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terça-feira, 9 de setembro de 2025

Já decorre a campanha de crowdfunding para a Umbra #5!



A campanha de crowdfunding para o lançamento impresso do quinto volume da antologia de banda desenhada Umbra já está ativa!

A campanha procura atingir 2.900€ para poder financiar a impressão do quinto número da antologia. Esta é uma das minhas antologias preferidas de banda desenhada, como tenho referido várias vezes.

A belíssima ilustração da capa é da autoria de Rita Alfaiate e poderemos encontrar histórias dos autores Vasco Colombo, Pedro Morais, Fernando Relvas, Pedro Moura, Marta Teives e Gustaffo Vargas.

Reservem já o vosso exemplar, contribuindo para a campanha de crowdfunding que pode ser encontrada, aqui.


Mais abaixo deixo-vos com as primeiras imagens do projeto que, por agora, são conhecidas.







quarta-feira, 13 de agosto de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela Escorpião Azul nos últimos 5 anos!


Hoje é dia de vos dar a conhecer quais os 10 melhores livros de banda desenhada editados pela editora Escorpião Azul nos últimos 5 anos!

A Escorpião Azul é uma editora de pequena dimensão que tem sabido trilhar o seu próprio caminho, à sua própria maneira, apostando especialmente em obras de autores portugueses, embora dando espaço a outros autores estrangeiros num registo mais autoral.

Tenho notado um acréscimo de qualidade nos últimos anos, quer na qualidade das edições, quer na qualidade das apostas das editoras. 

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Faço aqui uma pequena nota sobre o procedimento: considerei séries como um todo e obras one-shot. Tudo junto. Pode ser um bocado injusto para as obras autocontidas, reconheço, e até ponderei fazer um TOP exclusivamente para séries e outro para livros one-shot, mas depois achei que isso seria escolher demasiadas obras. Deixaria de ser um TOP 10 para ser um TOP 20. Até me facilitaria o processo, honestamente, mas acabaria por retirar destaque a este meu trabalho que procura ser de curadoria. Acabou por ser um exercício mais difícil, pois tive que deixar de fora obras que também adoro, mas acho que quem beneficia são os meus leitores que, deste modo, ficam com a BD que considero ser a "crème de la crème" de cada editora.

Deixo-vos então as melhores 10 BDs lançadas pela Escorpião Azul entre o período de 2020 a 2025, período de existência do Vinheta 2020:

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Análise: Menina e Moça

Menina e Moça, de Carina Correia e Rita Alfaiate - Levoir - RTP

Menina e Moça, de Carina Correia e Rita Alfaiate - Levoir - RTP
Menina e Moça, de Carina Correia e Rita Alfaiate

Menina e Moça, adaptação por parte das autoras portuguesas Carina Correia e Rita Alfaiate, da obra clássica de Bernardim Ribeiro, é o mais recente volume da coleção Clássicos da Literatura Portuguesa em BD que a editora Levoir tem vindo a editar em parceria com a RTP.

Desta vez, temos uma dupla de autoras, depois de o mesmo já ter sucedido com Maria Moisés, que teve ilustrações de Joana Afonso e Carina Correia. E é a mesma Carina Correia que neste Menina e Moça volta a assinar a adaptação do argumento, fazendo desta vez parelha com Rita Alfaiate.

Esta é uma obra da qual, reconheço, pouco ou nada conhecia. A leitura posterior do caderno de informação adicional que esta edição da Levoir inclui permitiu-me, depois, saber que Menina e Moça é uma obra singular na literatura portuguesa, pois representa uma transição entre o final da Idade Média e o início do Renascimento. Foi publicada postumamente em 1554 e é muitas vezes considerada como o primeiro romance pastoril da literatura portuguesa, embora o seu caráter híbrido a torne difícil de categorizar: está ali entre o romance, a novela sentimental e a prosa lírica.

Menina e Moça, de Carina Correia e Rita Alfaiate - Levoir - RTP
A história aparece-nos divida em 3 narrativas: “História de Lamentor e Bilesa”, “Os Amores de Binmarder a Aónia” e “Os Amores de Avalor por Arima”. Acabam por ser três contos que, embora independentes, se relacionam entre si, tendo a mesma temática romântica e passando-se no mesmo cenário bucólico.

Mesmo assim, a estrutura da obra é fragmentária, com episódios que se sucedem sem uma clara linearidade, como se a memória e a emoção governassem a organização narrativa mais do que a cronologia. Essa fluidez contribui para o caráter lírico da narrativa, por ventura algo datado em relação às estruturas narrativas mais contemporâneas, o que, por um lado, até lhe dá um certo charme próprio, admito.

O tema que percorre todo o livro é o amor. Nas suas várias formas de sofrimento, pois parece existir uma constante perda, dor, frustração que as personagens têm de enfrentar. Todas elas são figuras atormentadas por paixões frustradas, amores interrompidos, ausências e destinos cruéis. Há uma forte presença do destino como força inevitável e impiedosa, que conduz os amantes à perda e ao sofrimento.

