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quinta-feira, 31 de julho de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pel' A Seita nos últimos 5 anos!



Hoje trago-vos aquela que, na minha opinião, foi a melhor banda desenhada lançada pela editora A Seita nos últimos cinco anos!

Recordo que esta iniciativa surge pela comemoração dos 5 anos do Vinheta 2020, que me fez olhar um pouco para trás e ver a enorme quantidade de excelente banda desenhada que por cá foi publicada durante um período bastante pequeno de cinco anos.

Tendo em conta o enorme sucesso que estes artigos estão a ter aqui no blog, já tendo eu feito artigos dedicados à Ala dos Livros e à Arte de Autor, prometo fazer o mesmo tipo de artigo para a melhor banda desenhada editada por cada uma das principais editoras portuguesas de banda desenhada durante o mês de agosto. Mesmo que, pelo meio, haja uma certa quebra devido às minhas férias que se avizinham.

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Faço aqui uma pequena nota sobre o procedimento: considerei séries como um todo e obras one-shot. Tudo junto. Pode ser um bocado injusto para as obras autocontidas, reconheço, e até ponderei fazer um TOP exclusivamente para séries e outro para livros one-shot, mas depois achei que isso seria escolher demasiadas obras. Deixaria de ser um TOP 10 para ser um TOP 20. Até me facilitaria o processo, honestamente, mas acabaria por retirar destaque a este meu trabalho que procura ser de curadoria. Acabou por ser um exercício mais difícil, pois tive que deixar de fora obras que também adoro, mas acho que quem beneficia são os meus leitores que, deste modo, ficam com a BD que considero ser a "crème de la crème" de cada editora.

Chamo a atenção para o facto de eu considerar que fará sentido fazer um TOP dedicado aos lançamentos que A Seita fez em conjunto com a Arte de Autor. Mas isso ficará para outro dia. Como tal, as obras lançadas em conjunto pelas duas editoras não foram tidas em conta para este TOP. Também a Comic Heart merecerá um artigo isolado.

Bem, sem mais delongas, deixo-vos a melhor BD lançada em exclusivo pel' A Seita.

domingo, 18 de abril de 2021

Análise: Procura-se Lucky Luke



Procura-se Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme

Procura-se Lucky Luke assinala o regresso do autor Matthieu Bonhomme que já nos tinha dado o fantástico livro O Homem que matou Lucky Luke – obra aclamada pela crítica e pelos leitores. Desta vez, Bonhomme volta a surpreender-nos na forma como aborda o universo do cowboy que dispara mais depressa do que a própria sombra.

Se em O Homem que matou Lucky Luke, Bonhomme propunha-nos a ideia, a priori impossível(?), de Lucky Luke poder ser assassinado por alguém, neste Procura-se Lucky Luke, o autor propõe-nos não uma, mas duas ideias aparentemente impensáveis também. A primeira é que Lucky Luke passe a ser um homem procurado com a sua cabeça a prémio; a segunda é que seja desejado por três maravilhosas mulheres ao mesmo tempo. Como irá o herói escapar-se deste double trouble?

Para os leitores menos avisados que venham dar a este meu texto, convém desde já dizer-vos que este não é um Lucky Luke habitual. Daqueles a que o autor original da série, Morris, nos habituou. Este é um Lucky Luke que pertence à coleção Lucky Luke visto por... que é editado em Portugal pela A Seita e que conta, no momento, com 3 álbuns: O Homem que matou Lucky Luke e Procura-se Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme, e Lucky Luke Muda de Sela, de Mawil. Ainda durante 2021 é esperado que nos chegue o quarto álbum da série intitulado Jolly Jumper não Responde, de Guillaume Bouzard. Os livros desta coleção consistem em abordagens diferentes – mas não necessariamente divergentes – das aventuras clássicas de Lucky Luke. Como se fossem versões reimaginadas e revamped da série clássica.

