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terça-feira, 9 de setembro de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela parceria A Seita/Arte de Autor nos últimos 5 anos!


Depois de um período de férias, regresso ao tema que fui desenvolvendo ao longo do mês de agosto: qual a melhor banda desenhada que cada editora lançou nos últimos 5 anos? O período dos 5 anos é apenas escolhido devido a ser o período de atividade aqui do Vinheta 2020. E porque é um número redondo, claro.

Hoje trago-vos algo um pouco diferente: em vez de me focar na banda desenhada editada por uma editora apenas, trago-vos o conjunto de melhores obras editadas pelo esforço conjunto de duas editoras: a Arte de Autor e A Seita. Sei que já publiquei um TOP 10 sobre cada uma destas editoras, mas tendo em conta a muito prolífera parceria editorial entre A Seita e a Arte de Autor, apresento-vos o meu TOP 10 das duas editoras.

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Faço aqui uma pequena nota sobre o procedimento: considerei séries como um todo e obras one-shot. Tudo junto. Pode ser um bocado injusto para as obras autocontidas, reconheço, e até ponderei fazer um TOP exclusivamente para séries e outro para livros one-shot, mas depois achei que isso seria escolher demasiadas obras. Deixaria de ser um TOP 10 para ser um TOP 20. Até me facilitaria o processo, honestamente, mas acabaria por retirar destaque a este meu trabalho que procura ser de curadoria. Acabou por ser um exercício mais difícil, pois tive que deixar de fora obras que também adoro, mas acho que quem beneficia são os meus leitores que, deste modo, ficam com a BD que considero ser a "crème de la crème" de cada editora.

Eis então, as melhores obras que, quanto a mim, a Arte de Autor e A Seita já editaram em conjunto:

terça-feira, 8 de julho de 2025

Análise: As Águias de Roma - Livro VII

As Águias de Roma - Livro VII, de Enrico Marini - ASA - LeYa

As Águias de Roma - Livro VII, de Enrico Marini - ASA - LeYa
As Águias de Roma - Livro VII, de Enrico Marini

Depois da edição portuguesa da série As Águias de Roma ter ficado demasiado tempo em banho-maria, entre o quinto e o sexto volume da série, é de louvar que a editora ASA não tenha perdido muito tempo até ao lançamento deste Livro VII, assegurando, deste modo, que os leitores portugueses estão alinhados com a edição original da série que conta com os mesmos sete volumes.

Afinal de contas, As Águias de Roma é uma das mais impactantes séries da banda desenhada histórica europeia. 

Este Livro VII retoma a narrativa num ponto de grande tensão política e emocional, centrando-se na escalada do conflito entre Roma e as tribos germânicas. O pano de fundo mantém-se com a crescente hostilidade entre os antigos amigos e  irmãos, Marco e Armínio, cujas lealdades colidem de forma irreversível. Nesta fase do enredo, Armínio mantém em seu poder Hraban, o filho de Marco, enquanto Marco, por sua vez - e tentando alcançar algum poder de negociação - passa a ter em sua posse a mulher grávida de Armínio. Enquanto isso, o conflito militar entre a população germânica e os romanos adensa-se.  

As Águias de Roma - Livro VII, de Enrico Marini - ASA - LeYa
Neste volume, Marini aprofunda ainda mais o conflito central da saga: o embate entre dois mundos, duas culturas, duas formas de viver e governar. Armínio, dividido entre a honra romana que o criou e a liberdade do seu povo germânico, está cada vez mais decidido a cortar os laços com o Império. Já Marco, por seu turno, continua a representar o ideal romano, embora comece a revelar algumas fissuras emocionais e ideológicas. 

O enredo revela uma melhoria face ao álbum anterior, que, embora visualmente belo, parecia hesitante em termos de ritmo narrativo. Neste novo volume há uma sensação mais clara de direção, com as peças do tabuleiro a moverem-se em preparação para um confronto inevitável que, acredito, surgirá no próximo volume. No entanto, também tenho que admitir que ainda se nota uma certa tendência de Marini em retardar propositadamente(?) o desenvolvimento da história., pois embora o crescimento das tensões seja bem conduzido, sente-se que poderia haver mais acontecimentos concretos a avançar o enredo. 

Há uma sensação de que Marini está a preparar o terreno com meticulosidade, talvez até em demasia, o que pode ser interpretado como um desejo de alongar a narrativa em detrimento da ação imediata. Mesmo assim, repito, este volume melhora bastante em relação ao anterior, possivelmente o menos bom da série.

As Águias de Roma - Livro VII, de Enrico Marini - ASA - LeYa
Este Livro VII revela-se, pois, positivo e satisfatório, especialmente pela forma como o conflito entre as duas fações é intensificado. A relação entre Marco e Armínio, ganha novas camadas emocionais e políticas com este rapto da mulher de Armínio, já por mim referido. 

Uma coisa que aprecio bastante na série é que a mesma nos oferece uma certa ambiguidade moral que, aliás, sempre esteve presente na série, e que mostra que não há heróis ou vilões puros, apenas homens presos entre o dever, o amor e a ideologia. Tão depressa parecem ser Armínio e os germânicos os vilões, como parecem ser Marco e os romanos os "maus da fita". E o mesmo se sente em relação a quem parece ser herói.