Menina e Moça, de Carina Correia e Rita Alfaiate - Levoir - RTP
Carina Correia resgata alguma da linguagem arcaica e elaborada utilizada por Bernardim Ribeiro na obra original, mesmo que se sinta uma (bem-vinda) tentativa de transportar um clássico da literatura portuguesa do século XVI para um formato mais acessível ao público contemporâneo. A adaptação do texto original por parte de Carina Correia revela-se, em grande parte, eficiente e escorreita, com a autora a saber captar o tom melancólico e introspectivo de Bernardim Ribeiro, respeitando a densidade emocional e simbólica da obra original. A linguagem escolhida preserva, na medida do possível, a musicalidade e a cadência do texto renascentista, evitando uma modernização excessiva que pudesse descaracterizar o seu espírito.

Contudo, essa fidelidade ao texto original tem um custo: por vezes, a leitura torna-se mais densa e exigente, sobretudo quando predominam longas sequências de narração, através de legendas em voz off, não havendo muitos diálogos. Talvez a inclusão de mais diálogos, digo eu, que favorecem a identificação com as personagens e dinamizam a progressão da história - pudesse ter equilibrado melhor o ritmo e o envolvimento emocional do leitor.

Menina e Moça, de Carina Correia e Rita Alfaiate - Levoir - RTP
Ainda assim, importa reconhecer que a adaptação cumpre bem os pressupostos fundamentais: respeita o núcleo temático da obra, mantém o ambiente lírico e pastoril, e consegue transportar para o formato da banda desenhada uma obra cuja natureza fragmentária e introspectiva tornava este exercício particularmente desafiante. É, por isso, um trabalho meritório e que abre caminho para novas leituras de Bernardim Ribeiro.

No que diz respeito às ilustrações de Rita Alfaiate, de quem sou confesso admirador, o trabalho apresentado revela-se algo irregular. Em algumas páginas, somos confrontados com imagens verdadeiramente impressionantes, que demonstram um domínio expressivo notável da cor, da composição e da atmosfera. Nessas vinhetas, percebe-se claramente uma inspiração profunda, quase devota, e o resultado é visualmente cativante e emocionalmente envolvente.

Contudo, esta qualidade não é constante ao longo da obra. Em diversos momentos, nota-se uma certa pobreza nos cenários ou mesmo a ausência dos mesmos, o que pode contribuir para uma sensação de vazio e de alguma descontinuidade visual. Isso não significa que o trabalho de Rita Alfaiate não seja eficaz - é, sem dúvida, funcional e, em várias passagens, belíssimo -, mas fica a sensação de que a autora poderia ter oferecido uma experiência visual ainda mais coesa e impactante.

Menina e Moça, de Carina Correia e Rita Alfaiate - Levoir - RTP
É claro que essa perceção de "potencial por cumprir" é reforçada pelo meu conhecimento do excelente trabalho e capacidade de Rita Alfaiate, que já demonstrou maior regularidade e profundidade visual noutras obras. É precisamente por se saber do que a autora é capaz que se torna inevitável comparar e concluir que, apesar do mérito inegável deste Menina e Moça, não será a obra que revela o melhor trabalho da autora. Isso não retira valor à obra, mas deixa no leitor uma certa expectativa não inteiramente satisfeita.

Em termos de edição, o livro apresenta capa dura baça, com bom papel brilhante no interior, boa impressão e boa encadernação. No final, conforme já por mim referido, há um caderno de extras onde nos são dadas informações adicionais sobre a obra, o autor e o contexto histórico dos mesmos.

Em suma, esta adaptação de Menina e Moça é um exercício corajoso e bem-intencionado, que traz uma nova luz sobre um texto fundamental da tradição literária portuguesa. Apesar de algumas oscilações no equilíbrio entre texto e imagem, bem como na consistência gráfica, trata-se de uma versão que cumpre os objetivos principais de tornar acessível uma obra densa e poética, respeitando o seu cerne. É uma porta de entrada válida para novos leitores e um exemplo estimulante de como os clássicos podem continuar a dialogar com a contemporaneidade.


NOTA FINAL (1/10):
6.8




Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020




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Menina e Moça, de Carina Correia e Rita Alfaiate - Levoir - RTP

Ficha técnica
Menina e Moça
Autoras: Carina Correia e Rita Alfaiate
Adaptado a partir da obra original de Bernardim Ribeiro
Editora: Levoir
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 210 x 285 mm
Lançamento: Abril de 2025

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Obra de Bernardim Ribeiro é adaptada para Banda Desenhada!


Já está disponível o novo livro da Coleção Clássicos da Literatura Portuguesa em BD, publicada pela editora Levoir, em parceria com a RTP!

Neste caso, estamos perante a adaptação para banda desenhada de Menina e Moça - originalmente escrita por Bernardim Ribeiro - que nos é dada pelas autoras Carina Correira e Rita Alfaiate.

Este já é o segundo livro da coleção com argumento de Carina Correia, que fez um bom trabalho no livro Maria Moisés, que teve ilustrações de Joana Afonso. Neste Menina e Moça, as ilustrações estão a cargo de Rita Alfaiate, uma autora de quem sou confesso fã e que considero uma das grandes promessas da banda desenhada nacional.

