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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Comparativo: A Revolução Interior pel'A Seita e pelas Edições Afrontamento


A Seita relançou há poucos dias a obra A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril, de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes, que havia sido originalmente lançada pelas Edições Afrontamento.

Sobre o livro, já aqui falei há uns dias e, portanto, convido-vos a (re)lerem esse artigo para melhor conhecerem este trabalho.

Por hoje, faço um comparativo entre as edições das editoras A Seita e Edições Afrontamento, para melhor percebermos que diferenças há e, também, se a compra desta nova edição faz sentido até mesmo para aqueles que já tenham, na sua bedeteca pessoal, a edição original publicada no longínquo ano de 2000.


Bem, a primeira coisa que salta à vista é que o formato da nova edição foi alargado face à edição original. tendo agora cerca de mais 2,5 cms de altura e de largura. Um aumento de formato que é bem-vindo. 

Embora as duas capas mantenham a mesma ilustração, o grafismo e lettering das mesmas foi alterado, com a nova edição a assumir um tratamento melhorado e mais atual. 

Nota para o facto de na bandeira que aparece na capa, o símbolo da bandeira da União Soviética ter sido retirado desta nova edição, ficando apenas constante a estrela amarela. Confesso não ter percebido bem esta opção. É verdade que a União Soviética não existe no tempo atual, mas também não existia no tempo em que o livro foi originalmente publicado, já que a União Soviética havia sido dissolvida em 1991. Talvez os autores tenham considerado que, passados 24 anos, a utilização de um símbolo/bandeira obsoleto ainda ficaria mais datado do que na data da primeira publicação, em 2000. Mas isso é apenas uma suposição minha.

Outra das diferenças entre as duas edições da obra é que o novo livro tem capa dura em contraste com a capa mole da primeira edição. Isto permite que o novo livro seja mais requintado e apresente mais qualidade enquanto objeto-livro. Devido à capa dura, bem como ao papel, que é de melhor qualidade, o novo livro também acaba por ser mais espesso.



As contracapas dos livros também são diferentes, com a nova edição a ser mais impactante e a ter uma sinopse, que, em loja, aumenta o interesse pelo livro dos potenciais leitores e tem um cariz profissional, em detrimento do aspeto mais amador da primeira versão.




Quando abrimos o livro, esta sensação de profissionalismo de edição mantém-se. A nova versão apresenta guardas e duas páginas de frontispício.




Em termos de cores utilizadas, nota-se que a nova versão apresenta cores mais suaves e menos saturadas o que, quanto a mim, também é melhor para a harmonia visual da obra. Além disso, a exposição dos originais no Coimbra BD permitiu atestar que as cores desta nova versão estão muito mais fiéis às cores originais. Também foram feitas algumas pequenas correções no texto da obra, embora sejam ligeiras alterações.




Mesmo assim, as grande diferenças encontram-se na introdução de conteúdo extra. Há um texto de introdução à obra escrito por Rui Bebiano, historiador e investigador do Centro de Estudos Sociais e, no final do livro, há um texto de retrospetiva escrito por João Ramalho-Santos e João Miguel Lameiras que conta a história da publicação da obra, contextualizando-a no seu período de lançamento original e no tempo atual, passados 24 anos. 

Além disto, há ainda espaço para divertidos textos biográficos dos três autores.

Em conclusão, esta é uma reedição muito bem-vinda, que volta a disponibilizar uma obra com um belo valor educativo (ler análise feita à mesma aqui no Vinheta 2020) e ainda consegue melhorar a edição em todos os cômputos possíveis. Bom trabalho da editora A Seita.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Análise: A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril

A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril, de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes - A Seita

A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril, de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes - A Seita
A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril, de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes

A editora A Seita reeditou recentemente o livro A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril. A obra havia sido originalmente editada pelas Edições Afrontamento, há 25 anos, a propósito das comemorações do 25 de Abril. Se há 25 anos este livro fazia sentido, hoje em dia, passados outros 25 anos, que nos deixam no importante marco dos 50 anos do 25 de abril, e numa altura em se tem assistido a um novo empoderamento de forças de direita por essa Europa fora, incluindo Portugal, julgo que é ainda mais urgente a leitura deste A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril.

A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril, de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes - A Seita
Confesso que não tinha lido o livro original, editado há 25 anos. E, portanto, avancei para esta leitura um pouco “às escuras”, sabendo apenas que os três nomes que assumem a autoria da obra, têm provas dadas e consolidadas na banda desenhada nacional. Falo de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes.

Este é um livro de cariz totalmente didático em que, como numa boa aula de história, nos é explicado tudo aquilo que levou ao 25 de Abril, abordando com rigor as causas que despoletaram a Revolução dos Cravos e o sentimento geral experienciado pela população.

Tudo começa quando um pai e um filho, um adolescente, encetam um diálogo sobre o 25 de Abril. O jovem parece saber pouco ou nada sobre essa importante data para a Democracia portuguesa, contudo, o seu pai, sendo fotógrafo de profissão, viveu de perto a revolução de 1974, tendo recolhido um belo registo fotográfico sobre os eventos vividos nesse tempo de agitação político-social. Pai e filho começam a falar de forma simples, realista e direta sobre o 25 de Abril. E é através desse diálogo que o leitor desta obra recebe uma aula simples, mas rigorosa, sobre o tema. O discurso é linear, escorreito e levanta bem as questões para a seguir lhes responder, utilizando, para tal, a ignorância descontraída do filho e o conhecimento empírico e maduro do pai. O objetivo de educar/informar quem lê o livro é, pois, amplamente conseguido pelos autores.

