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segunda-feira, 18 de agosto de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela Comic Heart nos últimos 5 anos!


Hoje apresento-vos aquela que foi a melhor banda desenhada editada pela Comic Heart nos últimos 5 anos. Bem sei que esta é uma chancela que, atualmente, pertence à cooperativa editorial A Seita, da qual já aqui fiz um TOP 10, mas tendo em conta o facto de a Comic Heart se especializar em banda desenhada de autores nacionais, faz sentido que se assinale quais as 10 melhores obras de banda desenhada que esta chancela lançou nos últimos 5 anos.

Até porque a Comic Heart tem no seu catálogo alguns dos nomes maiores da banda desenhada nacional, o que revela bem a importância que foi conquistando ao longo da sua história recente.

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Deixo-vos então, mais abaixo, com as 10 melhores bandas desenhadas editadas pela Comic Heart nos últimos 5 anos:

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Vinheta 2020 com nova imagem criada por autor nacional!



Chegámos a Janeiro de 2024 e, com isso, também é tempo de refrescar a imagem do Vinheta 2020!

Como vem sendo hábito desde o lançamento deste espaço em Janeiro do ano 2020, a cada 6 meses convido um autor nacional para desenhar algo inédito para o blog.

Desta vez, tive o prazer de contar com a arte de Jorge Coelho, um autor que muito admiro.

E vejam lá se não ficou fantástico! 

Jorge Coelho é um dos mais aclamados autores portugueses de banda desenhada, tendo feito numerosos trabalhos para a multinacional Marvel. Mais recentemente, lançou por cá a sua - e de Ted Adams - adaptação para banda desenhada do clássico de F. Scott Fitzgerald, O Grande Gatsby, que está verdadeiramente fenomenal!

E é mesmo a personagem de Gatsby que o autor escolheu para generosamente ilustrar o cabeçalho do Vinheta 2020.

Jorge Coelho junta-se assim a um belo conjunto de autores que já ilustraram a imagem do Vinheta 2020 que são: Henrique Gandum, Daniel Maia, Joana Afonso, Ricardo Santo, Luís Louro, Osvaldo Medina e Telmo Estrelado.

Obrigado, Jorge!

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Análise: O Grande Gatsby - A Novela Gráfica Definitiva

O Grande Gatsby - A Novela Gráfica Definitiva, de Ted Adams e Jorge Coelho - A Seita e Comic Heart

O Grande Gatsby - A Novela Gráfica Definitiva, de Ted Adams e Jorge Coelho - A Seita e Comic Heart
O Grande Gatsby - A Novela Gráfica Definitiva, de Ted Adams e Jorge Coelho

Que Jorge Coelho é um dos melhores ilustradores portugueses de banda desenhada não será, digo - e espero - eu, novidade para ninguém. O seu trabalho é de tal forma reconhecido, que o autor português tem trabalhado para a Marvel em várias séries. Entre os seus trabalhos, poderemos destacar Rocket Raccoon, Venom, Robocop, Loki, Haunted Mansion ou algumas curtas que o autor fez aqui e ali.

No entanto, e não obstante a qualidade que Jorge Coelho tem demonstrado nos trabalhos que referi, considero ser justo dizer que falta(va) ao autor uma obra de grande fulgor e de verdadeira afirmação artística. Essa obra, meus caros, é este O Grande Gatsby que é, de caras, uma excelente e fiel versão da célebre obra original de F. Scott Fitzgerald.

O trabalho foi originalmente lançado para o mercado americano, em números separados, à boa maneira do modo norte-americano de lançar banda desenhada. A edição portuguesa é integral e chegou até nós, recentemente, pelas mãos das editoras A Seita e Comic Heart que, em boa hora, trouxeram para Portugal esta brilhante obra.

Nesse sentido, até acho que isso me merece um comentário, pois considero uma excelente ideia que se tragam para Portugal algumas das obras que, no estrangeiro, têm feito os autores portugueses brilhar. Ora, se os portugueses têm brilhado no mercado estrangeiro, onde há uma concorrência desenfreada, é porque há qualidade ou, pelo menos, algum fator distintivo que tem feito os nossos artistas terem sucesso. Portanto, quer com As Muitas Mortes de Laila Starr, editado recentemente pela G. Floy Studio, quer, agora, com este O Grande Gatsby que A Seita e a Comic Heart nos trouxeram, acho um ótimo sintoma que as editoras portuguesas não “durmam” e andem atentas às obras de origem portuguesa que são lançadas no estrangeiro.