Por estes vários motivos, estou especialmente curioso em ler este livro.
Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Menina e Moça, de Carina Correia e Rita Alfaiate

Menina e Moça a conhecida novela de Bernardim Ribeiro é editada pela Levoir a 8 de Abril na colecção Clássicos da Literatura Portuguesa.

Menina e Moça é uma novela sentimental publicada no século XVI e é considerada o primeiro romance pastoril da Península Ibérica. A história está divida em 3 narrativas: “História de Lamentor e Bilesa”, “Os Amores de Binmarder a Aónia” e “Os Amores de Avalor por Arima”.
As três histórias relacionam-se entre si. As histórias têm temática romântica e passam-se em meio rural.

Escrita algumas décadas após o aparecimento das primeiras novelas sentimentais em Espanha, na segunda metade do século XV. A novela principia com o monólogo de uma jovem que não se conhece nem nome nem condição, num processo que lembra as cantigas de amigo. A jovem queixa-se de uma dolorosa separação e de mudanças que a atiraram para o desterro de um monte solitário, onde está há dois anos. E conta o que ocorreu dias antes, estando numa solidão sem medida, viu a manhã formosa por entre os prados do vale, sentou-se debaixo de um freixo, à beira-rio, e não faltou muito que numa ramada viesse pousar um rouxinol. Cantou um triste trinado e caiu morto na corrente larga da água, que o arrastou para longe. Aproximou-se então uma mulher idosa e com ela a jovem encetou um diálogo em torno das desventuras de cada uma.

E esta contou-lhe a desventura daquele lugar em que dois amigos acabaram mortos à traição, deixando as amadas à sua espera. E entra aqui a tradição dos relatos de amor cavalheiresco, na linha de Amadis de Gaula. Os romances pastoris foram muito específicos de uma época histórica.

De Bernardim Ribeiro pouco se sabe com exactidão. Poeta e novelista colaborou no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, pertenceu à roda dos poetas palacianos como Sá de Miranda, Garcia de Resende e Gil Vicente. Esteve algum tempo em Itália, onde entrou em contacto com as inovações literárias.

Não se conseguiu ainda provar que este poeta Bernardim Ribeiro e um provável seu homónimo que frequentou, entre 1507 e 1511, a Universidade de Lisboa, e que em 1524 foi nomeado escrivão da câmara, fossem a mesma pessoa.

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Ficha técnica
Menina e Moça
Autoras: Carina Correia e Rita Alfaiate
Adaptado a partir da obra original de Bernardim Ribeiro
Editora: Levoir
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 210 x 285 mm
PVP: 15,90€

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Análise: O Punhal


O Punhal, de Nuno Duarte, João Lemos, Osvaldo Medina, Rita Alfaiate e André Caetano

O único lançamento que este ano a Kingpin Books fez no Amadora BD foi este O Punhal, um álbum que marca o regresso de Nuno Duarte ao lançamento de banda desenhada. E, desta feita, o reverenciado autor faz-se acompanhar por um pequeno "exército" de confirmados talentos nacionais nas ilustrações: João Lemos, Osvaldo Medina, Rita Alfaiate e André Caetano.

Na prática, o livro é dividido por quatro histórias, cada uma delas ilustrada pelos autores supramencionados, que têm em comum o facto de orbitarem em torno de um objeto físico: o punhal que dá nome à obra.

Cada uma das histórias ocorre em tempos diferentes: em 1916, período em que o mundo estava (mais uma vez) dividido ao meio devido à Primeira Guerra Mundial; em 1974, em vésperas do 25 de Abril num Portugal ainda controlado pela PIDE; em 2001, no exato momento em que as Torres Gémeas, em Manhattan, foram alvo de um ataque terrorista; e em 2222, num futuro relativamente longínquo onde as (des)humanas relações entre os intervenientes são assunto principal. 

Em cada uma destas histórias, constituídas escrupulosamente por 14 pranchas, o mesmo punhal marca presença. Gosto desta ideia de unir várias histórias, no tempo e no espaço, através de um artefacto e lembro-me de ter sido algo que, recentemente, pude especialmente apreciar no livro Go West - Young Man, de Tiburce Oger e vários outros autores, que a Gradiva publicou por cá há pouco mais de um ano, e que também tinha em comum a todas as suas histórias o facto de todas elas serem atravessadas por um objeto físico. Nesse caso, era um relógio de bolso.

Neste O Punhal, devo dizer que, infelizmente, não me parece que Nuno Duarte tenha conseguido explanar todo o potencial que este interessante conector narrativo tinha à partida. Na verdade, a presença do artefacto punhal acaba por parecer mais um engodo, uma interligação forçada entre histórias, do que um real elemento fulcral para o desenvolvimento da obra no seu todo. E é apenas por isso que, de algum modo, este livro fica um pouco aquém de outros trabalhos de Nuno Duarte, como O Baile e, especialmente, A Fórmula da Felicidade, dos quais sou confesso admirador.

