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quarta-feira, 28 de junho de 2023

Análise: Crónicas de Lisboa

Crónicas de Lisboa, de Ferreira Fernandes e Nuno Saraiva - ASA - Grupo Leya

Crónicas de Lisboa, de Ferreira Fernandes e Nuno Saraiva - ASA - Grupo Leya
Crónicas de Lisboa, de Ferreira Fernandes e Nuno Saraiva

Foi durante a pandemia de Covid 19 que o jornal digital Mensagem de Lisboa começou a publicar as Crónicas de Lisboa, com texto de Ferreira Fernandes e ilustrações de Nuno Saraiva. Estas crónicas não são mais do que pequenas rábulas que procuram traçar um perfil simples – mas repleto de informação – sobre algumas das figuras ou entidades mais relevantes da cidade de Lisboa.

A ASA decidiu, e em boa hora, reunir algumas dessas breves histórias e lançá-las em livro neste Crónicas de Lisboa. No total, são 20 crónicas que têm o condão de aprofundar os conhecimentos que julgamos ter sobre algumas das coisas e personalidades mais emblemáticas de Lisboa.

Os temas são variados e passam pela política, pelo futebol, pela literatura, pelo fado ou pelos costumes da cidade. Uma das histórias conta-nos a origem do estádio de futebol do Benfica, enquanto que outras das crónicas deste livro relembram as façanhas de Peyroteo, o craque do Sporting; aquilo que se podia e não se podia fazer antes do 25 de Abril; o padroeiro Santo António; e as personalidades de gente tão diversa como o Almirante Reis, a Dona Maria II, o Phil Mendrix ou o “Senhor do Adeus”. O célebre (?) episódio de Fernando Pessoa na Boca do Inferno, a razão dos quadros suspensos nas paredes do café A Brasileira, o apelo das praias da Costa da Caparica para os lisboetas ou a curiosa história do último carrasco de Lisboa - que não chegou a executar ninguém – são mais alguns dos temas que por nós vão desfilando enquanto lemos o livro.

Crónicas de Lisboa, de Ferreira Fernandes e Nuno Saraiva - ASA - Grupo Leya
O que mais apreciei nesta coletânea é que, mais do que tentar dar informações de forma enfadonha, o livro procura dar-nos um conjunto de trivialidades e informações curiosas que acrescentam à informação que já detínhamos sobre cada um dos temas abordados. Toda a gente sabe quem foi Peyroteo, mas será que o conhece assim tão bem? Toda a gente conhece as praias da Costa da Caparica, mas será que sabe a razão pela qual as praias foram ganhando adeptos?

É um livro que funciona muito bem e que educa enquanto entretém. Como tal, creio que faz todo o sentido que, futuramente, a editora possa lançar versões em línguas estrangeiras da obra, pois é um produto com um forte potencial turístico. Imagino que o mesmo possa ser vendido que nem "pãezinhos quentes" se estiver em lojas de souvenirs ou em postos de turismo. Especialmente em Lisboa, mas também um pouco por todo o país.

Para isso, também contribui a belíssima capa de Nuno Saraiva que, no estilo de ilustração inconfundível do autor, apresenta várias figuras da cidade de Lisboa que aparecem nas crónicas. É uma daquelas capas fabulosas que já nos conquistou, mesmo antes de abrirmos o livro.

Falando no trabalho de Nuno Saraiva, acho que posso dizer que nenhum outro autor, no mundo inteiro, poderia ter desenhado este livro sobre Lisboa de uma forma tão lisboeta. É que os desenhos de Nuno Saraiva são do que mais há de lisboeta! O seu traço meio humorístico, meio sério, feito de forma aparentemente simples, mas que é, ainda assim, carregado de detalhes, é um espelho estético perfeito para a harmonia visual que paira sobre a cidade de lisboa. Olhar para os desenhos de Nuno Saraiva é ser automaticamente transportado para Lisboa e para Portugal. Portanto, sim, considero que nenhum ilustrador poderia ter desenhado tão bem este Crónicas de Lisboa.

Este é, até, um daqueles casos em que o casamento entre o tema e a forma visual de apresentar esse mesmo tema, é perfeito em cada um dos seus encaixes possíveis.