O Grande Gatsby - A Novela Gráfica Definitiva, de Ted Adams e Jorge Coelho - A Seita e Comic Heart
Mas, voltando ao tema central, concentremo-nos neste O Grande Gatsby, cuja história é sobejamente conhecida. Na verdade, o romance original de F. Scott Fitzgerald é considerado uma obra-prima da literatura americana (e mundial) e, tendo uma história ambientada no período dos loucos anos 1920, continua, ainda assim, a ter ressonância no mundo atual. Não espanta que já tenha tido várias adaptações, quer para o cinema, quer para banda desenhada.

Além de ser uma história de amor e tragédia, O Grande Gatsby também tem a valência de traçar uma crítica à sociedade americana do início do século XX. A trama é centrada em torno do misterioso Jay Gatsby e na sua obsessão por Daisy Buchanan. Fitzgerald, através do olhar perspicaz do narrador Nick Carraway, destaca as falhas de uma sociedade obcecada pela ostentação e pela superficialidade. Assim, a representação do "Sonho Americano" traz consigo uma crítica muito presente na obra.

Gatsby, um homem que, aparentemente, alcançou o auge do sucesso material, é retratado como solitário e desencantado. A mensagem é, pois, mais que óbvia: a riqueza não é sinónimo de felicidade e realização. E a tragédia que envolve Gatsby e Daisy, é também uma lembrança dolorosa das consequências da busca cega pelo amor, quando estamos envoltos uma sociedade onde as barreiras sociais e a busca pela riqueza material se metem pelo meio. E fica claro que a figura dos olhos de Dr. T.J. Eckleburg no billboard, representa a observação silenciosa da decadência moral que todos podemos fazer. Autor e leitores.

Além disso, a história está carregada de belos momentos, onde se destacam as ostensivas festas dadas por Jay Gatsby, os belos carros, as incríveis casas. Tudo levado ao extremo.

A adaptação para banda desenhada deste magnífico livro ficou a cargo de Ted Adams, autor americano que nos dá uma adaptação para banda desenhada muito competente. Fica claro que Ted Adams não procurou fazer interpretações da obra, dando-lhe um cunho mais pessoal,  e optou por se limitar a assegurar que o romance original era adaptado para BD de forma fiel. Em boa verdade, considero que O Grande Gatsby não é um daqueles livros muito difíceis de adaptar, pois nem sequer é uma obra muito grande em dimensão que, por isso, obrigue o argumentista a cortar imensas partes. Com efeito, sendo uma obra relativamente curta, cabe depois ao argumentista assegurar que a essência e principais momentos da história são salvaguardados. E Ted Adams cumpre bem essa função. Conheço bem a obra original e não dei conta de algo que fosse verdadeiramente importante para a história e que tenha sido deixado de fora.

Se a história é um clássico da literatura, se a adaptação para banda desenhada por Ted Adams está bem conseguida, resta-nos um olhar atento ao trabalho do português.

O Grande Gatsby - A Novela Gráfica Definitiva, de Ted Adams e Jorge Coelho - A Seita e Comic Heart
E as ilustrações que nos são oferecidas por Jorge Coelho são de tirar o fôlego. Se há castings perfeitos, julgo ser justo dizer que o autor português foi a escolha certa para esta adaptação! Ao longo de toda a obra, o seu estilo de ilustração mantém-se extremamente detalhado, com uma a atenção ao pormenor e uma desenvoltura técnica que chegam a ser impressionantes. Cada personagem, cada cenário, cada casa, cada automóvel, cada ambiente indoor ou outdoor é executado de forma maravilhosamente inspirada por Coelho. Há uma candura e elegância nas personagens, nos trajes das mesmas, na eloquência dos seus gestos e naquilo que a história procura passar.