No campo visual, Marini volta a provar por que razão é considerado um dos grandes mestres da banda desenhada europeia. O seu trabalho gráfico é simplesmente deslumbrante. As composições de página são dinâmicas, a paleta de cores é rica e atmosférica e o detalhe dos cenários e figurinos transporta-nos de imediato para o universo romano. Falando da questão dos detalhes, aqui e ali podemos encontrar algumas vinhetas que não são tão aprimoradas como eram nos primeiros álbuns da série. O traço e finalização dos desenhos no tempo atual da série, parecem feitos de um modo um pouco mais rápido. Mas, mesmo que isto aconteça, a beleza dos desenhos é tão grandiosa que a obra continua a ser majestosa e a permitir que para além de ser lida, também mereça ser contemplada com prazer demorado.

As Águias de Roma - Livro VII, de Enrico Marini - ASA - LeYa
As personagens continuam extremamente expressivas, com rostos e posturas que comunicam emoções complexas mesmo sem palavras. Os momentos de sensualidade - sempre presentes na obra de Marini - são desenhados com elegância e erotismo, sem nunca resvalarem para o vulgar. Da mesma forma, as cenas de batalha ou de tensão militar são intensas, cinematográficas e visualmente arrebatadoras. Também as cores são verdadeiramente bonitas, encaixando que nem uma luva nos desenhos que nos são oferecidos.

Há uma maturidade artística clara no traço de Marini, que alia a precisão histórica a um estilo pessoal muito característico. O resultado é uma obra que mantém a beleza gráfica como um dos seus trunfos mais fortes. É um daqueles livros que nos obriga a voltar páginas atrás, só para rever um enquadramento ou uma expressão desenhada com mestria.

Em termos de edição, o livro está em harmonia com os restantes álbuns da série, envergando capa dura brilhante e bom papel brilhante no interior. O trabalho de impressão e encadernação também é bom, fazendo jus à obra.

As Águias de Roma - Livro VII não é o volume mais explosivo da série, mas é uma peça importante no crescendo narrativo que Marini parece ter vindo a construir desde o início. É uma obra de transição, sim, mas também de refinamento - tanto emocional como gráfico - que prepara o palco para o desfecho inevitável do confronto entre irmãos e que confirma Marini como um dos grandes nomes da BD contemporânea. Se é que essa confirmação ainda é necessária.


NOTA FINAL (1/10):
8.9



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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As Águias de Roma - Livro VII, de Enrico Marini - ASA - LeYa

Ficha técnica
As Águias de Roma - Livro VII
Autor: Enrico Marini
Editora: ASA
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 317 x 239 mm
Lançamento: Abril de 2025

segunda-feira, 31 de março de 2025

ASA vai lançar novo volume de "As Águias de Roma", de Marini!



Ainda não passou muito tempo desde que a ASA lançou o sexto tomo da série As Águias de Roma, de Enrico Marini, mas a editora portuguesa já fez saber que, durante o próximo mês de Maio, lançará aquele que é o sétimo volume da série ambientada na Roma Antiga.

Com o lançamento deste álbum, a ASA igualará o número de volumes da edição original, o que é uma boa notícia para os leitores portugueses.

O livro já se encontra em pré-venda no site da editora e deverá chegar às livrarias no próximo dia 6 de Maio.

Por agora, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens da versão francesa.

As Águias de Roma - Livro VII, de Enrico Marini

Após retomar o controlo das legiões rebeldes do norte, Germânico organiza uma campanha militar contra a população germânica. 

Em 14 D.C., o possível sucessor de imperador Tibério atravessa o reno, liderando oito legiões, para se vingar da derrota de varo e para recuperar as três águias perdidas. 

Apesar da sua gloriosa vitória sobre os romanos, Armínio tem, uma vez mais, dificuldade com os diferentes clãs da Germânia, para resistir a esta nova invasão romana, mas sabe que o inimigo regressou em força e que está mais determinado do que nunca.

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Ficha técnica
As Águias de Roma - Livro VII
Autor: Enrico Marini
Editora: ASA
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 317 x 239 mm
PVP: 16,50€

terça-feira, 25 de junho de 2024

Análise: As Águias de Roma - Livro VI

As Águias de Roma - Livro VI, de Enrico Marini - ASA - LeYa

As Águias de Roma - Livro VI, de Enrico Marini - ASA - LeYa
As Águias de Roma - Livro VI, de Enrico Marini

Depois de um longo interregno, o suíço Marini decidiu voltar finalmente à série As Águias de Roma. Pessoalmente, é uma das minhas séries preferidas do autor - se não for mesmo a minha favorita - e, por isso, estava muito curioso com este regresso, depois de sete anos de interrupção no lançamento de novos tomos por parte do autor.

Este sexto volume volta a levar-nos para a Roma Antiga, onde Marco e Armínio são as figuras de proa. Esta é a época em que a morte do Imperador Augusto leva Tibério ao poder, fazendo-o reinar sobre Roma. Para tal, conta com o apoio de Seianus. Mas, nos bastidores, começa a formar-se uma conspiração levada a cabo por um grupo que se autointitula Liberatores. Seianus é um desses liberatores e procurará atingir os seus objetivos com o apoio da sensual - embora perigosa - Morphea. Enquanto isso, Armínio continua a encetar trabalhos para estabelecer em Roma os interesses do povo germânico, do qual descende, e o seu irmão, Marco, mantém-se de costas voltadas para Armínio, por esta aparente traição do mesmo ao Império Romano. Estes são os dados para que a trama central avance, mas, parecendo mais um álbum transitório do que outra coisa qualquer, a história deste sexto volume da série não nos dá muito mais do que isto.