Crónicas de Lisboa, de Ferreira Fernandes e Nuno Saraiva - ASA - Grupo Leya
É verdade que o livro até poderia ser classificado como “livro ilustrado”, uma vez que não há aqui, propriamente, uma sequencialidade entre quadros. Mas, face a isso, é algo que se compreende bem por não existirem diálogos e pelo simples facto de o texto que nos é dado ser sempre em voz off e repleto de factos e informações. Será, pois, convenhamos, a própria planificação das páginas, que geralmente apresentam entre 4 a 6 vinhetas, aquilo que mais nos remete para a linguagem da 9ª arte.

Fazendo uma nota sobre o trabalho de Ferreira Fernandes, embora seja óbvia a qualidade do seu texto e divertida a maneira, cheia de subtilezas e ironia, com que escreve, por vezes o texto da obra torna-se um pouco complexo em demasia. Não digo que seja um texto difícil de compreender, nem nada que se pareça, mas acho que o livro ganharia se o texto fosse, por vezes, mais simples. Até porque isso tornaria o livro (ainda) mais recomendável para um público mais infantil.

Seja como for, é óbvio o respeito e devoção pela cidade de Lisboa com que esta dupla de autores trabalha e o resultado é um livro simples e descomprometido, que se lê bem e que pode, até, ter a capacidade de arrastar para a banda desenhada algumas pessoas que, habitualmente, não leem BD. Com efeito, este é um daqueles livros que (também) se recomenda facilmente a alguém que nunca pegou num livro de banda desenhada. Basta que essa pessoa tenha interesse pela cidade de Lisboa ou pela história de Portugal.

A edição da ASA é em capa dura baça, com papel brilhante. O trabalho de impressão e encadernação é bem feito. O livro apresenta ainda belas guardas e um prefácio assinado por Catarina Carvalho, Diretora do jornal Mensagem de Lisboa. Acima de tudo, a ASA está de parabéns por lançar um livro de banda desenhada que, ainda por cima, é feito por autores portugueses.

Em suma, Crónicas de Lisboa assume-se como um projeto de enorme valor, que funciona muito bem, que é destinado tanto aos que leem banda desenhada, como àqueles que querem simplesmente obter informações curiosas, num registo divertido, sobre a história da cidade de Lisboa. Faço votos para que este seja o primeiro de várias Crónicas de Lisboa. Isto, se os autores não enveredarem para as “Crónicas de Portugal”. Também faria sentido, uma vez que este pequeno país está cheio de personagens, coisas e locais com belas histórias para contar.


NOTA FINAL (1/10):
8.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Crónicas de Lisboa, de Ferreira Fernandes e Nuno Saraiva - ASA - Grupo Leya

Ficha técnica
Crónicas de Lisboa
Autores: Ferreira Fernandes e Nuno Saraiva
Editora: ASA
Páginas: 64, a cores
Lançamento: Maio de 2023

segunda-feira, 22 de maio de 2023

ASA lança hoje o novo livro de Nuno Saraiva!



Crónicas de Lisboa
, o novo livro de Nuno Saraiva, em parceria com Ferreira Fernandes, é lançado hoje pela editora ASA!

Trata-se de um livro composto por várias histórias que reúnem um conjunto de episódios e trivialidades sobre a cidade de Lisboa. Algo que já podia ser acompanhado no jornal digital Mensagem de Lisboa

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Crónicas de Lisboa, de Ferreira Fernandes e Nuno Saraiva

O livro de banda desenhada Crónicas de Lisboa, dos consagrados Ferreira Fernandes (texto) e Nuno Saraiva (ilustração) chega às livrarias, editado pela ASA, no dia 23 de maio.

Este livro que a ASA agora edita e que nasceu durante a pandemia no jornal digital Mensagem de Lisboa é composto por episódios sobre curiosidades históricas da cidade de Lisboa. Com uma linguagem divertida e ilustração rica e elaborada, surpreende os leitores, mesmo os mais conhecedores da cidade.

Ferreira Fernandes e Nuno Saraiva, jornalista e desenhador desta série de BD, uma espécie de almas gémeas no método, mas sobretudo no gosto pela cidade de Lisboa, pelas histórias da cidade, e na vontade de contá-las.

Foi isso que os juntou, no jornal digital Mensagem de Lisboa, em 2020, quando em plena pandemia, iniciaram esta BD. Começaram com o Benfica – numa daquelas tramas que o Ferreira Fernandes andava a contar a toda a gente, surpreendendo mesmo quem achava que conhecia Lisboa. E foram por aí fora, com a Júlia Florista, o Carlos do Carmo, a Madame Brouillard, a Caparica, o Santo António...

