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quarta-feira, 20 de agosto de 2025

TOP 10 - A Melhor BD lançada pela Penguin nos últimos 5 anos!


Hoje trago-vos um TOP 10 relativo à melhor banda desenhada editada pela Penguin nos últimos 5 anos, a propósito do 5º aniversário aqui do Vinheta 2020.

Muita gente não sabe disto, mas a Penguin Random House é uma empresa multinacional, apontada como a maior editora de livros do mundo, sendo que a sua sucursal portuguesa engloba várias chancelas que editam banda desenhada: a Iguana, a Distrito Manga, a Companhia das Letras, a Topseller, a Cavalo de Ferro, a Fábula... entre outras.

Recentemente, a Penguin preocupou-se em criar duas chancelas dedicadas à banda desenhada: a Iguana e a Distrito Manga.

De qualquer maneira, para este TOP, e para que a qualidade das obras propostas fosse a melhor possível, eu olhei para a Penguin como um todo - que é isso que ela é, na verdade - e trago-vos os 10 melhores livros de BD desta editora que li.

Convém relembrar que este conceito de "melhor" é meramente pessoal e diz respeito aos livros que, quanto a mim, obviamente, são mais especiais ou me marcaram mais. Ou, naquela metáfora que já referi várias vezes, "se a minha estante de BD estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 10 obras, seriam estas as que eu salvava".

Faço aqui uma pequena nota sobre o procedimento: considerei séries como um todo e obras one-shot. Tudo junto. Pode ser um bocado injusto para as obras autocontidas, reconheço, e até ponderei fazer um TOP exclusivamente para séries e outro para livros one-shot, mas depois achei que isso seria escolher demasiadas obras. Deixaria de ser um TOP 10 para ser um TOP 20. Até me facilitaria o processo, honestamente, mas acabaria por retirar destaque a este meu trabalho que procura ser de curadoria. Acabou por ser um exercício mais difícil, pois tive que deixar de fora obras que também adoro, mas acho que quem beneficia são os meus leitores que, deste modo, ficam com a BD que considero ser a "crème de la crème" de cada editora. 

Aqui ficam, então, as 10 melhores BDs editadas pela Penguin nos últimos 5 anos:

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Análise: Para Sempre

Para Sempre, de Assia Petricelli e Sergio Riccardi - Fábula - Penguin Random House

Para Sempre, de Assia Petricelli e Sergio Riccardi - Fábula - Penguin Random House
Para Sempre, de Assia Petricelli e Sergio Riccardi

Se há coisas que gosto que me aconteçam... é que a banda desenhada me surpreenda. Que haja um livro que, sem que eu esteja à espera, me impressione pela positiva. Por vezes, os livros são bons mas, verdade seja dita, já estamos à espera que o sejam. Infelizmente, também acontece o contrário noutras vezes: estamos à espera que um livro seja bom e depois vamos a lê-lo e ficamos desapontados. Ora, deste Para Sempre, dos autores italianos Assia Petricelli e Sergio Riccardi, que a editora Fábula - uma chancela do grupo Penguin - editou recentemente, eu confesso-vos que pouco ou nada sabia. Não estava, por isso, à espera de nada... nem que fosse bom, nem que fosse mau. E é com satisfação que vos digo que foi uma agradável surpresa. Foi mais do que isso, na verdade... foi uma das maiores surpresas do ano... pelo menos, para já!

Para Sempre, de Assia Petricelli e Sergio Riccardi - Fábula - Penguin Random House
Para Sempre
 é uma BD que capta com delicadeza e autenticidade o espírito da adolescência e a intensidade das primeiras paixões. Ambientado numa estância balnear, o livro apresenta a história de Viola, uma jovem que, durante as férias numa povoação costeira, conhece Ireneo que, à primeira vista, até parece ser alguém que não vai agradar a Viola por ser local daquela zona, pouco amigável e muito reservado. Mas a ligação que ambos estabelecem revela-se mais forte do que aquilo que ambos poderiam antever.

A relação entre Viola e Ireneo acaba por ser o tema central da obra, embora a mesma aborde outras questões, bem-vindas, como a forma como os jovens passam as férias com os pais, com quem a relação nem sempre é tão direta ou transparente como o desejável. É aquela altura da vida em que já não se é criança, mas também não se é verdadeiramente adulto e, por isso, as doses de incerteza e desconforto sucedem-se umas às outras, em catadupa.

Viola terá que enfrentar um conflito com os seus pais, em especial com a sua mãe, que desaprovam o seu relacionamento com Ireneo, o que faz com que a história, que até tem um lado mais contemplativo, fique mais rica devido a esta tensão emocional que a protagonista terá que experienciar.

Para Sempre, de Assia Petricelli e Sergio Riccardi - Fábula - Penguin Random House
Em contraste, a suposta “relação perfeita” da sua amiga com um suposto namorado perfeito revela-se, afinal, tóxica, trazendo à tona uma certa preocupação com os assuntos dos nossos dias, embora esta subnarrativa não roube - felizmente - demasiado espaço à história principal.

Apesar da sua leveza e da estética estival, a narrativa aborda questões sérias e relevantes para os tempos modernos. Entre os temas centrais estão a liberdade emocional, a descoberta pessoal e os perigos das relações abusivas. A obra é particularmente eficaz ao colocar estas questões no centro da experiência juvenil sem moralismos nem dramatizações excessivas, tornando-se assim extremamente pertinente para os jovens leitores de hoje - e uma ferramenta útil para fomentar conversas importantes entre pais e filhos. Com efeito, embora o livro seja - e bem, claro - apontado para um público juvenil, também considero uma leitura muito aconselhável para os adultos que são pais e que, muitas vezes, se esquecem que também já foram jovens, acabando por desvalorizar a vivência dos adolescentes e jovens adultos.