Mas não me entendam mal. As histórias e temas trazidos por Nuno Duarte parecem-me interessantes e dignos de nota. A "cola" que os une é que me parece menos espessa, menos credível. E se o livro fosse apresentado como uma simples antologia, um livro de contos de Nuno Duarte, provavelmente não só eu não apontaria esta fraqueza à obra, como ainda enalteceria o facto da quarta história fazer uma ponte direta aos eventos vividos na primeira história. Sim, aí sim, há uma ligação direta entre histórias. Na primeira e na quarta. 

Lá pelo meio, há duas histórias que me parecem avulsas e desconectadas do suposto tema central mas que, ainda assim, são as mais interessantes do álbum. Falo da história ilustrada por Osvaldo Medina, que nos remete para o ambiente pesado e assustador de uma sala de interrogatório da PIDE, tema sempre atual e que Nuno Duarte resgata muito bem; e da história ilustrada por Rita Alfaiate - de longe, a melhor das quatro - onde, através de um estilo slice of life, o argumentista nos pinta um belo retrato de uma época mais contemporânea - embora ocorrida há mais de 20 anos(!) -  quando, em 2001, o mundo se chocou perante o ataque ao centro nevrálgico financeiro dos Estados Unidos - e do mundo ocidental - que levou à queda das Torres Gémeas de Nova Iorque e à morte de alguns milhares de pessoas. E tal como as torres foram abaixo, também a relação das duas protagonistas desta história parece estar a sucumbir. O paralelismo encetado por Nuno Duarte é muito bem conseguido.

A primeira história assume uma aura mais fantástica e a última, a que é ambientada no futuro, é de ficção científica que, à boa maneira do género, levanta boas questões sob a forma de uma distopia. A escrita de Nuno Duarte é, como habitual, bastante boa e inspirada.

Em termos de ilustração, cada um dos autores nos oferece um bom trabalho. Osvaldo Medina dificilmente entrega um trabalho mal concebido em termos de desenho; João Lemos dá-nos belas e familiares personagens, cuja expressividade cria empatia com o leitor; e André Caetano, num registo de traço "mais cartoonesco" premeia-nos com pranchas muito dinâmicas na planificação e com um desenho que muito me agrada. 

Se os três autores que refiro são bons e competentes, é Rita Alfaiate, com o seu traço fino e inspirado, que utiliza muitas e belas tramas, quem, na minha opinião, mais brilha neste O Punhal. Acho que o leitor português de banda desenhada já não tem dúvidas quanto a isto mas, de facto, Rita Alfaiate é um autêntico tesouro da 9ª Arte em Portugal. Quando penso que a autora já não me pode impressionar mais pela positiva, sou confrontado com algo novo que me surpreende e me faz ser um verdadeiro fã do seu trabalho. E acho até que, depois de outras duas curtas feitas por Nuno Duarte e Rita Alfaiate, igualmente muito boas, a pergunta sacramental que se impõe é apenas esta: quando é que teremos uma história longa da autoria de Nuno Duarte e Rita Alfaiate cuja criação conjunta em banda desenhada é tão boa e tem tanto potencial?

Todas as histórias são a preto e branco, com os autores a explanarem as potencialidades que essa opção dá. Neste tema, considero que a primeira história, aquela que é ilustrada por João Lemos, não funciona tão bem como as demais, já que a sensação que dá é que a mesma foi feita a cores e depois impressa a preto e branco, com demasiados tons a cinza que retiram algumas potencialidades dos bons desenhos do autor, tornando-os escuros em demasia. Tirando isso, Osvaldo Medina, André Caetano e Rita Alfaiate revelam-se muito à vontade com o preto e branco.

A edição da Kingpin é bastante boa, com o livro a apresentar capa dura baça e bom papel baço no miolo. A impressão, encadernação e design do livro também são igualmente bons, bem ao jeito das edições de Mário Freitas que, para além do design, também assegura a boa legendagem da obra.

Em suma, O Punhal prima especialmente por marcar o regresso de Nuno Duarte ao lançamento de nova banda desenhada e por este trazer consigo uma quase mão cheia de ilustradores. Fica um pouco aquém do enorme potencial que a premissa de usar um punhal como elemento agregador das quatro histórias teria, mas é, ainda assim, um interessante livro de BD que vale a pena conhecer.


NOTA FINAL (1/10):
7.4



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Ficha técnica
O Punhal
Autores: Nuno Duarte, João Lemos, Osvaldo Medina, Rita Alfaiate e André Caetano
Legendagem e design: Mário Freitas
Editora: Kingpin Books
Páginas: 64, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 19,5 x 27 cm
Lançamento: Outubro de 2024

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Kingpin volta aos lançamentos de BD!


A Kingpin Books volta a trazer-nos uma nova edição de banda desenhada nacional! E desta vez, é um álbum que reúne uma mão cheia de autores portugueses!

Com argumento de Nuno Duarte (autor de A Fórmula da Felicidade ou de O Baile), este novo livro intitula-se O Punhal e conta com ilustrações de João Lemos, Osvaldo Medina, Rita Alfaiate e André Caetano. Um belo conjunto de autores, diga-se.