As Águias de Roma - Livro VI, de Enrico Marini - ASA - LeYa
Os temas que aqui são explorados mantêm-se os mesmos: o poder e a ambição, a lealdade e a traição, e, especialmente, o choque entre culturas.

Em termos de argumento, este último volume pareceu ficar um pouco aquém dos melhores tomos de As Águias de Roma, porque, a meu ver, não consegue dar ao leitor um caminho narrativo, propriamente dito, mas antes um conjunto de situações que, não obstante, poderão vir a dar bons frutos em termos de argumento no(s) tomo(s) seguinte(s). É um daqueles álbuns que deixa bastante em aberto e isso pode, se tudo correr pela positiva, ser bem resolvido no tomo seguinte ou, em sentido oposto, pode revelar lacunas narrativas futuramente. Por agora, digamos que as coisas estão em aberto e este Livro VI merece o benefício da dúvida.

Nesse sentido, e diga-se em abono da sinceridade, também é justo afirmar que o argumento, podendo ser parco, é eficiente para propiciar as cenas que, normalmente, Marini gosta de desenhar e que, claro, nós, os leitores, gostamos de admirar. Há cenas de erotismo entre várias personagens e há uma boa dose de violência ao nível dos combates físicos. Enfim, tudo aquilo em que as ilustrações do autor mais se têm destacado.

As Águias de Roma - Livro VI, de Enrico Marini - ASA - LeYa
E, por falar em ilustrações, mais uma vez Marini não desilude. O seu traço é muito virtuoso, dando-nos ambientes típicos da Roma antiga, como o célebre coliseu, onde decorrem sangrentas lutas, ou belíssimas vistas isométricas da urbe romana. Se os desenhos são belos, as cores com que os mesmos são coloridos, também têm uma grande responsabilidade pela experiência visual ser tão gratificante.

Continua a ser um deleite admirar os desenhos deste autor que, mesmo com a passagem dos anos, continua a figurar no meu restrito lote de autores favoritos, mesmo admitindo que, neste Livro VI, senti, em várias vezes, que os desenhos careciam de algum detalhe e aprimoramento visual. Além disso, também é certo e justo afirmar que as personagens que Marini desenha acabam por ser algo idênticas entre si - não só dentro da mesma série, como entre séries diferentes. Não obstante, também é igualmente verdade que a fórmula continua magnífica. Como se diz no futebol: “em equipa que ganha, não se mexe”. Marini parece levar isso à letra neste sexto volume de As Águias de Roma.

As Águias de Roma - Livro VI, de Enrico Marini - ASA - LeYa

Quanto à edição da ASA, a editora oferece-nos um livro em linha com os anteriores álbuns da série, com o objeto a apresentar capa dura brilhante, bom papel brilhante no interior e um bom trabalho no cômputo da impressão e da encadernação. 

No final do livro, há uma página com um glossário para que o leitor possa compreender melhor o significado de algumas expressões que são utilizadas no decorrer da história.

Em suma, os livros de Marini são como aquelas mulheres lindas que, mesmo que não tenham nada de muito relevante para dizer, nos deixam embasbacados, e de sorriso na face, a olhar para elas. E este As Águias de Roma - Livro VI é um pouco isso: não tem nada de muito relevante para nos contar e talvez seja o mais fraco em argumento da série até agora. No entanto, mantém a beleza visual que todos esperamos de uma obra de Marini.


NOTA FINAL (1/10):
8.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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As Águias de Roma - Livro VI, de Enrico Marini - ASA - LeYa

Ficha técnica
As Águias de Roma - Livro VI
Autor: Enrico Marini
Editora: ASA
Páginas: 88, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 317 x 239 mm
Lançamento: Maio de 2024

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Águias de Roma, de Marini, está de volta!


Eis uma bela notícia para os muitos fãs de Enrico Marini em Portugal, nos quais me incluo: a série As Águias de Roma está de volta!

Depois do quinto álbum desta belíssima série - possivelmente a melhor de Marini - ter sido lançada em 2016, eis que a ASA regressa à publicação da mesma, através do mais recente livro. Este sexto tomo foi originalmente publicado em 2023 e chega-nos agora, alguns meses mais tarde, na sua versão portuguesa. O livro já pode ser encontrado nas livrarias.

De resto, é conhecido que o sétimo tomo da série deverá ser lançado no mercado europeu no final deste ano, pelo que seria excelente se a ASA conseguisse publicá-lo ao mesmo tempo para o nosso mercado nacional.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais da edição francesa.

As Águias de Roma - Livro VI, de Enrico Marini

O Imperador Augusto morreu. É agora a vez de Tibério reinar sobre Roma. Presente ao seu lado, Seianus deverá ajudá-lo a estabelecer o seu domínio sobre a Cidade Eterna. 

Mas a grandeza de Roma é frágil. Nas sombras, uma trama se vai adensando. Os conspiradores, em número de sete, autodenominados Liberatores - os Libertadores. Seianus é um deles e conta com a bela Morphea para atingir seus objetivos. 