Para Sempre, de Assia Petricelli e Sergio Riccardi - Fábula - Penguin Random House
Para Sempre
 é uma história íntima e complexa que, ainda assim, não perde o seu apelo visual e emocional. É uma leitura que se faz com leveza, mas que deixa marca, principalmente porque se vê ali representada a experiência universal da descoberta do amor - com as suas maravilhas e as suas dores. É acessível, esteticamente apelativa, emocionalmente cativante e, sobretudo, atual. Além disso, consegue essa dupla função de cativar os leitores mais novos pela sua linguagem direta e ritmo fluido, ao mesmo tempo que seduz os mais velhos com a sua carga nostálgica e maturidade narrativa.

Nesse sentido, o uso de referências musicais por parte dos autores acrescenta uma camada de familiaridade e identificação à narrativa... não tanto por parte dos leitores mais novos... mas sim pelos leitores mais velhos. Para quem cresceu nos anos 90 - como é o meu caso - as músicas mencionadas funcionam quase como uma banda sonora afetiva, despertando memórias de outros verões e de outras paixões. Esta ponte geracional reforça, pois, a ideia de que o livro não é apenas para os jovens da atualidade - caso contrário a banda sonora utilizada não incluiria músicas de Shaggy, Blur, Green Day, Fools Garden, Ace of Bace, Whigfield ou dos italianos 883. E esta vertente torna o livro ainda mais valioso para os mais velhos que leiam a obra. 

Para Sempre, de Assia Petricelli e Sergio Riccardi - Fábula - Penguin Random House
As ilustrações de Sergio Riccardi são outro dos pontos fortes do livro. Os desenhos são expressivos e modernos, cheios de movimento e emoção, e as cores - predominantemente soalheiras e quentes - evocam perfeitamente a luz do verão, reforçando o tom nostálgico e doce da narrativa. É uma estética que funciona muito bem e que me agradou especialmente.

Em termos de edição, o livro apresenta capa mole com badanas, bom papel baço no miolo e boa encadernação e impressão. Sendo um adepto de capas duras, reconheço que este é o tipo de livro em que a capa mole é mais bem-vinda pois, dada a portabilidade de uma obra que saberá bem ler durante as férias, o menor peso do livro e a flexibilidade alcançada por esta opção mais maleável, torna-se mais adequada.

Resumindo, Para Sempre destaca-se pela forma como toca o coração do leitor com uma história simples, honesta e bela. É, sem dúvida, um sério candidato a melhor banda desenhada infanto-juvenil do ano - uma leitura ideal para as férias, para o verão, e para todos os que já viveram (ou sonham viver) um amor para sempre. Mesmo que a perpetuidade desse amor tenha apenas reflexo no conjunto de memórias que guardamos durante toda uma vida. 

NOTA FINAL (1/10):
8.7



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Para Sempre, de Assia Petricelli e Sergio Riccardi - Fábula - Penguin Random House

Ficha técnica
Para Sempre
Autores: Assia Petricelli e Sergio Riccardi
Editora: Fábula
Páginas: 160, a cores
Encadernação: Capa mole com badanas
Formato: 168 x 240 mm 
Lançamento: Junho de 2025 

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Análise: A Bibliotecária de Auschwitz

A Bibliotecária de Auschwitz, de Salva Rubio e Loreto Aroca - Fábula - Penguin Random House

A Bibliotecária de Auschwitz, de Salva Rubio e Loreto Aroca - Fábula - Penguin Random House
A Bibliotecária de Auschwitz, de Salva Rubio e Loreto Aroca

O tema do holocausto e das atrocidades cometidas pelos nazis perante os judeus, durante o período da Segunda Guerra Mundial, tem sido bastante explorado ao longo dos anos. No cinema, na literatura e, também, na banda desenhada. É verdade que, mais recentemente, na literatura, este é um assunto que tem regressado com renovado destaque, após a publicação com sucesso de alguns livros como O Tatuador de Auschwitz, entre outros, e, por esse motivo, talvez algumas pessoas já comecem a torcer um pouco o nariz a novos livros sobre Auschwitz. Porque pode soar a "mais do mesmo" ou ser sintoma de uma certa tentativa de capitalizar um tema. Não digo que não. Mesmo assim, também não deixa de ser verdade que o assunto do holocausto ainda tem muito para nos revelar e para aumentar o nosso conhecimento sobre esse período negro da história mundial. Mais não seja pela partilha dos testemunhos dos sobreviventes e pela sempre relevância político-social para o tempo atual.

A Bibliotecária de Auschwitz, de Salva Rubio e Loreto Aroca - Fábula - Penguin Random House
Com efeito, também em banda desenhada são vários os livros sobre o tema. À cabeça, surge-nos o obrigatório Maus, de Art Spiegelman, mas poderíamos nomear muitas outras obras que nos transportam até ao tempo dos campos de concentração controlados pelos nazis. Ainda este ano, por exemplo, a Gradiva editou O Fotógrafo de Mauthausen que, curiosamente, tem como autor Salva Rubio, que também é o argumentista deste A Bibliotecária de Auschwitz, publicado recentemente pela chancela Fábula, da Penguin Random House, que hoje vos trago.

Este é um livro que se baseia no romance original de Antonio Iturbe que, por sua vez, é baseado na história real de Dita Adlerova, uma sobrevivente do holocausto.

Dita Adlerova era uma jovem checa que, com apenas 14 anos, e juntamente com a sua família e tantos outros judeus, foi levada para um dos mais célebres e mortíferos campos de concentração nazis: Auschwitz.