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Ficha técnica
Crónicas de Lisboa
Autores: Ferreira Fernandes e Nuno Saraiva
Editora: ASA
Páginas: 64, a cores
PVP: 11,50€

sexta-feira, 11 de março de 2022

Análise: Diário de Uma Quarentena em Risco

Diário de Uma Quarentena em Risco, de Nuno Saraiva - Pim! Edições

Diário de Uma Quarentena em Risco, de Nuno Saraiva - Pim! Edições
Diário de Uma Quarentena em Risco, de Nuno Saraiva

Diário de Uma Quarentena em Risco saiu no final de 2021, durante a Comic Con, e conta-nos, em cartoon, a forma como o autor Nuno Saraiva viveu e experienciou o confinamento a que a pandemia de Covid 19 nos obrigou. Não sendo este um livro de banda desenhada, mas sim, em cartoon, merece, quanto a mim, uma breve análise.

Estes são, aliás, cartoons que o autor foi publicando nas redes sociais ao longo dos meses e que aparecem agora reunidos num livro publicado pela Pim! Edições.

O livro está dividido por meses, em que, no início de cada um desses meses, o autor sintetiza em texto, os principais acontecimentos que deram origem aos seus cartoons. O que também acentua o cariz documental de todo o livro.

Diário de Uma Quarentena em Risco, de Nuno Saraiva - Pim! Edições
Devo dizer que Nuno Saraiva é um autor inteligente, que sabe fabricar uma boa piada. Isso já seria bom, mas considero que o autor vai mais além. Porque consegue passar-nos, adicionalmente, um humor que faz pensar e, em última análise, que até pode ter uma reflexão final, híbrida, com a capacidade de colocar-se em oposição ao tom da mensagem inicial. 

É por isso que, apresentando certos disparates que foram sido praticados pela classe política em geral, mas, também, pela população, face a esta nova realidade que foi viver em tempos de pandemia, Nuno Saraiva acaba por, não raras vezes, nos deixar com um sabor amargo na boca face à piada que acabámos de ler. É um humor que nos deixa uma certa ternura e tristeza, além de nos deixar bem dispostos. O que é fantástico e infinitamente mais profundo do que uma qualquer piada superficial.

Diário de Uma Quarentena em Risco, de Nuno Saraiva - Pim! Edições
E, claro, a sátira também está lá bem presente, com o autor a sublinhar, segundo as suas crenças e reflexões, a forma como os media, os políticos, o mundo do desporto e, basicamente, todos os portugueses (re)agiram perante a pandemia de covid-19 e perante tudo o que ela acarretou.

Em termos de desenho, aprecio bastante o estilo de Nuno Saraiva, com desenhos que comunicam inequivocamente o humor – e, muitas vezes, outros significados duplos – do autor, e destaco que, provavelmente a melhor característica das ilustrações de Nuno Saraiva é que as mesmas estão impregnadas de uma enorme Portugalidade. E isso, meus caros, não é nada comum e é algo que merece todos os louvores!

Diário de Uma Quarentena em Risco, de Nuno Saraiva - Pim! Edições
Quanto à edição da obra, parece-me que estamos perante uma masterclass de como não editar um livro. O livro, sendo em capa mole, com uma boa textura e cantos arredondados, de forma a imitar um caderno moleskine, até é bastante apelativo aos olhos. Inicialmente, pelo menos. Porque está bonito à vista e agradável ao toque. Mas isso só dura até que o abramos.

Com efeito, ao ter-se apostado numa lombada colada, em vez de cadernos cosidos, o resultado é que a quase totalidade dos cartoons, que ocupam duas páginas, fiquem entre-cortados, levando a que o leitor não possa apreciar os desenhos do autor como seria elementar. 

Dito por outras palavras, ao contrário de um caderno moleskine "a sério", que é possível de abrir de par em par – e onde o autor, aliás, ilustrou os desenhos originais – este livro não permite ser aberto dessa forma, o que faz com que os desenhos fiquem sempre cortados. E incompletos. 

Diário de Uma Quarentena em Risco, de Nuno Saraiva - Pim! Edições
É daquelas coisas que me fazem abanar tristemente a cabeça e pensar: “como é que isto pôde acontecer?”. Estão a ver aqueles memes da internet que mostram portões colocados a meio de um passeio, sem qualquer muro ou cerca à sua volta? Ou postes de eletricidade que são colocados a meio de uma estrada? Ou torneiras que são montadas para cima, em vez de escorrerem a água para baixo? É essa sensação que a edição deste livro me dá. Se a ideia é apreciarmos um desenho, como é possível que essa coisa básica não seja, sequer, assegurada pela edição escolhida para este livro?