Estive na apresentação deste livro no Maia BD, com a presença de Nuno Duarte e do editor Mário Freitas, e posso dizer-vos que fiquei bastante entusiasmado com esta obra, já que o conceito de ter um artefacto - neste caso um punhal - que atravessa as quatro mini histórias, separadas no tempo e no espaço, me parece uma premissa muito interessante. 




O livro terá lançamento no Amadora BD, no próximo sábado, dia 19 de Outubro, às 17h.

Por agora, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.

O Punhal, de Nuno Duarte, João Lemos, Osvaldo Medina, Rita Alfaiate e André Caetano

Pode um punhal ser mais que um punhal? Ao longo de quatro épocas diferentes, um único objecto misterioso entrelaça destinos e revela segredos profundos. Um amor fatídico e uma mente fragmentada, em 1916; a tensão opressiva de uma cela da PIDE, em 1974; um casal à beira do colapso emocional, durante o caos de 2001; um futuro onde a humanidade e a identidade são questionadas, em 2222.

Cada história tece fios de dor, desespero e desejo, orbitando em torno do mesmo punhal, cujos ecos atravessam o tempo. Mas será o punhal símbolo de destruição? De libertação? Ou algo muito mais profundo, ligado à essência humana e aos nossos destinos mais sombrios? À medida que a sua lâmina corta gerações, cada protagonista é confrontado com decisões que mudam não só as suas vidas, mas o próprio tecido do tempo.

Uma viagem ao âmago das escolhas e mentiras que contamos a nós próprios, e dos sacrifícios que fazemos em nome do amor, da lealdade e da sobrevivência, num épico que atravessa séculos, que conecta o passado ao futuro — e o que nos une a todos, além do tempo.

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Ficha técnica
O Punhal
Autores: Nuno Duarte, João Lemos, Osvaldo Medina, Rita Alfaiate e André Caetano
Legendagem e design: Mário Freitas
Editora: Kingpin Books
Páginas: 64, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Formato: 19,5 x 27 cm
PVP: 16,99€


quarta-feira, 20 de março de 2024

Pára tudo! Eis o meu livro sobre BD!!!



Hoje é um dia muito importante para mim!!!

Finalmente posso apresentar-vos o meu primeiro livro, em que estive a trabalhar no último ano, e que sairá no próximo sábado!

Chama-se Muitos Anos a Virar Frangos... perdão, Muitos Anos a Virar Páginas, e é um livro não de banda desenhada, mas sobre banda desenhada.

O repto foi lançado por Jorge Deodato que, a propósito do 10º aniversário da editora Escorpião Azul, me convidou a fazer um livro sobre banda desenhada, com alguns dos principais editores portugueses de BD. Gostei da ideia e pus mãos à obra!

Procurando não fazer um mero livro de entrevistas secas e formais, tive 10 "verdadeiras" conversas com 10 dos mais relevantes editores de banda desenhada em Portugal.

O objetivo? Muito simples: levantar um pouco (ou, por vezes, demasiado!) o véu sobre o que é a edição de banda desenhada por terras lusas, conhecendo as dificuldades, os desafios, os feitos alcançados. E, porque sei que isso também é importante, conhecer os percursos pessoais destes 10 editores. E, acreditem, há aqui histórias mirabolantes contadas na primeira pessoa!

Falei com 10 pessoas incríveis que, com generosidade, me abriram o coração, esmiunçando o seu passado e opinando - por vezes de uma forma que muitos poderão achar polémica - sobre tudo e mais alguma coisa que esteja relacionada com a banda desenhada. Esperem afirmações marcantes que nos fazem pensar.

Os autores com quem falei foram Jorge Deodato e Sharon Mendes (Escorpião Azul), Rui Brito (Polvo), Mário Freitas (Kingpin Books), José Hartvig de Freitas (A Seita, Devir, G. Floy Studio), Bruno Caetano (A Seita, Comic Heart), Ricardo M. Pereira (Ala dos Livros), Silvia Reig (Levoir), João Miguel Lameiras (A Seita, Devir), Vanda Rodrigues (Arte de Autor) e Guilherme Valente (Gradiva).

Falámos de tudo e mais alguma coisa! Houve perguntas malandras, houve respostas curiosas e, acima de tudo, houve conversas abertas e sem tretas ou filtros. Não gosto de chamar ao Muitos Anos a Virar Páginas um livro de entrevistas... é mais um livro de conversas que QUALQUER AMANTE de BANDA DESENHADA certamente apreciará. Admito que isto pode parecer o discurso de quem quer vender algo, mas digo-vos, com sinceridade total: conhecendo o livro como conheço, eu adoraria ler um livro assim, mesmo que tivesse sido feito por outra pessoa. Considero-o uma "verdadeira bíblia" sobre os meandros da edição de banda desenhada em Portugal e acho que, no final da leitura, saímos bastante mais ricos!

Acham que percebem muito sobre banda desenhada e sobre o que é editar BD? Então esperem por ler este livro e ficarem de boca aberta perante certas revelações. Mais, não digo.