É verdade que Dita e aqueles que a rodeavam tiveram a sorte de irem para uma ala "menos má" de Auschwitz, que deixava as famílias juntas, sem uniforme de prisioneiro, com o intuito de mostrar às entidades externas que os prisioneiros judeus não tinham uma vida assim tão má. Não obstante, a vida de Dita e da sua família foi, como é fácil de imaginar, repleta de privações e de um trauma crescente.

A Bibliotecária de Auschwitz, de Salva Rubio e Loreto Aroca - Fábula - Penguin Random House
Apesar disso, e como Dita era, duplamente, uma ávida amante de livros e uma corajosa ativista pela cultura, passou a exercer uma importante tarefa no campo de concentração: a de bibliotecária. Função essa que, se descoberta, a levaria à morte. Reunindo um pequeno punhado de livros, Dita arriscou a vida para que crianças e adultos pudessem escapar, nem que fosse por breves momentos, ao terror experienciado no campo de concentração. Logicamente, os livros eram proibidos, portanto, caso fosse descoberta, a morte seria o destino óbvio de Dita. E, ainda por cima, Josef Mengele, o anjo da morte, que fazia experiências atrozes com os judeus do campo - e sobre o qual a editora Levoir também publicou recentemente o muito recomendável O Desaparecimento de Josef Mengele, de Matz e Jörg Mailliet - parecia ter uma especial atenção em Dita.

A história é centrada na ideia de que a literatura pode ser uma forma de resistência. Tornando-se bibliotecária de um pequeno acervo de livros no campo, Dita simboliza a luta pela preservação da cultura e da identidade, mesmo em face da desumanização.

A Bibliotecária de Auschwitz, de Salva Rubio e Loreto Aroca - Fábula - Penguin Random House
Salva Rubio, o argumentista deste A Bibliotecária de Auschwitz, consegue aqui um belo feito de, por um lado, conseguir adaptar de forma satisfatória a obra original - ainda que resumindo-a à sua essência, claro está - e, por outro lado, logrando fazer deste livro uma leitura adequada para jovens leitores. E adultos, claro. É verdade que o tema é pesado e que, devido a isso mesmo, este livro apresenta imagens que têm alguma violência. Mesmo assim, a abordagem do ponto de vista textual e narrativo tenta ser um pouco mais leve, de forma a que a história possa chegar aos mais jovens sem dramatizar de forma excessiva. Considero que não é um equilíbrio fácil, mas que é algo bem conseguido neste livro.

Já as ilustrações de Loreto Aroca, também foram uma agradável surpresa. A autora tem um traço moderno, semi-caricatural, de estilo europeu, que capta muito bem a expressividade necessária para esta obra, sendo também - e em consonância com o argumento - de fácil acesso por qualquer leitor. Os desenhos intensificam as emoções e os temas tratados, mas sempre de uma forma acessível. É verdade que, tal como já referido, há algumas ilustrações que poderão impressionar leitores mais jovens mas, lá está, estamos a falar de um livro sobre Auschwitz, portanto não podemos esperar que seja uma história do estilo dos Ursinhos Carinhosos. Não será um livro para crianças abaixo dos dez anos, mas, quanto a mim, extremamente adequado para pré-adolescentes e adolescentes.

A Bibliotecária de Auschwitz, de Salva Rubio e Loreto Aroca - Fábula - Penguin Random House
Loreto Aroca também é bem sucedida ao dar-nos uma planificação que tenta não se repetir, de modo a oferecer-nos uma boa fluidez de leitura, enquanto que os diversos momentos de medo e pesadelos vivenciados por Dita também permitem diversidade à componente visual do livro. Pode não ser uma obra que consideremos graficamente "linda", mas também não lhe podemos apontar defeitos. De um modo geral, está tudo bastante bem feito. 

A edição da Fábula (do grupo editorial Penguin Random House) apresenta capa dura baça, bom papel baço no interior, e um bom trabalho ao nível de impressão e encadernação. O livro vem acompanhado ainda de um belo dossier de extras, com dez páginas, onde nos são dadas mais informações sobre os campos de concentração controlados pelos nazis e sobre algumas das personagens reais que aparecem no livro, bem como esboços de personagens ou a demonstração da criação de uma página, desde o guião, até à arte final. Extras que são muito bem-vindos. Mesmo assim, como nota negativa, há que realçar que se lamenta que a edição portuguesa tenha dimensões mais pequenas do que as versões espanhola e, especialmente, francesa da obra.

Em suma, A Bibliotecária de Auschwitz é uma banda desenhada que surpreende pela positiva, ao conseguir um bom equilíbrio com a sua abordagem leve a um tema tão pesado como o holocausto. Mais do que uma história sobre a brutalidade da guerra, é uma celebração da resiliência do espírito humano, convidando os leitores a refletir sobre a importância da literatura, da memória e da amizade, mesmo nas situações mais sombrias.


NOTA FINAL (1/10):
8.5




Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020





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A Bibliotecária de Auschwitz, de Salva Rubio e Loreto Aroca - Fábula - Penguin Random House

Ficha técnica
A Bibliotecária de Auschwitz
Autores: Salva Rubio e Loreto Aroca
Adaptado a partir da obra original de Antonio Iturbe
Editora: Fábula (Penguin Random House)
Páginas: 144, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 170 x 240 mm
Lançamento: Outubro de 2024

terça-feira, 24 de setembro de 2024

"A Bibliotecária de Auschwitz" recebe adaptação para BD!



A chancela Fábula, do grupo editorial Penguin Random House, prepara-se para publicar, a partir do próximo dia 7 de Outubro, a obra A Bibliotecária de Auschwitz.