Valia mais, ter colocado cada cartoon em formato vertical, numa só página, e não fazer este atentado ao bom senso. Ou então, editar a obra em cadernos cosidos que, creio, permitiram abrir o livro na totalidade, tal como num moleskine.

Se os cartoons são bastante bons, com humor acutilante e, por vezes, reflexões que nos fazem sorrir enquanto o coração chora, a má edição deste livro, que corta a metade as ilustrações, acaba, lamentavelmente por “assassinar” um livro de forma acutilante, retirando-lhe todo o potencial que o autor e a obra mereciam. Repito: uma masterclass de como não editar um livro.


NOTA FINAL (1/10):
5.0


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Diário de Uma Quarentena em Risco, de Nuno Saraiva - Pim! Edições

Ficha técnica
Diário de uma Quarentena em Risco
Autor: Nuno Saraiva
Editora: Pim! Edições
Páginas: 240, a cores
Encadernação: capa mole
Lançamento: Dezembro de 2021

domingo, 15 de novembro de 2020

Análise: TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes


TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes, de Vários Autores 

As TLS Series são antologias de banda desenhada portuguesa, que foram desenvolvidas por autores do célebre The Lisbon Studio, um estúdio que reúne alguns dos nomes mais conceituados da produção nacional de banda desenhada, dos últimos anos. Este grupo de artistas partilhou em Lisboa um espaço físico para desenvolver o seu trabalho. E estes álbuns são antologias que reúnem os seus trabalhos durante esse tempo. Desde 2017, foram editados quatro volumes da coleção TLS Series, intitulados, respetivamente, Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes

Cada volume tem, pois, por isso, um tema subjacente, um ponto de partida, do qual todos os autores partem para criar a sua história. Os primeiros 3 volumes foram co-editados pela Comic Heart e pela G. Floy Studio. O quarto e último volume, Raízes, foi editado pela editora A Seita e pela Comic Heart. 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
Eventualmente, poderia analisar cada volume ou cada história em separado. Haveria, certamente, legitimidade para o fazer dessa forma. Mas não creio que seja de uma forma isolada que devemos olhar para estas antologias de banda desenhada. Pelo menos, não é assim que olho para elas. Mais do que enaltecer esta ou aquela história, ou apontar este ou aquele defeito, penso que o mais importante é mesmo ter em conta que esta iniciativa foi fantástica do primeiro ao último volume, da primeira à última página. Enquanto catálogo da produção nacional, enquanto prospetor de exercícios narrativos na área da bd e, claro, enquanto iniciativa incubadora da criatividade nacional. Não há como não tirar o chapéu a esta ideia e aos seus resultados concretos. Que boa maneira de mostrar que há muitos autores portugueses com elevada competência na banda desenhada. 

Olhando para estes quatro livros, há algo que rapidamente sobressai e que é raro de encontrar quando se trata de um antologia de banda desenhada que, quase sempre, procura reunir trabalhos seminais de bd independente. Pois, se há uma coisa que é característica à banda desenhada independente – ou a qualquer outra arte independente – é o habitual pouco profissionalismo da edição, por mais bela que seja, no caso da banda desenhada, a arte ou a ideia subjacente à história. Mas isso é uma coisa que não existe nestes TLS Series. Pelo contrário. O produto físico não só é profissional ao mais alto nível, como apresenta um aspeto bonito, tornando estes livros em algo extremamente apetecível do ponto de vista de um colecionador de banda desenhada. 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
As capas são duras e grossas, o papel é baço e de boa gramagem e há sempre um ou mais prefácios que introduzem cada um dos volumes. Cada livro é composto por 6 ou 7 histórias, em que apenas uma dessas histórias é impressa a cores, enquanto que as restantes são a preto e branco. O autor da história a cores de cada livro é também o autor responsável pela capa desse mesmo volume. E que magníficas capas (e contracapas) elas são! Eu bem que defendo que a construção de uma capa deverá ser algo que um autor de banda desenhada deve levar muito em conta. Especialmente nos dias de hoje. E estes quatro volumes apresentam capas muito bem concebidas. Atribuo destaque aos volumes Cidades e Viagens, que têm capas verdadeiramente incríveis. Embora Silêncio e Raízes também tenham boas capas, diga-se. 