Calculo que muitos leitores da velha guarda de Lucky Luke, mais puristas, não apreciem tanto estas novas abordagens. Ainda assim, também é verdade que esta cara lavada dos heróis clássicos – e que não acontece apenas com Lucky Luke mas, também, por exemplo, nos novos Spirou ou Uma Aventura de Blake e Mortimer - O Último Faraó, de  Schuiten – parece estar a ser um sucesso de vendas no mercado europeu. Da minha parte, posso dizer que vejo com muito bons olhos estas novas abordagens de séries mais antigas, pois considero que permitem um ângulo diferente de observação e tratamento das personagens que todos conhecemos e, simultaneamente, também permitem que se possam conquistar novos fãs e interessados neste tipo de álbuns, quiçá mais refrescantes.

Mas voltando a este Procura-se Lucky Luke, Bonhomme é exímio na maneira como consegue desconstruir Lucky Luke. Acho que é esse o seu grande trunfo e que é isso que faz com que a sua abordagem seja original e refrescante. O autor poderia limitar-se a imaginar novos vilões e aventuras em que Lucky Luke pudesse entrar. Mas, em vez disso, opta por analisar com espírito crítico o herói, pegar em algo característico da série e partir desse vector para a sua construção do argumento. No primeiro livro pegou na questão de “se este é o homem que dispara mais rápido do que a própria sombra, seria interessante que alguém o conseguisse matar”. Neste segundo livro, opta pela tal questão dupla que já referi: “se Lucky Luke está sempre do lado do bem, seria interessante colocá-lo como procurado” e “se ele é solitário, seria interessante introduzir mulheres na trama”. São pontos de partida aliciantes desde a sua génese. Para além disso, ainda volta a brincar com a questão de Lucky Luke não fumar.

A história coloca Lucky Luke a ajudar três beldades femininas quando estas estão em perigo. Beldades essas que se apaixonarão pelo protagonista. E esta será a primeira instância que faz Lucky Luke ser wanted (desejado). Mas, além disso, o cowboy acaba por também ser wanted (procurado) pelo simples facto da sua cabeça estar a prémio, com uma recompensa de 50.000$. Isto coloca bandidos, índios e até a própria cavalaria no seu encalce. O que leva a que aumentem as situações divertidas impostas pela narrativa, bastante bem estruturada.

Bonhomme também demonstra desenvoltura na introdução das quantidades certas de texto. Se sabe construir bons diálogos, também sabe “calar” o texto, quando é necessário, e dar-nos bastantes vinhetas silenciosas que comunicam muito bem aquilo que importa comunicar. As 3 mulheres que habitam a história são todas muito bonitas, carismáticas e suficientemente diferentes entre si. Há também espaço para a introdução de alguns personagens que já tinham aparecido na série clássica de Morris, nomeadamente Joss Jamon, o chefe apache Patronimo, o Coronel O'Hallan, entre vários outros.

Teria sido benéfico um maior desenvolvimento do romance entre Lucky Luke e as personagens femininas, nomeadamente Cherry. Claro que conhecendo Lucky Luke e a sua necessidade ou desejo de ser um herói solitário – como diz a canção que acompanha sempre a última vinheta das suas histórias e que, oportunamente, Bonhomme decide utilizar na primeira vinheta desta obra – é natural que Lucky Luke não se queira prender com relações amorosas. Mas acho que a tentação de Lucky Luke poderia ter sido mais explorada pelo autor. Assim, pareceu-me que Lucky Luke passa por uma personagem mais assexuada do que propriamente por um homem que, mesmo tendo os seus desejos e tentações, opte por estar sozinho. Bonhomme explora isto nas últimas páginas mas de forma pouco convicta, a meu ver. Compreendo que sendo uma personagem clássica e do universo infanto-juvenil, o autor se tenha refreado de arriscar mais. Mas acredito que uma maior audácia – ainda que ligeira - teria beneficiado a história e as camadas de valores e humanidade que habitam no herói.

