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segunda-feira, 11 de abril de 2022

Análise: Outcast (Série Completa)

Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta - G. Floy Studio Portugal

Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta - G. Floy Studio Portugal
Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta

Ao longo de cerca de 4 anos, mais coisa menos coisa, a G. Floy Studio publicou a totalidade da série Outcast, que é assinada por Robert Kirkman – o célebre criador de The Walking Dead – e Paul Azaceta. No total, são 8 números embora a G. Floy Studio os tenha editado em 6 livros, já que os dois últimos são duplos e incluem, portanto, dois números cada.

Outcast é uma série que conquistou um sucesso considerável no mundo, tendo até chegado a uma série televisiva com duas temporadas. A série televisiva, por sua vez, não conquistou tanto sucesso, tendo sido cancelada no final da segunda temporada.

Esta é uma série de terror que nos coloca na pele de Kyle Barnes que, desde a sua infância, é perseguido por influências demoníacas que lhe transtornam a vida pessoal e, também, a vida de todos os seus entes queridos. Quando Kyle ainda era criança, uma estranha possessão da sua mãe, acabou por trazer efeitos nefastos na vida do protagonista, que não mais foi o mesmo. E tornou-se óbvio que Kyle tinha poderes sobrenaturais que, já em idade adulta, acabam por ser postos à prova quando o reverendo Anderson lhe pede a sua ajuda lidar com uma criança possuída pelo demónio. A partir dessa sessão be, sucedida de exorcismo, gera-se um conjunto de eventos que arrastam Kyle para a luta conta estas forças do mal que, afinal, atacam como se fosse uma pandemia, já que são muitas as pessoas que começam a aparecer dessa forma na cidade de Rome, na Virgínia Ocidental. E, isto, entre muitas outras coisas, remete-nos para The Walking Dead. É que sendo séries aparentemente diferentes entre si, também têm bastantes pontos em comum.

Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta - G. Floy Studio Portugal
Também em Outcast, Kirkman faz um belo trabalho ao nível da criação e tratamento de boas personagens. O protagonista, Kyle, é uma boa personagem mas diria que o reverendo Anderson e o próprio Sidney são as estrelas da série, demonstrando um carácter muito próprio e muito bem definido pelo autor.

Posso dizer que esta série tem dois grandes momentos ou arcos narrativos. O primeiro, em que a ação é mais lenta e o mistério é maior – e em que temos a fantástica personagem de Sidney, que é verdadeiramente inesquecível e maléfica. E o segundo momento, em que novas personagens aparecem, em que o grupo de pessoas se isola numa quinta remota para melhor planear a sua estratégia perante a "Grande Fusão" iminente e em que há mais ação. Posso dizer que, quanto a mim, é na primeira parte da série que está o suco e a fatia mais marcante. Apreciei bastante o ritmo lento e carregado de mistério – que deixa o leitor a fazer perguntas - e em que Kirkman é muito inteligente na forma como doseia a história. Verdadeiramente apetecível. 

Já na segunda parte, pareceu-me que o mistério deu lugar a uma mera ficção científica do bem contra o mal, que envolve poderes especiais e raios de energia enquanto armas, e que, no fundo, acaba por ser menos impactante e mais previsível. De repente toda a gente tem poderes sobrenaturais, até mesmo a filha, o pai e a mulher de Kyle. Pareceu-me um pouco too much e que o autor Kirkman se perdeu um pouco na sua própria história. E até porque, convenhamos, a tal "Grande Fusão", que é prometida ao longo de toda a série, acaba por ser, no final, bastante anti climática.

Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta - G. Floy Studio Portugal
Valha-nos, no entanto, a saída airosa como o autor consegue encerrar a história. Não é que seja um final maravilhoso, mas, pelo menos, tem a capacidade de fechar convenientemente a história. É verdade que há muitas perguntas que ficam sem resposta, muitas coisas que ficam mal fechadas ou que surgem de forma aleatória e um pouco sem nexo – como aquilo que acontece à personagem de Allison, por exemplo. Ainda assim, assinalo como positiva a forma como o autor consegue encerrar Outcast.

