Mostrar mensagens com a etiqueta Joana Mosi. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Joana Mosi. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela Comic Heart nos últimos 5 anos!


Hoje apresento-vos aquela que foi a melhor banda desenhada editada pela Comic Heart nos últimos 5 anos. Bem sei que esta é uma chancela que, atualmente, pertence à cooperativa editorial A Seita, da qual já aqui fiz um TOP 10, mas tendo em conta o facto de a Comic Heart se especializar em banda desenhada de autores nacionais, faz sentido que se assinale quais as 10 melhores obras de banda desenhada que esta chancela lançou nos últimos 5 anos.

Até porque a Comic Heart tem no seu catálogo alguns dos nomes maiores da banda desenhada nacional, o que revela bem a importância que foi conquistando ao longo da sua história recente.

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Deixo-vos então, mais abaixo, com as 10 melhores bandas desenhadas editadas pela Comic Heart nos últimos 5 anos:

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Análise: A Educação Física

A Educação Física, de Joana Mosi - Iguana - Penguin Random House

A Educação Física, de Joana Mosi - Iguana - Penguin Random House
A Educação Física, de Joana Mosi

A Iguana, uma chancela do grupo editorial Penguin Random House, publicou há poucas semanas o novo livro de Joana Mosi que dá pelo (curioso) nome de A Educação Física. E ainda antes de falar do novo livro, uma nota tenho que dar: parece-me de relevância o facto da Iguana ter vindo, cada vez mais, a apostar "mais a sério" em banda desenhada. Com efeito, de ano para ano se vê, por parte deste Grupo, a aposta em nova banda desenhada. E até com um especial ênfase em autores nacionais. 

Desta feita, o novo recrutamento nacional incidiu em Joana Mosi, uma autora com provas dadas em várias das suas obras. Relembro até que o seu último livro, O Mangusto, editado pel' A Seita, recebeu dois VINHETAS D'OURO de uma só vez (Melhor Obra de Autor Nacional e Melhor Argumento de Autor Nacional) no ano passado.

A Educação Física, de Joana Mosi - Iguana - Penguin Random House

Concentrando-me então neste A Educação Física, nota-se que Joana Mosi, talvez sem encantar, mas também sem desiludir, consegue oferecer-nos uma obra coesa e que assinala bem o quanto a autora (e, por ventura, o próprio mercado nacional?) tem amadurecido desde o seu início. Eis uma obra que não sendo, em teoria, comercial, acaba por ter um forte apelo comercial.

Parece esta afirmação incoerente? Explico melhor, então: acredito que talvez Joana Mosi não seja uma autora com a capacidade de agradar a todos os públicos - especialmente aos leitores de banda desenhada mais clássica - mas, por oposição, também tem o potencial de chegar a um outro público de banda desenhada, trazendo novos leitores para o género.

Goste-se mais ou menos, uma coisa é certa: Joana Mosi tem vindo a sedimentar a sua forma de contar uma história em banda desenhada, parecendo a autora estar num momento em que encontrou o seu estilo próprio, a sua forma de comunicar. Quer no tipo de história, quer no tipo de ilustração, Joana Mosi tem vindo, pois, a estabilizar o seu modus operandi. Se, por um lado, talvez isso faça com que este A Educação Física não tenha assim tanto de novo, face àquilo que a autora nos deu em O Mangusto, por outro lado, faz com que ambas as obras também acabem por ser leituras complementares. Quem adorou o anterior livro certamente apreciará esta nova empreitada.

A Educação Física, de Joana Mosi - Iguana - Penguin Random House
Quanto mais não seja porque a autora volta a dar-nos, bem ao jeito de outros autores nacionais, como Bernardo Majer, Joana Estrela ou Ana Pessoa, uma história moderna, bem ambientada nas crises existenciais do nosso tempo e especialmente experienciada por millennials. É por isso que considero que este A Educação Física é de e para millennials. Essa geração de relações pessoais mais casuais, de trabalhos mais precários, inundada por tecnologia e redes sociais, e que vive à mercê de um certo embate brusco com uma realidade que, não sendo trágica do ponto de vista político-social, também não parece trazer uma felicidade muito plena. Mas o que é, pergunto eu, uma felicidade plena? 