Arminius, por sua vez, sonha em submeter a orgulhosa cidade à autoridade do seu povo de alemães, os Bructeros. Marco, seu irmão de sangue e amigo de infância, rompeu com Armínio porque o culpa por ter traído Roma. Ele tem apenas uma obsessão: encontrar o seu filho...

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Ficha técnica
As Águias de Roma - Livro VI
Autor: Enrico Marini
Editora: ASA
Páginas: 88, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 317 x 239 mm
PVP: 16,50€

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Análise: Noir Burlesco #2, de Enrico Marini

Noir Burlesco #2, de Enrico Marini - A Seita e Arte de Autor

Noir Burlesco #2, de Enrico Marini - A Seita e Arte de Autor
Noir Burlesco #2, de Enrico Marini

Se houve algo que experienciei quando terminei a leitura de Noir Burlesco #1 foi uma sensação de “quero mais”. A arte de Enrico Marini sempre foi (e sempre será, estou certo) verdadeiramente elegante, charmosa, requintada e bela. E as suas personagens apresentam, portanto, toda uma aura de beleza que é rara de encontrar em banda desenhada. E tudo isto num registo muito pessoal e singular, facilmente distinguível. Com Noir Burlesco #2, que as editoras A Seita e Arte de Autor lançaram em parceria, a história fica resolvida e a sensação de satisfação, por mais um belo álbum de Marini, fica completa.

E se o primeiro volume desta mini-série serviu mais como uma apresentação do universo, do ambiente e das personagens e das relações entre as mesmas, neste segundo volume temos uma trama focada em algo mais concreto. Rex, um dos chefes da máfia local, e noivo da sensualíssima Caprice - com quem o protagonista da história, Slick tem uma história de amor passada - ordena a este que faça o roubo do retrato da mãe do chefe gangster rival, Don Zizzi, que havia sido pintada por Pablo Picasso. É a única forma de Slick saldar as suas dívidas perante Rex. E se o plano não for executado na perfeição, Rex ameaça matar a irmã e o sobrinho de Slick. Para tal roubo, Slick será acompanhado por alguns capangas de Rex que são perfeitos psicopatas: um brutamontes, um pseudo-índio e um rapaz tagarela que, sendo desajeitado, tem mais conversa do que ação.

Noir Burlesco #2, de Enrico Marini - A Seita e Arte de Autor
Não é uma história particularmente original. E já o tinha referido na análise que fiz ao primeiro dos dois volumes. Mas parece-me que não foi, aliás, esse o propósito de Marini. Ao invés, fica claro que o autor pretendeu homenagear o cinema americano que imortalizou estas lutas da máfia em variados clássicos da 7ª arte como Dillinger, Tudo Bons Rapazes, O Padrinho, Era Uma Vez Na América ou Os Intocáveis. Isto para nomear apenas alguns filmes. A fórmula está completa: temos o protagonista galã, temos a bela femme fatale, que transpira sensualidade por todos os poros do seu curvilíneo corpo, temos traição, temos ação, temos mortes violentas, temos foras-da-lei, temos tudo o que "é suposto” ter neste tipo de histórias ambientadas na década 50. E, pelo menos quanto a mim, esta mini-série representou um autêntico guisado de coisas boas!

A homenagem de Marini acaba, pois, por funcionar na perfeição. As personagens são carismáticas - até mesmo as mais secundárias - a ação e o enredo funcionam, com os eventos a relacionarem-se bem, e o próprio desenvolvimento narrativo está bem conseguido. Volto a dizer: não vejo outra queixa que possa vir da leitura destes livros do que a seguinte: “não é verdadeiramente original”. Mas, sendo redundante, isso não é bem uma crítica fundamentada se tivermos em conta que era óbvio que ser “original” não era certamente o intuito do autor. É uma prova mais que superada pelo mesmo, portanto.

Noir Burlesco #2, de Enrico Marini - A Seita e Arte de Autor
Falando das ilustrações, o trabalho de Marini nos dois álbuns é um deleite para os olhos. Neste caso concreto, o autor optou por não nos dar ilustrações tão flashy como noutras das suas obras (Rapaces, Águias de Roma, O Escorpião), mas sim oferecer-nos um registo mais artístico, por ventura mais maduro, onde as ilustrações variam entre o preto e branco e a sépia, havendo depois espaço para que a cor vermelha assuma o destaque e realce pessoas, objetos e momentos. As cores são dadas em forma de aguarela, aumentando a beleza e profundidade de cada de cada imagem. Uma verdadeira obra prima da ilustração! Há ilustrações em cada um dos álbuns, que dariam (darão?) verdadeiros quadros. As personagens, as suas expressões e linguagem corporal, as cenas de ação, a conceção dos veículos, dos edifícios, dos ambientes e os próprios enquadramentos cinematográficos utilizados, são um mimo para a vista. Roça a perfeição, o trabalho de Marini!

Em termos de edição, o livro apresenta cada dura baça. No interior, no miolo do livro, temos papel de boa qualidade, com um ligeiro brilho, e um bom trabalho ao nível da encadernação e impressão. No final do livro, e tal como aconteceu no primeiro volume, há ainda um dossier de oito páginas com ilustrações e esboços com estudos de personagens. Algumas destas ilustrações são tão belas que poderiam estar emolduradas! 