Outra coisa onde a série me surpreendeu pela positiva foi no levantamento de algumas questões do foro religioso, que permitiram uma certa reflexão entre as ideias de um crente e as ideias de um ateu. Isto sem a tentativa de preconizar o que quer que seja. Kirkman apenas levanta questões pertinentes. E quando, lá mais para o final, Kyle começa a ler a bíblia, parece-me óbvio que fica subentendido, o respeito e mente aberta que Kirkman oferece à história. Quer de um lado, quer do outro. Bem feito.

Quanto aos desenhos de Azaceta, posso dizer que fiquei bastante agradado. Se é verdade que, na primeira vez que folheei o primeiro livro da série, não fiquei muito impressionado com o estilo de desenho, também é verdade que, à medida que vamos mergulhando no universo de Outcast, as ilustrações de Azaceta começam a ficar cada vez mais familiares e acabei a apreciar bastante o trabalho no autor. 

Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta - G. Floy Studio Portugal
Especialmente na capacidade para criar um ambiente fechado, tenso, negro e, também, na destreza do autor para oferecer à história algumas soluções narrativas como, por exemplo, as pequenas vinhetas que vão surgindo por toda a série e que servem para nos oferecerem grandes planos de detalhe das personagens, de forma a passar para o leitor as reações faciais dos protagonistas, face aos acontecimentos. Na nota final do livro, Robert Kirkman revela que esta ideia surgiu porque a série televisiva, que estava a ser feita praticamente em simultâneo com a banda desenhada, permitia esses planos das caras das personagens e, então, Kirkman achou que seria uma coisa interessante se esses planos pudessem constar, também, nos livros. E Azaceta resolveu essa questão muito bem, quanto a mim.

É certo que as ilustrações do autor também apresentam alguns problemas, especialmente devido à existência de várias personagens idênticas e que são difíceis de distinguir entre si. Quer nas personagens femininas, quer nas personagens masculinas. Lembro-me, por exemplo que Kyle, Simon – o seu pai – e o próprio chefe de polícia são, todos eles, muito difíceis de distinguir, dificultando a fluidez da leitura. 

Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta - G. Floy Studio Portugal
Já o processo de cores, feito por Elizabeth Breitweiser, funciona bastante bem para o tipo de série em questão, oferecendo as cores adequadas a cada uma das tensas cenas que nos vão sendo dadas. 

No final, acho que se pode dizer que a arte ilustrativa de Outcast não é particularmente bonita, mas que esse também não é o intuito dos autores. O intuito passa por nos dar um punhado de ilustrações que se coadunem ao tema da obra e que nos passem os eventos, a atmosfera e as personagens de forma eficaz. E nisso, excetuando aquela questão de demasiada semelhança entre algumas personagens, acaba por funcionar muito bem.

Quanto às edições com que a G. Floy nos foi brindando nesta série, a qualidade das mesmas é muito boa, ao nível das capas duras, do papel brilhante de boa qualidade e da boa encadernação e impressão. Eu gostaria mais que a série fosse toda ela publicada em álbuns duplos mas isso será um mal menor.

Em suma, acho que se Outcast tivesse, de alguma forma, terminado após os primeiros quatro volumes, seria uma série perfeita, por todo o ambiente de mistério, horror e de tensão que traz consigo. A segunda parte da série é um pouco all over the place, como diriam os ingleses, com a série a afastar-se do horror e a aproximar-se da ficção científica. Não obstante, no seu todo, acho que, ainda assim, é uma série sólida e com uma história que entretém.


NOTA FINAL (1/10):
8.2



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta - G. Floy Studio Portugal

Fichas técnicas
Outcast #1 – As Trevas que o Rodeiam
Autores: Robert Kirkman e Paul Azaceta
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 152, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Janeiro de 2017

Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta - G. Floy Studio Portugal

Outcast #2 – Uma Ruína sem Fim
Autores: Robert Kirkman e Paul Azaceta
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 128, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Maio de 2017

Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta - G. Floy Studio Portugal

Outcast #3 – Uma Pequena Luz
Autores: Robert Kirkman e Paul Azaceta
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 128, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Dezembro de 2017

Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta - G. Floy Studio Portugal

Outcast #4 – Sob a Asa do Diabo
Autores: Robert Kirkman e Paul Azaceta
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 128, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Outubro de 2018

Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta - G. Floy Studio Portugal

Outcast #5 – O Novo Caminho | Invasão
Autores: Robert Kirkman e Paul Azaceta
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 248, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Maio de 2019

Outcast (Série Completa), de Robert Kirkman e Paul Azaceta - G. Floy Studio Portugal

Outcast #6 – A Escuridão Cresce | Fusão
Autores: Robert Kirkman e Paul Azaceta
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 240, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Dezembro de 2021

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

A série Outcast, de Robert Kirkman, chega ao fim!