Embora até aqui eu tenha estado a fazer várias referências ao álbum anterior e como é expetável que quem gostou do primeiro possa gostar deste segundo intento do autor, a verdade é que há diferenças substanciais, quer na história, quer em termos gráficos entre O Homem que matou Lucky Luke e Procura-se Lucky Luke. O que é, aliás, positivo e reforça o compromisso do autor perante Lucky Luke, não fazendo mais um livro com o mote “vira o disco e toca o mesmo”. O Homem que matou Lucky Luke é um álbum mais pesado, mais denso e mais dramático do que este Procura-se Lucky Luke que, em termos de história, é mais leve e mais suave. E mesmo em termos de grafismo, a primeira história passa-se em ambientes mais citadinos ou florestais, e com bastante chuva a tornar as cenas mais inverneiras e escuras. Em Procura-se Lucky Luke, a maior parte da história desenrola-se no quente deserto que clama por luzes quentes e fortes. Os amarelos e os vermelhos. São dois álbuns diferentes mas que, ainda assim, têm muitos pontos em comum entre si.

Nesse sentido, em termos visuais Bonhomme persegue com o universo visual já criado por si no álbum anterior. E uma coisa é certa: para aqueles que gostaram do álbum anterior em termos visuais, posso garantir que esta obra procura dar todos esses mesmos ingredientes. Procura-se Lucky Luke é um álbum extremamente bonito e bem desenhado pelo autor. Os enquadramentos são fantásticos e a maneira eficaz e, por vezes, até bastante simplista dos desenhos de Bonhomme torna-os muito gratificantes de observar. Os momentos de ação – embora não sejam muitos – também estão bastante bem desenhados e ritmados. Destaque para as poses e linguagem corporal das personagens que estão fantásticas.

Ora, se a história é simples mas bem construída, com a introdução de boas personagens – especialmente as femininas – e com um Lucky Luke carismático, também o desenho de Bonhomme, cheio de personalidade e confiança, se apresenta muito do meu agrado. Há apenas algo que, na minha opinião, não funciona tão bem. E antes de avançar neste assunto, aproveito para sublinhar que esta é uma questão meramente subjetiva. De opção estética. Primeiramente do autor. E, depois, dos leitores, consoante os seus próprios gostos. 

Assim, o que não me deixa totalmente satisfeito neste álbum é a opção de colorir tantas(!) páginas com manchas monocromáticas. Isso já tinha sido feito no álbum anterior mas neste Procura-se Lucky Luke, Bonhomme ainda abusou mais desta opção estética. Na verdade, dei-me ao trabalho de contar que a personagem de Lucky Luke é desenhada 227 vezes neste álbum. E dessas 227 vezes, o herói só é colorido com as suas cores clássicas – as botas castanhas, os jeans azuis, o cinto castanho, a camisa amarela, o colete preto, o lenço vermelho e o chapéu branco – 39 vezes. Ou seja, na grande maioria de planos em que Lucky Luke aparece na história, está colorido com uma simples mancha monocromática. 

Sei que isso já era algo que Morris fazia por vezes nos seus livros mas creio que Bonhomme abusa em demasia desta característica. E como o seu traço é menos caricatural do que o de Morris, acho que é um efeito que se torna mais artificial. Também admito que o autor sabe usar bem esta técnica e que há páginas lindíssimas mesmo com essa vertente monocromática – especialmente as imagens que retratam a aridez do deserto ou certos ambientes dramáticos da narrativa. Insisto que isto é uma questão meramente subjetiva. Se eu não gosto muito, concebo perfeitamente que muitos leitores possam adorar. Não é que esteja mal feito. Longe disso. Só acho que torna a obra demasiado estilizada. Se fosse um outro western qualquer eu até poderia estar aqui a escrever que tinha adorado esta opção estética. Mas como se trata de Lucky Luke, tenho que dizer que é uma coisa que me faz alguma “comichão”. Demasiado popart para o meu gosto num álbum de Lucky Luke. Mas, lá está, são gostos. Se calhar até estou sozinho em relação a este ponto.