Noir Burlesco #2, de Enrico Marini - A Seita e Arte de Autor
Confesso que teria gostado que as editoras A Seita e Arte de Autor tivessem aproveitado a oportunidade para lançar um integral desta série, que é bastante curta, pois só tem dois volumes, tornando o objeto-livro em algo mais definitivo e de colecionador. Porém, também compreendo o appeal comercial de ter lançado a obra em dois volumes. E, já sabem, por muito que eu goste de volumes integrais, aceito sempre que as editoras portuguesas lancem as obras da mesma forma que as mesmas foram originalmente lançadas. Portanto, se Noir Burlesco foi originalmente lançado em dois volumes é porque foi vontade do autor/editor original que assim fosse feito. O trabalho das editoras portuguesas fica, portanto, e a partir daí, incólume a críticas negativas.

Em suma, e olhando para a totalidade dos dois volumes, Noir Burlesco dá-nos um Marini mais maturado nas ilustrações, experimentando coisas diferentes em relação ao que o autor já nos tinha oferecido nas suas séries mais famosas, mas, ao mesmo tempo, mantendo familiaridade com as mesmas. O resultado é uma obra brilhantemente ilustrada e colorida, onde as aguarelas requintadas, nos permitem viajar até aos tempos dos gangsters, das belas mulheres fatais e das sempre excitantes e perigosas triangulações amorosas. Enfim, todos os clichets do género noir, mas que Marini faz questão de nos dar nesta bela homenagem a todo esse universo cinematográfico que ainda nos deixa empolgados no dia de hoje! Não restam dúvidas que Marini merece estar integralmente publicado em Portugal!


NOTA FINAL (1/10):
9.5


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Noir Burlesco #2, de Enrico Marini - A Seita e Arte de Autor

Ficha técnica
Noir Burlesco #2
Autor: Enrico Marini
Editoras: A Seita e Arte de Autor
Páginas: 136, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 21,5 x 28,5 cm
Lançamento: Outubro de 2023

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Noir Burlesco 2 chega antes do natal!


Que ótimo presente de Natal! É durante esta semana que o segundo volume do díptico Noir Burlesco, de Marini, chega às livrarias pelas mãos das editoras A Seita e Arte de Autor

Por ora, o livro também já pode ser encomendado, a preço especial, através dos seguintes sites: A Seita e Arte de Autor.

Nota positiva para o facto da edição incluir 4 postais (em número limitado) para quem encomendar diretamente o livro às editoras. 

Sou um confesso admirador do traço de Marini e fiquei muito agradado com a leitura do primeiro volume deste díptico, cuja análise pode ser lida aqui.

Portanto, é óbvio que estou desejoso de ler este segundo volume da obra!
Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa da obra e respetivas imagens promocionais.


Noir Burlesco #2, de Enrico Marini

Para Slick as coisas não melhoram. Num mundo ideal, teria fugido com a mulher da sua vida, a bela mas imprevisível Caprice... mas ela está presa ao temível Rex por um segredo que a poderia arruinar. 

E desta vez, Slick terá de se haver com a máfia italiana. Sob ameaça de Rex, terá de roubar uma obra de arte, um quadro que retrata a mãe de Don Zizzi, o chefe da máfia, e que foi pintado pelo próprio Picasso! E para um mafioso que se preze, só uma mulher conta, a própria mãe.
E roubarem aquilo que lhe é mais estimável não é uma boa ideia, acabando por conduzir os acontecimentos a uma espiral de violência por entre mulheres fatais, assassinos desequilibrados, tiroteios sangrentos e ajustes de contas. Com muito chumbo!

Final de uma homenagem excepcional de Marini aos filmes noir americanos dos anos 1950, com a acção a desenrolar-se a um ritmo estonteante e sempre em crescendo até a um desenlace final que não deixa indiferente o leitor, este segundo volume representa o fechar do primeiro romance gráfico propriamente dito do autor. Marini consegue reunir todos os estereótipos do género, criminosos, mulheres fatais, belas viaturas, através de um grafismo que cativa pela beleza do traço, a riqueza das cores e a sublime reconstituição de época. 

Uma obra-prima!

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Ficha técnica
Noir Burlesco #2
Autor: Enrico Marini
Editoras: A Seita e Arte de Autor
Páginas: 136, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 21,5 x 28,5 cm
PVP: 29,50€

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Análise: Noir Burlesco

Noir Burlesco, de Marini - A Seita e Arte de Autor

Noir Burlesco, de Marini - A Seita e Arte de Autor
Noir Burlesco, de Marini

Já vos aconteceu ficarem boquiabertos perante uma beleza que consideram magnânime? Não me refiro apenas a banda desenhada. Refiro-me a toda e qualquer coisa que vos faça ficar assim meio aparvalhados(as) por visualizarem algo que vos parece tão bonito. Pode ser uma pessoa. Um animal. Um monumento. Uma paisagem. Um carro. Um objeto. Uma obra de arte. Qualquer coisa. Eu sinto-me assim meio aparvalhado quando vejo os desenhos de Enrico Marini, o autor de Noir Burlesco, que hoje vos trago.