A série Outcast, de Robert Kirkman e Paul Azaceta, publicada em Portugal pela G. Floy Studio, regressa para o seu derradeiro capítulo!

É mais uma série que a G. Floy Studio termina por cá. E, portanto, é mais um bom exemplo de como deve ser o comprometimento entre editora e leitores! Deverá chegar às bancas a partir do próximo dia 16 de Fevereiro.

Abaixo, fiquem com a nota de imprensa e imagens promocionais.


Outcast vol. 6 – A Escuridão Cresce | Fusão, por Robert Kirkman e Paul Azaceta

A conclusão da série de terror de Roberto Kirkman, criador de The Walking Dead!
A G. Floy Studio Portugal orgulha-se em terminar mais uma série de banda desenhada em Portugal, num maravilhoso álbum duplo de 240 páginas!

Proscritos de todo o país viajam até Rome, na Virgínia Ocidental, mas não estão prontos para o que lá os espera. A Grande Fusão está à porta, e possessões nunca antes vistas deixam Kyle e os demais perplexos. 

O fim de tudo aproxima-se. 

“E, sim, chegamos à edição final. Olhando para trás, estou muito orgulhoso por termos tido uma equipa consistente para cada número desta série. Esta equipa foi capaz de crescer e desenvolver os nossos talentos tal como as personagens da série. Ela durou quase sete anos... e muita coisa aconteceu durante esse tempo. Por exemplo... quem teria pensado que teríamos uma pandemia global durante a publicação desta série? Eu não, com certeza.” 
- Robert Kirkman

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Ficha técnica
Outcast vol. 6 – A Escuridão Cresce | Fusão
Autores: Robert Kirkman e Paul Azaceta
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 240, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: €32


terça-feira, 14 de abril de 2020

Análise: Potter's Field: O Cemitério dos Esquecidos




Potter's Field: O Cemitério dos Esquecidos, de Mark Waid e Paul Azaceta

Potter's Field: O Cemitério dos Esquecidos é uma interessante aposta da editora portuguesa G. Floy para todos os que gostam de um bom policial noir. Pisca o olho a obras como Sin City ou Criminal traçando, ainda assim, a sua própria identidade.

A história sendo negra e pesada, coloca-nos na cidade de New York, dando-nos a conhecer o protagonista John Doe, uma personagem misteriosa que ocupa a sua vida a encontrar os nomes daqueles que foram mortos e posteriormente enterrados, anonimamente, em Potter's Field, o cemitério destinado a todos os que a justiça esqueceu.

Mark Waid, o autor de Kingdom Come, e Paul Azaceta, autor de Outcast, igualmente publicado pela G. Floy, oferecem-nos este thriller noir, com um ritmo a mid-tempo, que nos convida a embarcar num conto adulto, marcado por vários bons momentos que, a meu ver, ficam um furo abaixo de serem verdadeiramente inesquecíveis para o género.

A história que nos é dada é deveras interessante e agarra-nos desde o início. De facto, a forma como o livro arranca é soberba. Em pouco mais de 4 páginas Mark Waid apresenta-nos John Doe, revelando apenas o essencial para nos mostrar uma personagem original e cativante. Não sabemos muito mas sabemos algo que nos deixa presos a John Doe. E uma coisa que acaba por funcionar muito bem, é que, embora a narrativa, a priori, nos pareça levar por uma teia de perguntas sem resposta - para que Doe consiga encontrar todos aqueles mortos, sem nome e apenas identificados com o número da sua campa no cemitério - as perguntas que mais habitam a mente do leitor nem são bem essas. Mas antes: quem é este John Doe? Quais as suas reais motivações? Sabemos que não tem identidade, nem tem história passada. Também não deixa impressões digitais. Tem bastantes contactos de pessoas que o ajudam na sua demanda mas que não se conhecem uns aos outros. Quem é, afinal, John Doe?