A Educação Física centra-se na personagem de Laura que, tendo recebido uma bolsa, se vê com dificuldades de inspiração para escrever o seu novo livro. Além de toda esta batalha criativa interna, a existência de Laura também é pautada por outras atividades quotidianas e idiossincrasias que dão cor e vida à personagem. A casa dos avós precisa de ser esvaziada e arrumada e o seu namorado, que vê apenas de quando a quando, é um homem casado com outra mulher. Além de tudo isto, ir ao ginásio - pelo qual se paga uma mensalidade - passou a ser um objetivo de Laura e das suas amigas quando, na verdade, nos tempos de adolescente, a aula de educação física - gratuita - era a que menos Laura e as amigas apreciavam. Há, pois, um certo vazio, um certo descontentamento, um certo sentimento agridoce na passagem da idade adolescente para a primeira idade adulta. E isso está impregnado um pouco por todo o livro, revelando uma obra algo resignada e onde ficam a pairar no ar certas pistas reveladoras de possíveis notas autobiográficas na obra.

A Educação Física, de Joana Mosi - Iguana - Penguin Random House
Mesmo assim, o estilo da obra é slice of life, procurando - mais do que tirar ilações diretas e rápidas - fazer o leitor refletir apenas pela observação direta destas personagens. Sem juízos ou sem sermões. Como se a obra também fosse um espelho refletor de uma nova geração. E diria que essa é uma das boas valências desta obra. 

Uma nota para o ritmo, lento, onde, mais uma vez, a autora parece especialmente dotada, fazendo a leitura - e, por conseguinte, o leitor - bailar ao ritmo lento que interessa à autora, através de frames, de pinceladas nos pormenores que habitam a história que é montada através de uma planificação propositadamente anárquica.

Em termos de desenho, o que merece mais destaque pela positiva é um certo erotismo, conseguido com vários planos próximos de detalhe que nos remetem para o melhor que o autor Bastien Vivès já nos ofereceu nas suas obras. Infelizmente, estes momentos até não são muito frequentes. O que me deixa até a pensar que adoraria, numa oportunidade futura, ver um livro de cariz demarcadamente mais erótico por parte de Joana Mosi, já que a autora consegue transpor para as suas pranchas pequenos fragmentos e vislumbres de imagens belas do corpo das personagens que se alojam na nossa memória.

A Educação Física, de Joana Mosi - Iguana - Penguin Random House
Mesmo assim, o estilo rápido, circunspeto a simplistas e lineares traços, onde, em certos casos, as personagens nem apresentam boca, olhos ou narizes, torna a experiência abstrata e por vezes um pouco mais vazia do que o desejável. Nuns casos funciona bem, centrando a atenção do leitor nos tais detalhes que já mencionei. Mas noutras situações admito que gostaria de ver um maior aprimoramento dos desenhos. Até porque, não esqueçamos, a autora já revelou ter esses skills técnicos em algumas das suas primeiras obras em BD.

A edição da Iguana é em capa mole baça com badanas. No miolo, o livro apresenta papel brilhante. Tendo em conta o estilo de ilustração da autora, não me parece que esta tenha sido a melhor opção. Acredito que um papel mais baço teria servido melhor o trabalho de Joana Mosi. Mas talvez seja uma questão subjetiva. De resto, o livro apresenta um bom trabalho ao nível de impressão e encadernação.

Em suma, A Educação Física é a confirmação da voz criativa de Joana Mosi num bom livro de banda desenhada que mesmo podendo (e devendo) não agradar ao leitor de BD mais clássica, terá o condão de apelar a novos leitores. O que é bom. Precisamos de uma banda desenhada nacional heterogénea e que chegue ao maior número possível de pessoas. E a obra de Joana Mosi terá a sua responsabilidade nessa batalha.


NOTA FINAL (1/10):
8.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



-/-

A Educação Física, de Joana Mosi - Iguana - Penguin Random House

Ficha técnica
A Educação Física
Autora: Joana Mosi
Editora: Iguana (Penguin Random House)
Páginas: 176, a preto e branco (com algumas páginas a cores)
Encadernação: Capa mole
Formato: 170 x 240 mm
PVP: Outubro de 2024

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Iguana prepara-se para lançar novo livro de Joana Mosi!



Depois do aclamado Mangusto, livro nomeado para variados prémios de banda desenhada - incluindo os VINHETAS D'OURO, que venceu em duas categorias - Joana Mosi está de volta ao lançamento de um novo livro!

Desta vez, a autora portuguesa fá-lo pelas mãos da Iguana (uma chancela da Penguin) que edita a sua mais recente criação que dá pelo nome de A Educação Física.

Este novo livro deverá chegar às livrarias a partir do próximo dia 7 de Outubro mas, por agora, já se encontra em pré-venda no site da editora.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.

A Educação Física, de Joana Mosi

Um livro profundo e melancólico sobre perda, amizade e a busca pela felicidade

Laura tem um ano para escrever o seu novo livro.