Em termos de edição, o trabalho da editora A Seita é, novamente, digno de destaque. Em primeiro lugar porque coloca o livro no mercado português durante a mesma altura em que o mesmo é lançado mundialmente. E depois, em termos de edição, propriamente dita, o livro tem uma encadernação de qualidade, com capa dura, papel baço de generosa gramagem e um caderno de extras exemplar, que contém uma entrevista a Bonhomme, o processo de ilustração de uma prancha, estudos de capa e de personagens e um bom texto de João Miguel Lameiras que complementa a leitura com informações pertinentes. Tudo fantástico! 

Há apenas duas coisas que considero que poderiam ter sido feitas de outra maneira. A primeira é a capa do álbum feita com acabamento brilhante. Ora, a capa d' O Homem Que Matou Lucky Luke foi feita com acabamento baço. Sendo dois álbuns da mesma coleção – e do mesmo autor – acho que teria sido mais congruente se este Procura-se Lucky Luke tivesse sido lançado com capa baça. Bem sei que, muito provavelmente, nem foi uma decisão da editora portuguesa e talvez até tenha sido uma escolha do autor. Realço que esta capa com acabamento brilhante funciona muito bem. A razão da minha observação é mais pela ausência de ligação à capa do anterior álbum de Bonhomme. E o segundo ponto menos positivo também está relacionado com uma ausência de continuidade com o O Homem que Matou Lucky Luke. Quando colocados ao lado um do outro, o novo livro é ligeiramente maior do que o anterior. A diferença não é muita e isto, naturalmente, não é um grande “problema”. Mas confesso que gostaria de ter visto uma maior uniformização entre os dois álbuns. As histórias são independentes entre si, sim, mas pertencem ao mesmo autor, à mesma coleção e à mesma editora portanto acho que faria sentido. Mas é como digo: pequenas coisas numa edição fantástica.

Edição essa que conta, mais uma vez, com uma capa exclusiva para as lojas FNAC. Acho esta iniciativa uma coisa muito bem conseguida por parte da editora. Pois permite uma certa liberdade de escolha para que o leitor escolha a capa de que mais gosta e, ao mesmo tempo, aumenta o caráter de colecionismo aliado à obra. E contariamente à capa exclusiva de O Homem que matou Lucky Luke que, não sendo feia, estava a anos luz da fantástica e maravilhosa capa original – que ganhou, até o prémio VINHETA D'OURO para melhor capa de 2020 – em Procura-se Lucky Luke, a capa exclusiva da FNAC é lindíssima. Para o meu gosto, talvez até mais bonita do que a capa original da obra. Embora esta também seja muito bonita, diga-se. Enfim, é certo e sabido que Bonhomme sabe produzir capas bonitas e impactantes. Ficará ao gosto do leitor a capa que mais lhe agrada. Seja como for, assinalo que é positivo e de louvar que existam duas capas diferentes.

Em conclusão, estou certo que esta será mais uma aposta ganha da editora A Seita. Procura-se Lucky Luke é um álbum coeso, bem estrutrado e bem pensado. É refinado com a dose certa de uma boa história e de uma arte personalizada e bem conseguida de Bonhomme. Se O Homem que matou Lucky Luke se revelou um sucesso, não vejo como Procura-se Lucky Luke não vá pelo mesmo caminho. Pese embora, este segundo álbum seja mais leve na história e nos ambientes retratados. Recomendado, sem dúvida.


NOTA FINAL (1/10):
8.7


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Ficha técnica
Procura-se Lucky Luke
Autor: Matthieu Bonhomme
Editora: A Seita
Páginas: 80, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Março de 2021

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Lançamento: Procura-se Lucky Luke




O próximo livro de Lucky Luke visto por Matthieu Bonhomme, que também nos deu o fantástico O Homem Que Matou Lucky Luke, está quase a chegar!

Procura-se Lucky Luke é editado em Portugal pela editora A Seita e estará disponível em livrarias já a partir do próximo fim de semana e chegará às bancas a partir de 21 de Abril.

Atente-se que a edição portuguesa inclui 12 páginas de extras! 