Eu sou suspeito a falar, reconheço, mas estou muito orgulhoso do que aqui foi feito. Daquilo que representa este livro. Mas, claro, não o teria conseguido sozinho, claro está, se não fosse a generosidade destes 10 editores que disseram "SIM" ao meu convite. A eles, e agora publicamente, eu digo: OBRIGADO.

Mas há mais neste Muitos Anos a Virar Páginas, caros leitores.

Este não é apenas um livro de texto. Está carregado de desenhos e de imagens. Cada conversa é acompanhada por fotografias do acervo pessoal de cada um dos editores e algumas dessas fotos veem agora, pela primeira vez, a luz do dia. Já para não falar que várias dessas fotografias incluem autores de renome internacional.

Mas melhor ainda que isso, é que o livro conta com 10 ilustrações inéditas e feitas de propósito para o Muitos Anos a Virar Páginas por alguns dos autores portugueses mais marcantes na banda desenhada nacional, nomeadamente: Luís Louro, Rita Alfaiate, Paulo J. Mendes, Derradé, Pepedelrey, Álvaro, Inês Garcia, João Gordinho, Ricardo Santo e João Amaral! Todos eles com obras publicadas pela Escorpião Azul. Posso dizer-vos que todos estes ilustradores se esmeraram nas suas ilustrações e que foi para mim uma honra poder contar com o seu contributo. A capa do livro, já agora, é da autoria de Sharon Mendes.

Este contributo de tanta gente estendeu-se ainda a Maria José Magalhães Pereira, que assina um fantástico e muito elucidativo prefácio ao livro. Já viram a sorte que eu tive em poder contar para o meu livro com tanta gente maravilhosa e que tanto e tão bem representa a banda desenhada em Portugal? 

Sim, já perceberam que estou muito entusiasmado com este livro, mas acho que tenho razões para tal. O mesmo será lançado no próximo sábado, às 22h, no Festival LouriBD, na Lourinhã. Apareçam e trocamos dois dedos de conversa.

Com sorte, tendo em conta que muitos dos ilustradores que aparecem no livro estarão presentes no LouriBD, ainda levam o livro com dedicatórias para casa.

Por agora, deixo-vos com a sinopse da obra, ficha técnica e com algumas das ilustrações que poderão encontrar no livro.


Muitos Anos a Virar Páginas, de Hugo Pinto

No atual e consentâneo período dourado que se vive na edição de banda desenhada em Portugal em que, cada vez mais, se lança mais e melhor BD por terras lusas, há, ainda assim, questões que subsistem sem resposta: como é que, efetivamente, se desenrola a atividade de edição de BD por cá? Será este mercado tão sustentável como aparenta ser? Que ambiente se respira entre concorrentes na edição? Que tiragens são feitas? Que diferença há entre Novela Gráfica e Banda Desenhada? Como vivem os editores de BD em Portugal? E serão eles “editores” ou meros “publicadores”?

Recorrendo a um anglicismo e adaptando ao universo da banda desenhada a célebre questão sem resposta de Bob Dylan, a pergunta primordial que se impõe é: How many books must a publisher publish, before you call him an editor?

“A resposta, meu amigo”, a essa e outras questões, está neste primeiro livro de Hugo Pinto (autor do blogue Vinheta 2020 e divulgador e crítico de banda desenhada). De modo desgarrado e sem pudores, não fugindo a assuntos muitas vezes considerados tabu, este é um livro com conversas entre o autor e 10 dos mais proeminentes editores de banda desenhada da última década em Portugal.

Não só Muitos Anos a Virar Páginas assinala os 10 anos de existência da editora Escorpião Azul, como nos dá um extenso e profundo vislumbre sobre a banda desenhada em Portugal, carregado de inúmeras histórias dos bastidores da edição da 9ª Arte que eram, até agora, desconhecidas.

E como cereja em topo do bolo, ainda reúne 10 ilustrações únicas e inéditas feitas por 10 dos autores que fazem parte do catálogo da editora portuguesa.

Eis um livro obrigatório para todos os amantes de banda desenhada.

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Ficha técnica
Muitos Anos a Virar Páginas
Autor: Hugo Pinto
Editora: Escorpião Azul
Páginas: 256, a preto e branco
Encadernação: Capa Mole
Formato: 17 x 24 cm
Lançamento: Março de 2024
PVP: 25,00€

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Análise: Neon

Neon, de Rita Alfaiate - Escorpião Azul

Neon, de Rita Alfaiate - Escorpião Azul
Neon, de Rita Alfaiate

A Escorpião Azul lançou no passado Amadora BD o livro Neon, a mais recente obra de Rita Alfaiate, de quem a editora já havia lançado as obras No Caderno da Tangerina e Tangerina, que acabaram reunidas na versão integral da obra, denominada O Caderno da Tangerina, lançada no ano passado.

Por ser claro e indubitável o talento e potencial da autora portuguesa, este Neon era a obra por que muitos estavam à espera. Incluindo a minha pessoa. E digo-vos abertamente: se havia dúvidas (mão minhas!) quanto à capacidade e talento de Rita Alfaiate para a banda desenhada, estas dissipam-se completamente após a leitura deste novo livro que, sem dificuldade, é um dos livros da banda desenhada nacional do ano!