É um dos meus ilustradores preferidos. Não apenas por ser, tecnicamente falando, um excelente desenhador, mas, também, por um outro motivo: sinto-me especialmente atraído pela beleza e originalidade dos seus desenhos. As personagens são todas, sem exceção, muito belas. E não falo apenas das personagens femininas que, por motivos óbvios, serão o meu principal interesse. A verdade é que até as personagens masculinas são muito bonitas e parecem ter um carisma muito próprio. Tal como os carros. Tal como os edifícios. Tal como tudo o que Marini desenha.

Portanto, quando parti para a leitura de Noir Burlesco, o primeiro tomo de um díptico, que as editoras A Seita e Arte de Autor editaram em parceria, já na reta final de 2022, já tinha presente que era quase impossível eu não adorar Noir Burlesco. E, sem surpresas, depois de feita a leitura deste livro, eu estava encantado e a chorar por mais.

Noir Burlesco, de Marini - A Seita e Arte de Autor
Começando, pois, por falar da arte ilustrativa deste livro, há que dizer que, se Marini já nos habituou em muitas das suas obras publicadas em Portugal – como Rapaces, Gypsy, As Águias de Roma, O Escorpião ou Batman – O Príncipe Encantado das Trevas, entre outros – a fantásticas ilustrações, neste Noir Burlesco, o autor suíço não foge à regra, dando rédeas à sua criação e dotando a obra de ilustrações verdadeiramente belíssimas.

Num registo mais em tons de sépia, onde ganham destaque os vermelhos fortes, o autor transporta-nos até ao universo dos filmes noir por essa Filadélfia dos anos 50. Os desenhos das personagens são do mais belo que há, mas também os cenários, quer interiores, quer exteriores, são executados com profunda mestria.

Além disso, e como se já não bastasse, também no plano da narração por imagens, até porque há muitos momentos da história que nos são dados de forma muda, sem o recurso de texto, o autor se revela exímio. E, para isso, também ajuda que sejam utilizados planos cinematográficos que, estando a ler o livro de forma imersa, mais parecem retirados de um clássico filme noir do que, propriamente, de uma banda desenhada. Dito de outra forma, as imagens acústicas que a leitura deste livro nos deixam na memória fazem parecer que, depois de lido o livro, acabámos de assistir a um filme e não de ler uma banda desenhada.

Do ponto de vista de desenho e cor considero, pois, Noir Burlesco como uma verdadeira obra-prima. Nota máxima na execução!

Noir Burlesco, de Marini - A Seita e Arte de Autor
Já quanto ao argumento, à história, propriamente dita, não tendo ficado propriamente desapontado, nem nada que se pareça, também não posso dizer que tenha ficado maravilhado. O que me leva ao ponto como comecei este texto. É fácil ficar-se meio aparvalhado a olhar para a beleza visual com que o trabalho de Marini nos brilha. Tudo é lindo e espetacular para observar. E tanto o é que, por vezes, isso até pode mascarar um argumento menos conseguido. Ou, pelo menos, não tão bom como os desenhos.

A história que o autor nos apresenta parece já ter sido dada e baralhada milhentas vezes: o protagonista é Terry Slick, um gangster daqueles à antiga, que poderíamos retirar de filmes como Os Intocáveis, de Brian de Palma, por exemplo. Slick tem uma ardente paixão, mal resolvida, por Deb Caprice, uma mulher sexy até à exaustão que, por azar dos azares, é a noiva de Hollow, outro gangster para o qual Slick se vê forçado a trabalhar e com quem já tem um passado atribulado. Ora, por vários motivos, para além dos óbvios, este trio amoroso tem tudo para acabar em mal. Pelo menos, para um (ou mais) dos envolvidos. Não há muito mais a dizer sobre o argumento ou estaria a estragar o prazer da leitura àqueles que forem ler o livro, depois de lerem este meu texto.

Noir Burlesco, de Marini - A Seita e Arte de Autor
Mas, por aquilo que apresentei, torna-se claro que Noir Burlesco tem uma gritante dose de clichets, que fazem com que fiquemos com a sensação de que já lemos/vimos esta história noutro lugar. Há belas perseguições de carros, há belas imagens de mulheres semi-nuas em cabarets, há imagens de tiroteios e combates corpo a corpo bem violentos, há belas cenas de sexo, carregadas de um belo erotismo. Tudo magnificamente desenhado, repito. Mas, lá está, em termos de argumento, as personagens não chegam a ser profundas nem a história tem uma dinâmica especialmente notável.

Explico de outra forma: se este livro não fosse tão soberbamente bem desenhado, também não seria a história que o faria ser fantástico. É a beleza das ilustrações que nos deixa meio que aparvalhados a olhar para o livro de forma imersa.

Porém, também seria injusto se dissesse que a história está mal montada por Marini ou que tem problemas. Não, nada disso. Funciona bem e cumpre a sua tarefa. Simplesmente, fica (muitos?) furos abaixo do desenho. Se a ilustração é nota máxima, o argumento é nota mediana.

Noir Burlesco, de Marini - A Seita e Arte de Autor
Antes de uma posição final sobre a história, há que dizer que este ainda é o primeiro tomo da obra e, como tal, até é possível que a história venha a puxar ainda mais, no sentido ascendente, a perceção global com que fiquei da obra. Assim espero.

A edição das editoras A Seita e Arte de Autor apresenta-se muito boa. Capa dura baça, bom papel brilhante, boa impressão e boa encadernação. Há ainda um delicioso dossier de extras, com oito páginas, que inclui alguns desenhos e estudos de personagens. Algumas destas ilustrações são tão boas que apetece retirá-las do livro e emoldurá-las, tal não é a sua beleza.