Todos os dias da semana tem de ir ao ginásio. A casa dos avós tem de ser esvaziada, arrumada e limpa. Os pratos partidos têm de ir para o lixo. Os alongamentos têm de ser feitos depois de todos os treinos. A mãe tem de arranjar forma de pendurar o quadro.

O livro precisa de ter uma história? O livro precisa de ter um tema. A meio de janeiro já não faz sentido desejar bom Ano Novo. O livro tem de ser escrito e o mundo precisa de mais casas no campo.

No seu estilo típico, neste novo livro Mosi dá-nos mais um “slice of life” brilhante.

-/-

Ficha técnica
A Educação Física
Autora: Joana Mosi
Editora: Iguana (Penguin Random House)
Páginas: 176, a preto e branco (com algumas páginas a cores)
Encadernação: Capa mole
Formato: 170 x 240 mm
PVP: 19,45€

terça-feira, 12 de setembro de 2023

Análise: O Mangusto

O Mangusto, de Joana Mosi - A Seita e Comic Heart

O Mangusto, de Joana Mosi - A Seita e Comic Heart
O Mangusto, de Joana Mosi

Por vezes, dá-me gosto pegar em duas obras de um autor, separadas por alguns anos, e compará-las entre si, verificando, deste modo, que alterações e que crescimento foi havendo no autor, entre o lançamento de uma e outra obra. Faço-o no cinema, na literatura, na música e, também, claro está, na banda desenhada.

E comparar o trabalho de Joana Mosi no seu mais recente livro, O Mangusto, publicado pel’A Seita e pela Comic Heart, com aquilo que a autora portuguesa nos tinha dado nas suas obras anteriores, como Altemente ou Nem Todos os Cactos têm Picos, por exemplo, é como comparar o dia e a noite. Quase parecem obras de autoras diferentes. Isto porque, hoje em dia, parece que Joana Mosi percorreu um longo percurso desde os seus primeiros livros. A maneira de contar histórias da autora modificou-se, amadurecendo e alcançando uma melhor noção narrativa da história, assim como os próprios desenhos para ilustrar a referida história, sofreram mudanças capitais. Mas já lá iremos.

O Mangusto, de Joana Mosi - A Seita e Comic Heart
Em primeiro lugar, centremo-nos na história deste O Mangusto, que nos apresenta a personagem de Júlia, que tem que lidar com uma enorme catástrofe quando se apercebe que a pequena horta que cultiva no seu jardim de casa, parece ter sido destruída por um mangusto. Não sabem o que é um mangusto? É um pequeno mamífero, semelhante a uma suricata, que pode ser encontrado em África ou na Península Ibérica, por exemplo.

Ora, numa breve frase sintética e superficial, esta parece ser a síntese da obra: "Júlia começa a desconfiar que um mangusto destruiu a sua horta e procura livrar-se do bicho". Pronto. There you go, como dizem os ingleses. No entanto, e é nesse ponto que, a meu ver, Joana Mosi mais brilha, toda a questão do mangusto é um engodo para aquilo que realmente importa. Na verdade, não é o mangusto o ponto fulcral da história. O mangusto não passa de uma manobra de diversão. Quer para a personagem, quer para a autora, quer para os leitores. Na vida adulta, muitas vezes não admitimos a presença de elefantes nas nossas salas, de coisas que precisam (e têm) de ser alteradas, corrigidas, anuladas, ultrapassadas, esquecidas. E escudamo-nos com pequenas nuances, pequenas manobras de diversão para nos fazer esquecer o elefante e o big problem e podermo-nos concentrar somente no small problem e na coisa mundana que é tão mais fácil de gerir. E que faz com que achemos que, desse modo, estamos a ganhar tempo e adiar o problema maior.

O Mangusto, de Joana Mosi - A Seita e Comic Heart
O Mangusto
é, acima de tudo, uma história sobre o luto e sobre como é difícil - e por vezes até parece ser impossível - que avancemos com a nossa vida depois de perdermos uma peça fundamental para a nossa existência. É, pois, comum que entremos em negação e procuremos não encarar o problema que temos à nossa frente. Após perder Paulo, Júlia fica num estado apático e alienado perante a vida, e toda a sua energia parece concentrar-se em encontrar e exterminar – de uma forma suave – este mangusto. Ela nunca o viu e até pode muito bem não existir, mas o foco neste pequeno bicho serve como um pretexto para a sua vida, naquele momento.