Tudo aquilo que um autor de banda desenhada pode almejar é criar uma história/um herói que seja marcante para o leitor. E para o fazer, uma forma é assentar a narrativa ou as personagens numa premissa interessante ou original. Algo que ninguém se tenha lembrado de fazer até então. E, de certa forma, julgo ser esse o maior trunfo deste Potter's Field: O Cemitério dos Esquecidos. Nesse sentido, termos um protagonista cuja atividade e motivação é algo novo e que se baseia “apenas” em restituir o nome e identidade a todos aqueles que foram enterrados de forma anónima, é verdadeiramente “fora da caixa”. A motivação do protagonista parece quase um capricho, de tão peculiar que é. E embora seja algo que parte do eticamente correto, por vezes, pode parecer: “bem... se alguém já está morto, porquê mover montanhas para encontrar o seu nome?”. Mas é justamente aí que reside a piada, a originalidade, deste livro. Já há muitos heróis a lutarem pelos vivos que estão em perigo, face a alguma força do mal. Mas em relação àqueles que foram assassinados e cujas investigações criminais não foram a lado nenhum, deixando essas vítimas anónimas, naquilo a que poderíamos chamar uma vala comum, ninguém se preocupa. Exceto John Doe. E só por esta premissa original, já valeria a pena conhecer este livro. Acredito que tenha sido isso que fez o Mark Waid pensar: “Bem... já tenho tema para escrever um livro”.

Para além disso, a história tem um ritmo interessante em termos narrativos mas, da segunda parte do livro até ao final, parece-me que o desenvolvimento narrativo e consequente ação parece ter sido relativamente forçado ou acelerado. O ritmo acaba pois, por ser bastante mais rápido, o que também faz com que a história passe a ser um pouco mais cliché. Diria que este livro talvez carecesse de mais tempo (leia-se páginas) para melhor preparar o leitor para a apoteose(?) narrativa final. É uma daquelas obras em que se só lermos as primeiras páginas, vamos ficar completamente entusiasmados com a mesma. Mas a verdade é que vai perdendo algum fulgor à medida que a história se aproxima do fim.    

Quanto à arte, julgo que o estilo de Azaceta é um daqueles tipos de ilustração que a maioria das pessoas, ou gosta, ou odeia. No meu caso, admito, não acontece nem uma, nem outra coisa. Admito que há páginas neste livro que são bonitas de se observar (e para isso, muito contribui a bonita aplicação de cores) mas, por vezes, também há páginas que me parecem demasiado escuras e imperceptíveis. O traço muito grosso de Azaceta acaba por não conseguir alcançar o detalhe que considero necessário para uma boa imersão na história. E especialmente nas sequências de ação – que ainda são algumas – a arte ilustrativa fica um pouco aquém porque não se torna muito claro o que está a acontecer. Mas uma coisa, tenho que reconhecer na arte de Azaceta: tem o seu cunho de originalidade, o que dá ao autor aquilo que tantos ilustradores procuram e não encontam: o seu estilo signature. Azaceta tem um daqueles estilos de ilustração que é facilmente reconhecível assim que abrimos um livro. Mesmo que o seu nome não viesse na capa do livro, bastar-nos-ia folheá-lo para concluir: “isto são as ilustrações do Azaceta”. E isso, merece-me o melhor dos respeitos pela sua arte mesmo que, como dizem os ingleses, não seja my cup of tea.

Concluindo, Potter's Field: O Cemitério dos Esquecidos, não é um livro perfeito ou inesquecível. Mas resulta duma ideia bastante original e interessante, que faz com que seja uma obra indispensável para todos os que apreciam um bom thriller noir


NOTA FINAL (1/10):
7.5

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Ficha técnica
Potter’s Field: O Cemitério dos Esquecidos
Autores: Mark Waid e Paul Azaceta
Editora: G.Floy
Páginas: 104, a cores
Encadernação: Capa dura