Há também uma homogeneidade em todos os livros no que diz respeito à edição, ao design dos livros. Tudo isto nos permite verificar que é um trabalho conjunto de amor à 9ª arte. E poder testemunhar isso nestas magníficas antologias que, ainda por cima, têm um preço tão simpático, é uma grande oportunidade que, a meu ver, um fã de bd não deve deixar passar. 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
Quanto às histórias, temos argumentos, ilustrações e linguagens de todo o tipo. Traços mais "cartoonizados", traços mais realistas... há de tudo um pouco. A heterogeneidade de histórias existe mas é-nos dada, conforme já referido, em cuidadas edições que almejam alcançar uma homogeneidade e uma harmonia que são raras encontrar em antologias de banda desenhada. Há diversidade mas  também há harmonia em torno dessa diversidade.

Olhando de forma geral para as histórias que aqui temos, é justo afirmar que há qualidade em todas elas e em todos os géneros adoptados pela fantástica galeria de autores que compõem estes livros. 

Apenas para nomear as minhas favoritas, diria que Quiosque, de Joana Afonso; Muralha de Filipe Andrade; O Rosto do Fantasma, de Marta Teives e Pedro Moura; Deslumbre e One Way, de Bárbara Lopes; Monte Morte, de Jorge Coelho e André Oliveira; Tempo, de Paula Bivar de Sousa; Escolha do Dia, de Nuno Rodrigues e Pedro Ribeiro Ferreira; e Franzi, de Nuno Saraiva, merecem a minha preferência. E isto sem desprimor para todas as restantes histórias a que não faço menção. 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes

Finalmente, quero ainda destacar que o que acho mais incrível nestas antologias é que se vê que há um óbvio carinho comum entres os autores que fizeram parte do The Lisbon Studio. Uma sensação de pertença e de comunidade que aquece o coração daqueles que lêem estes livros. E se antologias de banda desenhada lançadas com esta qualidade de edição e de design, e com tantos autores consagrados de banda desenhada são raras, o que dizer quando, a isso tudo, se soma o afeto que emana deste projeto? Algo ímpar e que merece ser acarinhado por todos os que amam banda desenhada. Da minha parte, a única coisa que lamento é saber que estas TLS Series chegaram ao fim. Fica uma vazio por preencher. 

Pequeno comentário final: o primeiro volume desta coleção, o Cidades, há muito se encontra esgotado em todo o lado. Portanto, aproveito para agradecer aos meus caríssimos José Hartvig de Freitas e Bruno Caetano por me terem fornecido um dos últimos exemplares que ainda era possível recuperar. 



NOTA FINAL (1/10): 
9.0 


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
Fichas técnicas
 
TLS Series - Cidades 
Autores: Dileydi Florez, Filipe Andrade, Gonçalo Duarte, Joana Afonso, João Tércio, Marta Teives, Pedro Moura, Ricardo Cabral 
Editora: G. Floy / Comic Heart 
Páginas: 120, a preto e branco (inclui uma história a cores) 
Encadernação: Capa dura 
Lançamento: 2017 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
TLS Series - Silêncio 
Autores: André Oliveira, Bárbara Lopes, Darsy Fernandes, Filipe Pina, Jorge Coelho, Marta Teives, Nuno Rodrigues, Paula Bivar de Sousa, Pedro Moura, Pedro Ribeiro Ferreira, Ricardo Cabral 
Editora: G. Floy / Comic Heart 
Páginas: 144, a preto e branco (inclui uma história a cores) 
Encadernação: Capa dura 
Lançamento: 2017 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
TLS Series - Viagens 
Autores: Dileydi Florez, Filipe Andrade, Nuno Rodrigues, Nuno Saraiva, Pedro Ribeiro Ferreira, Quico Nogueira, Ricardo Cabral 
Editora: G. Floy / Comic Heart 
Páginas: 128, a preto e branco (inclui uma história a cores) 
Encadernação: Capa dura 
Lançamento: Maio de 2018 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
TLS Series - Raízes 
Autores: Ana Branco, Bárbara Lopes, Filipe Andrade, Marta Teives, Nuno Saraiva, Pedro Moura, Quico Nogueira, Ricardo Cabral 
Editora: A Seita / Comic Heart 
Páginas: 136, a preto e branco (inclui uma história a cores) 
Encadernação: Capa dura 
Lançamento: Março de 2020