A juntar a essa demanda pelo mangusto, Joana Mosi faz surgir outras personagens deveras interessantes: Joel, o irmão de Júlia, que passa a vida mergulhado em videojogos e que, estando já perto dos quarenta anos, se vê desempregado de repente; e a mãe de ambos que, procurando ajudar, acaba muitas vezes por não ter a melhor abordagem ou sensibilidade para tal.

E sensibilidade também é algo que o leitor necessita para bem mergulhar em O Mangusto. Porque o início do livro até pode parecer estranho e algo non sense. No entanto - e mais uma vez, Joana Mosi, revela qualidades na forma como gere os momentos narrativos -,  a obra vai-se abrindo aos poucos até que desabrocha totalmente e nos permite perceber o quão também estávamos enganados, se inicialmente achámos que o cerne da questão era algo tão ordinário como a caça a um bicho que estragou uma horta. Como se a autora conseguisse fazer surgir no leitor, o exato sentimento que a protagonista da história experiencia. Fantástico!

O Mangusto, de Joana Mosi - A Seita e Comic Heart
A juntar a isso, também gostei de como a autora trata o leitor como alguém inteligente, não lhe dando a “papinha" toda feita, mas fazendo-o perceber/adivinhar aquilo que realmente se passou. A parte em que Júlia e Joel vão a uma festa de anos de familiares e de como as conversas na diagonal que aí se encetam nos permitem ir dando luz ao que realmente se passou, é especialmente bem conseguida e um dos melhores momentos do livro, a meu ver. Tal como é o momento em que Júlia conversa com a psicóloga em que, abrindo-se a ela, também revela ao leitor o “big problem” já sem pudores ou reservas.

De resto, esta é uma história triste e profundamente madura, onde Joana Mosi, revela uma boa escrita e uma boa gestão do tempo narrativo. Os diálogos são verossímeis e, parecendo, por vezes, irrelevantes, servem, acima de tudo, para tornar real e possível a história. Para que a obra se aproxime do leitor. A crueza da verdade e da vida acaba por desaguar em cima do leitor, à medida que a leitura vai avançando. O nó no coração instala-se e é difícil que não nos identifiquemos com algo do que nos é dado. Ou que não nos lembremos daquela vez em que a vida nos tirou o tapete do chão e nos fez cair, ou das diversas vezes em que, sem capacidade de avançarmos, insistimos em desviar o olhar do verdadeiro problema e centramo-nos em coisas pequenas e sem importância do dia-a-dia.

O Mangusto, de Joana Mosi - A Seita e Comic Heart
Se a história me encheu as medidas, devo dizer que as ilustrações da autora, que são radicalmente diferentes das que a autora nos tinha dado em Altemente, Nem Todos os Cactos têm Picos ou em O Outro Lado de Z (com argumento de Nuno Duarte), não me agradaram tanto como nas obras que acabo de referir. A influência do mangá e do sketching desapareceu e os desenhos deste O Mangusto são de traço mais simplista, com as personagens a apresentarem caras vazias, que as fazem parecer meros pictogramas. Também os cenários são, na maior parte das vezes, bastante vazios. Não será um “defeito”, note-se. É mais um “feitio” que, naturalmente, pode agradar a muitos leitores e onde Joana Mosi, goste-se mais ou menos, também assume a sua maturidade. Até porque, se estes novos desenhos num preto e branco sem espaço para cinzentos, se podem assumir como mais vazios e menos detalhados, é inegável que são eficazes a traçar o mood pretendido para o tema. A minha teimosia faz-me achar que gostaria de ler esta obra com ilustrações ao género de O Outro Lado de Z, mas o meu sentido de objetividade e justiça para com a obra, obriga-me a considerar que texto e desenho casam muito bem neste O Mangusto. E, vai na volta, a autora até acertou em cheio nesta nova abordagem visual.

O Mangusto, de Joana Mosi - A Seita e Comic Heart
Com efeito, parece-me até que este estilo simplista, moderno e clean, muito apreciado por uma nova vaga de leitores, pode ser comparado, no estrangeiro, a Bastien Vivès e, em Portugal, a Bernardo P. Carvalho (autor de Desvio e de Mar Negro) ou a Joana Estrela (autora de Pardalita). Tudo com as devidas distâncias, claro está, porque, já se sabe, cada autor tem o seu próprio estilo e personalidade gráfica.

Não esqueçamos também que, quando a personagem de Júlia, se abre com a sua psicóloga, Joana Mosi nos dá um “rebuçado” e nos apresenta ilustrações (que procuram ser fotografias do passado) com mais detalhe e sombreados, onde os cinzentos marcam presença. Chamo a estas ilustrações de “rebuçado” pois apresentam mais detalhe e, por conseguinte, e quanto a mim, um desenho mais belo.