A história foca-se numa rapariga que, acompanhada pelo seu cão androide, percorre as ruas desertas desta cidade futurista, de ambiente distópico e com uma aura muito cyberpunk.

Com uma narrativa quase muda, onde são poucas as falas, um dos feitos mais notáveis de Rita Alfaiate é conseguir embalar-nos ao longo de mais de 100 páginas, onde o que nos é mostrado é mais visual do que textual. A autora opta por nos dar apenas algumas pistas para decifrarmos o que se passa com esta personagem que parece estar completamente só num mundo sem vida - mas, ao mesmo tempo, cheio de luz - onde toda a companhia que lhe resta é o seu cão androide, de nome Neon.

Se Rita Alfaiate opta por deixar a interpretação da história nas mãos do leitor, consegue igualmente o feito de deixar a porta aberta a pertinentes questões que subsistem na nossa mente já depois de finda a leitura: estará a protagonista a viver neste mundo pós-apocalíptico ou será todo este constructo uma mera metáfora para a sociedade atual que é tão pródiga na alienação do indivíduo, fazendo-o sentir-se só e isolado? E quando a personagem principal, nas escadas do seu prédio, não obtém resposta ao seu “bom dia”, por parte da sua vizinha, é porque esta não está mesmo lá ou porque vivemos enclausurados no nosso próprio universo não vendo as outras pessoas à nossa volta? Por fim, sendo nós tão solitários no lufa-lufa diário, será que não depositamos nos poucos seres que (ainda) estão à nossa volta – sejam eles um animal de estimação ou uma pessoa – a razão do nosso ser? Ou poderemos nós, através da tecnologia, recriar aqueles que fomos perdendo ao longo da nossa vida, de forma a atenuar o vácuo que deixaram depois da sua ida? As perguntas são mais que muitas, fazendo com que a leitura de Neon seja algo aliciante em termos intelectuais.

A história funciona perfeitamente em termos narrativos com um final marcante e emotivo que aumenta ainda mais as nossas dúvidas. É um livro para ler pausadamente, com calma, para melhor ser absorvido.

Neon, de Rita Alfaiate - Escorpião Azul
Em termos visuais, o trabalho de Rita é verdadeiramente fabuloso. E se há uma personagem principal nesta história, diria que, para além da protagonista, essa personagem principal é o próprio ambiente visual que a autora nos oferece. Com luzes luxuriantes e plásticas, que relembram as luzes dos centros urbanos carregados de iluminação a néon (daí, imagino, a boa escolha do nome para o cão e para o próprio título da obra), este local é vívido e cheio de cores luxuriantes embora, aparentemente, não pareça povoado por ninguém além da nossa protagonista e do seu cão. A dicotomia é, pois, poética e vibrante. Este universo futurista remeteu-me para os cenários de dois recentes videojogos, que também me agradaram muito, que foram Cyberpunk 2077 ou Stray. E que bom isso é, pois são dois videojogos onde, apesar dos seus defeitos na vertente de jogabilidade, apresentam universos para onde nos apetece mergulhar. Tal como em Neon.

De resto, e centrando-me nos desenhos de Rita Alfaiate, a autora revela cada vez mais todo o seu virtuosismo e talento. Há aqueles autores em que se percebe que já chegaram ao topo da sua evolução. Rita não pertencerá, decerto, a essa estirpe. Porque é notória, inequívoca e gritante a evolução que a autora revela face a trabalhos anteriores. Quer em termos de desenho de expressões, quer em termos de enquadramentos cinematográficos, de planificação dinâmica ou, claro, de cor.

E as cores representam uma grande importância em termos da experiência visual e sensorial que é Neon. Estive na apresentação deste livro no Amadora BD e pude compreender que a formação de Rita Alfaiate também é em pintura. Não admira, portanto, que demonstre tanta qualidade, inspiração e técnica nesta vertente. As cores são tão impactantes, tão belas, tão vívidas e tão ricas que a pergunta que se impõe é: como é que só agora tivemos direito a um álbum a cores por parte de uma autora que as domina tão bem? É preciso que seja eu a começar o movimento com o mote: “Queremos mais álbuns da Rita Alfaiate a cores!”? Acho que não. Pois estou certo que toda a gente saberá apreciar o quão belo é o trabalho de colorização neste Neon.

Neon, de Rita Alfaiate - Escorpião Azul
Já o disse aqui no Vinheta 2020 e digo-o novamente: não se fala muito deste assunto em Portugal, mas na verdade, e olhando para a parte da ilustração, colocando a parte do argumento de fora desta equação, são vários os autores nacionais de renome que são belos ilustradores (em termos de desenho) mas que não conseguem um resultado tão bom ao nível da cor. Dito por outras palavras, é como se a cor fosse o lado menos forte de muitas ilustrações de autores portugueses. Com Rita Alfaiate não será, de todo, esse o problema. A autora é exímia nas cores. Possivelmente até é esta a sua principal valência.