A adaptação para banda desenhada do romance original escrito por Antonio Iturbe é feita por Salva Rubio (também autor do recentemente publicado O Fotógrafo de Mauthausen, pela Gradiva) e por Loreto Aroca.

O livro já se encontra em pré-venda no site da editora.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra.


A Bibliotecária de Auschwitz, de Salva Rubio e Loreto Aroca

Num cenário de horror, uma jovem mantém a esperança, a coragem e o seu amor pelos livros.

Estamos na Europa, em plena Segunda Guerra Mundial. Dita Adlerova é uma adolescente checa que, juntamente com a sua família e tantos outros judeus, é levada para um dos campos de concentração mais mortíferos deste conflito: Auschwitz.

Quando Dita reúne um punhado de livros e se torna «a bibliotecária de Auschwitz», ela arrisca a vida para que crianças e adultos possam escapar, nem que seja por breves instantes e somente com a imaginação, à terrível vida no campo de extermínio. Os livros estão proibidos e tê-los é uma sentença de morte. Dita precisa de ter muito cuidado: o temível Dr. Mengele, famoso pelas suas experiências horríveis, está a vigiá-la de perto.
A Fábula publica a adaptação a novela gráfica do romance homónimo de Antonio Iturbe, baseado numa história real. Uma obra apaixonante para leitores jovens e adultos, numa cuidada edição que inclui um dossiê histórico com informação sobre o seu processo de criação e o contexto da Segunda Guerra Mundial. Uma homenagem aos livros e ao poder redentor das histórias, até no mais aterrador dos cenários.

Rubio e Aroca recriam a extraordinária história de Dita Adlerova, a heroína real que inspirou o romance histórico de Antonio Iturbe. Mantendo a fidelidade ao original, esta obra vai conquistar os jovens leitores portugueses pela beleza das ilustrações e pelas personagens inesquecíveis, sobretudo a protagonista resiliente, alegre e corajosa que mesmo nas piores circunstâncias consegue manter o ânimo e não desistir do seu propósito.

Nas livrarias a 07 de outubro.

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Ficha técnica
A Bibliotecária de Auschwitz
Autores: Salva Rubio e Loreto Aroca
Adaptado a partir da obra original de Antonio Iturbe
Editora: Fábula (Penguin Random House)
Páginas: 144, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 170 x 240 mm
PVP: 17,45€




quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

À Conversa Com: Penguin Random House - Novidades para 2024!



Hoje trago-vos as novidades de banda desenhada que a Penguin Random House prepara para o próximo ano!

Para tal, partilho mais abaixo a entrevista que fiz à editora para vos dar conta dessas mesmas novidades de BD que esta gigante editorial (com múltiplas chancelas que publicam banda desenhada como a Iguana, a Topseller, a Fábula, a Cavalo de Ferro, a Companhia das Letras, a Elsinore, a Nuvem de Letras, a Booksmile, e outras) está a preparar para 2024.

Falei com a simpática Rebeca Bonjour, responsável pelo Marketing e Comunicação da Penguin, que, não abrindo muito o jogo quanto às novas obras que a editora prepara para o próximo ano, deu, ainda assim, respostas muito interessantes às minhas perguntas que merecem ser lidas mais abaixo.

Como notícias positivas, destaca-se o aumento de autores nacionais a publicar pela editora!

Não deixem de ler, mais abaixo, a entrevista.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Análise: O Fantasma de Anya

O Fantasma de Anya, de Vera Brosgol - Fábula - Penguin Random House

O Fantasma de Anya, de Vera Brosgol - Fábula - Penguin Random House
O Fantasma de Anya, de Vera Brosgol

O Fantasma de Anya, da autora russa Vera Brosgol, é o mais recente lançamento da editora Fábula, uma chancela do grupo Penguin Random House, que, dentro da banda desenhada, já havia lançado O Jardim Secreto - Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Hanna Luechtefeld, e Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler.

Esta terceira aposta da chancela Fábula continua a trazer-nos uma banda desenhada leve e cativante, destinada aos mais jovens e, quiçá, mais direcionada para um público mais feminino.

Seja como for, e sendo eu uma pessoa a chegar aos 40 anos e do sexo masculino, posso dizer-vos que esta nova obra não se fica só por esse público. Tendo em conta a sua qualidade, devo dizer que é um belo livro de BD que merece ser (re)conhecido por muita gente.

O Fantasma de Anya, de Vera Brosgol - Fábula - Penguin Random House
Afinal de contas, este é um trabalho multi-premiado que numa das badanas do livro até cita o célebre Neil Gaiman, que considerou este O Fantasma de Anya como “uma obra-prima”. Não o será, pelo menos para a minha bitola, mas é um belo livro que funciona bastante bem e que tem aquela característica que considero tão importante que é ter o potencial para fazer chegar a banda desenhada a um público mais alargado. O setor precisa destes livros que mesmo apontando a um público mais jovem, têm, ainda assim, qualidade. Acredito que é este tipo de abordagens – bem desenhadas e com uma história leve e interessante – que faz a BD entrar nos quartos de adolescentes que não têm o hábito de ler banda desenhada.

A história concentra-se na personagem de Anya, uma adolescente russa imigrante a viver nos Estados Unidos. Tal como muitos outros adolescentes, Anya tem alguma dificuldade em integrar-se no colégio. Não apenas por ser imigrante, mas também porque não está satisfeita com a sua aparência física. A isso junta-se o facto de o rapaz por quem sente uma paixoneta, já ter uma namorada que, aos olhos de Anya, é perfeita. A típica história de adolescentes, portanto.

O Fantasma de Anya, de Vera Brosgol - Fábula - Penguin Random House
Mas tudo muda e ganha uma nova dimensão quando Anya cai acidentalmente num poço e conhece uma criatura inusitada: o fantasma de Emily, uma rapariga que morreu há praticamente um século. Este fantasma de Emily depressa se vai tornar numa amiga e, acima de tudo, ajuda nos desafios mundanos da vida de Anya.

