João Sequeira - A Seita
Quanto a mim, e mesmo admitindo que é uma questão de gosto meramente pessoal, considero que são desenhos que, por serem tão repenicados, acabam por se situar em dois polos: por vezes, acho que são das coisas mais maravilhosas que podemos encontrar. E, dando razão a essa afirmação, há várias ilustrações neste Como Flutuam as Pedras que são de cortar a respiração e que, sinceramente, gostaria de ter emolduradas na minha casa. Por oposição, também há algumas ilustrações que considero demasiado cheias e onde tive que semicerrar os olhos para perceber o que se estava efetivamente a passar. Dito por outras palavras, há casos em que, pelo menos para mim, João Sequeira leva nota 20, mas também há outros desenhos onde sinto que “menos seria mais”.

Não obstante, considero Como Flutuam as Pedras o melhor trabalho do autor, pois parece-me que o mesmo está a desenhar de forma completamente livre e confiante – como fazem os Grandes Artistas. E não ousemos sequer pestanejar: João Sequeira é um dos grandes artistas da banda desenhada portuguesa. E prova-o ainda com mais veemência neste livro quando, lá mais para o meio, e de forma a ilustrar o “mundo dos vivos”, chamemos-lhe assim, utiliza uma técnica diferente de desenho, onde a liquidez típica da aguarela se alastra pelas belas páginas. Ficamos, então, com dois tipos diferentes de ilustração em Como Flutuam as Pedras que trazem mais fluidez e, até, um certo tipo de leveza imagética à obra. Ou menos peso imagético, vá.

Como Flutuam as Pedras, de Pedro Moura e João Sequeira - A Seita
E, para isso, também contribui a opção por lançar um livro em grande formato. As ilustrações de João Sequeira precisavam disso para melhor poderem respirar e para que o autor se pudesse recriar mais em termos de planificação, fazendo bom uso de diversas ferramentas narrativas visuais.

Assim, e olhando para o trabalho de edição, tenho que dar uma palavra de apreço à editora A Seita por ter percecionado o potencial que as ilustrações de João Sequeira teriam para um lançamento em grande formato. O próprio editor José de Freitas fez menção a isso aquando a apresentação do livro em Beja, a que tive o prazer de assistir, referindo que teve que, de certa forma, arriscar para proporcionar este formato maior à obra. É claro que, certamente, este grande formato encareceu o livro, mas, parece-me, também tornou mais valiosa a relevância visual da obra, deixando respirar as cheias ilustrações de João Sequeira. Depois de Como Flutuam as Pedras, estou certo de uma coisa: os próximos livros de João Sequeira merecem ser lançados em grande formato para melhor serem apreciados.

Esta generosa edição, em termos de formato, d’ A Seita também me permite dizer que é bom ver que, cada vez mais, as editoras portuguesas não olham para os autores portugueses como “pequenos autores simpáticos” que merecem ver editados os seus “livrinhos”; mas sim como autores tão relevantes ou capazes como os autores de renome internacional. Isto acaba por ser um trabalho de valorização que, quero acreditar, permitirá que se colham frutos a médio/longo prazo. Para além do formato megalómano, o livro apresenta capa dura baça, bom papel baço, boa encadernação e boa impressão.

Em suma, Como Flutuam as Pedras é um livro complexo e que, quiçá, não será para todos os leitores de banda desenhada, mas que, e apesar disso, nos traz uma excelente reflexão sobre a vida e sobre a morte e o quão ténue é aquilo que separa os vivos dos mortos. A sustentar a história, temos um João Sequeira que, possivelmente, nos oferece nesta obra o seu melhor trabalho de sempre.


NOTA FINAL (1/10):
8.5



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Como Flutuam as Pedras, de Pedro Moura e João Sequeira - A Seita

Ficha técnica
Como Flutuam as Pedras
Autores: Pedro Moura e João Sequeira
Editora: A Seita
Páginas: 160, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 235 x 325 mm
Lançamento: Maio de 2023

quinta-feira, 27 de julho de 2023

A Seita lança novo livro de Pedro Moura e João Sequeira!