À data do lançamento deste volume, já tinha saído o segundo volume na sua língua original. Ora, não posso afirmar com certeza se, em termos logísticos e de autorizações, teria sido possível, ou não, lançar a obra por cá em formato integral. Em caso afirmativo, acho que teria sido benéfico – pelo menos para os leitores – que assim tivesse sido feito.

Portanto, em suma, Noir Burlesco traz-nos um verdadeiro portento da ilustração europeia. Visualmente falando, é um dos livros mais bonitos que pude ler nos últimos meses. E relembro que eu leio muita, muita banda desenhada. Carregada de mulheres lindas, de boa ação e de belas imagens que nos ficam gravadas na retina, esta obra não apresenta, para já, um argumento especialmente cativante, mas, não obstante, é suficiente para nos deixar a salivar pelo segundo e último tomo da obra.


NOTA FINAL (1/10):
9.4



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Noir Burlesco, de Marini - A Seita e Arte de Autor

Ficha técnica
Noir Burlesco #1
Autor: Marini
Editoras: A Seita e Arte de Autor
Páginas: 104, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 210 x 285 mm
Lançamento: Novembro de 2022

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Noir Burlesco, de Marini, acaba de ser lançado!



A Seita e a Arte de Autor, mesmo já bem perto do natal, ainda nos presenteiam com vários lançamentos, dos quais falarei durante o dia de hoje!

O primeiro deles é o muito aguardado Noir Burlesco, de Marini. Sou um confesso admirador do traço do autor. Em termos de argumento, nem sempre os seus livros me têm deixado totalmente satisfeito mas, no que concerne às ilustrações, este é um dos autores que me enche as medidas. Mas, como também adoro a temática noir, estou muito empolgado para ler este livro.

Noir Burlesco é um díptico cujo segundo e último volume foi originalmente lançado há cerca de um mês. Como tal, e esperando que as editoras A Seita e Arte de Autor não demorem muito tempo entre o lançamento do primeiro e do segundo volume, julgo que não faltará muito tempo para que possamos ter os dois volumes publicados por cá. O que é algo muito bom.

Mais abaixo, apresento-vos algumas imagens promocionais, bem como a nota de imprensa sobre a obra. 

Noir Burlesco, de Marini

Noir Burlesco (vol. 1 de 2) é o primeiro romance gráfico a solo de Marini, uma das maiores estrelas da BD europeia! O autor de Rapaces, O Escorpião, Águias de Roma e muito outros grandes sucessos faz aqui a sua grande homenagem ao cinema noir da Hollywood dos anos 50.

O regresso de uma das lendas da BD europeia ao mercado nacional: Marini mergulha num thriller noir ambientado nos anos 50, com os clichés típicos do género, mas distorcidos e revistos com uma surpreendente frescura, e claro, ilustrados com o traço maravilhoso de um autor conhecido pela sensualidade das mulheres que desenha e pela dureza das cenas de violência que descreve. 

Filadélfia, 1950. Um policial sombrio q.b., povoado de mulheres fatais e sensuais, em que o crime e a violência se alimentam do ciúme e da traição… 

O primeiro romance gráfico de Enrico Marini, uma obra-prima da banda desenhada, e uma homenagem perfeita ao filme noir americano.

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Ficha técnica
Noir Burlesco
Autor: Marini
Editoras: A Seita e Arte de Autor
Páginas: 104, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 210 x 285 mm
PVP: 24,00€


terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

A Seita e a Arte de Autor preparam-se para causar impacto no mercado da BD em Portugal!


E se a Devir tem excelentes propostas para reforçar o seu catálogo editorial, que dizer, também, da parceria entre as editoras A Seita e Arte de Autor?!

As duas editoras anunciaram na passada sexta-feira as novas obras que se preparam para co-editar ao longo dos próximos meses!

E, meus amigos, preparem-se para livros verdadeiramente apetecíveis!!!

Em primeiro lugar, teremos a publicação do segundo - e último - tomo de O Combate Quotidiano, que apresenta, desde já, a capa mais bonita de todas as que conheço dos vários tomos e edições integrais da série.

Teremos também a reedição de Fado Ilustrado, de Jorge Miguel, autor das obras Shanghai Dream e Sapiens Imperium, ambas publicadas por cá, pela parceria A Seita/Arte de Autor, para além da obra O Cavaleiro do Unicórnio, de Stéphane Piatzszek e Guillermo Gonzalez Escalada, que não conheço mas que aparenta ter uma arte ilustrativa verdadeiramente impressionante.

Para além disso, teremos o novo livro, intitulado Noir Burlesque, do autor Marini, um dos meus ilustradores favoritos, e, também, duas obras de Zidrou, um dos meus argumentistas favoritos de banda desenhada: Naturezas Mortas e Emma G. Wildford!