A história é leve e fácil de ler e, devido à existência do fantasma, depressa nos faz mergulhar de cabeça na leitura de forma a testemunharmos para onde nos irá levar a narrativa. Com alguns momentos de humor e bastante sarcasmo, Anya é uma personagem bem concebida e com uma boa dose de carisma. Contudo, e para além dessa parte mais suave da trama, a história também assume um tom de terror, suspense e fantasia. Que fica até mesmo algo inusitado lá mais para o fim do livro.  Claro que é tudo feito de forma algo leve e não será, propriamente, um daqueles livros que “assusta” ou que “horroriza”. Digo eu. Seja como for, não deixa de ter alguns elementos mais fortes, especialmente para o fim do livro. É que o fantasma de Emily começa por se nos apresentar como uma personagem terna e indefesa, mas talvez as aparências iludam…

O Fantasma de Anya, de Vera Brosgol - Fábula - Penguin Random House
O maior interesse do argumento concentra-se em Anya e no seu processo de crescimento e autodescoberta. A protagonista passa por uma mudança significativa, evoluindo de uma adolescente insegura para alguém mais confiante e consciente das consequências das suas ações, o que faz com que seja uma personagem complexa e identificável para o público jovem.

No final, se se pode apresentar alguma queixa é que certas personagens e eventos parecem ter sido pouco aproveitados pela autora. O próprio final do livro, quanto a mim, também é um pouco over the top. Toda a parte mais assustadora ou fantasmagórica talvez pareça um pouco forçada e exagerada e parece ter sido introduzida pela autora mais com o intuito de diferenciar esta história das demais histórias para adolescentes do tipo coming of age. Creio que a história poderia ter-se mantido mais ao nível alegórico e menos literal.

Em termos de ilustrações, fiquei bastante satisfeito com o trabalho da autora Vera Brosgol. O estilo é bastante “cartoonizado”, fazendo lembrar desenhos animados. Talvez por isso, as personagens apresentem expressões muito demarcadas, que facilitam a que criemos uma boa empatia com as personagens. Até mesmo com aquelas de caráter mais dúbio. É um estilo de traço moderno, simples, mas totalmente eficaz na narração visual do argumento. Gostei bastante!

O Fantasma de Anya, de Vera Brosgol - Fábula - Penguin Random House
Em termos cromáticos, a paleta é em tons roxos e azulados, o que encaixa muito bem no estilo de história que se pretende fazer: por um lado, é sombria o suficiente, mas, por outro lado, também consegue ser moderna e apelativa para uma franja de público mais jovem.

A edição da Fábula é em capa mole baça, com badanas, e, no miolo, tem papel brilhante com uma boa gramagem. Creio que o papel talvez tenha brilho em demasia. Eu sou um confesso amante de papel baço porque acho que quase sempre – excetuando se estivermos perante uma história de ação ou de super-heróis – o papel baço é mais genuíno e permite apreciar melhor os detalhes de um bom desenho. Mas, claro, esta nem sequer é uma opinião que todos os leitores partilham, como bem sei. É uma opinião meramente pessoal. Portanto, também em este O Fantasma de Anya, optaria por papel baço se fosse o editor. Além disto, o livro apresenta boa qualidade ao nível da encadernação e da impressão.

Em suma, O Fantasma de Anya é um belo livro, bem desenhado e bem narrado, e daqueles para serem lidos não só por jovens, mas também por adultos. Mesmo que – e isso é uma coisa tão importante – tenha o potencial de formar novos leitores de banda desenhada.


NOTA FINAL (1/10):
8.3



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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O Fantasma de Anya, de Vera Brosgol - Fábula - Penguin Random House

Ficha técnica
O Fantasma de Anya
Autora: Vera Brosgol
Editora: Fábula (Penguin Random House)
Páginas: 232, a cores
Encadernação: Capa mole
Lançamento: Outubro de 2023

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Fábula lança BD multipremiada de Vera Brosgol!



A Fábula, uma chancela da Penguin Random House, lançou nos últimos dias o livro O Fantasma de Anya, da autora russa Vera Brosgol.

Trata-se de uma obra que aparenta destinar-se a um público jovem, não deixando de "piscar o olho" ao público mais adulto. Ganhou prémios nos Eisners, nos Harveys e nos Cybils

Posso dizer que já pude folhear o livro e fiquei bastante agradado com o que vi. Resta-me agora mergulhar na leitura e, depois, dar-vos a conhecer a minha análise à obra.

Para já, deixo-vos com a sinopse do título e com algumas imagens promocionais.


O Fantasma de Anya, de Vera Brosgol
Uma novela gráfica premiada para adolescentes desempoeirados, sem medo de fantasmas.

Um livro premiado que conta uma história repleta de segredos, reviravoltas e emoção. Anya é uma adolescente como tantas outras: sente dificuldade em integrar-se no colégio por ter uma família imigrante, está descontente com alguns aspetos do seu corpo e tem um fraquinho por um rapaz que já tem namorada.

A queda num poço antigo e fundo vai trazer-lhe uma nova amizade bastante peculiar: o fantasma de Emily, uma rapariga que morreu há um século, que depressa se torna uma ajuda preciosa (e invisível) para o dia a dia de Anya. Até que começam a surgir problemas…

Novela gráfica premiada que conta uma história repleta de segredos, reviravoltas e emoção.
Apesar do seu mau-humor, inseguranças, fraquezas e sarcasmo, Anya conquistará leitores de todas as idades.