Já está a chegar às livrarias o novo livro de Pedro Moura e João Sequeira, publicado pel' A Seita, que se chama Como Flutuam as Pedras

O livro foi originalmente apresentado e lançado no Festival Internacional de Bana Desenhada de Beja mas só agora se encontra facilmente disponível em livraria.

Ainda não o li, mas posso dizer que gostei bastante da apresentação, em Beja, e que a belíssima arte de João Sequeira tem tudo para funcionar melhor num livro em grande formato.

Estou bastante curioso, portanto.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.

Como Flutuam as Pedras, de Pedro Moura e João Sequeira

“Fomos esperados sobre a Terra” - Walter Benjamin

Uma terra apartada por um largo rio só é misterioso se não existirem pontes que a alcancem.

Mas ela pode encerrar muitas respostas. Será a viagem nocturna de Constança a solução desse enigma? Um romance gráfico em que o realismo mágico revela a necessidade de criarmos a maior comunidade humana possível.

Depois de algumas experiências com histórias curtas de banda desenhada, bem como outros projectos, este é o primeiro livro criado em conjunto por Pedro Moura e João Sequeira.

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Ficha técnica
Como Flutuam as Pedras
Autores: Pedro Moura e João Sequeira
Editora: A Seita
Páginas: 160, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 235 x 325 mm
PVP: 28,00€

segunda-feira, 22 de maio de 2023

A Antologia Umbra está de volta!


Boas notícias para os seguidores deste belo projeto! A Antologia Umbra está de volta! Depois de mais uma campanha de crowdfunding bem sucedida, o 4º número desta antologia deverá chegar-nos nas próximas semanas!

Há um lançamento previsto para ocorrer no dia 27 de Maio, na Kingpin Books. De resto, o livro deverá ser apresentado nos vários eventos que se aproximam, nomeadamente na Feira do Livro de Lisboa, no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja e no Maia BD.

Para já, estão confirmadas as participações dos autores Filipe Abranches (mentor do projeto), Simon Roy, André Oliveira, Rita Alfaiate, Pedro Moura, Marco Gomes, Réza Benhadj e James Romberger.

Mais abaixo, deixo-vos com as sinopses de cada uma das histórias que compõem esta antologia, bem como com algumas imagens promocionais.


Umbra #4, de Vários Autores

Torre, de Filipe Abranches
Numa narrativa de historiografia alternativa, um elemento das forças de segurança perde-se nas tramas conspirativas que se urdem perto de uma imensa e misteriosa Torre, erguida numa Lisboa dos anos 80 fustigada por uma pandemia e cataclismos climáticos. Sob a vigilância da Torre, o suspense...


A Jóia da República Central, de Simon Roy
Já se passaram décadas desde as batalhas de Altamira, mas um jovem investigador quer descobrir os últimos traços dos pilotos de amplificadores. Um passeio pelas montanhas pode desvendar memórias, destroços e até rivalidades. O tempo sara as feridas?

Nic, de André Oliveira e Rita Alfaiate
Cuidado ao fugir das responsabilidades da vida, e não olhar para os dois lados ao atravessar a estrada, pois o perigo que nos aguarda pode ser o perigo que instigamos.


As brasas e a lenha, de Pedro Moura e Marco Gomes
A guerra é um tempestade que morde tudo em redor. 

Uma casa é um pequeno bote que singra nas tumultuosas águas, e em perigo protege uma família isolada. 

Que pode um pai fazer quando os monstros se aproximam?

Caranguejo Real – O Detective Paranormal Francês, de Réza Benhadj
Imaginemos um mundo em que um argumento de William Peter Blatty acabaria realizado por Jean-Pierre Melville e estamos próximos da chave desta história de um detective muito particular cujos casos não são resolvidos com a ponta de um revólver, mas sim com rituais e associações livres. Mas todos os ingredientes constituem um puzzle dramático.


Lazarus, de James Romberger
Para Hobbes, o estado pré-social da humanidade era o da bellum omnium contra omnes, “a guerra de todos contra todos”. A tecnologia salva ou fecha o ciclo? Joe sabe a resposta, o outro Joe ainda não. Se calhar não convém olhar o inimigo muito de perto, não nos assustemos com o reflexo.