A noção visual, em termos de organização gráfica de espaço e enquadramentos de Jorge Coelho, também é muito acima da média, tornando-o, também nesse cômputo, num autor de elevado nível. Além de que a própria planificação da obra apresenta um excelente nível cinematográfico que cativa e prende o leitor ao livro. Por vezes, podemos admitir que talvez haja alguma rigidez em alguns gestos das personagens, mas isso será uma coisa menor num trabalho que roça a perfeição. 

A própria capa do livro que, possivelmente, também beneficiou do trabalho de design de Robbie Robbins, é de uma beleza estonteante. Uma das capas mais bonitas do ano!

O que mais admiro em Jorge Coelho é a forma como parece pensar cada ilustração que executa, seja ela uma splash page ou uma pequena vinheta. As coisas não parecem ser deixadas ao acaso. Enquanto músico, costumo dizer que, independentemente de se gostar de uma música ou não, os ouvidos atentos conseguem perceber se um artista deu o seu corpo e alma à criação de uma canção. Ora, transpondo isso para a banda desenhada, neste O Grande Gatsby parece-me óbvio que Jorge Coelho deu a sua alma a todos estes desenhos, cabendo depois ao leitor sorver todo este talento que o autor enverga. E quando assim é – e é-se talentoso, está claro – o resultado acaba por ser muito inspirado e primoroso. Os próprios separadores dos capítulos são de uma beleza desarmante!

O Grande Gatsby - A Novela Gráfica Definitiva, de Ted Adams e Jorge Coelho - A Seita e Comic Heart
Se os desenhos são belíssimos, as cores - nas quais Jorge Coelho foi assistido por Inês Amaro - também são fantásticas, oferecendo ao conjunto todo o ambiente pictórico que seria obrigatório para aproximar a obra original de Fitzgerald a uma banda desenhada moderna. Não me espanta que, em termos de cores, o álbum também tenha sido tão aclamado porque é, de facto, brilhante. No entanto, e apesar disso, o desenho de Jorge Coelho é tão bom que talvez até me faça desejar que a obra fosse a preto e branco. Ou que também a pudéssemos ler dessa forma. Explico: na exposição dedicada à obra no Amadora BD foi possível ver – ou atestar – a beleza, o aprumo visual e a virtuosa técnica do autor nos painéis a preto e branco que estavam expostos. E isso fez-me desejar ter esta obra numa versão a preto e branco, também. Talvez numa edição (ainda mais) especial e comemorativa? Fica a sugestão.

Falando da edição d’A Seita e da Comic Heart, a mesma apresenta capa dura, bom papel brilhante, boa encadernação e boa impressão. No final, há ainda um generoso dossier de extras, com 18 páginas, onde os leitores podem mergulhar no processo de trabalho de Jorge Coelho, através de páginas que nos mostram esboços, estudos de personagem e de indumentária, e onde temos acesso às capas originais dos comics individuais. Ficou uma bela edição, portanto!

Concluindo, se querem que vos diga – e sabendo de antemão o quão estas afirmações implicam coragem de quem as profere – este O Grande Gatsby, de Jorge Coelho e Ted Adams, é bem capaz de ser a melhor BD desenhada por um português. De sempre! Da mesma forma que defendi – e defendo – que Balada para Sophie é o melhor livro da banda desenhada portuguesa, acho que, olhando apenas para as ilustrações, O Grande Gatsby é, reitero, a melhor BD desenhada por um português. Absolutamente imprescindível! Para os que leem e para os que não leem banda desenhada, este é um livro obrigatório para comprar e/ou oferecer! 


NOTA FINAL (1/10):
9.7



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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O Grande Gatsby - A Novela Gráfica Definitiva, de Ted Adams e Jorge Coelho - A Seita e Comic Heart

Ficha técnica
O Grande Gatsby - A Novela Gráfica Definitiva
Autores: Ted Adams e Jorge Coelho
Editoras: A Seita e Comic Heart
Páginas: 176, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 18 x 27,5 cm
Lançamento: Outubro de 2023

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Kingpin lança livro de André Oliveira na língua inglesa!



A Kingpin Books está de volta ao lançamento de banda desenhada com a reedição da obra Milagreiro, de André Oliveira e vários ilustradores nacionais de referência!