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Ficha técnica
O Fantasma de Anya
Autora: Vera Brosgol
Editora: Fábula (Penguin Random House)
Páginas: 232, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato:
PVP: 18,85€

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Análise: O Jardim Secreto - Novela Gráfica

O Jardim Secreto - Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Hanna Luechtefeld - Fábula (Penguin Random House)

O Jardim Secreto - Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Hanna Luechtefeld - Fábula (Penguin Random House)
O Jardim Secreto - Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Hanna Luechtefeld

A chancela Fábula, pertencente ao grupo editorial Penguin Random House, e que, mais comummente, tem editado livros ilustrados para um público infanto-juvenil, lançou recentemente O Jardim Secreto – Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Hanna Luechtefeld. Note-se que, apesar da essência da chancela ser o lançamento de livros ilustrados, este O Jardim Secreto não é a primeira banda desenhada que a Fábula lança. Já no ano passado, a editora lançou o muito interessante Ana dos Cabelos Ruivos, também de Mariah Marsden que, para essa obra, se fez acompanhar por Brenna Thummler nas ilustrações.

Portanto, já são duas bandas desenhadas que a Fábula nos traz. E o que é digno de realce é que, mesmo sendo banda desenhada, se compreende porque é que estes livros são lançados enquanto pertencentes à chancela Fábula e não a uma outra qualquer chancela do grupo editorial Penguin Random House que, relembro, tem no seu catálogo conjunto, o lançamento de outras bandas desenhadas como os livros de Filipe Melo e Juan Cavia, a série Sapiens ou os livros Fome, duas adaptações de 1984 ou Vida de Adulta, de Raquel Sem Interesse. É que, quer Ana dos Cabelos Ruivos, quer este O Jardim Secreto, sendo de banda desenhada, parecem direcionar-se para um público apreciador de belos livros ilustrados. A única diferença é que, para além de serem, cada um à sua maneira, livros bonitos, em termos de ilustração, o estilo de narrativa apresentado é o da banda desenhada.

O Jardim Secreto - Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Hanna Luechtefeld - Fábula (Penguin Random House)
E, também como Ana dos Cabelos Ruivos, O Jardim Secreto é uma adaptação para banda desenhada de um famoso romance. Neste caso, eu não me lembro de ter lido a obra original, pelo que parti para esta leitura de espírito totalmente aberto. E posso dizer que, no final, me dei por satisfeito com este livro.

A história centra-se em Mary Lennox, uma criança que vivia na Índia, rodeada de luxos. Mas, quando os seus pais morrem por causa de doença grave, a pequena Mary vê-se órfã e obrigada a ir viver com um tio em Inglaterra. 

Mary começa por ser uma criança empertigada e mimada, enquanto que o seu tio se revela extremamente ausente e frio. Porém, sendo Mary uma criança cheia de vida, depressa começa a tomar contacto com o jardim que rodeia aquela que agora é a sua nova casa. 

Acaba por fazer dois novos amigos – cada um com as suas contrariedades e obstáculos. E, eventualmente, as três crianças acabam por descobrir uma porta para o jardim secreto que, tudo leva a crer, é ali escondido propositadamente, para que ninguém possa imergir no mesmo. Assim, e meio à socapa, as crianças começam a cuidar do jardim – que até então tinha sido deixado ao abandono durante longos 10 anos – e a fazê-lo renascer. E é esse renascimento que acabará por moldar, não só a vida das crianças, como, também, a vida de todos aqueles que convivem de perto com aquela casa.

A história é simples, mas tem um plano de leitura mais profundo e mais maduro, pois quantos de nós, especialmente na idade adulta, não acabamos por deixar de cuidar de tantos “jardins” na nossa vida? Seja na manutenção das nossas relações com os outros, seja na forma como tentamos ultrapassar os obstáculos da nossa vida, seja na própria forma como nos relacionamos connosco próprios? A mensagem, sendo simples, é bonita e nunca convém esquecer.

O Jardim Secreto - Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Hanna Luechtefeld - Fábula (Penguin Random House)
Penso que, narrativamente falando, Mariah Marsden faz um belo trabalho. A história é-nos passada de forma escorreita, deixando espaço e tempo suficiente para cada momento e para o detalhe da ambiência que rodeia as personagens. Desta forma, há muitas narrações sem palavras que aumentam a força visual da obra. Este é um daqueles livros que poderia ser contado em menos de metade das páginas que tem. Mas, se assim fosse, não teríamos uma leitura tão gratificante e madura. Comparando-o a Ana dos Cabelos Ruivos, diria que fica alguns furos abaixo, embora eu tenha que confessar que, para esta minha afirmação, também contribui o facto de eu gostar muito da história - e da protagonista - de Ana dos Cabelos Ruivos.

O relato deste O Jardim Secreto é suave, infantil (mas sem ser “abebézado”) e acaba por nos dar uma bela história. As conclusões a retirar dela até não são muito diretas, mas acabam por estar bastante percetíveis. Quando se fala que faz falta que nós, adultos, saibamos introduzir a banda desenhada junto do público português mais novo, para que o hábito de ler banda desenhada não se extinga, acho que também devemos ter em conta que é necessário um bom conjunto de livros que possam introduzir os jovens à banda desenhada. Este O Jardim Secreto, bem que pode ser uma dessas opções.

Em termos de ilustrações, gostei bastante do estilo de desenho de Hanna Luechtefeld. Posso dizer que assenta muito bem no tipo de livros que temos em mãos e que supera largamente o trabalho de Brenna Thummler em Ana dos Cabelos Ruivos. Como nesse caso, importa referir, não é que eu considere que estejamos perante desenhos lindíssimos, mas, não o sendo, há que realçar e dar louvor à excelente harmonia visual que é criada. E, juntando as belas cores que pontuam a obra, ficamos com um belíssimo livro em mãos.