Se todas estas obras me deixam com um apetite de leitura voraz, tenho que confessar que Dentro da Cabeça de Sherlock Holmes é a obra que mais me deixa empolgado! E não falo apenas em relação a este conjunto de fantásticas obras d'A Seita/Arte de Autor. Falo em relação a todos os livros de banda desenhada que foram lançados nos últimos anos. Daquilo que já pude investigar sobre a obra e sobre a edição, este é um daqueles livros que tem tudo para ser "um dos livros da minha vida". Sim, a minha expetativa é tão grande que até tenho medo de sair defraudado. Mas, ou muito me engano, ou tal não vai acontecer. Resta-me esperar para que chegue rapidamente a altura em que me poderei deliciar com esta obra.

Abaixo, deixo-vos a nota emitida pelas editoras que explica melhor quais as novidades editoriais do seu esforço conjunto:


Plano editorial Arte de Autor e A Seita

Como muitos fãs de banda desenhada portugueses sabem, a Arte de Autor e A Seita iniciaram há um pouco mais de um ano uma colaboração algo inédita no mercado português, para co-editar livros de BD, principalmente de franco-belga. Essa cooperação nasceu de uma conversa fortuita durante o Festival de BD de Angoulême, em Janeiro de 2020, em que nos demos conta de que estávamos a tentar comprar os direitos dos mesmos livros. Dessa conversa surgiu a ideia de, em vez de competirmos e entrarmos numa espécie de leilão, podíamos colaborar e co-editar esse livro. E nasceu o nosso primeiro livro em conjunto, “Shanghai Dream”, de Jorge Miguel e Philippe Thirault, e a intenção de editar outros livros, consoante os projectos editoriais de cada uma das editoras. Em 2021 continuámos essa colaboração: mais um livro do Jorge Miguel, desta feita “Sapiens Imperium” (com Sam Timel), bem como “Os Olhos do Gato”, de Moebius e Jodorowsky, e “O Combate Quotidiano” de Manu Larcenet (o primeiro volume).

Esta colaboração vai continuar este ano, a experiência foi boa e tem havido um bom entendimento entre as duas editoras. Queremos continuar os projectos que nos propusemos começar, claro: continuar a editar a obra de Jorge Miguel em Portugal, e concluir “O Combate Quotidiano”, mas decidimos juntar forças para mais uma série de livros em 2022 e 2023!

E o nosso primeiro anúncio vai para “Noir Burlesque” de Marini, um policial negro e pulp, ambientado nos anos 1950, que junta paixão, crime, ciúme e vingança numa história que é, como o diz o Le Figaro, “a sua homenagem pessoal ao cinema de Hollywood dos anos 50”. Um álbum magnífico a preto e branco e… vermelho! Antecipamos o lançamento do primeiro álbum (de dois) durante o último trimestre do ano.

Noir Burlesque, de Marini

E a verdade é que somos todos fãs de Zidrou, os (muitos!) sócios d’A Seita, e a Vanda da Arte de Autor, e entre “Verões Felizes” e “A Fera” já temos editados alguns livros escritos por este fabuloso argumentista belga. E então... porque não uma colecção Zidrou? Pois bem, foi o que decidimos fazer. Zidrou tem inúmeras histórias completas, pequenos (ou não tão pequenos) romances gráficos, e já no final do ano lançaremos “Naturezas Mortas”, com arte do espanhol Oriol,

Naturezas Mortas, de Zidrou e Oriol


(...) a que se seguirá em inícios de 2023 “Emma G. Wildford”, ilustrado por Edith. São duas histórias maravilhosas, e um convite a que mais leitores portugueses descubram a obra de Zidrou.

Emma G. Wildford, de Zidrou e Edith

Temos também para o final do ano um álbum completo, uma história fechada, “O Cavaleiro do Unicórnio”, uma saga medieval com toques de fantástico e em tons de alegoria sobre a violência, com argumento de Stéphane Piatzszek e arte (deslumbrante!) de Guillermo Gonzalez Escalada.

O Cavaleiro do Unicórnio, de Stéphane Piatzszek e Guillermo Gonzalez Escalada 


E, finalmente, com lançamento previsto para inícios de 2023, temos um álbum que foi um dos grandes sucessos em França nos anos mais recentes, e que é um dos livros de BD mais originais que já vimos: “Na Cabeça de Sherlock Holmes” de Cyril Liéron e Benoit Dahan, um álbum que reúne os dois primeiros volumes da série num livro com mais de 100 páginas que apresenta “O Caso do Bilhete Escandaloso” numa integral com a qual mergulhamos (literalmente!) na cabeça do detective de Conan Doyle.

Na Cabeça de Sherlock Holmes, de Cyril Liéron e Benoit Dahan


Como já dissemos acima, a estes livros juntam-se “O Fado Ilustrado”, a re-edição de uma interessante obra de Jorge Miguel, que segue a história e os meandros da Lisboa do fim do século 19 no célebre através do quadro “O Fado” de Malhoa; 

O Fado Ilustrado, de Jorge Miguel
(Provavelmente a capa será diferente da edição original da Plátano Editora)


(...) e, claro, o segundo volume (e final) “O Combate Quotidiano” de Manu Larcenet, uma das obras-primas deste grande autor franco-belga contemporâneo.

O Combate Quotidiano - Volume Dois (de dois), de Manu Larcenet


São sete livros, distribuídos entre o segundo trimestre do ano (o “O Fado Ilustrado” e “O Combate Quotidiano” serão editados entre Abril e Junho) e o último trimestre de 2022 e primeiro de 2023 (para os outros), que esperamos possam satisfazer os nossos leitores e fãs com mais e melhor BD!