Esta nova versão da obra originalmente publicada pela editora Polvo, tem a particularidade de ser na língua inglesa - daí chamar-se Miracle Worker - e apresentar-se num formato maior, com uma belíssima nova capa da autoria de Jorge Coelho, e com nova legendagem e cores melhoradas.

O livro estará já disponível a partir deste fim de semana, no Maia BD, sendo apresentado no próprio certame com a presença dos autores André Oliveira e Filipe Andrade.

Mais abaixo, deixo-vos com algumas imagens promocionais do livro e com a nota de imprensa da editora.

Miracle Worker, de André Oliveira, Jorge Coelho, André Caetano, Filipe Andrade, Nuno Plati, Ricardo Cabral, Ricardo Tércio e Ricardo Drumond

Oito anos depois da edição original da Polvo, “Milagreiro” ganha um novo fôlego, agora numa versão em Inglês, num formato maior, com nova capa de Jorge Coelho, nova legendagem e cores melhoradas. 

Esta edição inclui ainda um novo epílogo, publicado antes apenas na antologia TLS vol.2: Silêncio, e um prefácio original do argumentista polaco Bartosz Sztybor.
Na sequência da misteriosa morte do seu irmão Cyril, Aya desafia a mais poderosa e obscura organização do mundo, para descobrir o que realmente aconteceu. Com a ajuda de Heron, um assassino profissional à beira da reforma, e movida pela força da sua própria coragem, Aya vai descer ao inferno…para perceber se afinal há ou não milagres.

Ficha técnica
Miracle Worker
Autores: André Oliveira, Jorge Coelho, André Caetano, Filipe Andrade, Nuno Plati, Ricardo Cabral, Ricardo Tércio e Ricardo Drumond
Editora: Kingpin Books
Páginas: 72, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 19,50 x 27,50 cm
Língua: Inglês
PVP: 12,99€


quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Vai ser lançado um livro com entrevistas a alguns dos mais célebres autores portugueses de BD!

Conversas de Banda Desenhada, de Carina Correia e João Miguel Lameiras - A Seita

Conversas de Banda Desenhada, de Carina Correia e João Miguel Lameiras - A Seita

Que bela notícia tenho eu para vos dar! 

A Seita prepara-se para lançar, não um livro de banda desenhada, mas um livro sobre banda desenhada! 

Na prática, é composto por entrevistas com alguns dos autores mais proeminentes da banda desenhada nacional, como Filipe Melo (que é acompanhado pelo argentino Juan Cavia), Luís Louro, Joana Afonso, Osvaldo Medina, Jorge Coelho, Nuno Saraiva, Marco Mendes e Paulo Monteiro.

O livro é da autoria de Carina Correia e de João Miguel Lameiras e, conhecendo mais ao menos o projeto, posso dizer-vos que nos fazia falta um livro como este! E que, aliás, atesta o bom momento que a banda desenhada vive, em Portugal, nos últimos anos.
Sim porque, se termos uma oferta abrangente e regular de boa banda desenhada portuguesa e estrangeira é algo bom, passarmos à "segunda fase" de até termos livros sobre banda desenhada, também é igualmente bom e o sinal inequívoco de que a banda desenhada em Portugal está de boa saúde. 

Considero que este tipo de livros educam o mercado e, por conseguinte, os leitores, que acabam por se embrenhar, ainda mais, na banda desenhada. E que bom isso é. Até parece "serviço público" este novo lançamento que muito aplaudo e que espero ter nas mãos o quanto antes.

O lançamento/apresentação, deste livro feito com o apoio do programa Garantir Cultura, vai ser no dia 1 de Outubro no Fórum Fantástico, em Lisboa, com a presença da maioria dos entrevistados.

Mais abaixo, deixo-vos a sinopse da obra e algumas imagens promocionais.

Conversas de Banda Desenhada, de Carina Correia e João Miguel Lameiras

Parece relativamente consensual que a banda desenhada portuguesa vive um dos seus melhores momentos de sempre, apesar das inevitáveis dificuldades. Sendo assim, importa registar este mesmo momento dando a palavra a alguns dos seus principais criadores em actividade.

