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sexta-feira, 4 de março de 2022

Análise: Jolly Jumper já não responde

Jolly Jumper já não responde, de Guillaume Bouzard - A Seita

Jolly Jumper já não responde, de Guillaume Bouzard - A Seita
Jolly Jumper já não responde, de Guillaume Bouzard

Depois de O Homem que matou Lucky Luke e Procura-se Lucky Luke, ambos da autoria de Mathieu Bonhomme, e de Lucky Luke Muda de Sela, de Mawil, a editora A Seita publicou o quarto volume da coleção Lucky Luke visto por…, que dá pelo nome Jolly Jumper já não responde e que é da autoria de Guillaume Bouzard.

Já se sabe também que a editora portuguesa irá lançar Chocowboys, de Ralf König, que é o mais recente livro que saiu em França para esta coleção, o que fará com que os leitores portugueses apanhem a coleção no exato momento em que ela se encontra em França. E isso merece uma grande nota de louvores à editora A Seita" Em pouco tempo, ficaremos com uma coleção de 5 livros completa. Bom trabalho!

Jolly Jumper já não responde, de Guillaume Bouzard - A Seita
Olhando para este Jolly Jumper já não responde, devo dizer que é o livro mais "fraquinho" da série até agora. Bastantes furos abaixo dos livros de Bonhomme e, mesmo em relação ao livro de Mawil, que já muitos leitores dividiu, considero este livro de Bouzard bastante inferior.

Isto porque, tratando-se de uma obra que presta homenagem e/ou reinterpreta "o cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra", julgo que há dois caminhos possíveis: ou enveredar por uma homenagem mais séria, assente em belos desenhos que reimaginam a própria imagética do universo de Lucky Luke, tal como Bonhomme tem feito nos seus dois livros, ou então apostar na comédia e no cómico de situação inerente às fantásticas personagens da série. Foi isso que Mawil fez no seu livro de Lucky Luke e é isso que Bouzard tenta fazer neste Jolly Jumper já não responde. E, a meu ver, fá-lo duma forma muito “seca” e bastante desinspirada.

Atenção que, bem sei, falar de humor, e daquilo que nos faz rir, é das coisas mais subjetivas que pode haver. Há gostos para tudo e, por esse motivo, há também milhentas formas de se ser cómico. Sei também que, por ventura, terei nesta questão uma opinião um pouco à margem da sensação geral dos meus colegas críticos de banda desenhada, se tivermos em conta que até foi esta a obra que arrecadou o prémio MELHOR OBRA DE HUMOR nos VINHETA D’OURO 2021. Todavia, como este é um texto de opinião, que reflete as minhas perceções e análise pessoal, em oposição aos VINHETAS D’OURO que refletem a opinião geral do conjunto do painel de jurados – e que, por isso, não me canso de dizer, têm bastante relevância e força -, terei sempre, em textos de análise, me limitar a dizer aquilo que EU acho.

Jolly Jumper já não responde, de Guillaume Bouzard - A Seita
E a verdade é esta: Jolly Jumper já não responde não conseguiu mais do que me arrancar um sorriso amarelo num par de vezes. O humor com que Bouzard aqui nos brinda é desinspirado e extremamente repetitivo. E acho que é por ser repetitivo que até se torna irritante, por vezes. Estão a ver aquela situação em que alguém diz uma piada seca, que não vos fez rir minimamente e que, não contente com a situação, continua a repetir a mesma piada vezes sem conta? Se os gags de Bouzard neste livro não fossem tão repetitivos, talvez a experiência de leitura fosse muito mais positiva. O exemplo da brincadeira com a cor da camisa de Lucky Luke – que faz com que, automaticamente, a personagem deixe de ser reconhecida pelas demais - até foi engraçado numa primeira vez. Mas como é uma piada repetida ao longo de todo o livro, torna-se "seca" e preguiçosa. Ou a piada do guarda prisional que não se lembra do termo “daltónicos” e passa quase três páginas do livro a tentar lembrar-se da palavra certa. Ainda que o punchline final desta última piada tenha sido bem feito, a meu ver, não permitindo a Lucky Luke saber qual era a palavra que o guarda prisional tentava expressar, acho que o autor gastou demasiadas vinhetas numa piada mediana, vá.

Jolly Jumper já não responde, de Guillaume Bouzard - A Seita
A história tem dois fios condutores: por um lado, acompanha a demanda de Lucky Luke, que terá que escoltar os irmãos Dalton que souberam que a sua mãe tinha sido raptada. E, por outro lado, temos uma narrativa paralela que nos dá conta de que o famoso cavalo do Lucky Luke, Jolly Jumper, está triste e amuado com o seu cavaleiro, decidindo não mais lhe falar. Ao londo do livro, esta narrativa adicional vai estando mais e menos presente, acabando por assumir um papel secundário para a aventura que nos é dada. O que não deixa de ser curioso, tendo em conta que dá nome ao livro.

Quanto à ilustração, Bouzard dá-nos um trabalho simplista, com o traço algo arcaico, mas a saber passar as expressões das personagens de forma convincente e minimalista. As personagens – especialmente os irmãos Dalton – apresentam traços exagerados, como queixos ou narizes enormes. De um modo geral, e sem deslumbrar, considero que, em termos ilustrativos, a obra cumpre os pressupostos mínimos. Para um livro que se quer bem disposto e divertido, acho que é um tipo de desenho que funciona. Logicamente, poderia ser mais belo, com cenários mais trabalhados pelo autor. Mas é, no entanto, no argumento pouco dinâmico e nos gags desinspirados que a obra menos atinge a qualidade desejável, quanto a mim. Dito por outras palavras, com estes desenhos pouco virtuosos, o argumento – ou as piadas – teriam que ser fantásticos. Mas não o são.