Quanto à planificação com que a autora nos brinda, também tenho que fazer um comentário. As vinhetas são dispostas de forma muito livre, podendo, nuns casos, estar rodeadas por um enorme espaço livre, em branco, ou, noutros casos, estar mais encavalitadas umas nas outras, não havendo sequer espaço para uma margem branca. Admito que, por vezes, achei que a leitura se tornava algo confusa ou claustrofóbica, mas creio que não foi algo que a autora tenha feito sem pensar. Aliás, Joana Mosi parece ter pensado em tudo porque, entre história, narrativa, desenhos, planificação e tudo o mais, há uma grande harmonia. As coisas encaixam umas nas outras, tornando a obra mais coesa. Até mesmo na capa, que não me agradou especialmente, por ser algo insípida e com cores pouco chamativas (para os meus gostos, claro está), tenho que admitir que, mais uma vez, se consegue uma harmonia com a restante obra.

Em termos de edição, este livro d’A Seita e da Comic Heart, que foi financiado pela Bolsa de Criação Literária da DGLAB, apresenta capa dura baça, com bom papel baço e boa impressão e encadernação.

Em resumo, O Mangusto é um dos livros relevantes da banda desenhada nacional de 2023! Joana Mosi aparece quase irreconhecível em relação ao que tinha feito no passado e dá-nos a sua obra mais madura e de maior fôlego. É um livro que nos pede para pararmos para pensar na melhor forma de enfrentarmos os “elefantes na sala”, que todos temos, de uma forma ou de outra, mas aos quais fazemos vista grossa.


NOTA FINAL (1/10):
9.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



-/-

O Mangusto, de Joana Mosi - A Seita e Comic Heart

Ficha técnica
O Mangusto
Autora: Joana Mosi
Editora: A Seita e Comic Heart
Páginas: 184, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 20,5 x 27 cm
Lançamento: Maio de 2023

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

A Seita lança novo livro de Joana Mosi!




Já o vimos por aí, em diversos eventos, mas só agora está a começar a chegar às livrarias portuguesas. 

Falo do livro O Mangusto, da autora portuguesa Joana Mosi. Obra esta, que se assume como a de maior fôlego de Mosi.

Trata-se de uma edição d' A Seita e da Comic Heart e, mais abaixo, partilho a sinopse da obra e algumas imagens promocionais da mesma.


O Mangusto, de Joana Mosi

Júlia encontra-se encurralada num enorme problema: um mangusto destruiu a sua pequena e estimada horta, e ninguém a consegue ajudar.

Como se já não bastasse ter de lidar com esta catástrofe, Júlia ainda tem de aguentar a teimosia da mãe, que não lhe dá espaço, ou a infantilidade do irmão mais novo, que passa os dias absorvido em videojogos.

Só lhe resta uma solução: livrar-se do bicho antes que cause mais danos. Mas como? Até que ponto somos responsáveis pelos nossos problemas e de que forma dependerá de nós encontrar a sua solução?

Joana Mosi é uma das mais criativas e inovadoras autoras portuguesas de BD contemporânea, embora só agora, com este O Mangusto, tenha assinado uma obra de fôlego, que permita apreciar toda as suas qualidades como autora completa - argumentista e desenhadora.
Mosi surgiu inicialmente ao público com a série de três comics Altemente, uma narrativa “slice of life” sobre uma residência artística que efectuou na aldeia de Alte, no Algarve, a que se seguiu Nem Todos os Cactos têm Picos, outra pequena narrativa de carácter parcialmente autobiográfico sobre a adolescência. Desenhadas num estilo claramente influenciado pelo mangá, estas obras contrastaram fortemente com o seu primeiro álbum, lançado em 2019, O Outro Lado de Z, que no entanto, paradoxalmente, tinha sido iniciado muito antes dos outros, e que foi também a sua primeira obra em colaboração, desta feita com o argumentista Nuno Duarte.

Nas palavras de Pedro Cleto, crítico e jornalista de BD (Jornal de Notícias), “devemos atentar em especial na forma como a Joana gere os tempos, o movimento e a dicotomia som/silêncios”.

O Mangusto explora os relacionamentos familiares, as angústias do dia-a-dia - e dos acontecimentos mais súbitos e inesperados - e a maneira como a protagonista da narrativa vai viver a necessidade de se adaptar a uma realidade diferente na sua vida.

-/-

Ficha técnica
O Mangusto
Autora: Joana Mosi
Editora: A Seita e Comic Heart
Páginas: 184, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 20,5 x 27 cm
PVP: 25,00€