Os escolhidos para as conversas do presente livro foram Filipe Melo e Juan Cavia, Joana Afonso, Jorge Coelho, Luís Louro, Marco Mendes, Nuno Saraiva, Osvaldo Medina e Paulo Monteiro. 
Realizadas entre Novembro de 2021 e Março de 2022, estas oito conversas - que na verdade são nove, uma vez que há uma dupla - possibilitarão ao leitor uma visão mais abrangente do panorama actual da BD portuguesa e um melhor conhecimento dos autores por trás das obras.

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Ficha técnica
Conversas de Banda Desenhada
Autores: Carina Correia e João Miguel Lameiras
Editora: A Seita
Páginas: 184, a cores
Encadernação: Capa mole com badanas
PVP: 17,90€

domingo, 15 de novembro de 2020

Análise: TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes


TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes, de Vários Autores 

As TLS Series são antologias de banda desenhada portuguesa, que foram desenvolvidas por autores do célebre The Lisbon Studio, um estúdio que reúne alguns dos nomes mais conceituados da produção nacional de banda desenhada, dos últimos anos. Este grupo de artistas partilhou em Lisboa um espaço físico para desenvolver o seu trabalho. E estes álbuns são antologias que reúnem os seus trabalhos durante esse tempo. Desde 2017, foram editados quatro volumes da coleção TLS Series, intitulados, respetivamente, Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes

Cada volume tem, pois, por isso, um tema subjacente, um ponto de partida, do qual todos os autores partem para criar a sua história. Os primeiros 3 volumes foram co-editados pela Comic Heart e pela G. Floy Studio. O quarto e último volume, Raízes, foi editado pela editora A Seita e pela Comic Heart. 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
Eventualmente, poderia analisar cada volume ou cada história em separado. Haveria, certamente, legitimidade para o fazer dessa forma. Mas não creio que seja de uma forma isolada que devemos olhar para estas antologias de banda desenhada. Pelo menos, não é assim que olho para elas. Mais do que enaltecer esta ou aquela história, ou apontar este ou aquele defeito, penso que o mais importante é mesmo ter em conta que esta iniciativa foi fantástica do primeiro ao último volume, da primeira à última página. Enquanto catálogo da produção nacional, enquanto prospetor de exercícios narrativos na área da bd e, claro, enquanto iniciativa incubadora da criatividade nacional. Não há como não tirar o chapéu a esta ideia e aos seus resultados concretos. Que boa maneira de mostrar que há muitos autores portugueses com elevada competência na banda desenhada. 

Olhando para estes quatro livros, há algo que rapidamente sobressai e que é raro de encontrar quando se trata de um antologia de banda desenhada que, quase sempre, procura reunir trabalhos seminais de bd independente. Pois, se há uma coisa que é característica à banda desenhada independente – ou a qualquer outra arte independente – é o habitual pouco profissionalismo da edição, por mais bela que seja, no caso da banda desenhada, a arte ou a ideia subjacente à história. Mas isso é uma coisa que não existe nestes TLS Series. Pelo contrário. O produto físico não só é profissional ao mais alto nível, como apresenta um aspeto bonito, tornando estes livros em algo extremamente apetecível do ponto de vista de um colecionador de banda desenhada. 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
As capas são duras e grossas, o papel é baço e de boa gramagem e há sempre um ou mais prefácios que introduzem cada um dos volumes. Cada livro é composto por 6 ou 7 histórias, em que apenas uma dessas histórias é impressa a cores, enquanto que as restantes são a preto e branco. O autor da história a cores de cada livro é também o autor responsável pela capa desse mesmo volume. E que magníficas capas (e contracapas) elas são! Eu bem que defendo que a construção de uma capa deverá ser algo que um autor de banda desenhada deve levar muito em conta. Especialmente nos dias de hoje. E estes quatro volumes apresentam capas muito bem concebidas. Atribuo destaque aos volumes Cidades e Viagens, que têm capas verdadeiramente incríveis. Embora Silêncio e Raízes também tenham boas capas, diga-se. 