Olhando para a edição d’A Seita, o livro mantém a qualidade dos anteriores, com capa dura, bom papel baço e uma boa encadernação e impressão. Ao contrário de alguns livros da coleção, que incluíam interessantíssimos extras sobre as obras, o único extra que este Jolly Jumper já não responde traz consigo é uma página com uma biografia de Bouzard.

Em suma, e ainda que nos cause alguns momentos de boa disposição, acho que, no seu todo, o livro acaba por ser o mais fraco da coleção até agora, apresentado um argumento algo infantil, piadas desinspiradas e uma ilustração que, cumprindo com os mínimos, fica um pouco aquém do que poderíamos desejar.


NOTA FINAL (1/10):
6.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Jolly Jumper já não responde, de Guillaume Bouzard - A Seita

Ficha técnica
Jolly Jumper já não responde
Autor: Guillaume Bouzard
Editora: A Seita
Páginas: 48, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Setembro de 2021

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Lucky Luke está de volta! E já há planos para um outro livro do cowboy!



E desta vez, é pelas mãos da editora A Seita, novamente, com mais um título que se insere na sua coleção Lucky Luke visto por...

Este é já o quarto volume desta coleção que conta com O Homem que Matou Lucky Luke e Procura-se Luky Luke, ambos de Matthieu Bonhomme e Luky Luke Muda de Sela, de Mawil.

Por agora, é Guillaume Bouzard quem nos remete para a sua própria visão do universo de Lucky Luke, criado por Morris, com este Jolly Jumper já não responde.

Este álbum já esteve à venda no Amadora BD mas só começará a aparecer nas bancas e nas livrarias a partir do meio desta semana.
Além deste livro, A Seita lançou, durante o festival de Amadora, mais sete(!) livros que, durante os próximos dias também deverão começar a ter distribuição em banca e em livrarias. Mais informações sobre esses livros serão dadas, por aqui, à medida que os mesmos cheguem aos pontos de venda.

A Seita confirmou ainda que durante a Primavera de 2022 irá lançar Chocowboys, de Ralf König, que é o mais recente livro que saiu em França para a coleção de Lucky Luke visto por...

Por agora, deixo-vos as imagens promocionais e a sinopse de Jolly Jumper já não responde.


Jolly Jumper já não responde, de Guillaume Bouzard
Jack Dalton inicia uma greve da fome na prisão, o que faz com que Lucky Luke seja chamado para resolver mais um problema relacionado com os Dalton. Mas essa não é a única situação que o cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra tem de enfrentar. Ele tem de fazer face a uma situação tão inesperada como grave: Jolly Jumper está aborrecido, amuou e deixou de lhe responder. Lucky Luke tenta desesperadamente retomar o diálogo com o seu fiel companheiro.

Publicado originalmente em 2017, por ocasião do 70º aniversário de Lucky Luke, Jolly Jumper já não Responde é o quarto volume da colecção Lucky Luke visto por..., que A Seita tem vindo a publicar em Portugal. Extremamente divertido, o livro de Guillaume Bouzard mostra um Lucky Luke diferente, mas tão hilariante quanto os melhores álbuns da série escritas por Goscinny.
Entre gags desopilantes, e trocadilhos e jogos de palavras, este Lucky Luke, com um traço cartunesco e muito marcado (vejam as páginas de amostra) é sem dúvida um dos mais “diferentes” que já editámos até hoje, talvez mais do que o do alemão Mawil... embora apostemos que o Lucky Luke do também alemão Ralf König, “Os Chocowboys!” que iremos lançar no início da Primavera 2022 será ainda mais diferente!

Nascido em 1968 em Paris, Guillaume Bouzard começou cedo a desenhar os seus professores nas margens dos cadernos e mais tarde no seu próprio fanzine Caca Bémol. Em 1989, com o seu amigo Pierre Druilhe vai criar a série Les Pauvres types de l'espace. Desde o final dos anos 80, multiplicando experiências gráficas e narrativas nas suas colaborações com inúmeras publicações independentes, Bouzard afirma-se como um dos pilares dos fanzines e um valor seguro da banda desenhada francesa contemporânea.
O seu humor singular, o seu dom como escritor de diálogos combinado com um traço vivo e inventivo confirmam-no como um dos autores mais cativantes da nova geração. Para além da sua colaboração com editoras independentes, como a Les Requins Marteaux e Six pieds sur Terre, onde publica a série Plageman, Bouzard colabora regularmente com a imprensa, seja na revista Fluide Glacial, seja em publicações generalistas como o jornal Libération, onde publicou uma tira diária sobre futebol em 2006.

Convidado pelo editor Philippe Osterman, da Dargaud, para criar um “Lucky Luke de autor”, por ocasião do 70º aniversário do cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra, Bouzard, mesmo não sendo fã de westerns, deu tão boa conta do recado que se tornou uma presença habitual neste tipo de homenagens, como atesta a sua participação nos álbuns colectivos Spirou défenseur des droits de l'homme, Tribute to Popeye, La galerie des gaffes, (homenagem a Gaston Lagaffe) e Mickey All Stars.

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Ficha técnica
Jolly Jumper já não responde
Autor: Guillaume Bouzard
Editora: A Seita
Páginas: 48, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 14,95€