Destaque ainda para a capa exclusiva das lojas FNAC. Na verdade, ambas as capas são tão bonitas que o difícil será mesmo escolher qual a versão a comprar!


Abaixo fiquem com a nota da editora e com algumas imagens promocionais.



Procura-se Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme

« NO JOGO DO AMOR É CADA UMA POR SI E À PRIMEIRA QUE O BEIJAR. »

Lucky Luke regressa pela mão do artista Matthieu Bonhomme! 

Cobiçado por três belas mulheres, com a cabeça a prémio e perseguido por um bando de guerreiros Apache, como é que o nosso cowboy preferido se vai conseguir safar desta situação?

Quase cinco anos depois do sucesso de O Homem que Matou Lucky Luke, o álbum criado para assinalar o septuagésimo aniversário da personagem (em 2016), Matthieu Bonhomme está de regresso às aventuras do cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra, com este magnífico livro, Procura-se Lucky Luke!



Mais uma edição d’A Seita que excede a edição francesa, acrescentando um extenso caderno de extras que inclui uma entrevista ao autor e inúmeros esboços e estudos (que, no mercado francês, apenas são apresentados na edição de luxo), bem como um artigo inédito de João Miguel Lameiras, e que está disponível em duas capas, uma para a edição regular e a outra exclusiva da FNAC.

Face ao grande sucesso, tanto crítico como comercial, de O Homem que Matou Lucky Luke, que se estendeu também a Portugal, onde o livro ganhou o prémio para Melhor Livro Estrangeiro no Festival AmadoraBD de 2020, o regresso do autor francês ao universo de Morris era tão aguardado como inevitável. Um regresso em que Bonhomme se mantém coerente com o “seu” Lucky Luke. 


Se, em O Homem que Matou Lucky Luke, ficámos a saber como o cowboy conseguiu deixar de fumar, neste livro, que tem um lado mais humorístico que o anterior, percebemos que a opção de substituir o cigarro por uma palhinha veio pôr em causa a sua reputação de duro, com mais de uma personagem a pensar que, desde que deixou de fumar, o nosso cowboy se transformou “numa sombra de si próprio”. 

Neste álbum veremos também o regresso de um conjunto de vilões e adversários clássicos do nosso herói, a par de um grupo de três belas mulheres (estas criação de Bonhomme), cuja paixão por Lucky Luke vem dar um duplo sentido ao título original deste livro, Wanted, que aqui tanto pode significar procurado como desejado, e que talvez ponham em causa a sua reputação de “cowboy solitário”!


Como diz Bonhomme: “Uma vez que eu queria que o Luke fosse perseguido por todo o lado, achei que seria a ocasião ideal para me divertir indo ao fundo do baú buscar os papéis secundários que eu tanto adorei em Morris. (...) Muitos dos heróis da nossa infância eram homens sem mulher, seguindo um preceito de então, arcaico e sexista... 

A particularidade de Lucky Luke é que ele é um solitário por opção... imaginei que o Lucky Luke estava “casado” com a aventura: como homem de palavra, ele tem de ser fiel a esta companheira. Mas a fidelidade não impede a tentação. E, tal como um pequeno diabo perverso, tentei fazer o ícone vacilar. Ele vai conhecer três mulheres fantásticas. Mulheres a quem seria impossível dizer não!...”

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Ficha técnica
Procura-se Lucky Luke
Autor: Matthieu Bonhomme
Editora: A Seita
Páginas: 80, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 16,95€

Capa exclusiva da FNAC



quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Vencedores dos Prémios da Amadora BD

Vencedores dos Prémios da Amadora BD

Os vencedores dos Prémios da Amadora BD, vulgo Prémios de Banda Desenhada e Ilustração - PBDI, foram anunciados no último dia do evento, a 6 de Novembro, sendo que os grandes vencedores foram o autor Luís Louro, que arrecadou o prémio para Melhor Obra de BD de Autor Português, e a editora A Seita que, em tão pouco tempo de atividade, revelou ter feito apostas felizes, ao ter vencido 3 prémios.