O Jardim Secreto - Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Hanna Luechtefeld - Fábula (Penguin Random House)
O estilo de desenho da autora é propositadamente ingénuo e algo infantil, mas sem que isso revele fraquezas técnicas. Na verdade, a forma como a obra é desenhada parece propositadamente pensada para ser agradável aos olhos de uma criança e, sem descurar essa vertente, conseguir igualmente agradar - e passar um certo tipo de nostalgia aos olhos de - um adulto que leia o livro. Talvez por isso, até, este é um livro que tanto pode ser lido pelos mais novos, como pelos mais velhos. 

Nota ainda para a forma muito variada como a planificação é feita por Luechtefeld. Temos ilustrações de uma só prancha, ou que ocupam duas páginas, temos vinhetas pequenas e grandes, quadradas e retangulares. Todas as páginas parecem ser diferentes entre si, a este nível da organização dos quadros.

A edição da Fábula é em capa mole, o que me surpreendeu, pois, sendo um livro da mesma argumentista de Ana dos Cabelos Ruivos, que foi editado em capa dura, eu estaria à espera que este O Jardim Secreto tivesse os mesmos atributos físicos. O papel é de boa qualidade e é baço para melhor acomodar as ilustrações que nos são dadas. A encadernação e a impressão são de boa qualidade, também.

Em suma, O Jardim Secreto - Novela Gráfica é um belo livro e uma boa opção para miúdos e graúdos que queiram (re)descobrir este clássico da literatura infanto-juvenil numa competente adaptação para banda desenhada. Espero que a Fábula continue a trilhar este caminho, ainda curto, de edição de livros de banda desenhada.


NOTA FINAL (1/10):
7.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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O Jardim Secreto - Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Hanna Luechtefeld - Fábula (Penguin Random House)

Ficha técnica
O Jardim Secreto - Novela Gráfica
Autoras: Mariah Marsden e Hanna Luechtefeld
Adaptado a partir da obra original de: Frances Hodgson Burnett
Editora: Fábula (Penguin Random House Portugal)
Páginas: 192, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 15 x 23 cm
Lançamento: Agosto de 2022

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

O clássico da literatura "O Jardim Secreto", recebe adaptação para bd!



A chancela Fábula, pertencente ao grupo editorial Penguin Random House, acaba de lançar mais uma adaptação de um clássico infantil de banda desenhada, depois de, no passado, ter lançado a bela surpresa que foi Ana dos Cabelos Ruivos. Falo de O Jardim Secreto cuja adaptação para banda desenhada ficou a cargo de Mariah Marsden, argumentista de Ana dos Cabelos Ruivos, que aqui se faz acompanhar por Hanna Luechtefeld nas ilustrações.

O que me deixa com boas expectativas para este livro.

Abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.

O Jardim Secreto - Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Hanna Luechtefeld
Mary Lennox vivia na Índia, rodeada de luxos. Contudo, após doença grave dos pais, a menina fica órfã e é obrigada a ir viver com o tio em Inglaterra.

Sem nada para brincar dentro de casa, Mary vai explorar o exterior e descobre um jardim.

Mary vai conhecer emoções e sensações que até aí desconhecia, como a amizade que desenvolve com Dickon e Colin ou a simples alegria que uma corrida pelos jardins pode trazer.

As três crianças assumem o forte compromisso de fazer renascer o jardim fechado há mais de 10 anos. É essa dedicação que vai alterar por completo as suas vidas e a de todos os que ali habitam.

Os elogios da crítica:

«Que leitura encantadora!» - Super late bloomer
«Uma magnífica adaptação para todas as idades…» - Breaking cat news

«Uma nova adaptação da história adorada que irá deliciar leitores de todas as idades.» - School Library Journal

«O clássico de Frances Hodgson Burnett é adaptado de forma perfeita nesta maravilhosa novela gráfica.» - Youth service book reviews

«Uma adaptação visualmente apelativa.» - Kirkus reviews

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Ficha técnica
O Jardim Secreto - Novela Gráfica
Autoras: Mariah Marsden e Hanna Luechtefeld
Adaptado a partir da obra original de: Frances Hodgson Burnett
Editora: Fábula (Penguin Random House Portugal)
Páginas: 192, a cores
Encadernação: Capa mole
Formato: 15 x 23 cm
PVP: 18,85€



quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Análise: Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler

A chancela Fábula, pertencente ao grupo editorial 20|20, lançou recentemente a adaptação em banda desenhada do romance Ana dos Cabelos Ruivos, originalmente publicado por Lucy Maud Montgomery. A adaptação para bd é feita por Mariah Marsden, ao nível dor argumento. Brenna Thummler, por sua vez, assegura as ilustrações desta obra.

A história será conhecida por muitos. Mesmo aqueles que nunca leram a obra original. Lembro-me que durante a minha infância os desenhos animados Ana dos Cabelos Ruivos que passavam no Canal 2 (RTP), no programa Agora Escolha, que era apresentado por Vera Roquette, tinham bastante sucesso entre as crianças portuguesas. Sendo uma história direcionada para um público mais feminino, diria, assume-se não obstante como um bonito conto sobre a infância, sobre o amadurecimento e o crescimento da idade jovem para a idade adulta. E, portanto, considero que pode e deve ser uma leitura para todos. Para um público feminino e para um público masculino. Para um público jovem e para um público adulto.