A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril, de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes - A Seita
Não é uma obra que mude uma vida – nem nada que se pareça – mas também não me parece que fosse essa a premissa dos autores. E, mesmo assim, acaba por ser uma proposta interessante e bem conseguida de leitura.

Quanto às ilustrações aqui presentes, o estilo inconfundível de José Carlos Fernandes (mais célebre pela obra A Pior Banda do Mundo) oferece-nos um belo registo visual onde, apesar de este ser um livro que assenta primordialmente no longo diálogo entre pai e filho, consegue não cair numa repetição visual enfadonha, utilizando, para tal, uma planificação dinâmica, que tenta não repetir-se, com planos de câmara diversificados. Diria que esse era mesmo o maior desafio do autor, pois ilustrar um longo diálogo em banda desenhada (ou mesmo em cinema) pressupõe que haja uma certa dinâmica que permita a que a narrativa não se torne cansativa ou repetitiva. E isso é aqui bem conseguido por José Carlos Fernandes. É verdade que o livro não é muito extenso em número de páginas, mas também é certo que nunca me senti aborrecido. É um livro que se lê de um trago.

A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril, de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes - A Seita
Ainda na componente visual, destacam-se as cenas em que, para ilustrar aquilo que é dito pelo pai e pelo filho, nos são dados desenhos de um passado de tons mortiços e ambiente monocromático acastanhado (bem ao jeito do tipo de cor utilizado em A Pior Banda do Mundo, já agora). São belos momentos visuais que capturam muito bem a aura taciturna do Estado Novo e, ao mesmo tempo proporcionam dinâmica ao relato.

Posso ainda dizer que este é um daqueles livros que deveriam constar nas escolas. Ou ser utilizados pelos nossos alunos como instrumento de apoio ao estudo sobre o 25 de Abril. O que é indiscutível é que os autores conseguem tornar simples algo que, num manual escolar, simplesmente não é tão cativante nem de tão direta compreensão. E fazem-no mantendo, ainda assim, o rigor histórico.

Em termos de edição, o livro apresenta capa dura baça, com bom papel baço no interior. A impressão e a encadernação também são boas e, no interior, há um prefácio de Rui Bebiano, historiador e investigador do Centro de Estudos Sociais. No final, há uma nota dos autores sobre a história da publicação original da obra, bem como divertidas notas biográficas de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes. Tendo em conta que também consegui deitar mãos à edição original da obra, daqui a alguns dias farei um comparativo entre as duas edições, de forma a percebermos, mais concretamente, que alterações há de uma edição para outra.

Em suma, A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril é uma bela proposta de leitura e um excelente exercício para demonstrar o quão didática e elucidativa pode ser a banda desenhada. Mesmo que seja para explicar o “como”, o “quê”, o “porquê”, o “quando”, o “quem”, e o “onde” de algo tão relevante para a história de Portugal como a Revolução dos Cravos. Recomenda-se, portanto!


NOTA FINAL (1/10):
7.8



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril, de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes - A Seita

Ficha técnica
A Revolução Interior: À Procura do 25 de Abril
Autores: João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes
Editora: A Seita
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 195 x 265 mm
Lançamento: Abril de 2024

terça-feira, 23 de abril de 2024

A Seita relança BD sobre o 25 de Abril!



É já a partir do próximo dia 27 de Abril que sai com o jornal Público este livro que consiste no relançamento de uma BD nacional há vários anos esquecida e que, em boa hora, e a propósito do 50º Aniversário do 25 de Abril, volta a ver a luz do dia numa edição revista e aumentada.

A autoria deste trabalho é de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa da editora e com algumas imagens promocionais da obra.


A Revolução Interior: À Procura do 25 de Abril, de João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes

Através do diálogo entre um fotógrafo que viveu de perto a Revolução de 1974, mas que apesar do seu passado revolucionário, acabaria por se render à sociedade de consumo e trabalhar em publicidade, e o seu filho, que pouco ou nada sabe sobre o que foi o 25 de Abril, este livro procura explicar, de forma simples mas rigorosa, a importância do 25 de Abril, os seus antecedentes, e as portas que Abril abriu. 

Partindo das fotografias que tirou na época, o pai explica ao filho o que era Portugal antes do 25 de Abril, e porque é que a Revolução, apesar dos excessos e das utopias não realizadas, era absolutamente necessária.

Reeditado pel’A Seita por ocasião dos cinquenta anos da Revolução dos Cravos, numa edição revista, com formato maior, capa dura, uma nova digitalização e dez páginas de material inédito, A Revolução Interior mantém toda a sua pertinência e actualidade, mesmo que muito tenha mudado entretanto. Em Portugal e no mundo.

Depois de uma distribuição inicial com o jornal Público, em Abril de 2024, este livro de banda desenhada chegará às livrarias em Agosto de 2024. Um álbum que interessará a todos aqueles que quiserem aprender mais sobre o 25 de Abril, ou apenas relembrar esse tempo, e que é mais uma oportunidade (rara!) de ler uma BD de José Carlos Fernandes, um dos nomes maiores da BD portuguesa, talvez o mais premiado autor nacional, que se afastou da BD desde 2009.




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Ficha técnica
A Revolução Interior: À Procura do 25 de Abril
Autores: João Ramalho-Santos, João Miguel Lameiras e José Carlos Fernandes
Editora: A Seita
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 195 x 265 mm
PVP: 11,90 € (com o jornal Público., preço posterior em livrarias 14,90€)