Os meus parabéns a todos os vencedores desta edição!




Vencedores dos Prémios de Banda Desenhada e Ilustração - PBDI 

Melhor Obra de BD de Autor Português
Sentinel, de Luis Louro | Editora ASA

Sentinel, de Luis Louro | Editora ASA

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Prémio Revelação
Zé Nuno Fraga, por Assembleia de Mulheres | Editora A Seita

Zé Nuno Fraga, por Assembleia de Mulheres | Editora A Seita

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Melhor Obra Estrangeira de BD editada em Português
O Homem que matou Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme | Editora A Seita

O Homem que matou Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme | Editora A Seita

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Melhor Fanzine / Publicação Independente
Tequila Shots | Editora Comic Heart / A Seita

Tequila Shots | Editora Comic Heart / A Seita

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Melhor Obra de Ilustrador Português
Desvio, de Bernardo P. Carvalho | Editora Planeta Tangerina

Desvio, de Bernardo P. Carvalho | Editora Planeta Tangerina

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Melhor Obra de Ilustrador Estrangeiro
Mvsevm, de Javier Sáez Castán e Manuel Marsol | Editora Orfeu Negro

Mvsevm, de Javier Sáez Castán e Manuel Marsol | Editora Orfeu Negro


quarta-feira, 18 de março de 2020

Análise: O Homem que matou Lucky Luke


O Homem que matou Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme


O Homem que matou Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme
O Homem que matou Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme

Há livros cuja capa, de tão espetacular que é, já conta uma história ou já faz com que fiquemos interessados num livro, quando passeamos numa livraria. O Homem que Matou Lucky Luke é um desses casos. Considero a capa - a original - como uma das melhores capas que já vi em livros de banda desenhada. Está séria, bem desenhada, soberbamente bem colorida com os seus tons a azul e uma luz e sombras magníficas mas, talvez ainda mais importante que isso, está dramática e cinematográfica. 

Como se não bastasse, este livro ainda tem um título que não deixa ninguém indiferente. Chamar a um livro comemorativo dos 70 anos de Lucky Luke, "O Homem que Matou Lucky Luke" é audaz, provocador e corajoso. Afinal, será que o autor se propõe assasinar o cowboy mais célebre do mundo, aquele que dispara mais rápido do que a própria sombra?

O Homem que matou Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme
Mas antes de avançar, permitam-me a partilha do meu background de leitor. Como escrevi há uns dias, aquando da minha análise a Comanche Integral Volume 3, da Ala dos Livros, parece que, desde sempre, o público infanto-juvenil da banda desenhada em Portugal, se dividia por 3 grandes heróis incontornáveis da bd franco-belga: uns eram fãs de Astérix, outros eram fãs de Tintim e outros eram fãs de Lucky Luke. É óbvio que existiam aqueles que eram fãs dos três personagens e/ou de outras personagens da banda desenhada – como eu! – mas não é exagero dizer que a, grosso modo, escolhia-se ser fã de um destes personagens quase como, permitam-me a comparação futebolística,  se escolhia ser fã do Benfica, do Sporting ou do Porto. Dentro destas três personagens, embora, repito, eu gostasse das três, era de Lucky Luke de quem eu mais gostava. Aquele herói destemido e cheio de carisma, algo reservado mas totalmente assertivo, que disparava mais rápido do que a própria sombra, foi meu companheiro durante horas e horas de leitura. Na minha infância, na minha adolescência e já na minha idade adulta. O Daily Star ainda é um dos melhores livros de toda a banda desenhada franco-belga na humilde opinião deste que vos escreve. E eu não era só fã de Lucky Luke. Também adorava – e adoro – os irmãos Dalton, especialmente o inocente Averell e o facilmente irritável Joe. E não posso deixar de dizer que Rantanplan continua para mim, como sendo a personagem canina mais estúpida, divertida e amorosa de sempre. O Milu, o Ideafix, o Pluto, o Bidu e muitos outros animais de estimação que acompanham célebres personagens da banda desenhada podem ser amorosos e engraçados também, mas o Rantanplan é o meu cão favorito de toda a banda desenhada. Não devo ser caso único pois este cão teve direito à sua própria série de bd.