Há também uma homogeneidade em todos os livros no que diz respeito à edição, ao design dos livros. Tudo isto nos permite verificar que é um trabalho conjunto de amor à 9ª arte. E poder testemunhar isso nestas magníficas antologias que, ainda por cima, têm um preço tão simpático, é uma grande oportunidade que, a meu ver, um fã de bd não deve deixar passar. 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
Quanto às histórias, temos argumentos, ilustrações e linguagens de todo o tipo. Traços mais "cartoonizados", traços mais realistas... há de tudo um pouco. A heterogeneidade de histórias existe mas é-nos dada, conforme já referido, em cuidadas edições que almejam alcançar uma homogeneidade e uma harmonia que são raras encontrar em antologias de banda desenhada. Há diversidade mas  também há harmonia em torno dessa diversidade.

Olhando de forma geral para as histórias que aqui temos, é justo afirmar que há qualidade em todas elas e em todos os géneros adoptados pela fantástica galeria de autores que compõem estes livros. 

Apenas para nomear as minhas favoritas, diria que Quiosque, de Joana Afonso; Muralha de Filipe Andrade; O Rosto do Fantasma, de Marta Teives e Pedro Moura; Deslumbre e One Way, de Bárbara Lopes; Monte Morte, de Jorge Coelho e André Oliveira; Tempo, de Paula Bivar de Sousa; Escolha do Dia, de Nuno Rodrigues e Pedro Ribeiro Ferreira; e Franzi, de Nuno Saraiva, merecem a minha preferência. E isto sem desprimor para todas as restantes histórias a que não faço menção. 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes

Finalmente, quero ainda destacar que o que acho mais incrível nestas antologias é que se vê que há um óbvio carinho comum entres os autores que fizeram parte do The Lisbon Studio. Uma sensação de pertença e de comunidade que aquece o coração daqueles que lêem estes livros. E se antologias de banda desenhada lançadas com esta qualidade de edição e de design, e com tantos autores consagrados de banda desenhada são raras, o que dizer quando, a isso tudo, se soma o afeto que emana deste projeto? Algo ímpar e que merece ser acarinhado por todos os que amam banda desenhada. Da minha parte, a única coisa que lamento é saber que estas TLS Series chegaram ao fim. Fica uma vazio por preencher. 

Pequeno comentário final: o primeiro volume desta coleção, o Cidades, há muito se encontra esgotado em todo o lado. Portanto, aproveito para agradecer aos meus caríssimos José Hartvig de Freitas e Bruno Caetano por me terem fornecido um dos últimos exemplares que ainda era possível recuperar. 



NOTA FINAL (1/10): 
9.0 


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
Fichas técnicas
 
TLS Series - Cidades 
Autores: Dileydi Florez, Filipe Andrade, Gonçalo Duarte, Joana Afonso, João Tércio, Marta Teives, Pedro Moura, Ricardo Cabral 
Editora: G. Floy / Comic Heart 
Páginas: 120, a preto e branco (inclui uma história a cores) 
Encadernação: Capa dura 
Lançamento: 2017 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
TLS Series - Silêncio 
Autores: André Oliveira, Bárbara Lopes, Darsy Fernandes, Filipe Pina, Jorge Coelho, Marta Teives, Nuno Rodrigues, Paula Bivar de Sousa, Pedro Moura, Pedro Ribeiro Ferreira, Ricardo Cabral 
Editora: G. Floy / Comic Heart 
Páginas: 144, a preto e branco (inclui uma história a cores) 
Encadernação: Capa dura 
Lançamento: 2017 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
TLS Series - Viagens 
Autores: Dileydi Florez, Filipe Andrade, Nuno Rodrigues, Nuno Saraiva, Pedro Ribeiro Ferreira, Quico Nogueira, Ricardo Cabral 
Editora: G. Floy / Comic Heart 
Páginas: 128, a preto e branco (inclui uma história a cores) 
Encadernação: Capa dura 
Lançamento: Maio de 2018 

TLS Series - Cidades, Silêncio, Viagens e Raízes
TLS Series - Raízes 
Autores: Ana Branco, Bárbara Lopes, Filipe Andrade, Marta Teives, Nuno Saraiva, Pedro Moura, Quico Nogueira, Ricardo Cabral 
Editora: A Seita / Comic Heart 
Páginas: 136, a preto e branco (inclui uma história a cores) 
Encadernação: Capa dura 
Lançamento: Março de 2020