Uma outra coisa que salta muito à vista nesta obra, e que ainda não referi, é a introdução de ilustrações que ocupam duas páginas do livro onde a autora mostra, através de lindos desenhos carregados de meticulosos detalhes, que é um dos grandes talentos nacionais. É difícil não se ficar a olhar embasbacado para estas ilustrações durante largos momentos, tal não é a sua beleza.

Uma palavra de louvor deve ainda ser dada a capa deste Neon que é maravilhosa, não só em termos estéticos e de grafismo, como na questão e audácia da perspetiva utlizada pela autora para o desenho da protagonista da história. E as cores, claro (e mais uma vez) destacam-se pela sua beleza.

A edição da editora Escorpião Azul é em capa mole com badanas. Sendo verdade que parece uma edição em linha com as edições habituais da editora, este Neon, à semelhança de Elviro, de Paulo J. Mendes, apresenta um maior cuidado ao nível da edição. Coisa que merece, aliás, os meus aplausos. O papel é baço e apresenta uma boa gramagem e, no final, há espaço para 10 páginas de extras, onde podemos apreciar os lindos esboços e ilustrações da autora. O rebordo das páginas é feito na cor rosa-choque o que, para além de dar um belo aspeto visual ao livro, ainda se coadenua bem com o título e género da obra. Em termos de legendagem, compreendo que se tenha optado por uma font que remete para o mundo digital, embora talvez não tivesse sido a minha escolha. Mesmo assim, acho que esta é uma edição em que a Escorpião Azul se pode orgulhar do bom trabalho feito.

Em suma, Rita Alfaiate dá-nos neste seu Neon uma obra marcante que é um autêntico festim de luz, cor, desenho e ambiente, num álbum que passa a ser um marco da banda desenhada nacional em termos visuais e, sem dúvida, um dos livros mais obrigatórios da editora Escorpião Azul que, nos últimos tempos, parece ter encontrado um rumo mais certo na bitola qualitativa do seu catálogo – e prova disso é o recente prémio de Melhor Álbum de Autor Nacional conquistado no Amadora BD com Elviro, de Paulo J. Mendes.


NOTA FINAL (1/10):
9.2



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Neon, de Rita Alfaiate - Escorpião Azul

Ficha técnica
Neon
Autora: Rita Alfaiate
Editora: Escorpião Azul
Páginas: 120, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 170 x 240 mm
Lançamento: Outubro de 2023

segunda-feira, 22 de maio de 2023

A Antologia Umbra está de volta!


Boas notícias para os seguidores deste belo projeto! A Antologia Umbra está de volta! Depois de mais uma campanha de crowdfunding bem sucedida, o 4º número desta antologia deverá chegar-nos nas próximas semanas!

Há um lançamento previsto para ocorrer no dia 27 de Maio, na Kingpin Books. De resto, o livro deverá ser apresentado nos vários eventos que se aproximam, nomeadamente na Feira do Livro de Lisboa, no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja e no Maia BD.

Para já, estão confirmadas as participações dos autores Filipe Abranches (mentor do projeto), Simon Roy, André Oliveira, Rita Alfaiate, Pedro Moura, Marco Gomes, Réza Benhadj e James Romberger.

Mais abaixo, deixo-vos com as sinopses de cada uma das histórias que compõem esta antologia, bem como com algumas imagens promocionais.


Umbra #4, de Vários Autores

Torre, de Filipe Abranches
Numa narrativa de historiografia alternativa, um elemento das forças de segurança perde-se nas tramas conspirativas que se urdem perto de uma imensa e misteriosa Torre, erguida numa Lisboa dos anos 80 fustigada por uma pandemia e cataclismos climáticos. Sob a vigilância da Torre, o suspense...


A Jóia da República Central, de Simon Roy
Já se passaram décadas desde as batalhas de Altamira, mas um jovem investigador quer descobrir os últimos traços dos pilotos de amplificadores. Um passeio pelas montanhas pode desvendar memórias, destroços e até rivalidades. O tempo sara as feridas?

Nic, de André Oliveira e Rita Alfaiate
Cuidado ao fugir das responsabilidades da vida, e não olhar para os dois lados ao atravessar a estrada, pois o perigo que nos aguarda pode ser o perigo que instigamos.


As brasas e a lenha, de Pedro Moura e Marco Gomes
A guerra é um tempestade que morde tudo em redor. 

Uma casa é um pequeno bote que singra nas tumultuosas águas, e em perigo protege uma família isolada. 

Que pode um pai fazer quando os monstros se aproximam?

Caranguejo Real – O Detective Paranormal Francês, de Réza Benhadj
Imaginemos um mundo em que um argumento de William Peter Blatty acabaria realizado por Jean-Pierre Melville e estamos próximos da chave desta história de um detective muito particular cujos casos não são resolvidos com a ponta de um revólver, mas sim com rituais e associações livres. Mas todos os ingredientes constituem um puzzle dramático.


Lazarus, de James Romberger
Para Hobbes, o estado pré-social da humanidade era o da bellum omnium contra omnes, “a guerra de todos contra todos”. A tecnologia salva ou fecha o ciclo? Joe sabe a resposta, o outro Joe ainda não. Se calhar não convém olhar o inimigo muito de perto, não nos assustemos com o reflexo.