O Homem que matou Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme
Mas, voltando a Lucky Luke e relembrando então que este universo tão inteligentemente criado por Morris (com a ajuda de Goscinny) me era tão querido, foi com alegria que soube que, a propósito das celebrações dos 70 anos de Lucky Luke, a Lucky Comics decidiu dar a oportunidade a outros autores para recriarem a mítica personagem.

Por vezes estas iniciativas acarretam alguns riscos para a editora: se os novos livros forem demasiado próximos da série original, podem ficar aquém do espectável pelos fãs, devido a faltar-lhe personalidade própria. Do género: “é igual mas não é a mesma coisa”. Por outro lado, se o autor se afastar muito da obra original, quer em termos narrativos, quer em temos de arte, também há o risco de não agradar aos fãs da série, por ser demasiado diferente. Ora, Bonhomme não fez nem uma coisa, nem outra. Não desenhou Lucky Luke da mesma forma, bastante caricatural, de Morris. Mas também não o desenhou de forma disruptiva, fazendo com que ficasse completamente diferente. Desenhou-o à sua maneira. Com um aspeto mais realista, é certo, mas, ainda assim, fazendo uma justa ponte e uma clara homenagem ao Luke de Morris. Quanto à história, penso que aquela que O Homem que Matou Lucky Luke nos oferece, poderia muito bem ter constado num álbum assinado por Morris. Certamente, teria mais gags e teria um tom menos sério mas, ainda assim, penso que a narrativa aqui presente poderia ter sido de um livro concebido pelo autor original.

A história leva-nos até Frog Town, onde o bando dos irmãos Bones dominam a cidade por completo e começam a sentir-se ameaçados com a chegada de Lucky Luke, que desata a fazer demasiadas perguntas, que põem em causa a idoneidade do bando. Este Lucky Luke é mais humanizado do que o de Morris e, talvez por isso, apresenta mais sensações – e até fraquezas – do que o original. Não obstante, mantém-se fiel a si mesmo e acaba por demonstrar, através da sua audácia e valores, porque é que é um herói que tantos leitores apreciam.

O Homem que matou Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme
Bonhomme além de nos dar um bom livro de Lucky Luke, dá-nos também um bom livro do género western. Mesmo se existirem(!) fãs do estilo de banda desenhada western que não gostem de Lucky Luke, é bem possível que gostem desta obra. Vê-se que Bonhomme se sente à vontade para desenhar histórias de cowboys, tendo até já desenhado a série Texas Cowboys. Além disso, as referências cinematográficas, particularmente aos filmes do género western spaghetti, de Sergio Leone, são também várias, especialmente se tivermos em conta todo o dramatismo e suspense que é dado à cena do duelo. Soberbo trabalho!

Em O Homem que Matou Lucky Luke também é abordada a razão pela qual Lucky Luke deixa de fumar. Torna-se curioso e divertido que Bonhomme tenha tocado tantas vezes neste assunto, construindo quase uma subnarrativa sobre este tema, à volta da trama principal, se nos lembrarmos que a única exigência que a Lucky Comics fez ao autor foi que este não mostrasse nunca a personagem de Lucky Luke com um cigarro na boca.

O Homem que matou Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme
O único reparo que faço a esta obra, e trata-se de uma questão meramente de gosto pessoal, reconheço – é que, por vezes, o autor recorre à aplicação de manchas monocromáticas em vinhetas inteiras. Percebo que o resultado desta opção é criar páginas mais dinâmicas e ter um aspecto, por ventura, mais contemporâneo e moderno. No entanto, por vezes não gostei desta opção pois pareceu-me tornar algumas páginas quase num estilo popart que não me parece tão adequado para um livro de Lucky Luke. Atenção que isto não chega a melindrar ou a estragar a fantástica obra que nos é dada mas, a meu ver, retira-lhe a quase perfeição a que poderia almejar, caso a cor fosse aplicada de forma mais clássica. Como é feito em muitas outras vinhetas, diga-se.