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

A história desenrola-se no século XIX, numa paisagem rupestre do Canadá. Ana Shirley, uma órfã de 11 anos, com umas compridas tranças ruivas, a quem a vida não tem corrido propriamente bem, é enviada para a quinta Green Gables, da família Cuthbert. Mas há um equívoco neste envio. Porque a ideia original da família Cuthbert – constituída unicamente pelos dois irmãos, Marilla e Matthew Cuthbert – era adotar um rapaz, de forma a que este pudesse ajudar com o trabalho na quinta. 

Quando verificam que lhe foi enviada uma rapariga, em vez de um rapaz, a primeira reação de Marilla, é fazer uma devolução de Ana. E chega mesmo a encetar essa demanda. Mas depois, movida por compaixão e, quiçá, um palpite que esta Ana poderá ser especial para a vida desta família, Marilla decide não devolver a rapariga. E é então que rapidamente Ana Shirley passa a ocupar um lugar de destaque na vila de Avonlea. 

Sendo uma autêntica enfant terrible, que diz aquilo que pensa, sem pensar nas consequências, depressa Ana Shirley tomará de assalto todos aqueles que a rodeiam. Mas, ao mesmo tempo, e é isso que mais aprecio no romance original e nesta adaptação, Anne começa a conquistar tudo e todos. Primeiro os leitores que lêem as suas aventuras. E, depois, as próprias personagens que navegam à volta da meninas dos cabelos ruivos.

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

Afinal de contas, Ana é uma clara e bela representação daquilo que é ser-se criança: os dramas, os sonhos, a imaginação, as travessuras, a alegria, o contentamento, a tristeza, o desapontamento, a ingenuidade e a pureza. Sendo pai de duas crianças meninas, devo dizer que olhei para esta história com todo um novo gosto e paixão pela infância, mas vista pelos olhos de uma menina.

Mariah Marsden adapta de forma convincente a obra original, sabendo dividi-la e ritmá-la a seu belo prazer. Acho, pois, que os momentos desta história estão muito bem conseguidos. O ritmo é lento e vai permitindo que o leitor comece a estabelecer uma relação com as personagens. É um caso claro em que o número - bastante generoso - de 232 páginas, ajuda a que isto aconteça. Esta história talvez até pudesse ser contada em 60 páginas de banda desenhada. Mas não seria a mesma coisa e dificilmente se alcançaria esta tal relação que refiro entre leitores e obra.

Quanto à arte ilustrativa, o estilo é moderno e parecendo derivar mais do álbum ilustrado do que da banda desenhada. Mas, à medida que vamos lendo a obra, isso não será de todo verdade. Porque a autora, Brenna Thummler, até demonstra bastante talento em contar uma história por sequência visual, recorrendo a vários planos criativos de detalhe e uma boa – embora simples – utilização de câmara. 

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

Dito isto, tenho porém que admitir que seria difícil desenhar Ana Shirley, a protagonista, mais feia. Bem sei que a personagem se sente feia mas, a meu ver, baseado na interpretação que faço da obra, nunca é dito que Ana era feia mas sim que se sentia feia. E há uma enorme diferença nisso, pois estamos a falar de uma criança que se observa com todas as inseguranças próprias da infância. Portanto, acho que não seria necessário desenhar Ana de forma tão feia. As outras personagens não são muito bonitas mas Ana, com olhos inexpressivos que mais parecem duas ervilhas e um nariz que parece aqueles que utilizamos no carnaval, consegue atingir um marco de “feiura” grande. É um "estilo de desenhar", bem sei, e alguns até poderão adorar. No meu caso, que até me considero bastante liberal em abordagens visuais fora da caixa, foi um pouco penoso aceitar uma protagonista tão deliberadamente feia.

Todavia, também é verdade que há depois muitos momentos onde a autora Thummler se destaca pela positiva nas ilustrações com que nos brinda. Que são as vinhetas que ocupam toda uma página. Que rapidamente remetem para um livro ilustrado mas que são de uma beleza muito agradável aos olhos. Nas expressões faciais, na sensação de movimento, na linguagem corporal ou nos próprios personagens, a autora até pode não fazer um trabalho que considero bom mas, na ilustração de belas paisagens campestres, que nos fazem viajar para toda essa ambiência bucólica onírica, tenho que dar a mão à palmatória e admitir que este é um livro muito bem conseguido. E, lá está, quando se termina a leitura da obra, talvez até sejam estes ambientes que ficam na nossa retina. E não o nariz e os olhos feios de Ana Shirley.

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

A edição da Fábula (20|20 Editora) está muito bem conseguida. O livro tem uma encadernação bastante consistente, com capa dura e bom papel brilhante. Talvez o papel baço pudesse funcionar melhor para o tipo de banda desenhada, e respetiva arte visual, que temos em mãos. Todavia, digo isto sem conhecer a edição original que até pode já ter sido editada em papel brilhante. Seja como for, e gostos à parte, a edição da obra apresenta especial cuidado e aprumo.

Em conclusão, este foi um livro que me foi conquistando aos poucos. E depois de ultrapassada uma certa incapacidade (ou opção estética?) de Brenna Thummler para ilustrar as expressões faciais das personagens – em especial, as de Ana – até estamos perante um livro bem conseguido. Enquanto adaptação funciona bem, traçando-nos a personalidade e aventuras de Ana Shirley de forma inequívoca. E como novela gráfica, livro de banda desenhada, também é uma aposta interessante. Ao início torci o nariz, é certo, mas acabei a leitura desta obra com um sorriso na cara e uma boa sensação. Primeiro estranha-se. Depois entranha-se.


NOTA FINAL (1/10):
7.6



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

Ficha técnica
Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica
Autoras: Mariah Marsden e Brenna Thummler
Adaptado a partir da obra original de: Lucy Maud Montgomery
Editora: Fábula (20|20 Editora)
Páginas: 232, a cores
Encadernação: capa dura
Lançamento: Setembro de 2021