E o que é verdade é que O Homem que Matou Lucky Luke consegue fazer uma proeza que não é, de todo, fácil. Consegue ser simulatenamente para míudos (para crianças e jovens) mas também para graúdos, tendo em conta toda a história mais madura que apela a uma certa maturidade de quem a lê. Contudo, também não é um livro demasiado pesado, cuja leitura seja difícil. É acessível a todos, o que faz dele uma obra muito bem equilibrada.

Parabéns Matthieu Bonhomme, acredito que Morris estaria orgulhoso deste comeback do cowboy mais famoso de todos os tempos.

O Homem que matou Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme
Quanto à nova Editora A Seita, que se estreia com esta obra no mercado da banda desenhada franco-belga, só posso dar os meus parabéns e declarar que, quase aposto, os fãs deste tipo de banda desenhada estão felizes com este lançamento e ávidos por aquilo que a Editora possa colocar no nosso mercado, que seja do estilo franco-belga. No final do livro encontramos um pequeno dossier de estudos de personagem de Bonhomme, que são acompanhados por um interessante texto de João Miguel Lameiras. Destaque ainda para o facto de O Homem que Matou Lucky Luke ter duas capas diferentes: a original e uma exclusiva para a rede de lojas FNAC. Assinalo que, para o meu gosto, a capa da FNAC está a anos luz da espectacular capa original – que considero ser a melhor capa de sempre de qualquer livro de Lucky Luke - mas é bom que haja a liberdade de escolha para que cada um opte pela capa que mais gosta. Ou então, também é uma boa forma para que se adquira os dois livros, por razões colecionistas, motivadas pela raridade da capa da FNAC.

Regojizem-se amantes da banda desenhada franco-belga! Lucky Luke está de volta! E a Editora A Seita promete dar cartas no mercado da banda desenhada nacional.

Estou certo que se O Homem que Matou Lucky Luke não for unanimemente considerado como o melhor livro de banda desenhada do ano estará, pelo menos, entre os melhores álbuns de 2020. Obrigatório!


NOTA FINAL (1/10):
8.8

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Ficha técnica
O Homem que Matou Lucky Luke
Autor: Matthieu Bonhomme
Editora: A Seita
Páginas: 72, a cores
Encadernação: capa dura

quinta-feira, 5 de março de 2020

Lançamento: O Homem que matou Lucky Luke



O Homem que matou Lucky Luke, Matthieu Bonhomme

É já no próximo dia 12 de Março que a editora A Seita publica um dos álbuns muito aguardados para 2020: O Homem que Matou Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme.

À semelhança do que costuma ser feito com os lançamentos de Blake e Mortimer, este livro terá uma capa exclusiva para a FNAC.

Fiquem com a nota da editora e respetivas capas.

DESTRUÍ A LENDA! MATEI LUCKY LUKE!

Ao chegar a Frog Town numa noite de tempestade, Lucky Luke, além de ter de enfrentar o bando dos irmãos Bones, não imaginava que estava prestes a encontrar o homem que o iria matar.

Matthieu Bonhomme criou esta maravilhosa homenagem ao cowboy de Morris por ocasião do 70º aniversário da personagem, num álbum vencedor do prémio do público em Angoulême. Uma obra que reinventa o cowboy solitário criado por Morris numa magnífica história que, entre outras revelações, explica o motivo por que Lucky Luke deixou de fumar!

A estreia d’A Seita na BD franco-belga, numa edição que conta com duas capas diferentes, uma delas exclusiva das lojas FNAC, e um extenso dossier sobre o processo de desenvolvimento do álbum e que inclui esboços, ilustrações inéditas, etc...

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Ficha Técnica
O Homem que matou Lucky Luke
Autor: Matthieu Bonhomme
Editora: A Seita
Páginas: 72, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 16,95€